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Bovinos / Grãos / Máquinas

Ambiência e manejo errados favorecem pneumonias em bovinos

A constante exposição das vias respiratórias aos microrganismos potencialmente patogênicos e as particularidades anatômicas do trato respiratório dos bovinos favorecem esta espécie a doenças respiratórias

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Artigo escrito por Guilherme Moura, médico veterinário e gerente de Serviços Veterinários da Vetoquinol Saúde Animal

Quando consideramos as diversas causas da baixa produtividade do rebanho bovino, as doenças respiratórias devem ser sempre consideradas devido ao alto índice de morbidade entre os animais. A constante exposição das vias respiratórias aos microrganismos potencialmente patogênicos e as particularidades anatômicas do trato respiratório dos bovinos favorecem esta espécie a doenças respiratórias.

A doença respiratória bovina (DRB) é o resultado de uma ruptura do equilíbrio entre as defesas naturais do animal e os fatores externos que favorecem a doença, acometendo tanto animais jovens como adultos. Mais conhecida por pneumonias, estas causam sérios prejuízos à pecuária mundial, tanto no segmento leiteiro como no de corte.

Os animais acometidos pela DRB podem apresentar desde alterações discretas até a morte de indivíduos. Alguns sinais encontrados são dispneia, frequência respiratória aumentada, tosse, descarga nasal e ocular, grau variado de depressão, inapetência a anorexia, febre acima de 41oC, ruídos crepitantes e fricção pleural na auscultação dos pulmões. Os sinais se tornam mais intensos com a progressão da doença.

Agentes

Nos bovinos a pneumonia possui etiologia multifatorial e, como dito anteriormente, é precedida por um desequilíbrio de interação entre um ou mais agentes causais, em sua maioria vírus e/ou bactérias, o sistema de defesa do hospedeiro e fatores ligados ao ambiente e ao manejo.

Os fatores ambientais e de manejo que favorecem a ocorrência da doença são: superlotação, mistura de animais de diferentes idades e níveis imunológicos no mesmo lote, calor ou frio excessivo, elevada umidade relativa, instalações com ventilação deficiente, concentrações elevadas de poluentes e patógenos no ar, alimentação inadequada ou mudanças bruscas na dieta, doenças concorrentes, elevada carga parasitária e desmame.

Com a quebra desse equilíbrio, as defesas do animal tendem a diminuir e favorecer a penetração de agentes infecciosos (vírus e bactérias), podendo esses atuarem sozinhos ou em sinergismo.

Os patógenos virais mais comuns na doença respiratória são: Herpes Vírus Bovino Tipo-1, Vírus da Diarreia Viral Bovina, Vírus da Parainfluenza-3 e Vírus respiratório sincicial bovino, que estão presentes na infecção primária. Já as bactérias mais comumente envolvidas são: Manhnheimia haemolytica, Pasteurella multocida, Histophilus somni e Mycoplasma bovis, sendo a M. haemolitica o agente mais importante.

Os vírus reduzem a capacidade de sistema respiratório de eliminar patógenos pela destruição do epitélio mucociliar e por induzirem imunossupressão.

As bactérias podem estar presentes no trato respiratório dos bovinos como comensais e quando em condições favoráveis, estabelecer um comportamento patológico, por exemplo, quando há lesão no epitélio respiratório, causada por uma doença viral primaria, irritação química como a amônia ou até mesmo mecânica como a poeira e o frio.

A M. haemolytica é a causa mais comum de pneumonia. Juntamente com a P. multocida desenvolvem uma forma fatal de pneumonia, sendo que os mecanismos de colonização são variados e precisam ser melhor elucidados, porém é sabido que uma vez infectado o animal se reinfecta constantemente, formando um ciclo vicioso.

Tratamento

O tratamento das pneumonias em bovinos baseia-se no controle da infecção, na manutenção da pressão intrapulmonar, do fluxo de ar nas vias aéreas e dos mecanismos de limpeza traqueobrônquicos, além da conservação das trocas gasosas e a remoção de agentes irritantes. Vários recursos podem ser utilizados na tentativa de aumentar os índices de cura e reduzir os prejuízos, normalmente associando medicamentos para aliviar os sintomas, diminuir a inflamação e combater as infecções. Para tratamentos mais eficazes, os antimicrobianos devem alcançar rapidamente a corrente sanguínea e os tecidos pulmonares.

