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Alimentos no Brasil atingem nível recorde de conformidade em resíduos de agrotóxicos
Estudo feito pela Anvisa aponta ausência de risco crônico ao consumidor e redução do potencial risco agudo em produtos de origem vegetal analisados em todo o país.

A presença de resíduos de agrotóxicos nos alimentos está no centro do debate público sempre que se discute saúde, produção agrícola e confiança do consumidor. Em um país que figura entre os maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo, o tema ganha contornos ainda mais sensíveis, ao envolver tanto a segurança da dieta da população quanto a credibilidade do sistema regulatório que autoriza, fiscaliza e monitora o uso desses insumos no campo.
É nesse contexto que o monitoramento oficial conduzido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária se consolida como um dos principais instrumentos de acompanhamento da qualidade dos alimentos que chegam às prateleiras dos supermercados.
Criado para avaliar se os agrotóxicos são utilizados dentro dos parâmetros estabelecidos pela legislação brasileira, o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) acompanha, há mais de uma década, produtos de origem vegetal amplamente consumidos no país.
As amostras são coletadas diretamente no varejo, em diferentes regiões, e submetidas a análises laboratoriais com métodos reconhecidos internacionalmente, o que permite à agência não apenas verificar o cumprimento dos limites legais, mas também estimar potenciais riscos à saúde humana, tanto de curto quanto de longo prazo.
Além de funcionar como termômetro da segurança alimentar, os dados do PARA subsidiam decisões regulatórias, orientam ações de fiscalização e servem de base para revisões de limites máximos de resíduos, restrições de uso e recomendações ao setor produtivo. Ao cruzar os resultados das análises laboratoriais com informações de consumo da população, o programa busca responder a uma pergunta central para o consumidor: os alimentos disponíveis no mercado brasileiro oferecem risco à saúde?
Foi a partir desse arcabouço que a Anvisa apresentou, na quarta-feira (17), os resultados do ciclo 2024 do PARA, detalhando um conjunto amplo de dados que aponta avanços inéditos nos indicadores de conformidade e segurança dos alimentos monitorados no país. No período, foram analisadas 3.084 amostras de 14 alimentos de origem vegetal, coletadas em 88 cidades brasileiras.
O levantamento mostra que 79,4% das amostras estavam em conformidade com os limites legais de resíduos de agrotóxicos, o maior percentual já registrado na série histórica do programa. Segundo a agência, os resultados indicam ausência de risco crônico ao consumidor e redução do potencial risco agudo, identificado em apenas 0,39% das amostras, abaixo dos 0,67% observados no ciclo anterior.

Fonte: Anvisa. Elaboração e Divulgação: CropLife Brasil
Para a Anvisa, os números refletem a consolidação das ações regulatórias adotadas ao longo dos últimos anos. “Os resultados 2024 indicam que a maioria das amostras se encontram em conformidade, com situações de risco agudo pontuais e ausência de risco crônico, reforçando a efetividade das ações regulatórias adotadas”, afirmou o diretor-presidente da agência, Leandro Safatle.
Segundo ele, a comparação com 2023 mostra evoluções discretas, porém consistentes, com redução das amostras insatisfatórias e diminuição do potencial risco agudo. “É um relatório robusto que oferece dados e subsídios qualificados para aperfeiçoamento da atuação regulatória. Os resultados reafirmam o compromisso da Anvisa com a segurança dos alimentos e a proteção da saúde da população”, pontuou.
Alimentos monitorados
O conjunto de alimentos analisados inclui cereais como trigo, milho e aveia; frutas como maçã, uva, banana, pera, laranja e mamão; hortaliças folhosas e não folhosas, como couve, pepino e abobrinha; além de cebola e soja. De acordo com a Anvisa, esses produtos respondem por 36,9% do consumo de alimentos vegetais no Brasil.
No laboratório, as amostras foram submetidas à busca de resíduos de 338 pesticidas diferentes, incluindo substâncias nunca autorizadas ou já banidas no país. As coletas são feitas diretamente nas prateleiras de supermercados, de forma aleatória, em todas as regiões, e analisadas por métodos científicos reconhecidos internacionalmente.
O foco principal é verificar se os resíduos encontrados ultrapassam o Limite Máximo de Resíduos (LMR), parâmetro legal que indica se o uso do agrotóxico seguiu as boas práticas agrícolas. A avaliação de risco à saúde é realizada separadamente, a partir da estimativa de ingestão do alimento em comparação com a dose de referência aguda, conhecida como ARfD.
Os resultados do relatório foram apresentados durante a 21ª reunião pública da Diretoria Colegiada da Anvisa de 2025, pela gerente de Monitoramento e Avaliação do Risco da agência, Adriana Torres.
Risco agudo pontual

