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Atividade leiteira na América do Sul mostra avanço técnico e concentração produtiva
Países sul-americanos têm buscado manter a produção de leite com rebanhos menores, porém mais produtivo. Ao mesmo tempo, o número de fazendas diminui, enquanto outras se expandem em escala e volume de produção.

A produção de leite na América do Sul tem passado por profundas transformações, revelando um setor marcado por contrastes em produtividade, estrutura e competitividade. De acordo com levantamento com base em dados do IFCN (International Farm Comparison Network), analisado sob o padrão SCM, nove países da região compõem o panorama atual da atividade leiteira no continente — com exceção da Venezuela, que ficou de fora devido à ausência de dados históricos consistentes.
Em 2023, a América do Sul produziu cerca de 67 milhões de toneladas de leite, o equivalente a 7% da produção global. O Brasil segue como o maior produtor da região, responsável por 52% do volume total, seguido por Argentina (17%), Colômbia (11%) e Equador (8%). No entanto, os números absolutos mascaram realidades distintas.

Enquanto Argentina e Uruguai apresentam avanços consistentes, com crescimento médio anual de 3,2% e 2% na produção, respectivamente, entre 2019 e 2023, o Brasil manteve-se praticamente estagnado, com aumento de apenas 0,4% ao ano. Em contrapartida, Equador e Paraguai registraram retração nas suas produções, com quedas de 4,7% e 3,8% ao ano.
Eficiência em escala: Argentina e Uruguai lideram
Um dos principais vetores de competitividade da atividade leiteira tem sido a capacidade de produzir mais com menos — ou seja, a produtividade por vaca e por fazenda. Na Argentina e no Uruguai, a atividade está concentrada em propriedades com mais de 120 vacas por fazenda, o que possibilita maior escala, eficiência logística e profissionalização do manejo.
Em 2023, as maiores fazendas da região estavam nesses dois países: na Argentina, com produção média diária acima de 3 mil kg por fazenda, e no Uruguai, com mais de 2 mil kg/dia. Essa evolução vem acompanhada de ganhos expressivos: nos últimos cinco anos, a produção média por fazenda cresceu 4,4% na Argentina e mais de 5% no Uruguai. O Chile também se destaca, com quase 800 kg/dia por fazenda, enquanto o Paraguai opera na faixa dos 500 kg/dia. Nos demais países, a produção diária por propriedade não ultrapassa os 105 kg.
Produtividade por vaca expõe desigualdades

Quando se analisa a produtividade individual por animal, os líderes regionais são Argentina, Chile, Uruguai e Equador — todos com médias acima de 6 mil kg por vaca ao ano. No caso equatoriano, apesar da predominância de pequenas propriedades em áreas montanhosas, a estrutura produtiva está passando por transformação acelerada. Entre 2019 e 2023, o país reduziu o número de fazendas em 16% ao ano, enquanto o número de vacas por fazenda cresceu 20% ao ano.
Paraguai e Bolívia aparecem num patamar intermediário, com produtividade entre 4 mil e 6 mil kg/vaca/ano. Já Brasil, Colômbia e Peru apresentam os menores índices da região — abaixo de 3 mil kg por vaca ao ano.
Brasil: volume alto, produtividade baixa
Apesar de ser o maior produtor sul-americano, o Brasil enfrenta desafios estruturais que afetam diretamente a sua competitividade. Com média de apenas 14 vacas por fazenda e produção diária por propriedade de 84 kg, o país tem forte heterogeneidade no setor: coexistem propriedades altamente produtivas com milhares de pequenas fazendas de baixa eficiência.
A produtividade média por vaca no Brasil, segundo os dados agregados, foi de 2.232 kg/ano em 2023. No entanto, levantamentos da Embrapa Gado de Leite indicam que pouco menos de 185 mil propriedades, que concentram 30% do rebanho nacional (5 milhões de vacas), respondem por mais de 80% do leite produzido. Essas propriedades possuem genética e produtividade comparáveis às médias da Argentina e do Uruguai, com mais de 5 mil kg/vaca/ano.
Essa dicotomia revela dois perfis distintos de produção no país, o que exige políticas públicas específicas para cada realidade — de incentivo à profissionalização nas pequenas propriedades e de competitividade para os sistemas mais tecnificados.
Exportação: excedente e destino
Além de líderes em produtividade, Argentina e Uruguai também se destacam nas exportações de lácteos. O Uruguai destina 65% de sua produção para o mercado externo, enquanto a Argentina tem um excedente de produção de 17%. Mesmo enfrentando dificuldades macroeconômicas, o setor argentino se mantém competitivo, com estrutura produtiva eficiente e custos cerca de 20% menores que a média global.

