Avicultura
Apesar de avanços nas leis, professor alerta para necessidade de Brasil progredir na inspeção
Para professor doutor Elci Lothar Dickel, nova legislação é progresso para Brasil, mas ainda é preciso avançar na correta fiscalização ante e post mortem das aves
Entender a legislação brasileira para a avicultura e o sistema de condenações de carcaças as vezes é um desafio para os agentes da cadeia. Isso, principalmente, pelo fato da legislação que rege a cadeia de proteína animal ter mudado recentemente. A mudança do Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitário de Produtos de Origem Animal (Riispoa), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), foi um avanço para toda a cadeia, mas é importante que agora os envolvidos no meio saibam como funciona a nova legislação, além dos processos de condenações. A grande burocracia pode causar confusão, mas entende-la é fundamental para o bom e correto funcionamento da cadeia avícola, que tem crescido e se destacado nos últimos anos.
Como forma de fazer com que os agentes da cadeia entendam melhor como tudo funciona, o Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA), que aconteceu em abril, em Chapecó, SC, trouxe o painel “Impactos da Legislação e Sistema de Condenações sobre a Produtividade Avícola Brasileira”. Entender quem inspeciona, por quê inspeciona, como acontece o sistema de fiscalização e os impactos para o produtor, agroindústria e consumidor se tornou essencial dentro da avicultura moderna.
O painel iniciou com o professor doutor Elci Lothar Dickel, que falou sobre a “legislação brasileira de abate e inspeção de aves: modelo brasileiro e critérios de condenações frente aos principais concorrentes”. Ele explica que a legislação de inspeção é normatizada pelo Riispoa, porém, trata superficialmente a cadeia de aves, já que na época em que foi criada (1950) a avicultura brasileira era pouco expressiva. Contudo, com a tecnificação a portaria foi editada. “Na atualidade, além das legislações relatadas conforme os desafios apresentados, foram acrescentadas várias portarias que contemplam a inspeção de aves”, conta. Ele explica que a inspeção nos abatedouros de aves acontece em três etapas principais: ante mortem, post mortem e aplicação das ferramentas de qualidade, onde são observadas as Boas Práticas de Fabricação (BPF), os Procedimentos Padrões Higiênicos Operacionais (PPHO) e os Procedimentos Sanitários Operacionais (PSO).
De acordo com Dickel, os métodos de inspeção ante mortem consistem no recebimento e conferência do boletim sanitário, observação da sanidade das aves, evitar o abate de aves com relação do trato gastrointestinal, e a verificação de doenças de difícil identificação durante o exame ante mortem. Já os métodos de inspeção post mortem consistem na inspeção de todas as carcaças e vísceras. As carcaças anormais são retiradas da linha de abate, então passam pelo departamento de inspeção final DIP, e por último passam pelo julgamento e destino adequado. O professor informa que o organograma do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) contempla auditorias nacionais, estaduais e regionais. “Além da inspeção nos frigoríficos, as aves são acompanhadas pela equipe técnica dos estabelecimentos, os quais acompanham todas as etapas da criação e emitem certificados para cada lote de aves, os quais são verificados pelo SIF local, por ocasião da inspeção ante mortem”, conta.
Dickel comenta que com relação à incidência de lesões e alterações em carcaças, estas podem ser classificadas em tecnopatias de criação e falha no processamento de abate e são as maiores causas de condenações (58,18%), proporcionando grandes perdas econômicas e também apresentando dificuldades de padronização dos critérios sanitários. “Entre as lesões de tecnopatia estão o aspecto repugnante (4%), a escaldagem excessiva (2%), a caquexia (2%), a contaminação (56%) e contusões e fraturas (36%)”, diz.
Já no que diz respeito às doenças tradicionais das aves, segundo o pesquisador, estas têm pouco impacto econômico em virtude dos programas sanitários adotados nas granjas, salvo alguns processos inflamatórios, com destaque especial para as celulites. “Na atualidade, o que causa importante impacto econômico e também apresenta dificuldades de padronização do critério de julgamento sanitário são os defeitos de carcaças de origem fisiológica, notadamente os diferentes tipos de miopatias”, comenta Dickel.
Para Dickel, a padronização na legislação e inspeção são questões fundamentais no Brasil. “É preciso ter educação continuada para as equipes de fiscalização, além das pessoas a preencher estas vagas serem concursadas. É importante tecnificar e treinar os técnicos, que são as pessoas mais capacitadas a realizar a inspeção, que deve ser feita com o intuito de passar transparência e segurança para as pessoas”, diz. O professor acrescenta que é preciso tecnificar os recursos humanos dos frigoríficos, principalmente os envolvidos com a gestão de abate de qualidade, realizar o preenchimento dos cargos técnicos com os servidores do Mapa com experiência, e os responsáveis técnicos das empresas terem conhecimento dos processos de industrialização. “A inspeção e garantia de qualidade devem ser trabalhados juntos. Esses serviços devem garantir a saúde do consumidor, não apresentando risco”, afirma.
Mais informações você encontra na edição de Aves de junho/julho de 2017.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