De acordo com o relatório, nenhuma situação de risco crônico foi identificada em 2024. Já o potencial risco agudo apareceu em 12 amostras, o equivalente a 0,39% do total analisado. Esse tipo de risco está associado ao consumo do alimento em uma única refeição ou em um intervalo de até 24 horas.
As ocorrências foram identificadas em amostras de uva (6), laranja (5) e abobrinha (1). Para a avaliação do risco crônico, a Anvisa considera não apenas os dados do ciclo atual, mas também informações acumuladas ao longo dos últimos dez anos do programa, cruzadas com dados de consumo alimentar do IBGE.
Do total de amostras analisadas em 2024, 2.448 foram classificadas como satisfatórias. Dentro desse grupo, 791 amostras, o equivalente a 25,6%, não apresentaram qualquer resíduo detectável, enquanto 1.657, ou 53,8%, continham resíduos em concentrações iguais ou inferiores ao LMR.
Outras 636 amostras, correspondentes a 20,6%, foram consideradas insatisfatórias em relação à conformidade com o limite legal. Segundo a Anvisa, esse é o menor índice desde 2017 e não significa, necessariamente, que haja risco à saúde do consumidor.
Avaliação do setor produtivo
Para representantes da indústria de defensivos agrícolas, os resultados refletem uma melhora gradual no cumprimento das regras. “Os resultados do ciclo 2024 apresentam visível melhoria com menor percentual de amostras insatisfatórias”, afirmou o especialista regulatório de defensivos químicos da CropLife Brasil, Rafael Cordioli.
De acordo com ele, o avanço decorre do empenho de diversos entes da cadeia de produção de alimentos, seja a indústria, agricultor e autoridade regulatória. “Do ponto de vista da saúde humana, as análises de risco dietético reforçam, mais uma vez, a segurança existente quanto aos alimentos produzidos e consumidos no Brasil”, salientou.
Série histórica sem risco crônico
A Anvisa monitora resíduos de agrotóxicos em alimentos vegetais há 11 anos. Inicialmente, as análises eram feitas por ciclos, mas passaram a ser anuais nos últimos três anos. Nesse período, segundo a agência, não houve identificação de extrapolação da Ingestão Diária Aceitável (IDA), parâmetro utilizado para avaliar o risco crônico.
Entre 2013 e 2024, foram avaliados 345 ingredientes ativos em 28.113 amostras de 36 alimentos. Esses produtos correspondem, em sua maioria, aos que mais contribuem para a exposição alimentar de origem vegetal no país, cerca de 80% do consumo desses alimentos.
“Os dados reforçam uma trajetória positiva e consistente”, avaliou a gerente regulatória de defensivos químicos da CropLife Brasil, Ana Cândido, destacando que o programa passou por um processo contínuo de evolução, incorporando aprimoramentos técnicos, metodológicos e ações mitigatórias.
Por sua vez, a diretora da Anvisa Daniela Marreco destacou o papel do PARA na formulação de políticas públicas. “Os resultados têm um papel fundamental na nossa regulação, porque essas análises orientam a revisão de limites máximos de resíduos, restrições ou proibições de uso e podem apoiar também ações de fiscalização conduzidas de forma integrada entre saúde, agricultura e vigilância sanitária”, frisou.
Segundo ela, o relatório também gera recomendações a produtores, empresas e órgãos de assistência técnica, com foco em boas práticas agrícolas, rastreabilidade e comunicação adequada à população.

