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Anderson Sabadin projeta crescimento e novos rumos para a Primato nos próximos anos
Entrevistado do terceiro episódio da série Voz do Cooperativismo, ele contou um pouco da sua trajetória no cooperativismo agropecuário, que está intimamente ligada ao nascimento da Primato, compartilhou suas perspectivas sobre o agronegócio brasileiro e as projeções para o segundo semestre.
Com uma vasta experiência no setor cooperativista agropecuário, tendo atuado em vários cargos antes de assumir a presidência da Primato Cooperativa Agroindustrial, Anderson Léo Sabadin foi o entrevistado do terceiro episódio da série Voz do Cooperativismo. Ele contou um pouco da sua trajetória no cooperativismo agropecuário, que está intimamente ligada ao nascimento da Primato, compartilhou suas perspectivas sobre o agronegócio brasileiro e as projeções para o segundo semestre.
Também discorreu sobre dos planos, projetos, investimentos e visão de futuro a médio e longo prazo nos setores de ração, bovinocultura de leite e corte, suinocultura e avicultura, destacando as prioridades da cooperativa nos próximos anos. Além disso, enfatizou a capacidade do agro brasileiro em alimentar o mundo e a importância da união do setor para uma maior competitividade nas exportações, bem como ressaltou a necessidade de comunicar de forma efetiva como o Brasil produz os alimentos, a fim de desmistificar velhos paradigmas.
O Presente Rural – Nos conte um pouco de como iniciou sua história com a Primato.
Anderson Léo Sabadin – Há 24 anos iniciei minha trajetória na Primato. Naquela época, éramos apenas três colaboradores na cooperativa. Assumi diversas funções, desde vendedor de balcão, descarregador de caminhões até ser responsável pelo armazenamento, faturamento, auxiliar contábil e administrativo financeiro. Faturei produtos variados, como leite e suínos, e participei do processo de abertura da fábrica de ração. Mais tarde assumi o cargo de contador da Primato e posteriormente fui promovido a gerente e, em seguida, a executivo.
Na última gestão do ex-presidente Ilmo Welter fui convidado a assumir a presidência. Agora fazem dois anos que estou como presidente da Primato e é uma alegria pela confiança que o cooperado nos deposita, porque você sai de uma CLT e passa a ser eleito. Então é outro grande desafio, mas ao mesmo tempo uma alegria estar à frente de uma cooperativa que já tem mais de 9,6 mil cooperados e 1,2 mil colaboradores.
Ainda é uma cooperativa muito jovem, que completou em 15 de julho 26 anos de fundação, então tem muito por se fazer e para a gente trabalhar.
O Presente Rural – Quais as principais ações que o senhor tem colocado em prática na cooperativa?
Anderson Léo Sabadin – Por mais que a cooperativa pareça jovem, sempre buscamos trabalhar com planejamento. Quando assumi em 2021 definimos um planejamento até 2033, o qual prevê uma capitalização da Primato e projetos que nos levarão a um investimento de R$ 1,5 bilhão dentro das propriedades e R$ 500 milhões nas indústrias da Primato. Esse é um trabalho que iniciamos, mas antes disso também houve um planejamento, tanto que a minha própria vinda como presidente vem de um trabalho de sucessão, diferente de outras cooperativas, eu sou o quarto presidente. Então é feito um trabalho de sucessão, inclusive na gestão estratégica da cooperativa. Eu vejo que esse é um grande diferencial da Primato frente a outras cooperativas, porque tudo que é feito dentro da Primato tem um planejamento. Por exemplo, quando vamos abrir uma nova unidade isso foi pensando muito antes. Agora está em andamento um projeto para abertura de um frigorífico em 2029/2030, mas iniciamos este trabalho há um ano e meio, já discutimos a área, foi verificado a questão da água, das licenças, qual o melhor lugar, quais são as forças e fraquezas internas, as oportunidades, as ameaças externas, que tipo de espécie vamos abater neste frigorífico, é o caso de avançar com este investimento ou não, os prós e contras, tudo é muito discutido. O Sabadin aqui é representativo enquanto Primato para a região, porque nós temos um Conselho de Administração muito bom, inclusive com pessoas com qualificação em mestrado e doutorado que são produtores, bem como tem também um Conselho Fiscal.
