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Ambiente adequado aumenta ganho de peso e produtividade na suinocultura
Controle de temperatura e até mesmo da água proporciona bem-estar animal e melhoram resultados nas granjas

Vigilância e monitoramento de doenças de suínos e gestão da água na produção foram assuntos abordados no 2º Simpósio da Suinocultura de Mato Grosso, realizado pela Associação de Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat). Pesquisadores e profissionais da área abordaram temas relacionados também às questões ambientais e a importância da destinação correta dos dejetos para evitar danos ao meio ambiente.
O médico veterinário e auditor fiscal federal do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), Guilherme Zaha Takeda, falou sobre a importância do monitoramento de doenças como a da Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA), para manter os estados com status de área livre da doença. Segundo ele, a parceria entre os órgãos públicos e as entidades privadas é fundamental para o desenvolvimento do trabalho.
“Nós sabemos do tamanho do impacto que um surto de uma doença dessa causaria em uma granja comercial, e por isso esse trabalho é fundamental para garantirmos a qualidade e a sanidade dos nossos rebanhos. Para isso, o Mapa implantou medidas rigorosas de controle nas fronteiras, além de reforçar a divulgação de informações sobre a doença aos produtores e técnicos que trabalham nas granjas”, pontuou.
O assunto está diretamente ligado à palestra ministrada pela médica veterinária e pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Virgínia Santiago Silva, que falou sobre o monitoramento populacional e sanitário de suínos asselvajados e javalis.
“A presença dos javalis vivendo livremente é uma realidade no Brasil e precisamos trabalhar para evitar que esse animal cause impactos econômicos negativos na agricultura, pecuária e principalmente na suinocultura. O javali é uma espécie exótica invasora que foi introduzida no Brasil e vem crescendo rapidamente no nosso território, e pode ser um risco por ser um transmissor de doenças que acometem principalmente os suínos”, afirmou Virgínia.
De acordo com a pesquisadora, é fundamental que o produtor evite o contato entre as duas espécies e que toda medida de biossegurança é bem-vinda. “Nossa orientação é que em locais onde haja a presença desses animais próximos às granjas, que seja construída uma cerca para evitar a possibilidade de contato e assim evitar danos econômicos maiores”, explicou.
Já o pesquisador da Embrapa, Paulo Armando, falou da importância da gestão da água e o controle da ambiência na produção de suínos. “Hoje em dia o produtor pode controlar todo o ambiente dentro da sua granja, desde temperatura da água e do ambiente com a automação da produção. Sabemos que em situações ideais, um animal pode ganhar até cinco quilos a mais do que em situações adversas, e isso reflete diretamente no custo de produção”, pontuou.
Em relação aos dejetos, o pesquisador da Embrapa Evandro Barros, destacou a importância da correta destinação desse material na suinocultura. “Os dejetos podem ser benéficos se sua destinação for correta, pode ser utilizado para geração de energia e até mesmo para adubar o solo. Se a destinação não for adequada pode trazer grandes impactos e causar prejuízos ambientais”, resumiu.
A médica veterinária do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado do Mato Grosso (Indea-MT) falou sobre a evolução do Plano Estratégico e Vigilância para Febre Aftosa. “O trabalho de vigilância é fundamental para que possamos no futuro retirar a vacina contra a doença, o que economicamente é muito bom para nosso produto, que poderá ganhar novos mercados”, ressaltou.
A legislação ambiental foi assunto apresentado pela advogada especialista em questões ambientais, Alessandra Pannizi. Segundo ela, a falta de clareza nas leis traz insegurança jurídica para os produtores. “Alterações no âmbito federal podem diferir da legislação estadual, e o produtor pode estar dentro da legalidade no estado, mas em desconformidade no âmbito federal. E isso gera confusão no produtor e até mesmo no órgão regulador”.
O presidente eleito da Acrismat, Frederico Tannure, destacou que a realização do Simpósio cumpre com o papel de levar informação aos produtores e profissionais que trabalham na área, o que ajuda no desenvolvimento da atividade. “Sabemos do nosso potencial e as questões ambientais e sanitárias são importantes para os mercados consumidores. Estar em conformidade com o que é exigido no mercado é fundamental para a sobrevivência da suinocultura em Mato Grosso e no Brasil, além de disseminar conhecimento da área aos profissionais que atuam no segmento”, ponderou.

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Plantio de milho em Santa Catarina entra na fase final com boas perspectivas
Controle fitossanitário segue ativo e produtores monitoram impacto das chuvas na germinação.