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Calor e umidade elevam risco da mosca-dos-estábulos nas propriedades rurais
Com a chegada do verão, condições ambientais favorecem a proliferação da praga, que compromete o desempenho produtivo, eleva custos e exige manejo preventivo integrado em bovinos, equinos e suínos.

O verão está chegando e com ele aumentam os fatores ambientais que favorecem a proliferação da mosca-dos-estábulos (Stomoxys calcitrans), um inseto hematófago, similar à mosca doméstica, mas com comportamento agressivo por sua picada dolorosa e hábito de se alimentar frequentemente do sangue dos animais.
O que favorece o desenvolvimento destas pragas nesse período é o fato de que a primavera e o verão são épocas de calor e alta umidade, e essas condições favorecem o desenvolvimento das larvas em materiais orgânicos em decomposição, como esterco e restos de alimentos. “A mosca-dos-estábulos merece atenção em propriedades de bovinos, equinos e suínos porque é uma praga relevante que provoca redução no desempenho produtivo dos animais, gera estresse, desconforto e pode transmitir agentes patogênicos, como Trypanosoma evansi, além de aumentar os custos com tratamentos e manejo”, menciona o médico-veterinário Gibrann Frederiko.

Foto: Divulgação/OP Rural
Entre os principais sinais clínicos e comportamentais nos animais que indicam a presença da mosca-dos-estábulos estão comportamentos defensivos, quando os animais balançam a cauda, movimentam as patas, sacodem a cabeça ou se esfregam constantemente; a diminuição do consumo alimentar e perdas de peso devido ao estresse; lesões cutâneas causadas pelas picadas e anemia e queda no estado geral, especialmente em casos severos de infestação. “A infestação destas pragas causa redução na produção de leite e ganho de peso, devido ao estresse e menor consumo de alimento, comprometimento da reprodução, especialmente em bovinos e equinos, e aumento de custos por tratamentos, mão de obra e controle químico”, detalha Frederiko.
De acordo com o profissional, os erros de manejo mais comuns, que contribuem para a multiplicação das moscas nas propriedades, são o acúmulo de esterco ou restos de ração próximos ao ambiente dos animais, a falta de limpeza e higienização adequada dos estábulos e currais e o manejo inadequado de resíduos orgânicos, como a palha contaminada.
Frederiko acrescenta que o controle químico ainda é uma prática comum, mas nem sempre suficiente para combater essas moscas. “Há desafios do uso isolado de inseticidas por causa da resistência dos insetos, devido ao uso frequente e inadequado dos produtos químicos, de impactos ambientais e riscos à saúde humana e animal, e de curtos períodos de eficácia, já que os insetos se reproduzem rapidamente. Por isso, reforçamos que o manejo preventivo e contínuo é o caminho mais eficaz para evitar prejuízos econômicos e garantir a saúde dos animais. Ações simples, aliadas às tecnologias disponíveis, criam um ambiente mais saudável e produtivo”, ressalta.
Para o manejo preventivo e contínuo, o médico-veterinário indica a adoção de um sistema integrado de controle que combine medidas preventivas, químicas e biológicas. “Para o manejo sanitário, a orientação é limpeza diária de currais e remoção correta dos resíduos. Quanto ao uso de armadilhas e controle biológico, a recomendação é utilizá-los como predadores e parasitoides de ovos e larvas. Além disso, é importante a racionalização no uso de inseticidas, priorizando rodízios de princípios ativos para evitar resistência”, salienta.
Para além destas medidas, Frederiko relaciona, dentre as tecnologias ou soluções mais inovadoras que têm se destacado no combate à mosca-dos-estábulos, o uso de inseticidas biológicos, como produtos à base de bactérias (Bacillus thuringiensis), a implementação de armadilhas inteligentes e dispositivos automáticos, que liberam inseticidas em horários programados, e o uso de drones e sensores para monitoramento de infestações.
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Bioinsumos quintuplicam faturamento e alcançam R$ 4,5 bilhões no Brasil
Em cinco anos, o mercado saltou de R$ 675 milhões para R$ 4,5 bilhões, já responde por 4% da indústria de insumos agrícolas e tem projeção de superar R$ 9 bilhões até 2030, impulsionado por avanço regulatório, inovação e adoção crescente no campo.