E além disso, no último mês de junho, estruturamos a cooperativa com um diretor executivo, que é o Juliano Millnitz, até então eu exercia as duas funções. E abaixo do Juliano tem mais cinco divisões para fazer com que nossa cooperativa não pare de crescer.
Esse ano, a nossa previsão é crescer em 38%, mas para isso nós temos que pensar em pessoas, porque são elas que tocam a cooperativa e que vão fazê-la avançar.
O Presente Rural – O que a Primato representa para a região Oeste do Paraná?
Anderson Léo Sabadin – A Primato representa uma realização do que nós conseguimos construir enquanto pessoas, família e no relacionamento com os nossos cooperados e com a comunidade em que estamos inseridos. A cooperativa realiza os sonhos de mais de 9,6 mil cooperados e de 1,2 mil colaboradores. É uma responsabilidade muito grande que carregamos para fazer a gestão, mas que nos impulsiona a gerar valor e riqueza para a região Oeste e Sudoeste do Paraná e no Mato Grosso. Também integramos a Cooperativa Central Frimesa.
O Presente Rural – O que o cooperativismo representa para o agronegócio e para Brasil?
Anderson Léo Sabadin – O cooperativismo no Oeste do Paraná é muito forte, uma vez que fortalece a união de pessoas enquanto negócios compartilhados. Mas nas regiões em que o cooperativismo está presente impulsiona o desenvolvimento não apenas economicamente, mas também melhora o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), a qualidade de vida e a saúde das pessoas, além de promover melhores condições para quem trabalha no campo, com melhorias na infraestrutura rural.
Temos ainda grandes desafios, mas eu vejo que o cooperativismo conseguiu agregar, em pequenas propriedades, excelentes rendas. Hoje os filhos dos produtores, que muitas vezes foram estudar fora voltando para casa para administrar a propriedade da família. Temos inclusive bons exemplos dentro da Primato, de filhos de produtores com mestrado, doutorado e pós-graduados que voltaram a Toledo e hoje tocam a propriedade da família, porque entenderam que essa propriedade gera renda e a região oferece condições e qualidade de vida para residirem.
O Presente Rural – Vamos falar um pouco dos negócios da Primato. Como está a produção de rações?
Anderson Léo Sabadin – Atualmente, temos três fábricas de ração, sendo duas localizadas no Paraná, nas cidades de Toledo e Verê, e uma terceira em Dourados, no Mato Grosso do Sul. Nossa linha de alimentos para animais abrange ração, núcleo, premix, homeopatia e mineral. Com orgulho, a Primato se destaca como uma das maiores produtoras de ração do Paraná, operando com duas plantas em três turnos. Além disso, estamos em processo de expansão na planta de Dourados, e a previsão é que as obras estejam concluídas até o fim deste ano.
Em nossas unidades também realizamos a manipulação de medicamentos que são incorporados à alimentação animal. Para garantir a qualidade e a segurança desses processos, seguimos as instruções normativas do Mapa N4 e N5.
Costumamos dizer que hoje a alimentação animal é até melhor que a alimentação humana. Nossos produtos são ajustados e adequados para o produtor alcançar a melhor conversão, seja para a produção de carne ou para obter a máxima produtividade em leite, por meio de uma alimentação que tem como base milho, soja ou trigo. Através dessa transformação, somada a alguns aditivos, alcançamos a melhor produtividade e eficiência econômico-financeira nas propriedades rurais.
Entretanto, não basta apenas tratar os animais, é preciso entender sobre a conversão de cada animal e o resultado que ela entrega. Hoje em dia, o ganho do produtor está ligado ao índice de conversão que cada animal alcança ao fim de cada lote, seja de frango, suíno, bovino ou tilápia, então o valor do trabalho do produtor não se limita apenas dentro da porteira.
Muitas vezes, enquanto produtores, nossa visão fica restrita apenas à nossa propriedade, mas temos que ter uma perspectiva muito mais ampla. Devemos considerar aspectos como a qualidade do milho e da soja que serão fornecidos à indústria, bem como a estrutura de aminoácidos. É necessário compreender como preparar e formular a ração, pois a quantidade de energia que é adicionada influencia diretamente na quantidade de ração que o animal vai consumir.
