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Suínos Editorial

Alimenta 2025: Um novo horizonte para a proteína animal e rendering

O jornal O Presente Rural quer proporcionar um ambiente onde a troca de conhecimento e inovação seja constante, refletindo a evolução do nosso congresso em algo mais inclusivo e abrangente.

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Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal

A evolução do conhecimento e da inovação no setor de proteína animal no Brasil dá um passo significativo com o Alimenta – Congresso Brasileiro de Proteína Animal & Rendering. Este evento, que ocorrerá em junho de 2025 em Foz do Iguaçu, surge como uma evolução natural do bem-sucedido Congresso de Avicultores e Suinocultores O Presente Rural.

A criação do Alimenta 2025 representa um passo audacioso e necessário para o setor de proteína animal. O jornal O Presente Rural quer proporcionar um ambiente onde a troca de conhecimento e inovação seja constante, refletindo a evolução do nosso congresso em algo mais inclusivo e abrangente.

Foz do Iguaçu, com sua infraestrutura de classe mundial e localização estratégica, foi escolhida para sediar o evento, consolidando-se como um polo para grandes congressos e um hub central para a produção de proteína animal no Brasil. A necessidade de unir todos os atores da produção de proteína animal em um só lugar é crucial para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades do setor.

O Alimenta 2025 promete integrar toda a cadeia produtiva de proteína animal e rendering, oferecendo um ambiente dinâmico para a troca de ideias, tecnologias e oportunidades de negócios. Com uma programação técnica abrangente e a participação de grandes empresas do setor, este evento se configura como um marco para o futuro da indústria de proteína animal no Brasil.

Prepare-se para uma experiência transformadora no Alimenta 2025, onde a inovação e o conhecimento se encontrarão para moldar o futuro da proteína animal. Nos vemos em Foz do Iguaçu.

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Fonte: Por Giuliano De Luca, jornalista e editor-chefe do O Presente Rural

Suínos

Paraná desenvolve sistema para fortalecer biosseguridade nas granjas suínas

A biosseguridade em unidade de produção é essencial para evitar a entrada e a propagação de doenças no rebanho, garantindo a saúde dos animais e a sustentabilidade da produção suinícola.

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Foto: Shutterstock

A biosseguridade nas granjas de suínos tem sido amplamente discutida por todos os elos da cadeia, principalmente diante dos desafios atuais enfrentados pelo setor suinícola. Durante o Congresso de Suinocultores e Avicultores O Presente Rural, realizado em meados de junho em Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná, o médico-veterinário, mestre em Ciências Animais, auditor fiscal agropecuário e gerente de Saúde Animal da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Rafael Gonçalves Dias, trouxe à tona pontos críticos que ameaçam a biosseguridade nas granjas suínas, destacando os principais fatores de risco e as medidas preventivas essenciais para mitigar a introdução e disseminação de patógenos.

O profissional enfatiza que a biosseguridade em unidade de produção é essencial para evitar a entrada e a propagação de doenças no rebanho, garantindo a saúde dos animais e a sustentabilidade da produção suinícola. No Paraná, a Portaria 265, publicada em setembro de 2018, estabelece os itens estruturais que cada granja deve ter, conforme o modo produtivo, para proteger as unidades da disseminação de doenças e agentes infecciosos. Essa normativa define 14 critérios de avaliação para a prevenção externa e 10 para a prevenção interna, que são fundamentais para a manutenção da biosseguridade.

Dias adianta que a Adapar planeja ainda este ano sistematizar essas informações contidas na Portaria 265, mensurando e quantificando a situação atual das granjas paranaenses. “Para isso, será desenvolvido um sistema de informação que vai permitir a coleta de dados de caracterização das granjas de forma organizada e segura, processando-os por meio de um modelo multicritério para obter indicadores de biosseguridade”, antecipa.

Conforme o  médico-veterinário, esse sistema será acessível via aplicativo web, proporcionando uma avaliação detalhada de biosseguridade de propriedade a propriedade. “Serão levantados dados críticos, como a origem dos animais e a presença de cercas de isolamento. Os resultados serão quantificados em níveis que variam de 1 a 5 para origem dos animais e de 1 a 9 para cercas, em escalas de 0 a 100, permitindo uma análise precisa e detalhada”, explica Dias.