A semeadura do milho de verão em Santa Catarina entra na fase final, com 92% da área estimada já plantada, segundo os dados mais recentes do Boletim Agropecuário de Santa Catarina. Até o momento, 93% das lavouras apresentam condição considerada boa, reforçando a expectativa de um início de ciclo favorável no estado.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR
O ritmo da safra é descrito como adequado, com bom estabelecimento das plantas e condições climáticas favoráveis, o que tem permitido avanço dentro do calendário previsto pelo zoneamento agroclimático.
O controle fitossanitário segue ativo, especialmente no monitoramento da cigarrinha-do-milho, praga que preocupa produtores nos últimos anos. Até agora, porém, a incidência registrada é baixa. No litoral catarinense, técnicos observaram falhas de germinação em algumas áreas, atribuídas ao excesso de chuvas no período de emergência das plantas.
O boletim também alerta para as chuvas intensas na região Sul, que podem exigir maior atenção no manejo de doenças e na aplicação de adubação de cobertura, etapas cruciais para o desenvolvimento das lavouras.
Apesar dos pontos de atenção, o cenário até o momento é favorável. A Epagri/Cepa mantém perspectiva positiva de produtividade, condicionada à continuidade de clima e sanidade adequados nas próximas semanas.
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Caminho Verde recebe R$ 30 bilhões e inicia recuperação de 1,3 milhão de hectares no país
Primeiro aporte do Mapa viabiliza crédito com juros reduzidos para converter áreas degradadas em produção sustentável, com meta de restaurar 40 milhões de hectares em dez anos.

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) anunciou, na segunda-feira (17), o primeiro aporte de recursos da ordem de R$ 30 bilhões para o Programa Caminho Verde, com foco nos investimentos voltados para a conversão de áreas degradas para a produção de alimentos. O programa será financiado por bancos, com juros abaixo do mercado, entre eles o Banco do Brasil, o BNDES, o BTG, o Itaú, Caixa Econômica, entre outros. Os recursos começarão a ser acessados a partir de 2026 e conta com a parceria do Ministério do Meio Ambiente e do Ministério da Fazenda para o financiamento. A meta inicial é recuperar, com este montante, cerca de 1,3 milhão de hectares nesta primeira rodada.
A meta geral do programa é recuperar até 40 milhões de hectares de áreas degradadas em dez anos. Este foi o debate do painel “Programa Caminho Verde Brasil: avanços, desafios e oportunidades”, realizado nesta segunda-feira em um dos auditórios da AgriZone, espaço da Embrapa e parceiros, também conhecido como “Casa da Agricultura Sustentável” na COP30. O evento técnico foi organizado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), em parceria com a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA), a Embrapa e o Banco do Brasil.
Para o assessor especial do ministro da Agricultura e Pecuária e presidente do Conselho de Administração da Embrapa, Carlos Augustin, o Caminho Verde reforça a posição estratégica do País na agenda global e destaca as práticas regenerativas como solução para garantir segurança alimentar e estabilidade climática.
“O programa cria condições para um expressivo aumento da produção de alimentos e de biocombustíveis, sem desmatamento de novas áreas, preservando matas nativas”, explica. “Dessa forma, promove simultaneamente a segurança alimentar, apoia a transição energética e conserva o meio ambiente”.
Dados do Mapa indicam que, atualmente, o Brasil possui cerca de 280 milhões de hectares destinados à agropecuária, dos quais 165 milhões são pastagens, sendo que aproximadamente 82 milhões de hectares estão em algum grau de degradação. A proposta do programa é a recuperação de até 40 milhões de hectares de pastagens de baixa produtividade ao longo dos próximos dez anos, convertendo essas áreas em terras agricultáveis de alto rendimento, sem a necessidade de desmatamento.
O recurso que será aportado no valor de R$ 30 bilhões representa o início do programa, mas o Mapa está em busca de novas parcerias. O programa Caminho Verde faz parte da carteira de financiamento do Ministério da Fazenda – O Eco Invest Brasil, parte do Novo Brasil, criado para impulsionar investimentos privados sustentáveis e atrair capital externo para projetos de longo prazo, oferecendo instrumentos de proteção contra a volatilidade do câmbio. Com mecanismos financeiros inovadores, o programa viabiliza projetos estratégicos para a indústria verde, recuperação de biomas, infraestrutura para lidar com os efeitos das mudanças do clima e de inovação tecnológica para a Transformação Ecológica. Serão R$16,5 bilhões do Tesouro e os outros R$ 16 bilhões das instituições financeiras.
Judson Valentim, pesquisador da Embrapa Acre, destacou que as áreas degradadas oferecem um potencial forte de recuperação para a produção de grãos, fibras e biocombustíveis, aumentando a capacidade brasileira de fornecimento de alimentos em um cenário global, de forma sustentável.
Na perspectiva da sustentabilidade, o Programa Caminho Verde inclui o uso de boas práticas recomendadas pela Embrapa. No caso de produção de alimentos, plantio conforme recomendação do ZARC, plantio direto, uso de bioinsumos e inoculantes, uso de sementes certificadas ou salvas legalmente, plantio de cobertura, gestão de embalagens de agroquímicos. No caso de pecuária o uso de sementes de forrageiras, divisão das pastagens e manejo do pastejo, proteção aos corpos d´água, taxa de lotação de acordo com a capacidade de suporte das pastagens e rastreabilidade. Para florestas plantadas a Embrapa sugere as seguintes recomendações: uso de bioinsumos, manejo de solos, manejo integrado de pragas, plano de combate a incêndios e proteção dos corpos d´água.
A Embrapa também elaborou um conjunto de indicadores métricas para aplicação no programa. Entre elas: metodologia de Bioanálise dos Solos (BioAs), metodologia de determinação de estoques de carbono no solo, metodologia de balanço de emissão de gáses, dentre outras. Além de calculadoras como o RenovaCalc, ABC+Calc, Zarc, Plataforma de Saúde do Solo, Carne Baixo Carbono, entre outras.
Para o diretor de Agronegócio do Banco do Brasil, Gilson Bittencourt, o tema da sustentabilidade é uma das suas prioridades. Ele explicou que o primeiro estímulo para que o produtor entre no programa é a expectativa efetiva de rentabilidade com a recuperação de suas áreas degradadas. “Este convencimento é o primeiro argumento para a tomada de decisão de recuperar a pastagem”, explicou. Ele acrescentou que o incentivo, via crédito e tecnologias, deve vir junto com o controle do estado brasileiro contra o desmatamento ilegal. Por fim, o acesso ao crédito será fundamental com pagamento a longo prazo. “As três ações serão determinantes para o acesso ao crédito para o Caminho Verde”.
Para ele, o Caminho Verde é uma das soluções que traz vários elementos positivos, mas para o agricultor familiar, o ideal ainda é o Pronaf. O Caminho Verde se aplicará melhor aos médios e grandes produtores rurais. Mas a grande vantagem deste financiamento é sua veiculação à uma área que usará boas práticas para a sua recuperação. “Um programa de governo com um compromisso mensurável do ponto de vista de área recuperada e o compromisso de não desmatar e um monitoramento que soma qualitativo e quantitativo”.
Saiba mais sobre o Programa Caminho Verde acessando aqui
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Brasil lidera integração inédita entre clima, natureza e uso da terra na COP30
No principal painel das três Convenções da ONU, o Mapa apresentou políticas públicas que recuperam áreas degradadas, reduzem emissões e fortalecem a produção sustentável, alinhando agendas globais.