Esses fatores estão interligados em uma rede em que o produtor é apenas uma parte, que envolve também a agroindústria, o frigorífico e o comprador, que é cliente final dessa carne ou do leite. Precisamos adotar uma visão sistêmica, considerando todo o processo desde a produção da ração até a entrega do produto final.
O Presente Rural – E essa ração produzida é direcionada apenas aos cooperados da Primato ou também é vendida no mercado interno?
Anderson Léo Sabadin – A Primato também vende ração para clientes externos, não somente para os cooperados, inclusive temos ração pet. Estamos avançando neste mercado, com um projeto para que até 2027 teremos uma nova planta de produção de ração em Toledo. A indústria de Dourados também deve ser dobrada. Essa unidade adquirimos em fevereiro de 2021 e já estamos abrindo mais um turno para produção. Atualmente estamos fazendo uma ampliação nela e o volume deve dobrar daqui a três ou quatro anos.
E olhando toda a ampliação que nós temos, inclusive dentro da Central Frimesa, com o novo frigorífico de Assis Chateaubriand, PR, o nosso foco esse ano é dobrar o volume de leite na região Sudoeste, com isso deve entrar um novo grupo de cooperados para dentro do sistema. Essa é a região em que a Frimesa iniciou suas atividades. Então, fazer parte desse sistema para nós é importante, nos fortalece enquanto cooperativa.
O Presente Rural – Qual é a produção de leite da Primato, o que muda agregando novos cooperados e como está o mercado deste setor?
Anderson Léo Sabadin – A produção de leite da Primato chega a três milhões de litros por mês, estamos caminhando para superar os cinco milhões de litros nos próximos meses, justamente por agregar novos produtores. A cooperativa entregou 38 milhões de litros de leite para a Frimesa em 2022 e esse ano temos a previsão de chegar próximo de 60 milhões de litros.
A Primato produz ração para vaca leiteira para produzir 240 milhões de litros. Então, nós temos uma grande quantidade de leite que não entra no sistema. A Primato atende uma vaca leiteira, uma bezerra, mas acaba que esse leite não está dentro do sistema ainda. Então temos um trabalho bastante grande pela frente. A nossa produção de leite, devido às chuvas, é muito boa, com custo inclusive adequado. Em um primeiro momento temos, sim, uma ração mais cara, mas é em um momento, inclusive, de preço de leite mais ajustado, que esse produtor tem que investir. Sempre destacamos para o produtor que é preciso trabalhar a produtividade e eficiência.
Se pegarmos 1kg de ração, já com a previsão de queda de soja e de milho, o produtor terá a ração a R$ 1,70. Veja a conta: se eu estou gastando R$ 1,70 no quilo de ração e com esse quilo de ração eu consigo três litros de leite, que está entre R$ 2,80 e R$ 2,90 o litro, a depender do laticínio que o produtor entrega, então é importante investir numa ração de qualidade e também complementar essa alimentação animal, porque é daí que vem a grande rentabilidade do nosso produtor.
A Primato não vende a ração mais barata, vendemos uma ração com tecnologia que vai entregar alimento adequado, com energia para produção de leite, inclusive olhando os sólidos do leite, CBT, CCS e a melhoria na qualidade do leite, porque hoje o produtor ganha por volume, mas também ganha por qualidade. Então esse é o grande desafio ao olharmos a cadeia leiteira.
A Primato quando iniciou tinha 1,2 mil produtores de leite, hoje são apenas 200. No entanto, a atual produção de leite é mais que o dobro da produção anterior.
O Presente Rural – O produtor entendeu que a tecnificação e os investimentos dentro da propriedade de leite estão gerando lucro?
Anderson Léo Sabadin – Eu acredito que sim. Acredito que todos os desafios, não só do leite, têm a ver com gestão e com o que eu comunico. Eu sou produtor e quando levo meus filhos na minha granja, por exemplo, o que eu comunico para eles? Comunico sofrimento, que é fácil administrar uma propriedade, estar na lida do campo, que é fácil tirar leite em um dia frio. O desafio é enorme. É diferente de você ter um sistema compost barn, com ventiladores, maravalha, é mais tranquilo e mais limpo; ou com robôs, é mais prático, mas tem um investimento para isso e um payback em relação ao tempo de retorno deste investimento. No entanto esse é o futuro, na nossa visão, não tem volta.