Foto: Jaelson Lucas
O Paraguai, embora com menor volume, também registrou superávit comercial no setor, exportando 11% do total produzido em 2023. O Brasil, por sua vez, tem sido o principal destino das exportações de lácteos da América do Sul, absorvendo cerca de metade desse fluxo.
Concentração produtiva e queda na participação global
Embora a América do Sul reúna grandes produtores, a participação do continente na produção global de leite caiu de 8,8% em 2014 para 7% em 2023. O setor caminha para uma maior concentração: o número total de fazendas leiteiras diminui, enquanto as propriedades remanescentes ampliam escala e produtividade.
O consumo regional de lácteos segue em crescimento, mas varia significativamente entre os países, influenciado por fatores econômicos e de infraestrutura. Essas diferenças também impactam o ritmo de exportações e importações, moldando o futuro da cadeia láctea na América do Sul.

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Nova tarifa da China sobre carne bovina atinge Brasil e outros fornecedores
Sobretaxa de 55% será aplicada a volumes importados fora da cota anual estabelecida pelo governo chinês a partir de quinta-feira (01°).

A decisão do governo chinês de impor uma tarifa extra sobre a carne bovina importada deve redesenhar o fluxo do comércio global do produto a partir de 2026. Anunciada nesta quarta-feira (31), a medida estabelece uma sobretaxa de 55% para volumes que ultrapassarem as cotas definidas para grandes fornecedores, como Brasil, Austrália e Estados Unidos.
A política entra em vigor já nesta quinta-feira 01º de janeiro, com validade prevista de três anos. Segundo o Ministério do Comércio da China, o mecanismo faz parte de um conjunto de salvaguardas voltado à proteção da produção interna, que enfrenta dificuldades em um cenário de excesso de oferta no mercado doméstico.
Para o próximo ano, a cota total destinada aos países afetados será de 2,7 milhões de toneladas, volume próximo ao maior patamar já registrado pelo país, de 2,87 milhões de toneladas importadas em 2024. Apesar da previsão de ampliação gradual dessas cotas ao longo do período de vigência da medida, os limites iniciais ficaram abaixo do volume comprado nos primeiros 11 meses de 2025 de alguns dos principais exportadores, entre eles Brasil e Austrália.

Ao justificar a decisão, o governo chinês afirmou que o crescimento das importações teve impacto direto sobre a indústria local. A avaliação foi divulgada após uma investigação iniciada em dezembro de 2024, que concluiu que o aumento da carne bovina estrangeira no mercado interno causou prejuízos significativos ao setor produtivo nacional.
Analistas avaliam que a mudança deve provocar retração nas compras chinesas em 2026. Para Hongzhi Xu, analista sênior da Beijing Orient Agribusiness Consultants, a pecuária bovina da China enfrenta limitações estruturais e não consegue competir com grandes exportadores, como Brasil e Argentina. Segundo ele, esse desequilíbrio não pode ser corrigido no curto prazo, mesmo com avanços tecnológicos ou ajustes institucionais.
No Brasil, a sinalização oficial foi de tranquilidade. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que o anúncio não representa motivo de grande preocupação. Em entrevista à TV Globo, ele destacou que o país avançou ao longo de 2025 na abertura e consolidação de novos mercados internacionais para a carne bovina, o que reduz a dependência do mercado chinês.
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Brasil assume a liderança global na produção de carne bovina em 2025
Dados do USDA mostram que o país superou os Estados Unidos pela primeira vez na série histórica, com 12,35 milhões de toneladas produzidas.