Médico-veterinário, mestre em Ciências Animais, auditor fiscal agropecuário e gerente de Saúde Animal da Adapar, Rafael Gonçalves Dias: “O novo sistema de informação vai gerar um dashboard detalhado de cada granja, facilitando a identificação de pontos críticos e a implementação de medidas corretivas” Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

Os dados coletados serão apresentados por meio de dashboards e mapas, possibilitando avaliar tanto as condições de granjas individuais quanto obter um panorama geral por integração e da região geográfica. “Essa visualização clara e integrada dos dados vai permitir identificar possíveis problemas e criar estratégias eficientes para implantar um plano de biosseguridade. Como resultado, teremos um dashboard detalhado de cada granja, facilitando a identificação de pontos críticos e a implementação de medidas corretivas. Com essas informações, será possível desenvolver e executar planos de biosseguridade personalizados, garantindo a proteção do rebanho e a sustentabilidade da produção suinícola no Paraná”, salienta.

A partir da implementação deste sistema de avaliação da biosseguridade nas granjas paranaenses de suínos, o auditor fiscal agropecuário menciona que a cadeia produtiva deve sofrer um impacto significativo, visto que aquelas propriedades que não terão condição de adequação para produção de suínos devem acabar saindo da atividade. “Não podemos colocar toda a cadeia de suínos em risco em função de uma ou outra propriedade que não tem condição estrutural de criar suínos”, ressalta Dias.

Isolamento da granja contra invasores

O gerente de Saúde Animal da Adapar afirma que entre os itens de biosseguridade mais importantes de uma unidade de produção suinícola devem estar as cercas. “As cercas são essenciais porque, entre os diversos problemas que temos no Brasil, estão os javalis. Precisamos ter essa barreira física para proteger nossas propriedades dos animais de vida livre e até mesmo dos animais domésticos, que podem trazer doenças para dentro do plantel suíno. As cercas blindam a entrada e protegem a criação”, argumenta Dias.

Os javalis representam uma ameaça significativa à biosseguridade das granjas, uma vez que migram facilmente de região e circulam de Norte a Sul do Brasil. Uma das doenças que essa espécie pode transmitir é a Peste Suína Clássica (PSC), colocando em risco a saúde dos suínos e a sustentabilidade da produção. “O novo sistema da Adapar vai permitir a coleta e análise detalhada de dados, facilitando a identificação de problemas e a implementação de estratégias de biosseguridade mais eficazes. Com isso, esperamos melhorar de forma significativa a proteção das granjas paranaenses, garantindo um ambiente seguro e saudável para a criação de suínos”, aponta Dias.

Ameaças à biosseguridade

Um ponto crítico para a biosseguridade nas granjas suínas é a presença de agentes patogênicos. Além da febre aftosa e do Senecavírus A, outras doenças vesiculares que afetam suínos são estomatite vesicular, exantema vesicular e doença vesicular em suínos (SVDV), as quais são consideradas exóticas e não circulam no Brasil. Dias ressalta que a grande ‘dor de cabeça’ do setor reside no Senecavírus A, que tem crescido a incidência da doença nas granjas nos últimos 10 anos. “Por causar lesões vesiculares, os sintomas são facilmente confundidos com febre aftosa, gerando muito estresse no campo”, frisa.

A questão não é exclusiva do Brasil, com a doença diagnosticada em países como os Estados Unidos, onde circula desde 1988; e há relatos recentes no Canadá, China, Nova Zelândia, Austrália, Tailândia, Colômbia e Chile. No Brasil, o Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, Santa Catarina e Rio Grande do Sul relatam casos, mas nenhum em nível comparável ao estado paranaense. “Em 2022, o Paraná atingiu o pico da doença com mais de 1.700 casos”, destaca o médico-veterinário, contando que cerca de 70% dos municípios paranaenses nunca tiveram casos suspeitos da doença, enquanto 30% tiveram casos investigados entre 2005 e 2021. “Os primeiros meses do ano tendem a registrar um aumento nos casos, enquanto os meses mais frios mostram uma tendência de diminuição, uma variabilidade observada nos últimos 10 anos”, menciona Dias.

Desafios e soluções na identificação do Senecavírus A

O médico-veterinário aponta 12 principais desafios na identificação do Senecavírus A na suinocultura paranaense. O primeiro listado são as condições das propriedades, com animais sujos, que dificultam a verificação das lesões, seguido da falta de vistoria prévia por parte dos médicos-veterinários. O terceiro desafio diz respeito as lesões causadas por outros motivos, como traumas, frequentemente confundidas com febre aftosa. O quarto são as notificações infundadas feitas por muitos produtores por receio do serviço de inspeção.

O ponto seguinte está relacionado ao estresse no transporte dos animais, que pode ocasionar lesões, complicando o diagnóstico. O sexto desafio é que enquanto é aguardado a investigação da Adapar, o abate precisa ser interrompido, gerando problemas na estocagem até a obtenção dos resultados laboratoriais, sendo esta a sétima dificuldade encontrada pelo setor.