A inovação veio para ser aplicada e ela deve ser aplicada a partir do momento que eu tenho um retorno financeiro adequado à minha atividade. Estamos numa região que falta mão de obra, não trabalho. E esse é o desafio do futuro. As pessoas quererem trabalhar nas propriedades, a partir disso vem a automação, robotização, muitos sensores, eu inclusive tenho uma granja que hoje a gente não coloca a mão mais para tratar os animais. É tudo automatizado e você consegue fazer a leitura de quanto esse animal comeu ou deixou de comer. Hoje a gente tem câmeras que conseguem medir a temperatura do corpo do animal, identificar se está doente ou não, se está com febre, se é preciso entrar com antibiótico. Então, na minha leitura, esse é o futuro, cabe a nós descomplicar a inovação. Nós temos que entender o porquê de fazer a inovação, senão nem nós vamos conseguir fazer. Toda mudança tem que ser comunicada e isso tem que estar muito claro para as pessoas.
A grande transformação tecnológica, na minha leitura, vem antes da transformação das pessoas, da cultura, das pessoas, porque se não tiver aderência o produtor vai colocar uma tecnologia que a tendência será não funcionar, porque essas pessoas não foram qualificadas para isso.
O Presente Rural – Na bovinocultura de corte a Primato tem um projeto de integração. Explique como isso funciona e como está esta atividade?
Anderson Léo Sabadin – A Primato iniciou em outubro de 2021 o projeto de bovinocultura de corte. Alojamos quatro mil bezerros em propriedades de cooperados, que têm o trabalho de colocar esses animais para comerem silagem ou no pasto, a depender da área que os animais forem alojados, e ao final levamos esses animais para o cocho. Os animais e a alimentação são fornecidos pela Primato, o trabalho do produtor é fornecer uma gramínea de qualidade para esse animal ficar no período da precocidade. Inclusive o produtor é premiado quando devolve um animal precoce e com uma capa de gordura marmoreio, ele ganha por isso.
A cooperativa iniciou esse projeto de maneira piloto e agora, mais recentemente, estamos discutindo uma metodologia da Primato abater esses animais na Cooperativa Aliança de Guarapuava, PR. É um projeto muito interessante, que se mantêm dentro da cooperativa e a intenção inicial é trabalhar a padronização do rebanho e da genética, visando uma carne com marmoreio padrão para o nosso cliente. A Primato tem 11 mercados e o nosso grande desafio é ter um padrão de carne, porque uma hora você compra um padrão e em outra não tem esse padrão. Estamos fazendo um trabalho contínuo que vai de encontro com esse desafio, obviamente que a proteína bovina sofreu uma oscilação, com uma queda de preço bastante grande, inclusive nesse período, nosso projeto passou por estudos e constatou-se que gerou prejuízo, mas o piloto é exatamente para isso. Agora pretendemos avançar com esse projeto para integrar mais produtores, inclusive produtores do Mato Grosso do Sul.
E esse trabalho de integração do gado é inovador. Criamos junto com a Agrosis as variáveis para pagamento desse produtor, de média o pecuarista ganha R$ 13,50 na diária e no final, ao entregar um animal precoce, ganha mais R$ 300 de bônus.
O Presente Rural – Mais recentemente a Primato também ingressou no mercado de frangos de corte. Como está essa produção?
Anderson Léo Sabadin – A Primato ingressou na avicultura há pouco mais de um ano e já estamos chegando há 1,5 milhão de aves alojadas. É um número bastante expressivo, que poderia, inclusive, viabilizar um frigorífico. No entanto, essa parceria no abate existe hoje com outra cooperativa da região e já temos frangos com a marca Primato nas gôndolas de supermercados.
O Presente Rural – A chegada da Influenza aviária no Brasil mudou alguma rotina na produção?
Anderson Léo Sabadin – Quando falamos de Influenza aviária paramos para verificar qual é o protocolo sanitário da região, do meu vizinho, qual é o controle de acesso que eu tenho que ter na minha propriedade, por exemplo. Medidas essas que tem feito com que, inclusive, no Oeste do Paraná, sejamos desafiados, mas para melhor, porque é o desafio que nos faz evoluir. Percebemos que as granjas têm evoluído em infraestrutura, em controle sanitário, em prevenção, arcos de desinfecção e isso vem a proteger a cadeia como um todo, não só os integrados da Primato.
