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Animais com problemas sanitários são desviados na indústria e se traduzem em menos renda ao produtor

O profissional é enfático ao ressaltar que sanidade abrange todo o processo de produção, desde a criação de matrizes até a presença da carne suína nas prateleiras dos supermercados.

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Gerente de Suprimentos da área de suínos da Frimesa, Valdecir Luiz Mauerwerk, durante o Dia do Suinocultor O Presente Rural Frimesa - Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

A sanidade na produção de suínos é um aspecto fundamental para garantir o bem-estar dos animais, a qualidade dos produtos e a sustentabilidade da indústria suinícola. O bem-estar animal está intrinsecamente ligado à saúde dos suínos, proporcionando-lhes um ambiente adequado para um desenvolvimento saudável e evitando estresse e desconforto.

Além disso, a prevenção de doenças é uma das principais preocupações da cadeia, o que implica na adoção de medidas de biossegurança, higiene e controle de vetores dentro do rebanho. Mas a responsabilidade de garantir a sanidade dos animais é de quem? A resposta recai diretamente sobre os próprios produtores, a cooperativa integradora, as equipes técnicas, os médicos-veterinários e os frigoríficos. “Todos nós somos responsáveis pela sanidade, é preciso unir esforços, porque cada um tem seu papel importante na cadeia. Todos precisamos falar a mesma língua, porque se alguém não souber das regras do jogo não tem como ganharmos um campeonato”, enfatizou o gerente de Suprimentos da área de suínos da Frimesa, Valdecir Luiz Mauerwerk, em palestra realizada durante a 2ª edição do Dia do Suinocultor O Presente Rural Frimesa, realizada de forma híbrida no dia 20 de julho, em Marechal Cândido Rondon, PR.

O profissional é enfático ao ressaltar que sanidade abrange todo o processo de produção, desde a criação de matrizes até a presença da carne suína nas prateleiras dos supermercados. “Se enganam os produtores que acham que ao fechar o caminhão para levar os suínos para o frigorífico o problema não é mais seu”, salientou Mauerwerk, frisando que é necessário deixar de focar apenas no efeito e passar a tratar das causas, agindo onde os problemas têm origem.

Os frigoríficos também desempenham um papel significativo nesse contexto. Nos últimos dois anos, a Frimesa Cooperativa Central, formada pelas cooperativas agropecuárias Copagril, C.Vale, Copacol, Lar e Primato, tem trabalhado para conscientizar suas filiadas e equipes técnicas, fornecendo informações para tomar as melhores decisões e ações em conjunto com os produtores no campo. “Enquanto frigorífico para nós seria confortável simplesmente condenar e não pagar por este produto, mas nós queremos mais que isso, porque o que está na gôndola do supermercado é produto Frimesa, não importa de qual integradora ele veio, por isso nós nos colocamos como integrante ativo deste negócio”, afirmou Mauerwerk.

Quanto custa a sanidade?

Segundo o profissional, a questão da sanidade frequentemente não é levada em consideração ou é negligenciada, porém, os custos associados à prevenção de doenças, como a aplicação de vacinas, representam apenas cerca de 2,5% do custo total de produção de um suíno. E as estratégias preventivas com medicação via ração, tanto na fase de creche quanto na de terminação, representam aproximadamente 3% do custo por quilo de um suíno vivo. “É muito dinheiro circulando todos os dias, passando pelas mãos de técnicos, veterinários e produtores, por isso é preciso usar bem estes recursos. E com todo esse investimento o produtor não deveria entregar animais com padrões sanitários ruins, que tenham altas taxas de condenações e com altíssimas perdas financeiras no frigorífico”, analisou Mauerwerk.

O gerente de Suprimentos da Frimesa questiona em qual etapa do processo o setor está cometendo erros: “Será que estamos usando corretamente todos esses recursos para identificar doenças e tomar ações preventivas e curativas? O produtor recebe animais vacinados, com potencial genético de alto desempenho, uma nutrição formulada e estratégias medicamentosas, mas então em que momento da cadeia estamos falhando? É essencial que trabalhemos juntos para identificar onde estão as oportunidades e tomarmos medidas para melhorar os processos de produção, pois ao falharmos na identificação e na ação adequada para controlar uma doença, certamente colocamos em risco todo o investimento feito anteriormente”, destacou.

Quanto pode custar a sanidade no frigorífico?