Estudos buscando tratamentos contra DRBs causadas por bactérias, principalmente aquelas causadas por M. haemolytica e P. multocida, têm demostrado que o tratamento com marbofloxacina 16%, utilizando o conceito Sisaab, o qual consiste em uma injeção única de um antibiótico de ação rápida, estão sendo bastante eficazes, fazendo que o animal volte a um status de saúde rapidamente. Esta recuperação rápida se dá devido às características da droga em atingir rapidamente os pulmões e ser altamente eficaz contra o grupo de bactérias causadores da pneumonia, inclusive eliminando bactérias mais resistentes, com uma menor taxa de recaídas.

Mais informações você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de agosto/setembro de 2016 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Nutrição de precisão: A importância da concentração de sólidos na dieta líquida de bezerras

O investimento em uma nutrição líquida balanceada nos primeiros meses de vida não é apenas uma preocupação com o presente, mas uma estratégia para o futuro.

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Foto: Divulgação/Agrifirm

Imagine um futuro onde suas vacas leiteiras são robustas, saudáveis e altamente produtivas. Parece um sonho? Esse futuro começa com: a concentração correta de sólidos na dieta líquida das suas bezerras. Muitos produtores enfrentam o desafio de garantir que suas bezerras recebam a nutrição adequada logo nos primeiros meses de vida. Mas como saber se a alimentação está no ponto certo?

Os sólidos na dieta líquida – que incluem proteínas, gorduras, lactose, vitaminas e minerais – são a chave para o desenvolvimento saudável das bezerras. Pense neles como os tijolos de uma construção. Cada tijolo colocado corretamente agora garantirá uma estrutura forte e resistente mais tarde. Por outro lado, uma quantidade insuficiente desses “tijolos” pode comprometer a base do seu rebanho.

Estudos mostram que a concentração ideal de sólidos na dieta líquida deve estar entre 12% e 15%. Essa faixa não é apenas um número técnico; ela representa o equilíbrio perfeito entre nutrição e digestibilidade. Uma dieta com cerca de 15% de sólidos oferece o que as bezerras precisam para um ganho de peso saudável, sem sobrecarregar seu sistema digestivo em desenvolvimento. É como dar o combustível certo para que elas possam correr em direção ao futuro.

E por falar em corrida, não é só o corpo que cresce mais forte. O rúmen das bezerras, crucial para a transição para alimentos sólidos, se desenvolve de forma mais eficiente com essa concentração de nutrientes. Proteínas e fibras de alta qualidade estimulam a atividade microbiana no rúmen, preparando o caminho para uma digestão eficaz de forragens e concentrados.

Além disso, uma boa nutrição líquida faz mais do que apenas crescer; ela protege. Bezerras bem nutridas, com a concentração adequada de sólidos, são mais resistentes a doenças, exigem menos intervenções veterinárias e têm uma chance muito maior de se tornarem vacas produtivas e longevas.

O investimento em uma nutrição líquida balanceada nos primeiros meses de vida não é apenas uma preocupação com o presente, mas uma estratégia para o futuro. Cada grama de sólidos bem dosada hoje se reflete em litros de leite amanhã, em vacas que produzem mais e por mais tempo, e em um rebanho que se destaca pela saúde e produtividade.

A Agrifirm é especialista em nutrição de animais jovens, focada em resultados.

Quer saber mais sobre como potencializar o futuro do seu rebanho? Acompanhe nossas redes sociais e fique por dentro das melhores práticas e inovações em nutrição animal. Encontre-nos no Instagram e no Linkedin. Juntos, vamos construir um rebanho mais saudável e produtivo!