O produtor tem que cuidar, o vizinho tem que cuidar, a região, a depender da densidade de frango, tem que redobrar os cuidados, visto que se a Influenza aviária chegar pode impactar granjas em um raio de até 10 km no entorno do foco. Esse cuidado está sendo bem feito. Sabemos do risco das aves silvestres, mas eu acredito que nós ainda conseguimos ter a certificação de território livre de Influenza aviária na produção comercial, pelo cuidado e zelo que o produtor tem no campo, que as integradoras desenvolveram junto com os avicultores no controle do manejo das aves. E essa prevenção também envolve as indústrias, que mandam ração e os caminhões que vão recolher esses animais.
Quando entendemos que fazemos parte de um ecossistema maior fica muito mais fácil. E isso vem com o tempo. Eu acredito que, mais uma vez, o trabalho das cooperativas está sendo muito forte para evitar a entrada da doença na produção industrial.
O Presente Rural – Como está o setor de suinocultura da Primato? Algo mudou com a inauguração do Frigorífico da Frimesa, da qual a Primato faz parte?
Anderson Léo Sabadin – Todo o suíno produzido pela Primato é destinado para a Frimesa, cooperativa central da qual a Primato faz parte. Foi inaugurado o frigorífico em dezembro na cidade de Assis Chateaubriand (PR), considerada uma das maiores plantas da América Latina.
Ainda não chegamos no volume total previsto de abate, que é de 15 mil animais por dia, mas já está se antecipando as etapas, tendo já ultrapassado quatro mil abates diários antes da data prevista. A Primato tem entregue cerca de 50 mil suínos/mês para abate, número que tem uma representatividade muito importante para o nosso produtor. A integração para esse produtor não tem risco, uma vez que o sistema cooperativista protege ele. A indústria central industrializa o que nós produzimos e ainda agrega valor. É preciso reforçar que a Primato é do produtor, a Frimesa é do produtor.
A suinocultura passou por uma grande crise no ano passado e esse ano ainda tem grandes desafios, mas é agregando valor e diversificando em produtos que estamos conseguindo remunerar esse produtor. Nesse ano, a Primato junto com a Frimesa tem entregue boas margens para os produtores de suínos. Nós vimos que no último ano, várias empresas da região cortaram produtores, enquanto a Primata e a Frimesa mantiveram os integrados, inclusive ampliando seu quadro ao desenvolver novos produtores. Também iniciamos a operação de uma UPD própria, inclusive, a Primato tem uma granja multiplicadora com produto Agroceres PIC, em que já entregamos as leitoas inseminadas para o produtor.
Nós entregamos tecnologias para melhorar a produtividade dos animais, e com isso a Primato é constantemente premiada pela tipificação de carcaça dentro da Frimesa, porque entrega uma carne com melhor qualidade.
Recentemente, iniciamos os testes com sêmen duroc. Trabalhamos em todo nosso plantel com inseminação artificial, visando ter uma carne suína com melhor marmoreio e uma cor diferente, não tão branca, mais vermelha, por isso que inseminamos as fêmeas com sêmen duroc.
Junto com a suinocultura, a Primato vem desenvolvendo um projeto para a geração de energia com resíduo orgânico, ou seja, com o uso do dejeto suíno, gerando uma nova fonte de renda para o nosso cooperado.
Entendo que antes de nós produzirmos alimentos, é preciso produzirmos água e florestas. Isso é fundamental. E isso a gente sempre fez. Hoje se fala muito em ESG, mas o cooperativismo já faz esse trabalho de longa data. O que temos que fazer é aproveitar o momento em que se fala sobre sustentabilidade e mostrar para o mundo o que nós já fizemos. O consumo de água que é produzido por uma mina dentro das propriedades, a mata ciliar, a reserva permanente que é preciso ter nas pequenas propriedades.