Em algumas situações, as condenações e perdas financeiras nas plantas de abate provocadas por falta de sanidade podem superar 5%. “As ações preventivas realizadas no campo representam cerca de 5,5%, o que significa que estamos perdendo a mesma quantidade que investimos. Isso indica que em algum momento esse investimento não foi eficiente, é preciso identificar essa ação tomada de forma equivocada para aprimorar ainda mais nossas práticas. O ganho é direto tanto para o produtor quanto para toda a cadeia”, mencionou.

Impacto em Desempenho

Em exemplo real, o palestrante destacou que em um lote com 1,5 mil animais abatidos, 65% foram liberados sem lesões de sanidade, apresentando um peso médio de 143,30 kg e um ganho diário de peso de 1.002 kg. A conversão alimentar ajustada (CAA) para 100 kg foi de 1,73.

Por outro lado, 35% dos animais foram desviados pelo DIF devido a lesões de sanidade, com registros de pneumonia na maioria dos casos avaliados. Esses suínos alcançaram um peso médio de 137 kg, com um ganho diário de peso de 947 gramas, ou seja, 6 kg a menos por suíno, o que representa nove mil quilos a menos de peso vivo no lote.

Em comparação com os animais liberados sem lesão, a CAA para 100 kg foi de 1,86, ou seja, 7,5% pior. Ao final, o peso médio do lote ficou em 141,25 kg, com a CAA média para 100 kg de 1,80. “Um lote com 35% de animais sanitariamente doentes além de serem destinados para embutidos ou graxaria, o valor que a cooperativa integradora recebe da Frimesa é de apenas 5% da carcaça, ou seja, além de receber um valor significativamente menor por quilo desses animais da Frimesa, a remuneração do produtor também será proporcionalmente reduzida”, pontua Mauerwerk.

De acordo com o profissional, no frigorífico o ideal é que não tenha mais que 15% do total de animais abatidos desviados com problemas sanitários. Ultrapassando este percentual há um sério risco de comprometimento e prejuízo no fluxo de abate. “E no momento atual este percentual anual está em 22,93%”, afirmou, complementando que em relação às condenações totais com embutidos cozidos e graxaria o ideal é que se atinja 1,5%, no entanto hoje a média anual é de 2,85%. “Toda a cadeia está perdendo mais de 90% do que tecnicamente seria o ideal”, alertou Mauerwerk.

Um total de 2,85% dos suínos abatidos na Frimesa apresentou perdas de peso, o que reflete no custo de produção para toda cadeia. “Essa situação representa um custo de R$ 0,22 por quilo de suíno vivo, o que corresponde a R$ 23,17 milhões que deixaram de ser pagos às cooperativas filiadas devido a condenações somente nos primeiros seis meses de 2023, no entanto a vacina, a ração, o medicamento custou a mesma coisa, ou seja, estamos perdendo oportunidade de remuneração, porém o custo não foi menor”, revelou.

Prevenção e Controle

Segundo o profissional, as principais causas de condenações nas plantas de processamento são 70,75% devido à pneumonia e 10,70% por conta de enterites. “As soluções para melhorar os casos de pneumonia e enterites passam por estratégias de vacinas, que podem ser autógenas ou comercial, via oral, injetável ou ID, com um ou duas doses e idade do animal em que a aplicação é feita”, expõe.
Outra medida importante são os protocolos de medicação, que determinam se a administração será via ração, água ou injeção, com foco na identificação precoce e correta das doenças para ação imediata.

“Somado a isso, é preciso melhorar o manejo da granja, ambiência, higiene, alimentação, água (volume e qualidade), biossegurança, dentre outros aspectos”, apontou.
Mauerwerk enfatiza a necessidade de ação, tendo consciência do papel de cada elo na cadeia produtiva. Para alcançar melhorias, é preciso avaliar o histórico de sanidade tanto no campo quanto no frigorífico, revisar os protocolos vacinais existentes ou até mesmo implementar novos, verificar a eficácia dos protocolos de medicação e identificar o momento adequado para intervenção no tratamento das doenças, além de manter uma vigilância constante.

Ele ressalta que não se deve encarar a sanidade como um problema, mas sim como uma oportunidade para agir proativamente. “A sanidade é um pilar de extrema importância na produção de suínos. É essencial que atuemos em conjunto, de forma sincronizada e estratégica, para minimizar e reduzir os prejuízos causados por problemas sanitários. Jamais devemos subestimar uma doença, pois ela pode acarretar danos graves e até mesmo inviabilizar a atividade. Urge a necessidade de implementarmos ações mais eficazes e eficientes para garantir a saúde e o sucesso da produção suína”, evidenciou.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola acesse gratuitamente a edição digital de Suínos. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

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Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

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Foto: Shutterstock

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
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Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

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Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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