O oitavo desafio diz respeito às propriedades interditadas que acabam por comprometer as escalas de abate, situação esta atrelada ao nono desafio, que o tempo a mais que ficam nas propriedades podem deixar os animais estressados, podendo provocar o aparecimento de lesões. O décimo desafio está ligado ao tempo de reação da cadeia que, devido ao alto número de notificações, impede que os órgãos de defesa agropecuária, como a Adapar, atendam a todos os casos no tempo desejado.

A logística das amostras até o LFDA-MG é complexa e a vigilância de outras doenças é prejudicada para atender às notificações de Senecavírus A fecham o ranking dos 12 principais desafios na identificação da doença.

Entre as possíveis soluções para minimizar esses obstáculos apontadas por Dias incluem a implementação de intervalos entre lotes, desinfecção e vacinação, além de investimentos em biosseguridade. “Isso envolve edificações teladas e cercadas, ambientes limpos, água e ração de qualidade, trocas de roupas nas áreas limpas e evitar visitas de pessoas e veículos nas granjas”, evidencia, ressaltando: “A cadeia suína deve se preparar cada vez mais para novos desafios sanitários”.

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Fonte: O Presente Rural
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Suínos

Estratégias para retenção de talentos nas granjas suínas

Com o aumento das oportunidades no mercado, os trabalhadores escolhem empresas onde percebem um bom ambiente de convivência, crescimento e valorização, além de gestores e colegas que os respeitam e apoiam.

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Fotos: Divulgação

Para obter resultados de excelência e expressivos na produção, uma série de fatores são fundamentais: genética de qualidade, nutrição adequada, bem-estar animal, ambiência, entre outros. Um item muitas vezes esquecido ou mesmo deixado de lado é a gestão da mão de obra – fator essencial para o bom desenvolvimento das atividades na propriedade rural. “Gestores que investem na criação de ambientes de trabalho mais engajadores e que atendam melhor às novas expectativas dos trabalhadores vêm percebendo que, embora os incentivos financeiros ajudem a atrair novos colaboradores, são insuficientes para mantê-los engajados a longo prazo. A mudança de foco para o desenvolvimento humano tem refletido positivamente nos índices zootécnicos e econômicos, destacando que investir nas pessoas não é mais uma escolha, mas uma condição determinante para o sucesso da granja”, explica o médico-veterinário e especialista em Liderança, Engajamento e Produtividade na Suinocultura, Leandro Trindade.

De acordo com ele, o mundo moderno, com suas facilidades e maior volume de oportunidades, além da pandemia da Covid-19, acentuou o desafio da gestão de mão de obra. “Com mais opções, os trabalhadores se tornaram mais exigentes e criteriosos na escolha da empresa onde desejam trabalhar. Isso aumentou o desafio de reter trabalhadores, principalmente nas granjas que não conseguem oferecer essas condições. Consequentemente, olhar atentamente para essa questão tornou-se uma necessidade prioritária para os gestores, que buscam soluções para essa nova realidade”, defende o especialista.

Trindade explica que em um mercado cada vez mais incerto e complexo, os gerentes e encarregados de granjas necessitam mais do comprometimento de suas equipes. “A pressão por resultados mais desafiadores cria um clima de trabalho tenso quando os gestores não têm suas habilidades interpessoais bem desenvolvidas, contribuindo para a maior evasão de profissionais nos últimos tempos”, diz.

Como evitar a rotatividade?

O especialista desenvolveu uma pesquisa sobre engajamento na suinocultura em diversas granjas no Brasil, entrevistando mais de 1,3 mil pessoas. Entre os pontos mais recorrentes vistos por ele foram a falta de reconhecimento e valorização das equipes; comunicação deficiente entre gestores e funcionários; ambientes de trabalho pouco motivadores; ausência de oportunidades de crescimento e desenvolvimento pessoal e profissional; e promoção de encarregados sem habilidades comportamentais. “Esses elementos combinados criam um ambiente de trabalho desengajado e incapaz de reter talentos”, afirma.

Para evitar problemas como esse, Trindade desenvolveu um método: o BPL (Boas Práticas de Liderança). “Ele tem sido muito bem recebido, especialmente porque foi criado com base em pesquisas dentro da própria suinocultura, levando em conta os desafios específicos do setor. Desenvolvi o BPL para resolver essa lacuna da má comunicação e alta rotatividade, focando na profissionalização dos gerentes e encarregados de granjas, que são os profissionais que convivem com a equipe operacional e por isso influenciam fortemente o engajamento. O método combina experiência técnica e habilidades comportamentais, ajudando a melhorar o engajamento e a performance das equipes, além dos indicadores zootécnicos e econômicos”, informa.