A região Oeste é diferente de outras regiões, porque aqui nós temos pequenas propriedades e essas pequenas propriedades normalmente são familiares. Então tem um aspecto ambiental, tem um aspecto social da família estar reunida, tem um aspecto de renda por hectare, que é muito alto, porque tem relação com a produção de tilápia, leite, suíno, frango, além da fertirrigação, quando o produtor usa o dejeto do suíno, e ainda ele produz grama que alimenta o gado, então tem toda uma cadeia que se fecha. E neste contexto, mais uma vez, temos que olhar para a governança, como que está sendo feito a gestão da propriedade, o software de gestão usado, quais são os indicadores de gestão e assim por diante, porque isso tem relação direta com o desempenho das pessoas que ‘tocam’ essa propriedade.
Olhando esse contexto como um todo, vejo que as propriedades rurais estão passando por um processo de transformação. Anteriormente, talvez, a preocupação tinha um vetor, hoje temos que ser quase multifocal.
Mas precisamos saber comunicar. Imagina um país que tem mais de 60% de mata, imagine um país que tem acesso ao Aquífero Guarani, por exemplo, o que nós temos a nossa disposição é fantástico, mas precisamos saber trabalhar isso melhor, comunicar melhor ao mundo e, obviamente, agregar valor. Temos que entregar renda e valor para o nosso cooperado e para a comunidade que nós atuamos.
O Presente Rural – Há algum novo projeto um uma área específica em que a Primato está investindo mais esforços?
Anderson Léo Sabadin – A Primato tem avançado cada vez mais no foco do porque ela foi criada. A cooperativa entrou na área agrícola fazem pouco mais de quatro anos, é pouco tempo, e vem ampliando agora as unidades de recebimento de grãos. Se queremos crescer em frango, tilápia, suíno, gado de corte e leite, nós precisamos de milho, soja e trigo. Para isso temos avançado para o Mato Grosso do Sul e com unidades no Sudoeste do Paraná para recebermos mais grãos e transformá-los em carne e leite. Todo o nosso recebimento é transformado, não vendemos grãos.
Futuramente queremos implantar as unidades frigoríficas, ainda não está definido se será de frango, tilápia ou gado, isso vai depender da viabilidade econômico-financeira e da análise do conselho. Os suínos e o leite são destinados para a Frimesa.
Até 2029 o nosso propósito é iniciar a construção de um frigorífico próprio, agregando valor ao nosso produtor. Somado a isso, firmamos uma parceria com a Tupy e a MWM para produzirmos energia por meio do resíduo orgânico de suíno. A cooperativa já está produzindo biometano, com veículo circulando com energia 100% biometano. Os motores são substituídos e esse veículo tem a conversão, consumo por quilômetro rodado, muito similar ao diesel. Por outro lado, o motor tem mais força do que um motor a diesel. Essa parceria iniciou com a EnerDinBo e agora estamos montando uma usina própria em uma Unidade de Leitões Desmamados no município de Ouro Verde do Oeste. A Primato junto com a Tupy vai produzir biometano para abastecer a sua frota.
Estivemos recentemente reunidos com outras entidades, entre elas Compagás e RDP, pois queremos colocar unidades de distribuição, porque não basta produzir o biometano, precisamos colocar unidades de abastecimento. Esse trabalho vem sendo feito, acredito que até o próximo ano já tenhamos unidades com bombas para abastecer os veículos.
Já temos produtores da Primato que vão instalar a filtragem para o biometano. Então o caminhão da Primato que vai levar ração ou que vai recolher o suíno, o frango ou o peixe ele já vai abastecer no produtor, inclusive já temos em contrato com a Tupy e a MWM uma estimativa do valor que o produtor vai receber por litro de biometano. Isso não é sonho, o caminhão já está aqui e andando a biometano.
Ainda queremos trabalhar com o sólido, então nós queremos fazer correção de NPK e devolver isso para o produtor que gerou. Então aquele produtor que forneceu a matéria-prima, o líquido e o sólido, com a logística reversa, ele vai receber de volta o biofertilizante. Isso é fantástico e está na nossa mão. O que muda é a cultura, saímos de um adubo químico e passamos para um adubo orgânico. Para isso precisamos fazer um trabalho nas universidades, com os agrônomos e com os produtores sobre o uso do biológico nesse contexto de produção de alimentos.
O Presente Rural – Quais as expectativas dessa safra para a Primato em relação a produtividade e preços?