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de bovinocultura de leite e na produção de grãos acesse a versão digital de Bovinos, Grãos e Máquinas, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: Agrifirm
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Uma jornada de evolução no bem-estar animal: das cinco liberdades aos cinco domínios

Essa abordagem reflete um entendimento mais profundo da senciência animal e da importância de proporcionar experiências positivas, promovendo um nível de bem-estar elevado.

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Foto: Lensgo.AI/Giuliano De Luca/O Presente Rural

Nos anos 1960, uma revolução no cuidado com os animais começou a ganhar forma com a publicação do livro Animal Machines de Ruth Harrison. A narrativa de Harrison expôs as duras realidades da industrialização da produção animal, desencadeando uma reação em cadeia que culminou na criação do Comitê Brambell pelo parlamento britânico. Esse comitê deu origem ao conceito das cinco liberdades, um marco crucial na história do bem-estar animal.

As cinco liberdades foram formuladas para garantir que os animais fossem: livres de fome e sede; livres de desconforto; livres de dor, lesões e doenças; livres para expressar comportamento natural; e livres de medo e angústia.

Essas liberdades serviram como uma base essencial para o cuidado com os animais, enfatizando a prevenção de sofrimento. No entanto, com o tempo, as críticas surgiram. A principal crítica era que essas liberdades eram vistas como ideais inatingíveis, sem o poder de determinar o que é um nível aceitável de bem-estar animal em um sentido ético e prático, e focavam apenas na eliminação de experiências negativas, negligenciando a promoção de estados positivos. E afinal, tecnicamente, como assegurar estas liberdades?

Os cinco domínios: uma nova abordagem

Com o avanço do conhecimento científico e a crescente consciência sobre a complexidade das necessidades dos animais, tornou-se evidente que as cinco liberdades, embora importantes, não eram suficientes para garantir um bem-estar animal completo. Concomitante, ficou evidente que para avaliar o bem-estar animal, é necessário reconhecer os animais como seres sencientes, capazes de experimentar estados afetivos positivos e negativos.

Dessa forma, é claro que a ciência do bem-estar animal passou por uma evolução teórica significativa, refletida nos métodos de avaliação atuais, que além de considerar indicadores baseados em recursos (como a disponibilidade de alimento e água) e no ambiente (como a temperatura do ar), assim como os estados afetivos negativos vivenciados pelos animais (como fome, sede, dor e medo), agora também se avaliam os estados positivos (como prazer e contentamento). Essas mudanças representam um claro avanço conceitual e metodológico na ciência do bem-estar animal.

Proposto inicialmente em 1994, os cinco domínios expandiram o foco do bem-estar animal. Em vez de apenas evitar o sofrimento, essa abordagem se concentrou em promover experiências positivas. O modelo estruturado mais recente considera 5 domínios, 4 deles sendo estados internos ou físicos-funcionais do animal: nutrição, ambiente físico, saúde e interações comportamentais; esses 4 primeiros domínios influenciam experiências afetivas associados ao quinto domínio, estado mental.

Das cinco liberdades para “uma vida que vale a pena ser vivida”

Membro da equipe executiva da MBPS, Beatriz Pressi: “A transição de conceito das cinco liberdades para os cinco domínios representa uma evolução necessária para garantir um bem-estar animal mais holístico e positivo” – Foto: Divulgação/MBPS

Focando na evidência de que os animais buscam conscientemente atingir objetivos específicos ao interagir com o ambiente, outros animais e humanos, é essencial considerar todas as condições, tanto negativas quanto positivas, de cada um dos domínios. Com base nisso, em 2009, a FAWC (Farm Animal Welfare Council) reconheceu que o bem-estar dos animais deveria ser expresso pela sua qualidade de vida, propondo uma classificação dessa qualidade de vida como: todo e qualquer animal de produção tenha uma vida digna de ser vivida. Para proporcionar ao animal uma vida digna de ser vivida, é preciso adotar a boa criação, manejo e transporte cuidadosos, abate humanitário e, acima de tudo, criadores qualificados e conscienciosos.