Pela primeira vez, as três Convenções da ONU reuniram suas agendas de clima, natureza e uso da terra em um mesmo debate, e o Brasil foi protagonista. No painel realizado nesta terça-feira (18), na COP30, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) apresentou como políticas públicas já implementadas pela pasta integram essas frentes e transformam áreas degradadas em solos produtivos, resilientes e de baixa emissão.
O encontro destacou a necessidade de alinhar agendas globais de clima, natureza e uso do solo, reforçando soluções que reduzam emissões, restaurem ecossistemas e ampliem a segurança alimentar. O representante do Mapa no painel, Bruno Brasil, diretor do Departamento de Produção Sustentável da Secretaria de Desenvolvimento Rural, afirmou que há caminhos concretos capazes de entregar resultados simultaneamente para as três convenções — e o Brasil já demonstra isso com políticas públicas consolidadas.
“Eles estão falando das sinergias e das complementaridades entre os objetivos das três convenções e que existem investimentos custo-eficientes do ponto de vista do clima, da natureza, da segurança alimentar e do desenvolvimento socioeconômico. Um bom exemplo é a recuperação de áreas agrícolas degradadas com boas práticas, como vemos no Plano ABC, no ABC+ e no Caminho Verde Brasil”, afirmou.
Durante sua intervenção, Bruno reforçou que o país chega ao debate com programas robustos, ampla experiência técnica e capacidade de escalar iniciativas alinhadas ao desenvolvimento sustentável. “O Brasil já possui políticas públicas de destaque nesse sentido, como as que mencionei. E esperamos continuar trabalhando em parceria com os países anfitriões das COPs de biodiversidade, combate à desertificação e do clima no próximo ano, de forma a atrair novos investimentos”, destacou o diretor.
O painel também marcou a preparação para o lançamento da Belém Joint Statement on Action Agendas on Land, Climate and Nature, iniciativa que orientará esforços conjuntos das três convenções para restaurar terras degradadas, proteger ecossistemas, fortalecer meios de vida sustentáveis e integrar agendas globais de adaptação, biodiversidade e produção agrícola.
A sessão reuniu representantes de governos, organismos internacionais, comunidade científica, setor privado e lideranças indígenas, reforçando que o avanço na restauração de paisagens depende de cooperação, ciência, financiamento adequado e do protagonismo de produtores, comunidades rurais e povos tradicionais.