O mercado brasileiro de bioinsumos deixou de ocupar um espaço marginal no manejo agrícola para se consolidar como um dos vetores mais dinâmicos da inovação no campo. Em um intervalo de apenas cinco anos, o faturamento do segmento avançou em ritmo acelerado, multiplicando-se por mais de cinco e alcançando R$ 4,5 bilhões em 2024, segundo dados da CropLife Brasil. O salto evidencia uma mudança estrutural na forma como o produtor rural vem conduzindo a proteção e a nutrição das lavouras.
Esse avanço ocorre em um contexto mais amplo de crescimento da indústria de insumos agrícolas. No ano passado, defensivos, sementes e bioinsumos movimentaram juntos R$ 114,1 bilhões no país. Embora os produtos químicos ainda concentrem a maior fatia desse mercado, os biológicos ganham relevância ao ampliar sua participação e, sobretudo, ao se posicionarem como ferramentas complementares dentro de sistemas produtivos cada vez mais técnicos e integrados.

Foto: Divulgação/OP Rural
A trajetória recente ajuda a explicar o atual patamar. Entre 2019 e 2020, o segmento já havia registrado uma expansão expressiva, com crescimento próximo de 80% em receita. Desde então, o ritmo se manteve elevado, impulsionado pela adoção em larga escala nas principais culturas e pelo amadurecimento das soluções disponíveis. A projeção é de continuidade dessa curva ascendente, com estimativas que apontam para um faturamento superior a R$ 9 bilhões até o final da década.
O protagonismo brasileiro nesse movimento também se reflete no cenário internacional. Em um mercado global de bioinsumos agrícolas estimado entre US$ 13 bilhões e US$ 15 bilhões, o Brasil figura entre os principais polos de expansão, tanto pelo tamanho de sua área cultivada quanto pela capacidade de absorver rapidamente novas tecnologias. Essa combinação transforma o país em referência para empresas, centros de pesquisa e investidores do setor.
Outro elemento decisivo para a consolidação do mercado foi o avanço regulatório. A partir do final de 2024, o país passou a contar com uma legislação específica para bioinsumos, estabelecendo regras claras para produção, registro, comercialização, transporte e destinação de resíduos, com aplicações que vão da agricultura à pecuária, aquicultura e florestas. O novo marco trouxe maior previsibilidade jurídica, estimulou a inovação e criou um ambiente mais favorável à entrada de novos produtos e empresas.
No campo, a adoção dos bioinsumos deixou de ser pontual e passou a integrar estratégias de manejo mais amplas. Produtores têm combinado soluções biológicas e químicas para elevar a eficiência das aplicações, reduzir custos operacionais e preservar o potencial produtivo das lavouras. A profissionalização crescente da agricultura brasileira, aliada à busca por sistemas mais sustentáveis, acelerou esse processo.
Esse conjunto de fatores que envolve expansão da demanda, base científica sólida, ambiente regulatório mais moderno e competitividade do agronegócio explica por que o Brasil se destaca entre os mercados que mais crescem no mundo. Mais do que uma tendência passageira, os bioinsumos se firmam como um componente estrutural do futuro da produção agrícola no país, atraindo investimentos e redesenhando a lógica do manejo nas lavouras.
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Alta de 28,6% nas exportações para a China compensa tarifaço americano
Vendas para os Estados Unidos caíram 25% desde agosto, mostra FGV.

O avanço das exportações brasileiras para a China compensou a queda causada pelo tarifaço americano, iniciado em agosto, com sobretaxa de até 50% sobre as vendas brasileiras para os Estados Unidos.

De agosto a novembro, o valor das exportações para a China cresceu 28,6% em relação ao mesmo período de 2024, ao passo que o das destinadas aos Estados Unidos recuou 25,1%.
Comportamento parecido é observado em relação ao volume das vendas externas. Quando o destino são os portos e aeroportos chineses, a expansão chega a 30%. Já para os Estados Unidos, queda de 23,5%. O que diferencia o comportamento dos valores e dos volumes é o preço dos produtos exportados.