Conclusão

A transição de conceito das cinco liberdades para os cinco domínios representa uma evolução necessária para garantir um bem-estar animal mais holístico e positivo. Ao adotar os cinco domínios é possível evitar o sofrimento, bem como promover uma vida digna e que vale a pena ser vivida. Essa abordagem reflete um entendimento mais profundo da senciência animal e da importância de proporcionar experiências positivas, promovendo um nível de bem-estar elevado. Ao obter este entendimento dos cinco domínios, aprender a aplicar e avaliar o bem-estar animal, é possível ser mais assertivo na resolução dos desafios na produção animal, contribuindo para uma convivência sustentável entre humanos e animais, estabelecendo um novo padrão de cuidado na pecuária.

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Fonte: Por Beatriz Pressi, membro da equipe executiva da Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável
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Palestrante aponta estratégias para maximizar rentabilidade e qualidade na fase de cria

Trouxe uma análise aprofundada das principais oportunidades e desafios enfrentados pelos pecuaristas de cria no Brasil.

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Fotos: Shutterstock

O mercado pecuário de cria, essencial para a sustentabilidade e competitividade da cadeia produtiva da carne bovina, foi tema central da palestra do zootecnista, mestre em Produção Animal e diretor do Instituto Inttegra, Antonio Chaker, durante o 28º Seminário Nacional de Criadores e Pesquisadores, promovido pela Associação Nacional dos Criadores e Pesquisadores (ANCP). O evento, que faz parte da programação da ExpoGenética 2024, foi realizado no dia 16 de agosto, no Parque Fernando Costa, em Uberaba (MG).

Reconhecido por sua expertise na área, Chaker trouxe uma análise aprofundada das principais oportunidades e desafios enfrentados pelos pecuaristas de cria no Brasil. Em um cenário marcado por oscilações de mercado, avanços tecnológicos e impacto ambiental, a palestra apresentou reflexões importantes aos pecuaristas que buscam aprimorar suas estratégias produtivas, garantir rentabilidade e se adaptar às novas demandas do setor.

De acordo com o profissional, a fase de cria é o momento da atividade pecuária com mais oportunidades dentro do sistema de produção. Essa etapa é composta por diversos indicadores, como fertilidade, perda pré-parto e taxas de desmame, cada um oferece oportunidades específicas para melhorias ao longo do ciclo produtivo.

Além disso, o avanço das novas tecnologias, especialmente nos programas de suplementação, inseminação artificial em tempo fixo (IATF), e a crescente oferta de animais com alta qualidade genética, tem potencializado ainda mais o valor do animal na fase de cria. “A fase de cria na pecuária é a que apresenta o maior potencial de rentabilidade. Mesmo durante os períodos de baixa no ciclo pecuário, as fazendas de criação mais eficientes conseguem atingir margens superiores a 30%. Esse desempenho supera ao das outras etapas, como a recria e a terminação, que frequentemente registram margens abaixo de 20%”, ressalta o mestre em Produção Animal.

Zootecnista, mestre em Produção Animal e diretor do Instituto Inttegra, Antonio Chaker: “Hoje, não é incomum encontrar fazendas que desmamem mais de 400 quilos de bezerros por hectare, enquanto a média brasileira atinge em torno de 70 quilos por hectare” – Foto: Fernando Samura

Mercado

A crescente demanda por carne bovina de alta qualidade tem gerado grandes mudanças no mercado de cria, especialmente na valorização dos bezerros. Segundo o zootecnista, essa demanda, além de impulsionar o consumo, também redefine os rumos da produção e da seleção genética na pecuária de corte. “Com o consumidor cada vez mais exigente, a busca por carne de excelência se intensifica, e uma vez que experimentam um produto superior, passam a exigir de forma contínua”, salienta Chaker.

