Suínos Palestra de abertura
Amyr Klink compartilha experiências e lições de superação no 14º SBSS
O 14º SBSS é realizado em formato híbrido, com transmissão também on-line, ao vivo. Reconhecido como um dos principais fóruns de discussão do setor na América Latina, o evento vai até esta quinta-feira (18).
Criar soluções para vencer desafios com criatividade foi o tema da palestra de abertura do 14º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura (SBSS), na terça-feira (16), no Parque de Exposições Tancredo Neves, em Chapecó (SC). O navegador e escritor Amyr Klink compartilhou suas experiências de viagens ao redor do mundo com o público e trouxe lições de superação.
O 14º SBSS é realizado em formato híbrido, com transmissão também on-line, ao vivo. Reconhecido como um dos principais fóruns de discussão do setor na América Latina, o evento vai até esta quinta-feira (18).
Amyr ficou conhecido por suas expedições marítimas. Carrega no currículo mais de 2,5 mil palestras proferidas no Brasil e no exterior. Dos relatos de viagem, relembra de todos os obstáculos e aprendizados que conduziram sua jornada. Em 1984, ele partiu da Namíbia, no Sudoeste da África, em seu primeiro grande desafio: atravessar o Oceano Atlântico a remo.
Na época, ele se planejou muito e analisou com afinco várias empreitadas como a que estava prestes a embarcar para garantir o sucesso da sua viagem. “Gosto de aprender com exemplos de fracasso, não só de sucesso. Vi que todas as tentativas que falharam não haviam fracassado por causa das ondas, das tempestades, da falta de GPS, mas por erros de planejamento que teriam solução, como erros de estratégia, de uma dieta balanceada, de higiene, e então me encantei com as falhas. Percebi que para cada problema havia uma solução simples, era só alinhar as soluções, e foi assim que comecei a desenhar uma rota no Atlântico Sul e comecei a construir meu barquinho”.
Os desafios na construção foram inúmeros e Amyr dedicou anos para construir um barco que desse conta da travessia. “Você tem que dormir com o problema, abraçar o problema, o problema faz parte do teu desafio”.
No bate-papo com os congressistas, ele recordou o medo que passou na viagem, mas principalmente o prazer de sair do mundo da intenção, de uma viagem que havia idealizado tanto, e entrar no mundo da ação. “Essa sensação, de finalmente ser um protagonista de um plano de dois anos, foi extremamente gratificante e acho que todos aqui passam por isso quando entregam um lote, cumprem uma meta. As primeiras semanas da viagem foram muito duras, mas aos poucos, com paciência, descobri que tudo aquilo que fizemos ontem, amanhã podemos fazer melhor. É essa a necessidade intrínseca de evoluir que nos diferencia dos animais. Sempre é possível incrementar o desempenho e ninguém sabe melhor disso do que as pessoas que estão aqui neste evento”.
Hoje, ele faz barcos que são referência no mundo todo. Misturando conhecimento acadêmico com as experiências práticas de quem vive no mar, construiu embarcações que carregam a simplicidade como diferencial. Soluções simples, mas complexas de serem alcançadas. “Cada um de nós sempre tem um exército de fornecedores invisíveis, provedores invisíveis e nunca paramos pra prestar atenção em quem são eles. Essa é a beleza de pertencer a uma comunidade, a uma instituição. O ser humano faz coisas incríveis por ter a capacidade de aprender com os erros, de ser mais eficiente, mais criativo e o fato é que só somos criativos quando temos uma crise batendo a porta. É nesse momento que colocamos em prática a busca por soluções”.
Amyr ainda deu uma lição sobre o tempo. “Vocês são líderes de um segmento extremamente competitivo no mundo, mas não podem perder tempo, o tempo passa rápido e a gente não recupera o tempo que passou”.
De todas as expedições que percorreu pelo mundo, todos os países que já conheceu, tem orgulho de contar que sempre levou consigo a bandeira do Brasil hasteada. E destacou que precisamos valorizar o que produzimos nacionalmente. “Nós tendemos a não valorizar as coisas fantásticas que a gente faz aqui, mas é um orgulho genuíno o reconhecimento ao trabalho que vocês fazem aqui, que é reconhecido e visto como referência no mundo”, pontuou.
Solenidade de abertura
A palestra de Amyr Klink, patrocinada pela Farmabase, marcou a abertura oficial do 14º SBSS. Na solenidade, o presidente do Nucleovet, Lucas Piroca, destacou o lançamento da campanha do selo “Coma Mais Carne Suína”, para incentivar o consumo dessa proteína. Nos dias de simpósio, inclusive, em todos os coquetéis servidos haverá alimentos que têm como base a carne suína.
Lucas fez um agradecimento a todos os fornecedores, parceiros, associados e congressistas que tornam possível o evento. “Essa soma de esforços permitiu que nós tivéssemos esse momento de conexão e de troca. Queremos fazer nossa parte para permitir com que nosso setor siga evoluindo,” encerrou.
Na mesa de honra, também se pronunciaram a vice-governadora do estado de Santa Catarina, Daniela Reinehr, o secretário de Agricultura e Pesca de Santa Catarina, Ricardo Miotto Ternus, representando o governador Carlos Moisés, o diretor de Desenvolvimento Econômico de Chapecó, Élio Cella, representando o prefeito João Rodrigues, e o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin.
