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Aplicativo auxilia no controle de desempenho do rebanho leiteiro
Informações fornecidas pelo app ajudam no manejo nutricional e reprodutivo do rebanho

A Embrapa Rondônia e o Instituto Federal de Rondônia (IFRO) desenvolveram um aplicativo para auxiliar no diagnóstico produtivo de fazendas leiteiras. Chamado de +Leite, o software é gratuito e está disponível para dispositivos com sistema Android.
Ele faz o diagnóstico da eficiência zootécnica da propriedade leiteira de forma rápida, simples e intuitiva. O usuário precisará de internet apenas para baixá-lo, pois todas as funcionalidades ficam disponíveis no modo off-line.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Luiz Pfeifer, com o aplicativo, em apenas uma visita, no tempo necessário para o técnico avaliar todas as vacas do rebanho, já é possível obter o diagnóstico produtivo do rebanho. Além disso, a ferramenta atende às necessidades da maioria dos sistemas de produção de leite no Brasil. Isso porque, apesar da importância do controle zootécnico do rebanho, essa atividade tem sido rotina somente em fazendas de leite de alta produtividade. A maioria dos produtores, principalmente os de base familiar, não tem o costume de realizar um controle apropriado. “Esse aplicativo é uma ferramenta de monitoramento prática, simples e rápida para processar, interpretar e transformar dados em informação útil a todos os produtores”, afirma Pfeifer.
O +Leite permite que qualquer rebanho, com o mínimo de registros (data de parto ou estágio de lactação e escore de condição corporal), possa ser avaliado e comparado com sua própria realidade ao longo do tempo, ou com outras propriedades. Para que isso fosse possível, os pesquisadores desenvolveram modelos matemáticos e índices produtivos que têm impacto na produtividade e podem avaliar o uso do potencial da propriedade. “A partir de dados relacionados à data de parto e à eficiência nutricional, conseguimos índices capazes de estimar o uso do potencial produtivo da propriedade”, explica o cientista.
Segundo Pfeifer, com o uso do aplicativo, o produtor obtém dados que podem auxiliá-lo na tomada de decisão em relação ao manejo nutricional e reprodutivo do rebanho para que ele possa buscar a máxima eficiência na produtividade da propriedade leiteira. Isso significa maior produção de leite e mais renda. Os técnicos que utilizarem o +Leite poderão ter um mapa das propriedades que atendem e conseguirão acompanhar sua evolução produtiva com dados concretos e acessíveis na palma da mão.
O professor do IFRO e desenvolvedor do aplicativo, Kaio Alexandre, conta que foi desafiador transformar planilhas cheias de equações em um aplicativo prático e útil aos técnicos e produtores. “Tivemos muita preocupação com a usabilidade da ferramenta e conseguimos desenvolver um produto amigável, bem intuitivo, preciso e que apresenta resultados de maneira simples e rápida ao usuário”, relata o professor, que destaca também como diferencial do aplicativo o detalhamento das recomendações zootécnicas e exemplos que são dados para orientar o usuário.
Ele considera que a parceria entre pesquisa e tecnologia da informação democratiza a oferta de soluções para quem atua no campo. “É uma evolução e está acessível. Com o aplicativo conseguimos aumentar, significativamente, o número de usuários e beneficiários que podem usar o controle zootécnico e buscar a eficiência na produção”, reforça Pfeifer.
Como utilizar o +Leite
Para utilizar o aplicativo é necessário apenas a inserção de duas informações. A primeira é a data do parto ou se a vaca se apresenta em período seco, indicando a distribuição dos partos do rebanho. Essa informação está diretamente relacionada à eficiência reprodutiva.
O segundo dado de que o aplicativo precisa é o escore de condição corporal (ECC), que está relacionado à condição nutricional do rebanho e que pode ser feita por um técnico treinado pelo método visual.
Com isso, o software calcula o índice de escore de condição corporal (IECC) de acordo com a fase de lactação e o índice de eficiência reprodutiva (IER), que indica a proporção de animais em cada fase de produção.
A tecnologia também informa o índice de eficiência zootécnica (IEZ) do rebanho. Os índices de ECC, de ER e EZ de cada rebanho avaliado são classificados em uma escala percentual de eficiência que vai de zero a um, em que zero é péssimo e um é excelente.
Indica quais animais devem ganhar ou perder peso
O +Leite ainda fornece recomendações sobre quais animais devem ganhar ou perder peso, de acordo com a recomendação de ECC ideal para cada fase de produção. Além disso, o IEZ emite relatórios sobre as fêmeas que deveriam estar prenhes e quais devem estar secas. O aplicativo permite que os históricos das avaliações sejam armazenados para que o usuário possa comparar a evolução zootécnica da propriedade e também comparar a eficiência entre propriedades.
Entre as vantagens do aplicativo os pesquisadores destacam a facilidade de uso e a melhoria do desempenho zootécnico do rebanho. “As informações sobre o nível de produtividade, extraídas nos relatórios, permitem ao produtor ter acesso às informações que passam despercebidas e são fundamentais para atingir a máxima eficiência da propriedade”, destaca Pfeifer.
Segundo o pesquisador, essas informações auxiliam, por exemplo, em casos em que o produtor vai utilizar um piquete com boa oferta forrageira e precisa decidir quais animais devem ser priorizados para pastar na área. Para produtores que fazem uso de suplementação no cocho é possível detectar quais animais podem receber mais ou menos ração e, assim, maximizar a produtividade e os lucros. A suplementação deverá ser monitorada por um técnico para evitar transtornos metabólicos que podem comprometer o desempenho e a saúde dos animais.
Outra vantagem que o app pode fornecer é que, quando o técnico faz diagnóstico de gestação, o aplicativo já informa quais animais deveriam estar prenhes e, em caso de prenhez negativa, o produtor já pode lançar mão de biotécnicas reprodutivas, como a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), para que esse animal conceba o mais rápido possível.
Apoio ao trabalho de extensão rural
O +Leite pode ser utilizado por produtores e técnicos que trabalham com pecuária de leite e em toda propriedade que contenha dados referentes aos partos dos animais. O médico-veterinário da Entidade Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia (Emater-RO), Vinícius Cruz, que testou o aplicativo, relata que a simplicidade da ferramenta é o que chama mais a atenção por conseguir apresentar dados complexos de maneira simples e rápida. “Vem somar muito ao nosso trabalho técnico, facilitando a apresentação de discrepâncias que existem na produção da propriedade e o entendimento e convencimento do produtor para a busca de melhorias”, comenta Cruz.
O aplicativo mostra ao produtor, em cores e tabelas, os dados mais relevantes do rebanho e que chamam a atenção. O extensionista conta que a apreensão do conhecimento pelo produtor é muito visual. “Quando ele vê o resultado, passa a confiar mais. O aplicativo nos ajuda a mostrar o que há de errado e assim, podemos atuar recomendando os ajustes adequados em cada caso”, complementa. “É interessante que o Vetscore seja também adotado como tecnologia de apoio para a coleta de dados precisos”, recomenda. O Vetscore é uma ferramenta desenvolvida pela Embrapa que auxilia o produtor a detectar vacas em adequado escore de condição corporal, auxiliando o produtor a obter melhores índices de produtividade.