A qualidade da carne é resultado tanto de características genéticas quanto de práticas produtivas. Do ponto de vista produtivo, fatores como a idade ao abate e a consistência no ganho de peso são fundamentais. “Embora os sistemas de terminação sejam determinantes para atingir esses padrões técnicos e produtivos, eles só atingem seu pleno potencial quando os animais já possuem predisposições genéticas desenvolvidas. Características como espessura de gordura subcutânea, marmoreio e área de olho de lombo (AOL) são características que vão conferir a qualidade final da carne”, detalha o zootecnista.
Diante desse cenário, a seleção genética tem se intensificado, com foco em atributos que garantem essa qualidade. Como resultado, a valorização dos bezerros de alto padrão genético está crescendo, se tornando cada vez mais uma exigência do mercado. “Para se manterem competitivos, os criadores precisam direcionar seus esforços para atender a essas demandas, garantindo que seus animais possuam as características desejadas para a produção de carne de excelência”, aponta o especialista.

Sustentabilidade do negócio

A gestão de custos e a sustentabilidade do negócio na pecuária de cria estão mais intimamente ligadas ao modelo produtivo e à eficiência operacional da propriedade do que ao custo dos insumos em si, evidencia o mestre em Produção Animal. Em outras palavras, a saúde econômica de uma propriedade depende muito mais de seu desempenho produtivo do que dos preços dos insumos. “Fazendas que alcançam índices elevados, como mais de 160 quilos de bezerro desmamados por vaca exposta e taxas de desmame superiores a 75%, conseguem estruturar suas finanças de maneira muito mais eficiente do que aquelas com menor produtividade”, salienta.

No sistema de cria, o diferencial da gestão de custos está em atingir altos índices de desempenho mantendo um sistema produtivo focado na produção e colheita de forragens de qualidade. “O equilíbrio entre a gestão de custos e a sustentabilidade depende de práticas produtivas que não apenas reduzem os custos, mas também promovem um uso responsável e eficiente dos recursos disponíveis. Por isso é preciso ter um sistema de produção de elevada eficiência operacional, garantindo que a produtividade seja feita em pastagens de alta qualidade”, pontua Chaker.

Eficiência na produção de bezerros

O especialista afirma que setor vivencia um superciclo tecnológico, marcado pela chegada de inúmeras inovações. A inteligência artificial, a sensorização e as câmeras de monitoramento, por exemplo, já oferecem grandes diferenciais no acompanhamento do desempenho das fazendas. Contudo, o impacto mais profundo vem das práticas de manejo. “Já é amplamente reconhecido que animais manejados de forma adequada, com foco no bem-estar, apresentam um desempenho até 15% superior, devido ao seu comportamento mais calmo”, relata Chaker.

Além disso, a atenção à qualidade da água, à altura de entrada e saída dos animais, ao tamanho dos lotes e aos indicadores de bem-estar – sejam eles nutricionais, sanitários ou reprodutivos – tem sido realizada de maneira cada vez mais tecnológica. “Novos processos reprodutivos estão impulsionando avanços inovadores em eficiência produtiva. Hoje, não é incomum encontrar fazendas que desmamem mais de 400 quilos de bezerros por hectare, enquanto a média brasileira atinge em torno de 70 quilos por hectare”, cita o palestrante, enfatizando: “Esse progresso é resultado não apenas das inovações tecnológicas, mas principalmente da implementação de novas práticas de manejo, alinhadas ao bem-estar animal”.

Planejamento de longo prazo

As mudanças climáticas têm tornado cada vez mais imprevisíveis os ciclos de chuvas e secas em todo o planeta. Dada a alta demanda por alimentos na pecuária, especialmente pastagens, que é o modelo predominante no Brasil, é essencial que o pecuarista esteja bem preparado para enfrentar períodos de seca e veranicos inesperados ou muito prolongados.

Para garantir consistência nos resultados, Chaker diz que é fundamental que o planejamento forrageiro garanta pelo menos 500 quilos de matéria seca armazenada por unidade animal. “Esse estoque proporciona maior segurança durante os períodos mais desafiadores, especialmente em secas prolongadas”, expõe, acrescentando: “Em sistemas com maiores densidades de lotação, é pesado até uma tonelada de matéria seca por unidade animal em fazendas de criação. Ou seja, um planejamento forrageiro de longo prazo é determinante a esse êxito”.

Estratégias para melhorar a qualidade dos bezerros

Chaker destaca que, para aumentar a produtividade e a qualidade dos bezerros, os criadores devem focar em dois indicadores principais: o quilo de bezerro desmamado por matriz exposta e o quilo de bezerro desmamado por hectare.