Foto: Claudio Neves/Portos do Paraná
Os dados fazem parte do Indicador de Comércio Exterior (Icomex), divulgado nesta quinta-feira (18) pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV). O estudo é uma análise dos dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).
A China é o principal parceiro comercial do Brasil, à frente dos Estados Unidos. De acordo com o Icomex, a participação da China, que recebe cerca de 30% das exportações brasileiras, contribuiu para compensar a queda das vendas para os Estados Unidos. “[O presidente americano Donald] Trump superestimou a capacidade dos Estados Unidos em provocar danos gerais às exportações brasileiras”, afirma o relatório.
Setores impactados
Os setores que tiveram os maiores tombos na exportação para os Estados Unidos no período de agosto a novembro foram:
- Extração de minerais não-metálicos: -72,9%
- Fabricação de bebidas: -65,7%
- Fabricação de produtos do fumo: -65,7%
- Extração de minerais metálicos: -65,3%
- Produção florestal: -60,2%
- Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos: -51,2%
- Fabricação de produtos de madeira: -49,4%
Comportamento anual
A pesquisa da FGV nota que o volume de vendas para os Estados Unidos cresceu seguidamente de abril a julho, sempre que a comparação é com o mesmo mês de 2024. No entanto, com a entrada em vigor do tarifaço, se seguiram quatro meses de retração.
Variação no volume de exportação para os Estados Unidos em 2025, na comparação com o mesmo mês de 2024:
- Abril: +13,3%
- Maio: +9%
- Junho: +8,5%
- Julho: +6,7%
- Agosto: -12,7%
- Setembro: -16,6%
- Outubro: -35,3%
- Novembro: -28%
Já as exportações para a China apresentaram um salto depois que o tarifaço começou:
- Abril: +6,4%
- Maio: +8,1%
- Junho: +10,3%
- Julho: −0,3%
- Agosto: +32,7%
- Setembro: +15,2%
- Outubro: +32,7%
- Novembro: +42,8%
A pesquisadora associada do Ibre/FGV Lia Valls aponta que um dos fatores que levaram ao avanço das exportações chinesas foi o embarque de soja, que ficou concentrado neste segundo semestre. “Na hora que está caindo a exportação para os Estados Unidos, foi o momento que começou a aumentar mais a exportação para a China e teve um impacto na exportação global do país”, explicou à Agência Brasil.
No acumulado até novembro, o aumento das exportações totais do Brasil foi de 4,3% em relação aos mesmos 11 meses de 2024.
Argentina
O Icomex mostra também o desempenho das exportações para o nosso terceiro principal parceiro comercial, a Argentina. De agosto a novembro, as vendas para o país cresceram 5% em valor e 7,8% em volume, em relação ao mesmo período do ano passado.
Lia Valls pontua que esse aumento não é determinante para compensar efeitos dos tarifaços. “A participação da Argentina na pauta brasileira é muito pequena. A Argentina é muito focada na exportação de automóveis, e a gente praticamente não exporta automóveis para os Estados Unidos”, assinala.
Entenda o tarifaço

O tarifaço do presidente americano, Donald Trump, entrou em vigor em agosto de 2025. Ao elevar taxas sobre produtos importados, o governo dos Estados Unidos afirma que pretende proteger a economia americana, já que, com taxação, os americanos tendem a fabricar produtos localmente em vez de adquiri-los no exterior.
No caso Brasil, que sofreu com uma das maiores taxas, o presidente americano chegou a alegar também que se tratava de retaliação ao tratamento dado pelo Brasil ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que Trump considerava ser perseguido, antes de ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em setembro de 2025, por tentativa de golpe de Estado.
Desde então, os governos brasileiro e americano negociam formas de buscar acordos para a parceria comercial, inclusive com conversas diretas entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No último dia 20, Trump retirou taxação adicional de 40% em cima de 269 produtos, sendo 249 do setor da agropecuária, como carnes e café. “Os efeitos dessa remoção só ficarão visíveis a partir de dezembro e janeiro”, aponta o Icomex.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, calcula que 22% das exportações para os Estados Unidos permanecem sujeitas às sobretaxas.