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Boi gordo enfrenta semanas de instabilidade e pressão nas cotações
Recuo de até R$ 13/@ reflete um mercado mais sensível antes do período de maior consumo.

A possibilidade de novas medidas protecionistas da China voltou a gerar incerteza no mercado pecuário brasileiro. O país asiático, principal destino da carne bovina do Brasil, estaria avaliando restringir a entrada do produto, mas não há qualquer confirmação oficial até o momento. Mesmo assim, os rumores foram suficientes para pressionar os contratos futuros do boi nas últimas semanas.
As especulações ganharam força no início de novembro, indicando que Pequim poderia retomar o movimento iniciado em 2024, quando alegou excesso de oferta interna para reduzir as importações. A decisão, que inicialmente seria tomada em agosto de 2025, foi adiada para novembro, ampliando a cautela dos agentes e intensificando a queda na curva futura: em duas semanas, os contratos recuaram entre R$ 10 e R$ 13 por arroba.

Foto: Gisele Rosso
Com a China respondendo por cerca de 50% das exportações brasileiras de carne bovina, qualquer redução nos embarques tende a impactar diretamente os preços do boi gordo, especialmente em um momento de forte ritmo de produção.
Apesar da tensão, o cenário de curto prazo permanece positivo. A demanda doméstica, reforçada pela sazonalidade do fim de ano, e o recente alívio nas barreiras impostas pelos Estados Unidos ajudam a sustentar as cotações. Caso os abates não avancem mais de 10% em novembro e dezembro, a disponibilidade interna deve ficar abaixo da registrada em outubro, movimento que favorece a recuperação dos preços da carne nos próximos 30 dias.
Para 2026, as projeções seguem otimistas para a pecuária brasileira. A expectativa é de menor oferta de animais terminados, custos de produção mais competitivos e demanda externa firme, em um contexto de queda da produção e das exportações de concorrentes, especialmente dos Estados Unidos. A principal atenção fica por conta do preço da reposição, que subiu de forma expressiva e exige valores mais ajustados na venda do boi gordo para assegurar a rentabilidade na terminação.
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Novo ciclo do projeto Mais Leite Saudável busca impulsionar produção de leite no Noroeste de Minas Gerais
Assistência técnica, pesquisa aplicada e melhorias genéticas a 150 propriedades familiares, com foco em produtividade, sustentabilidade e fortalecimento da cadeia leiteira no Noroeste mineiro até 2028.

