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ANCP lança Sumário de Touros das raças Nelore, Guzerá, Brahman e Tabapuã
A publicação é resultado de mais de três décadas de trabalho da Entidade dedicados à pesquisa e genética na pecuária

A Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP) lançou oficialmente o Sumário de Touros das raças Nelore, Guzerá, Brahman e Tabapuã – Edição maio de 2021 nesta última quarta-feira, dia 19 de maio, em uma live comandada por Letícia Castro, do setor de Transferência de Tecnologia, com participação do médico veterinário Argeu Silveira, Fernando Baldi, diretor de Pesquisa e Inovação, e do Professor Raysildo Lôbo, presidente da Entidade.
Na abertura do evento, Raysildo Lôbo deu as boas-vindas aos participantes e contou um pouco da história e dos sumários da ANCP. Na sequência, Argeu Silveira falou sobre os projetos em andamento, destacando a importância econômica das avaliações genéticas e genômicas, além de mencionar alguns projetos da entidade como o CEIP e o programa de abate técnico e qualidade de carne.
Ao fazer a apresentação do sumário, Fernando Baldi falou sobre a entrada de mais de 12 mil animais genotipados, de dezembro 2020 a março deste ano, o que contribuiu para aumentar ainda mais a qualidade da base de dados. Baldi também comentou sobre a importância da coleta de informações de fenótipos, em especial, para as características não tradicionais, como eficiência alimentar, carcaça e puberdade de machos, como uma forma de aumentar a robustez da avaliação genômica.
O pesquisador ressaltou o trabalho da ANCP na preparação e na consistência dos dados dos arquivos recebidos dos criadores, os quais contêm informações sobre facilidade de parto para novilhas e apresentou a novidade para o próximo semestre: a DEP para facilidade de parto em novilhas. “Já temos uma base de dados confiável, com análises preliminares mostrando que essa DEP deve contribuir bastante para o melhoramento, sobretudo para diminuir os problemas de parto em novilhas precoces”, explicou.
Na parte final do evento, o cientista sênior da Zoetis, Rafael Medeiros Silva, anunciou um novo produto da empresa: o chip ZBN, última versão de chip para genotipagem, com 70.000 marcadores altamente informativos para a raça Nelore, desenvolvido em parceria com a ANCP. “O novo chip vai dar uma vantagem e um aumento na precisão da avaliação genética, podendo conectar melhor os animais”, ressaltou.
Sobre o sumário
A publicação é resultado de mais de três décadas de trabalho da Entidade dedicados à pesquisa e genética na pecuária, buscando atender às necessidades dos criadores por uma pecuária mais produtiva e rentável, com o objetivo de tornar o melhoramento genético o caminho mais curto e acessível para transformar tecnologia em rentabilidade. O material também registra os 20 anos do PMGRB (Programa de Melhoramento da Raça Brahman) nos quais a ANCP teve papel importante na promoção do progresso genético e do aumento da produtividade da raça.
Ferramenta de seleção segura na identificação e acasalamentos de reprodutores de alto potencial genético, o sumário apresenta DEPs (Diferença Esperada nas Progênies) que foram publicadas para várias características economicamente importantes, além do Mérito Genético Total Econômico (MGTe) para as quatro raças, identificando animais mais rentáveis e com maior retorno para a atividade pecuária. Além disso, essa é a primeira edição do sumário que traz as avaliações genômicas estimadas através da metodologia do passo único BLUP genômico (ssGBLUP – single step), para todas as quatro raças (Nelore, Guzerá, Brahman e Tabapuã).
Para a produção do sumário, a ANCP utilizou sua base de dados, que reúne aproximadamente 3,8 milhões de animais, com 13 milhões de medidas de pesos corporais e 2,4 milhões de perímetros escrotais. A publicação também inclui tabelas com os índices dos melhores animais para as diferentes características avaliadas, como as DEPs para fertilidade e precocidade de fêmeas e machos, além de habilidade maternal, ganho em peso, stayability, qualidade da carcaça e carne, eficiência alimentar e aspectos morfológicos.

Notícias
Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