Conforme o palestrante, para melhorar o primeiro indicador, é importante manter uma alta taxa de desmame e um elevado peso ao desmame, buscando superar 160 quilos de bezerro por vaca exposta. Já o segundo indicador exige não apenas um alto volume de quilos desmamados por matriz, mas também uma alta densidade de matrizes por hectare.

As estratégias para alcançar esses objetivos incluem práticas avançadas de manejo e colheita de forragens, ou seja, excelente manejo de pastagens e estratégias eficazes para a entressafra, além de ter uma estação de montagem bem planejada para que o nascimento dos bezerros ocorra no período ideal para cada bioma, técnica conhecida como bezerro do cedo.

O zootecnista menciona ainda que é importante garantir taxas rápidas de reconcepção para que se possa emprenhar de novo essa vaca o mais rápido possível, e descartar matrizes vazias, que deverão ser comercializadas antes do início da seca. “A combinação de práticas reprodutivas e alimentares eficientes é fundamental para o sucesso na atividade de criação”, frisa.

Sistemas integrados de produção

A integração da pecuária com outras atividades agrícolas, como lavoura e a produção de florestas pode ser mais rentável. De acordo com o Instituto Integra, que monitora 813 propriedades, aquelas que adotam práticas integradas demonstram uma maior capacidade de geração de caixa.

A lavoura pode fornecer uma importante fonte de alimentação durante a entressafra, enquanto as florestas oferecem sombra, promovendo o bem-estar animal. Além disso, a interação entre agricultura e pecuária é mutuamente benéfica: enquanto a agricultura sustenta a pecuária, a pecuária também beneficia a agricultura. Estudos mostram que fazendas de integração lavoura-pecuária têm aumentos na produtividade da soja, com uma média de cinco sacas nas mais áreas em que houve pastejo. Dessa forma, o sistema brasileiro de produção é, sem dúvida nenhuma, potencializado por práticas integradas.

Exigências de mercado

Chaker destaca que os mercados internacionais que importam a carne brasileira frequentemente exigem características específicas, especialmente aqueles que pagam os melhores preços. “Para atender a essas demandas, é essencial que o animal possua uma genética adequada, que garanta a qualidade da carne”, pondera. “É inquestionável que a excelência na cadeia pecuária começa com a produção de bezerros de alta qualidade. Isso exige que os criadores estejam continuamente atentos às necessidades de recria e de terminação para atender às exigências desses mercados”, complementa.

Tendências

O palestrante sugere que para que os criadores que queiram manter a competitividade nos próximos anos, é importante que se concentrem na monetização de seus ativos. Em termos econômicos, existem dois ativos principais a serem considerados: a terra e o gado. Os criadores devem buscar monetizar a terra em pelo menos 4% e o gado em pelo menos 20% ao ano, sugere.
Para alcançar essas metas, é fundamental otimizar a arquitetura do rebanho de cria. Isso significa reduzir a idade da primeira monta e do primeiro parto dentro da fisiologia do animal. “Animais mais jovens no início da reprodução e um desempenho reprodutivo eficiente aumentam a proporção de fêmeas produtivas e melhoram a reprodução geral do rebanho”, enfatiza Chaker.

A grande tendência é maximizar a eficiência do rebanho, garantindo que os ventres em reprodução produzam altos volumes de bezerros por hectare e por matriz exposta. Além disso, a arquitetura dos rebanhos deve ser ajustada para garantir o melhor aproveitamento das categorias de criação, maximizando a produtividade e a rentabilidade. “Além da cria ser a maior oportunidade de rentabilidade na pecuária, é também a atividade de maior potencial de melhora através da seleção genética e do avanço tecnológico. Cada novo ciclo, cada nova safra, se renovam as oportunidades de touros e de encontrar novos indivíduos. Somado a isso, o produtor pode através do melhoramento genético conseguir sistematicamente melhorar seu rebanho ano após ano”, evidencia.

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Fonte: O Presente Rural
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