O fortalecimento e a ampliação da produção de leite de produtores de Paracatu (MG), de forma sustentável, eficiente e de qualidade, ganharam impulso com o início do novo ciclo do projeto Mais Leite Saudável, desenvolvido em parceria entre a Embrapa Cerrados e a Cooperativa Agropecuária do Vale do Paracatu (Coopervap).
O projeto é desenvolvido no âmbito do Programa Mais Leite Saudável (PMLS) do MAPA desde 2020. O Programa Mais Leite Saudável é um incentivo fiscal que permite a laticínios e cooperativas obter até 50% de desconto (crédito presumido) no valor de PIS/Pasep e COFINS relativo à comercialização do leite cru utilizado como insumo, desde que desenvolvam projetos que fortaleçam e qualifiquem a cadeia produtiva por meio de ações diretas junto aos produtores.
O treinamento dos técnicos recém-selecionados foi realizado no fim de outubro, e as primeiras visitas às propriedades ocorreram no início de novembro. Essa é a terceira fase do projeto, que conta com o acompanhamento do pesquisador José Humberto Xavier e do analista de Transferência de Tecnologia da Embrapa Cerrados, Carlos Eduardo Santos.
O projeto articula as dimensões de assistência técnica e pesquisa e atuará nessa etapa com uma rede de 150 propriedades rurais familiares, que receberão acompanhamento de três veterinários e dois agrônomos, seguindo o modelo implantado em 2020. A equipe da Embrapa atua na capacitação técnica e metodológica dos técnicos e na condução de testes de validação participativa de tecnologias promissoras junto aos agricultores da rede.
A nova etapa, prevista para ser concluída em 2028, busca desenvolver alternativas para novos sistemas de cultivo com foco na agricultura de conservação, oferecer apoio técnico ao melhoramento genético dos animais de reposição com o uso de inseminação artificial e ampliar o alcance dos resultados já obtidos, beneficiando mais agricultores familiares e contribuindo para o desenvolvimento regional.
Segundo o pesquisador da Embrapa Cerrados, José Humberto Xavier, os sistemas de cultivo desenvolvidos até agora melhoraram o desempenho das lavouras destinadas à alimentação do rebanho, mas ainda são necessários ajustes para reduzir a perda de qualidade do solo causada pelo preparo convencional e pela elevada extração de nutrientes advinda da colheita da silagem, além de evitar problemas de compactação quando o solo está úmido. Ele destaca também os desafios de aumentar a produtividade e reduzir a penosidade do trabalho com mecanização adequada.
O analista Carlos Eduardo Santos ressaltou a importância de melhorar o padrão genético do rebanho. “A reposição das matrizes é, tradicionalmente, feita pela compra de animais de outros rebanhos. Isso gera riscos produtivos e sanitários, além de custos elevados. Por isso, a Coopervap pretende implementar um programa próprio de reposição, formulado com base nas experiências dos técnicos e produtores ao longo da parceria”, afirmou.
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Curso gratuito da Embrapa ensina manejo correto de resíduos na pecuária leiteira
Capacitação on-line orienta produtores a adequar propriedades à legislação ambiental e transformar dejetos em insumo seguro e sustentável.

Como fazer corretamente o manejo dos dejetos da propriedade leiteira e adequá-la à legislação e à segurança dos humanos, animais e meio ambiente? Agora, técnicos e produtores têm à disposição um curso on-line, disponível pela plataforma de capacitações a distância da Embrapa, o E-Campo, para aprender como realizar essa gestão. A capacitação “Manejo de resíduos na propriedade leiteira” é gratuita e deve ocupar uma carga horária de aproximadamente 24 horas do participante.
O treinamento fecha o ciclo de uma série de outros cursos relacionados ao manejo ambiental da atividade leiteira: conceitos básicos em manejo ambiental da propriedade leiteira e manejo hídrico da propriedade leiteira, também disponíveis na plataforma E-Campo.
De acordo com o pesquisador responsável, Julio Palhares, identificou-se uma carência de conhecimento sobre como manejar os resíduos da atividade leiteira para adequar a propriedade frente às determinações das agências ambientais. “O correto manejo é importante para dar qualidade de vida aos que vivem na propriedade e no seu entorno, bem como para garantir a qualidade ambiental da atividade e o uso dos resíduos como fertilizante”, explica Palhares.
A promoção do curso ainda contribui para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), como as metas 2 e 12. A 2 refere-se à promoção da agricultura sustentável de produção de alimentos e prevê práticas agropecuárias resilientes, manutenção dos ecossistemas, fortalecimento da capacidade de adaptação às mudanças climáticas, etc. O ODS 12 diz respeito ao consumo e produção responsáveis, principalmente no que diz respeito à gestão sustentável.
O treinamento tem oferta contínua, ou seja, o inscrito terá acesso por tempo indeterminado.



