Conectado com

Avicultura

Ambiência de precisão é desafio para maioria dos aviários

“Podemos dizer que apenas 40% dos nossos aviários possuem sistemas de climatização, mas talvez apenas 10% deles tenham um nível tecnológico que possa ser chamado, de fato, de precisão”

Publicado em

em

A preocupação com o ambiente na criação de aves no Brasil tem sido cada vez mais constante. Alinhando bem-estar, produtividade, sanidade e lucratividade, o conceito de ambiência de precisão é o papa quando se fala do assunto. Para entender um pouco mais sobre o conceito e como ele está difundido na avicultura brasileira, O Presente Rural procurou a doutora Daniella Jorge de Moura, professora e coordenadora de pós-graduação da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri), de Campinas (SP). Ela falou sobre ambiência de precisão e as tecnologias de avaliação e controle ambiental em galpões durante a Feira da Indústria Latino-Americana de Aves e Suínos (Avesui) 2016, que aconteceu entre os dias 03 e 05 de maio, em Florianópolis (SC), reunindo protagonistas do setor em todo o Brasil. O tema foi debatido durante o 1º Congresso de Zootecnia de Precisão, que fez parte da programação da Avesui. Moura explica que o conceito é bem difundido, mas, na prática, ainda há muito para avançar. “Podemos dizer que apenas 40% dos nossos aviários possuem sistemas de climatização, mas talvez apenas 10% deles tenham um nível tecnológico que possa ser chamado, de fato, de precisão”.

O Presente Rural (OP Rural) – O que é a ambiência de precisão?

Daniella Jorge de Moura (DJM) – Ambiência de precisão é automatizar os processos ligados ao controle da ambiência de modo que o controle do ambiente seja mais preciso possível. Baseado em informações confiáveis e tomando a decisão acertiva em relação ao controle dos equipamentos de controle ambiental, sejam eles para aquecimento ou resfriamento do galpão. Nesse conceito, estão envolvidos sensores que fazem o monitoramento do ambiente (temperatura, umidade, gases, iluminação, imagem e som), que estão ligados a um painel controlador. Este painel processa as informações e toma a decisão no acionamento dos equipamentos de climatização. Trata-se do controle integrado da granja, que deve estar ligado ao monitoramento do fornecimento de água e ração.

OP Rural – Quais as tecnologias, ações e equipamentos que podem ou precisam ser empregados para alcançar essa ambiência de precisão?

DJM – Sistemas de climatização integrados fazem parte da precisão. Nenhum equipamento deve ser acionado de forma independente. No aquecimento deve haver uma correlação entre os aquecedores e exaustores, assim como no resfriamento o acionamento de painéis resfriadores e/ou nebulizadores, aberturas de entradas de ar devem estar correlacionados com o número de exaustores acionados. O painel de controle dos equipamentos deve estar muito bem programado, de forma que os equipamentos funcionem de maneira harmônica e eficiente.

OP Rural – Desde quando esse conceito é aplicado à avicultura?

DJM – Já vem sendo aplicada há muitos anos internacionalmente e no Brasil desde que chegaram os galpões climatizados de alta tecnologia e que exigem a automação dos processos.

OP Rural – A cadeia avícola brasileira está alinhada a esse conceito ou ainda falta investimento nos aviários?

DJM – Podemos dizer que apenas 40% dos nossos aviários possuem sistemas de climatização, mas talvez apenas 10% deles tenham um nível tecnológico que possa ser chamado, de fato, de precisão.

OP Rural – Por ser um país de grandes proporções, com climas diferentes entre regiões produtoras de aves, há de se analisar essas diferenças antes de optar por um projeto?

DJM – Claro. Quem almejar por níveis tecnológicos de ponta deve ter todo o treinamento para que o sistema funcione adequadamente. Muitos galpões, sem controle integrado, conseguem resultados muito bons, pois o manejo, apesar de manual, é muito bem feito. No entanto, a ambiência de precisão, o controle integrado dos equipamentos de ambiência, permite que se crie em escala, tendo um maior retorno ao produtor.