Doação
A cada simpósio, o Nucleovet doa parte do valor das inscrições pagas para entidades locais. Nesta edição do SBSS, as entidades contempladas foram o Hospital Regional do Oeste (HRO) e a Associação de Voluntários do HRO (AVHRO). O presidente do Nucleovet entregou um cheque simbólico à presidente a AVHRO, Édia Lago, e à voluntária Odila Moretto Folle.
Scrapbook
Ainda durante a solenidade, foi lançada a versão virtual do scrapbook que resgata a história do Nucleovet e marca a comemoração aos 50 anos da entidade, com pronunciamento do autor da obra, o jornalista Julmir Ceccon.
Oinc Music Brasil Sul
Para encerrar a noite, o coquetel de abertura da 14ª edição do SBSS contou com o Oinc Music Brasil Sul, um momento de confraternização, apresentações musicais e espaço para os congressistas se apresentarem junto com a banda.
Inscrições
As inscrições para o 14º SBSS estão no terceiro lote. O investimento é de R$ 600 (para o evento presencial) e R$ 500 (virtual) para profissionais e R$ 460 (presencial) e R$ 400 (virtual) para estudantes. Na compra de pacotes a partir de dez inscrições serão concedidos códigos-convites. Nessa modalidade há possibilidade de parcelamento em até três vezes.
O acesso para a 13ª Brasil Sul Pig Fair, que ocorre em paralelo ao 14º SBSS, é gratuito, tanto presencial quanto virtual. As inscrições ainda podem ser feitas pelo site www.nucleovet.com.br.
Somando forças
O 14º SBSS tem apoio da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Santa Catarina (CRMV/SC), da Embrapa Suínos e Aves, da Prefeitura de Chapecó e da Sociedade Catarinense de Medicina Veterinária (Somevesc). O Jornal O Presente Rural é veículo de comunicação oficial do evento.
Programação Científica do 14º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura:
Quarta-feira (17)
Painel Biosseguridade
08h às 08h40 – Biosseguridade: está na hora de parar com o “faz de conta”. Será que compreendemos o significado dos desafios sanitários? Uma visão de dentro da granja
Palestrante: Nelson Morés
08h45 às 09h25 – Estratégias de redução da pressão de infecção em um sistema de produção: entendendo e aplicando programas de limpeza e desinfecção
Palestrante: Anne Caroline De Lara
09h25 às 09h45 – Questionamentos
09h45 às 10h05 – Intervalo
Painel Gestão da Informação
10h05 às 10h45 – Gestão em tempos de crise: cortar custos sempre é a melhor solução?
Palestrante: Iuri Pinheiro Machado
10h50 às 11h30 – Tomada de decisão baseada em dados: experiência norte-americana na análise de informações em banco de dados de diagnósticos na suinocultura
Palestrante: Daniel Linhares
11h30 às 11h50: Questionamentos
11h50 às 14h – Intervalo para almoço
12h30 – Eventos Paralelos
Painel Sanidade (Jurij Sobestiansky)
14h às 14h40 – Peste Suína Africana: como está o cenário mundial atual?
Palestrante: Leandro Hackenhaar
14h45 às 16h – Mesa Redonda: Agentes respiratórios? Estamos dando a real importância aos diagnósticos?
Palestrantes: Danielle Gava, David Barcellos e Karine Takeuti
Moderador: Geraldo Alberton
16h às 16h20 – Intervalo
16h20 às 17h – Estratégias de diagnóstico e controle de meningite estreptocócica: como enfrentar este agente e sua diversidade antigênica?
Palestrante: Rafael Frandoloso
17h05 às 17h45 – Resistência bacteriana: uma pandemia silenciosa!
Palestrante: Jalusa Deon Kich
17h45 às 18h05 – Questionamentos
18h15 às 19h15 – Evento Paralelo Zoetis
19h15 – Happy Hour na PIG FAIR
Quinta-feira (18)
Painel Nutrição e Reprodução
08h às 08h40 – Efeito da matéria-prima no desempenho e saúde intestinal dos suínos
Palestrante: Gabriel Cipriano Rocha
08h45 às 09h25 – Imunonutrição: como manejar a imunidade através da nutrição
Palestrante: Breno Castelo Beirão
09h25 às 09h45 – Questionamentos
09h45 às 10h05 – Intervalo
10h05 às 10h45 – Perdas reprodutivas na produção de suínos: diagnóstico situacional e alternativas de correção
Palestrante: Rafael Ulguim
10h50 à 11h30 – Prolapsos uterinos: fatores predisponentes e abordagem para o controle
Palestrante: Augusto Heck
11h30 às 11h50 – Questionamentos
12h – Sorteios e encerramento
Suínos
Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade
Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.
Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix
Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.
Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.
Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.
As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.
A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.
Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.
De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.
O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.
Diagnóstico
Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.
A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:
- Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
- Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
- Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
- Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.
A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.
Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.
A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.
A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.
A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.
Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.
As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.
O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!
Suínos
Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade
Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.
Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.
Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.
Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.
Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.
O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.
Comunicação e conscientização
Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.
O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.
Compromisso do setor
Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,
Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.
A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.
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Suínos
Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela
Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.
Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.
O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.
Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.
“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.
Exportações
Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.
Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.
Perspectivas
Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.
Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.
Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.
Segurança do trabalho
Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.
Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.