O Brasil assumiu em 2025 a liderança mundial na produção de carne bovina, ultrapassando os Estados Unidos pela primeira vez desde o início da série histórica divulgada pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).
De acordo com relatório publicado na última terça-feira (09), a produção brasileira alcançou 12,35 milhões de toneladas neste ano, enquanto os Estados Unidos registraram 11,81 milhões de toneladas. O documento não especifica até qual mês os dados foram consolidados.

Os números do USDA trazem dados comparativos desde 2021 e, até então, o Brasil nunca havia superado os norte-americanos em volume produzido. A virada em 2025 marca um novo patamar para a pecuária bovina brasileira.
Para 2026, porém, a projeção do órgão norte-americano indica equilíbrio entre os dois países. A estimativa aponta produção de 11,7 milhões de toneladas no Brasil e 11,71 milhões de toneladas nos Estados Unidos.
O volume atribuído ao Brasil pelo USDA fica acima da projeção oficial brasileira. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou produção de 11,38 milhões de toneladas, número que já representava crescimento em relação a 2024.
Além de liderar a produção em 2025, o Brasil mantém a posição de maior exportador mundial de carne bovina.
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Vacinação contra brucelose entra na reta final em São Paulo e novo ciclo começa em janeiro
Campanha do segundo semestre termina dia 31, enquanto a imunização de bezerras de três a oito meses segue de 1º de janeiro a 30 de junho de 2026, com aplicação obrigatória por veterinário credenciado.

A Defesa Agropecuária, órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA) informa que a Campanha de vacinação contra a Brucelose no segundo semestre acaba nesta quarta-feira (31). A campanha subsequente referente ao primeiro semestre de 2026 tem início na quinta-feira, dia 1º de janeiro com prazo para imunização das bezerras bovinas e bubalinas de três a oito meses de idade até 30 de junho.
Por se tratar de uma vacina viva, passível de infecção para quem a manipula, a vacinação deve ser feita por um médico-veterinário cadastrado que, além de garantir a correta aplicação do imunizante, fornece o atestado de vacinação ao produtor.
A relação dos médicos-veterinários cadastrados na Defesa Agropecuária para realizar a vacinação em diversos municípios do Estado de São Paulo está disponível clicando aqui.
A declaração de vacinação deve ser feita pelo médico-veterinário responsável pela imunização, que, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à campanha, validará a imunização dos animais.
A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.
Em caso de incongruências, o médico-veterinário e o produtor serão notificados das pendências por meio de mensagem eletrônica, enviada ao e-mail cadastrado junto ao GEDAVE. Neste caso, o proprietário deverá regularizar a pendência para a efetivação da declaração.
O modelo alternativo de identificação – o primeiro do país aprovado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) – de vacinação contra a Brucelose trata-se de uma alternativa não obrigatória à marcação a fogo que além do bem-estar animal, estimula a produtividade e a qualidade do manejo, além de aumentar a segurança do produtor e do veterinário responsável pela aplicação do imunizante.
É estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o algarismo do ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.
Para o caso de perda, dano ou qualquer alteração que prejudique a identificação, deverá ser solicitada nova aplicação que deverá ser feita ao médico-veterinário responsável pela aplicação ou ainda, para a Defesa Agropecuária.
Havendo a impossibilidade da aquisição do botton, o animal deverá ser identificado conforme as normativas vigentes do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose (PNCEBT).
A Defesa Agropecuária informa ainda que o uso do botton só é válido dentro do Estado de São Paulo, não sendo permitido o trânsito de animais identificados de forma alternativa para demais estados da federação.