OP Rural – O que são e quais as diferenças entre climatização, resfriamento evaporativo e ventilação? A que são endereçadas cada uma dessas ações?

DJM – Climatização significa reproduzir no interior do galpão o ambiente ideal para a ave de acordo com sua fase de vida. Significa isolar o galpão do ambiente externo e utilizar equipamentos que façam o aquecimento/resfriamento deste galpão, além da renovação de ar do mesmo. Resfriamento evaporativo é o processo de evaporação da água, que acaba por reduzir a temperatura do ambiente, o que ocorre nos painéis evaporativos e nebulizadores. A ventilação renova o ar do galpão, devendo ser utilizada desde o primeiro dia de vida das aves, com a finalidade de retirar o excesso de gases e umidade do interior. Conforme as aves vão saindo da fase de aquecimento, a ventilação é intensificada, e passa a auxiliar no resfriamento das aves. No entanto, não reduz a temperatura do galpão, mas sim reduz a temperatura efetiva que as aves estão “sentindo”.

OP Rural – Que ganhos o produtor pode ter com um aviário alinhado a esse conceito?

DJM – Fornecendo um melhor ambiente às aves, estamos contribuindo ao seu bem-estar, melhorando desempenho em termos de conversão alimentar e reduzindo mortalidade. O ambiente, quando bem controlado, reduz a probabilidade de ocorrência de doenças no galpão. Também é importante frisar que a ambiência de precisão ocasiona uma economia de energia utilizada no processo de climatização.

OP Rural – Quais os tópicos que a senhora abordará em sua palestra?

DJM – Basicamente serão apresentados casos de sucesso utilizando a ambiência de precisão e os processos envolvidos em todo sistema integrado da ambiência de precisão. Novas tecnologias e equipamentos.

OP Rural – Em sua visão, quais os desafios para a ambiência de precisão na avicultura brasileira?

DJM – Tudo começa no projeto do galpão e equipamentos de climatização, mas também envolve fortemente o entendimento dos processos ligados à ambiência, como balanço térmico das aves e do galpão, cálculo da renovação de ar necessária, programação correta dos controladores, localização e manutenção dos sensores e equipamentos. São detalhes que muitas vezes parecem desapercebidos e fazem toda a diferença no controle da ambiência, na economia de energia gasta e desempenho final das aves.

 

Mais informações você pode encontrar na edição impressa de Aves de abril/maio de 2016 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Continue Lendo

Avicultura

Brasil abre mercado em Moçambique para exportação de material genético avícola

Acordo sanitário autoriza envio de ovos férteis e pintos de um dia, fortalece a presença do agronegócio brasileiro na África e amplia para 521 as oportunidades comerciais desde 2023.

Publicado em

em

Foto: Shutterstock

O governo brasileiro concluiu negociação sanitária com Moçambique, que resultou na autorização de exportações brasileiras de material genético avícola (ovos férteis e pintos de um dia) àquele país.

Além de contribuir para a melhoria de qualidade do plantel moçambicano, esta abertura de mercado promove a diversificação das parcerias do Brasil e a expansão do agronegócio brasileiro na África, ao oferecer oportunidades futuras para os produtores nacionais, em vista do grande potencial do continente africano em termos de crescimento econômico e demográfico.

Com cerca de 33 milhões de habitantes, Moçambique importou mais de US$ 24 milhões em produtos agropecuários do Brasil entre janeiro e novembro de 2025, com destaque para proteína animal.

Com este anúncio, o agronegócio brasileiro alcança 521 novas oportunidades de comércio, em 81 destinos, desde o início de 2023.

Tais resultados são fruto do trabalho conjunto entre o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE).

Fonte: Assessoria Mapa
Continue Lendo

Avicultura

Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem

Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

Publicado em

em

Foto: Shutterstock

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.

Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.

Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.

A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.

A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.

Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.

Fonte: O Presente Rural com Unifrango
Continue Lendo

Avicultura

Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer

Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

Publicado em

em

Foto: Shutterstock

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.

A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.

Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.

Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.

Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.

Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.

Fonte: Assessoria Sindiavipar
Continue Lendo

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.