Anderson Léo Sabadin – A produtividade da safrinha de milho é excelente, infelizmente o produtor saiu com custo maior dessa safra. Aquele produtor que não fez travas no contrato pode ficar no vermelho, porque vem de um custo mais alto e tivemos uma queda nos preços de milho. Com a soja não foi diferente, nós tivemos inclusive dificuldade na logística para escoar e exportar esse produto. Com essa informação e ciente que temos muita soja em estoque e vai entrar uma nova safra de milho tivemos um momento de queda de preço.
A relação hoje entre insumo, fertilizantes, semente e químicos versus o grão, ao converter em dólar, é melhor que ontem. Muitos produtores não fazem esse cálculo, mas é preciso mensurar isso muito bem, porque o momento é interessante no sentido de compra do insumo. Os preços caíram a patamares excelentes e o produtor que deixar de travar um contrato de soja pode perder dinheiro.
Ao olharmos para o contrato futuro de soja, tudo indica, a depender do clima, que teremos um momento maior ainda de queda de valor de milho e de soja, então o produtor tem que ficar muito atento a isso.
Olhando para as regiões que a Primato atua, a cooperativa calçou muito bem o produtor com contratos, mas cabe a ele fazer o contrato. Muitos produtores não fizeram. Em nossa reunião de campo, no início de fevereiro, a Primato tinha contrato de milho a R$ 80 e de soja a R$ 173. A Primato faz trava de ração, então compramos milho, soja, trigo, óleo, farelo de soja e trava para o produtor em alimento para animal. Por isso que a Primato também vai a campo e consegue remunerar melhor o milho e a soja, mas a decisão é do produtor. A cooperativa é quase como um farol, indicamos a direção, mas a decisão é do produtor. É preciso ter sabedoria na hora de tomar essa decisão.
O Presente Rural – Quais as expectativas da Primato para o agronegócio e as cadeias de proteína animal no segundo semestre deste ano?
Anderson Léo Sabadin – Escutamos algumas coisas com reflexo direto da Europa, mas o nosso país geograficamente é enorme, não sofremos das mesmas mazelas que vemos em alguns países desenvolvidos, a exemplo da Holanda, Alemanha e Itália. O Brasil fez o dever de casa, o nosso país não tem a exploração que tem nesses pequenos países.
Se nós escutarmos mundo afora o georreferenciamento que o Brasil tem dentro das propriedades, hoje, nenhum outro país tem. Então, imaginem que hoje nós podemos identificar por meio de um código de barras, através de QR Code, de onde veio o leite que está dentro de uma caixinha da Frimesa ou qual é o CAR (Cadastro Ambiental Rural) que produziu a soja do farelo que está sendo exportado. A partir desse cadastro nós nos protegemos. Se quero saber como a Primato produz é só pegar o CAR das propriedades da Primato.
Se nós olharmos o crescimento da população até 2050, nós vamos ter produção de alimentos para alimentar essas pessoas? Qual é o país que tem a capacidade de produzir os alimentos e atender o mundo? Se começarmos a olhar tudo isso, vamos ver que o Brasil tem um potencial enorme ainda pela frente em produção, em produtividade, sem desmatamento, sem aumento de área, melhorando e evoluindo os processos, a produtividade da região e de cada atividade. Eu vejo que esse é o grande desafio do agro, porque acredito que nós não sabemos vender como deveríamos, concorremos entre nós. Estamos numa região altamente produtiva e quando acessamos o mercado internacional, competimos entre nós, quando deveríamos nos unir e ter uma única oportunidade de venda, um único canal, aí sim nós seríamos muito mais fortes. Então tem algumas estratégias ainda por implementar, acredito que isso vai se organizando até dentro do sistema cooperativo, de forma que o agro também seja rentável, uma vez que está atrelado à economia global. Mas a última linha tem que fechar, tem que gerar renda também para as empresas.
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Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo
Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024
No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.
Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.
“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.
Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.
“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.
Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.
As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.
Mudanças estabelecidas
Prazos
Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.
O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.
Desburocratização da declaração
A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.
A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.
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Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado
Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.
Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.
A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.
Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.
A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.
Ameaças sanitárias e os impactos para a economia
No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.
A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.
Notícias
Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul
Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.
O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.
A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.
Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.
Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.
“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.
O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.
Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.
Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.
Veja aqui o vídeo do presidente.