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Aniversário da Embrapa Pecuária Sul é marcado por homenagens
Diferentes esferas lembraram da data e manifestaram seu reconhecimento ao trabalho desenvolvido pelo Centro de Pesquisa.

A Embrapa Pecuária Sul completou 47 anos de atuação na última segunda-feira (13) e a data foi lembrada em homenagens em diferentes esferas. No dia do aniversário, a Câmara de Vereadores de Bagé (RS), município onde o centro de pesquisa está sediado, realizou uma sessão especial em reconhecimento ao trabalho desenvolvido nesse período e às contribuições para o setor pecuário, proposição feita pelo presidente da Casa, Augusto Lara e pela vereadora Lia Rejane Presa. A sessão contou com a participação dos integrantes da gestão da unidade e também da maioria dos empregados.
O presidente da Câmara de Vereadores, Augusto Lara, ressaltou a importância da Embrapa Pecuária Sul para o desenvolvimento da região como um todo. “Além de contribuir localmente, a instituição tem um papel fundamental na valorização daquilo que o nosso Pampa tem de melhor, que é a produção pecuária e a oferta de carne de qualidade”, disse. Já a vereadora Lia Rejane Presa destacou que a Embrapa é uma das empresas mais respeitadas e valorizadas no país, e fundamental para o desenvolvimento não só do setor primário, mas de toda a economia brasileira.
Na sessão, o chefe-geral da Embrapa Pecuária Sul, pesquisador Fernando Cardoso, salientou a contribuição da empresa para o país que passou de importador de alimentado na década de 1970, para um dos maiores produtores e exportadores de alimentos no mundo. “Porém, temos ainda muitos desafios pela frente. Com o crescimento da população mundial, aumenta a demanda pela produção de alimentos. Paralelo a isso, temos o grande desafio de produzir mais com a preocupação de preservação dos recursos naturais. Ou seja, temos cada vez que ser mais eficientes, produzindo alimentos de qualidade com a conservação do meio ambiente”, salientou Cardoso.
Legislativo estadual
O aniversário também foi lembrado pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, em proposição feita pelo presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Pesca e Cooperativismo, deputado Adolfo Brito. No dia 07 de junho, representantes do centro de pesquisa foram recebidos pelo presidente da casa, deputado Valdeci Oliveira junto com Brito. Já no dia 08, foi realizada uma homenagem na Comissão de Agricultura, Pecuária, Pesca e Cooperativismo.
Para o deputado Adolfo Brito, a Embrapa Pecuária Sul tem a missão de continuar trabalhando para a qualificação da pecuária da região, possibilitando melhorias nos sistemas de produção e nos produtos que chegam aos mercados consumidores.
Fernando Cardoso falou da evolução de tecnologias à disposição do produtor e da transformação da matriz produtiva dos campos sulinos, em especial no bioma Pampa, com a introdução das culturas de soja, viticultura, olivicultura e silvicultura na região. Nesse sentido, segundo ele, a Embrapa Pecuária Sul tem trabalhado cada vez mais com a sistemas integrados de produção, aliando pecuária com lavouras e florestas. “Com isso, é possível gerar maior renda para o produtor e diminuir o impacto ambiental do processo produtivo”.
Câmara dos Deputados
Ainda em lembrança às comemorações dos 47 anos, a Câmara dos Deputados aprovou e concedeu um Voto de Louvor à Embrapa Pecuária Sul. A proposição foi feita pelo deputado federal do Paraná Sérgio Souza, presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária. A homenagem foi proposta pela relevância da atuação da instituição, na busca por tecnologias que contribuem para o desenvolvimento da pecuária brasileira.
Homenagem especial
A Câmara de Vereadores da Bagé prestou também uma homenagem especial a Joal Brazzale Leal, que há 59 anos atua na pesquisa agropecuária. Na Embrapa Pecuária Sul desde a sua fundação, Leal começou a atuar na área na Estação Experimental Cinco Cruzes, vinculada ao Ministério da Agricultura e onde hoje funciona o centro de pesquisa.
Nessa trajetória Joal Brazzale Leal teve contribuições extremamente importantes para a pecuária, em áreas como o melhoramento genético e reprodução animal. Esteve a frente, por exemplo, na consolidação e desenvolvimento das raças sintéticas Brangus e Braford.
Nesse sentido, foi presidente do Conselho Técnico da Associação Brasileira de Hereford e Braford, da Associação Brasileira de Angus e da Associação Nacional de Criadores Herd-Book Collares, além de ter exercido o cargo de primeiro secretário municipal de agropecuária do município de Bagé. Leal também foi Chefe-geral da Embrapa Pecuária Sul por duas vezes. “Gostaria de compartilhar essa homenagem com todas as equipes que trabalharam comigo, pois sem elas não se teria alcançado os resultados que conseguimos nesse período”, ressaltou Joal Brazzale Leal ao receber a homenagem.
Histórico
Criada em 13 de junho de 1975, a Embrapa Pecuária Sul foi fundamental para a consolidação da pecuária dos Campos Sul-brasileiros, contribuindo de forma significativa para o aumento da produtividade e da competividade da atividade. Atualmente a unidade conta com 109 funcionários, sendo 32 pesquisadores, 23 analistas, 17 técnicos e 37 assistentes, e atua em diferentes áreas da bovinocultura de corte, bovinocultura de leite e ovinocultura.
Nesta trajetória, o centro de pesquisa teve um papel importante na diversificação da atividade pecuária na região, acompanhando de perto as necessidades do setor produtivo, sempre buscando atender as demandas dos diferentes setores envolvidos com a pecuária.
Entre as inúmeras contribuições da Embrapa para a pecuária estão o desenvolvimento da raça sintética Brangus/Ibagé, técnicas de controle de endoparasitos em ovinos que reduziram consideravelmente a morte de animais, introdução de espécies de forrageiras de inverno e de verão nos sistemas de produção, técnicas de manejo do rebanho, o desmame precoce de terneiros, o acasalamento de inverno em bovinos, melhoramento de campo nativo, controle integrado de endo e ectoparasitos em bovinos, o desenvolvimento do novilho precoce, entre outras. São tecnologias, práticas e recomendações que tiveram grande impacto no sistema de produção, dando maior competitividade e qualidade à nossa pecuária.
Atualmente a unidade continua procurando soluções para uma pecuária competitiva e sustentável. Nesse sentido, adotou como filosofia de trabalho a busca por uma produção de alimentos saudáveis em sistemas sustentáveis, que norteia as ações de pesquisa e de transferência de tecnologias.
Como exemplos, podem-se se citar os estudos e desenvolvimento de tecnologias para o controle do capim-annoni, a disponibilização de cultivares de forrageiras adaptadas à região, o desenvolvimento de produtos cárneos de ovinos, a integração lavoura-pecuária-floresta, o desenvolvimento territorial e apoio à pecuária familiar, a utilização de ferramentas de genômica para o melhoramento animal, e tecnologias para a mitigação da emissão de metano na pecuária, entre muitas outras. As pesquisas que estão em desenvolvimento buscam tecnologias para uma pecuária inserida em sistemas de produção que preconizem o uso racional dos recursos naturais e com eficiência técnica, produtiva e econômica.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