De acordo com ele, um exemplo prático foi realizado em uma UPL (Unidade Produtora de Leitões), que após a utilização do método reduziu a rotatividade em mais de 30% e aumentou a produtividade média em 20% em menos de um ano, o que refletiu diretamente no desempenho dos leitões, que passaram a atingir uma média de peso superior a 6 quilos aos 22 dias de idade, algo que antes não conseguiam manter. Outro exemplo é de uma granja em Minas Gerais, que conseguiu redefinir papéis, melhorar a comunicação e o clima da equipe, resultando em melhorias nos indicadores, inicialmente na maternidade, onde tinha maiores desafios e, consequentemente, nos demais setores do seu ciclo completo. “Esses resultados mostram que a capacitação adequada de gerentes e encarregados para lidar com equipes e criar um ambiente engajador é essencial para o sucesso zootécnico e econômico. Ou seja, um trabalho feito da porteira para dentro da granja”.

Comunicação clara e objetiva

Médico veterinário e especialista em liderança, engajamento e produtividade na suinocultura, Leandro Trindade: “Precisamos rever o hábito comum de se promover esses profissionais apenas baseados em critérios de capacidade técnica.”

Trindade explica que é essencial profissionalizar a liderança dos gerentes e encarregados de produção para manter as equipes motivadas e produtivas. “Precisamos rever o hábito comum de se promover esses profissionais apenas baseados em critérios de capacidade técnica. Se não possui habilidade para se relacionar e se comunicar eficazmente com a equipe, não pode ser promovido ou, se assim for, que seja conscientizado e incentivado a desenvolver essas habilidades essenciais para tal papel. Isso envolve oferecer treinamento e desenvolvimento de habilidades comportamentais, essenciais para enfrentar os desafios da rotina de granja e lidar com uma força de trabalho cada vez mais exigente”, defende.

Outro ponto fundamental nas granjas é a comunicação eficaz, clara e não ofensiva, o que assegura a qualidade das operações, ajuda a alinhar expectativas, resolver conflitos e manter a equipe motivada e informada. Trindade traz três pontos que podem ser trabalhados para aprimorar essas habilidades: o desenvolvimento de comunicação e escuta ativa; práticas de feedback contínuo; e criação a manutenção de um ambiente de comunicação aberta. “Workshops e palestras sobre comunicação eficaz, com uma abordagem prática e contextualizada para o setor, são excelentes recursos para desenvolver essa habilidade. Além disso, é importante seguir com um acompanhamento para superar as dificuldades que normalmente surgem durante a aplicação prática dos aprendizados adquiridos”.

Trindade defende que é fundamental criar uma cultura que valorize e incentive a transparência e a comunicação aberta entre todos os níveis da equipe, especialmente os colaboradores da equipe operacional, que conhecem bem os problemas da granja. “Para isso, deve-se estabelecer um canal de diálogo com esses colaboradores, de forma que se sintam seguros e confiantes para se expressar sem medo de represálias. Isso cria um ambiente onde todos se sentem parte do processo e permite a segurança para falar e contribuir, o que fortalece a comunicação interna, antecipa a solução dos problemas, acelera as melhorias e, assim, apoia a contínua evolução de performance da equipe”, comenta.

 Cultura organizacional afeta

A cultura é o jeito de funcionar da granja, manifestando-se por meios de padrões de comportamentos observáveis e repetitivos. Ela inclui a forma de comunicar, tomar decisões, resolver problemas e enxergar oportunidades. Esses padrões representam a cultura da granja e estão diretamente relacionados ao desempenho da equipe.

De acordo com o especialista, mesmo com excelentes treinamentos técnicos, se a cultura não permite que o conhecimento seja aplicado, a performance não avança. “A cultura tem um impacto significativo na formação de equipes de alta performance. Uma cultura que valoriza a aprendizagem, a colaboração, a inovação e a sustentabilidade cria um ambiente onde os colaboradores se sentem motivados e engajados. Isso resulta em equipes mais produtivas, comprometidas e capazes de alcançar resultados além do esperado”.

Retendo talentos

De acordo com Trindade, a retenção de talentos é essencial, mas hoje em dia é mais sobre conquistar pessoas, já que são os colaboradores que decidem se engajar e permanecer na granja. “Com o aumento das oportunidades no mercado, os trabalhadores escolhem empresas onde percebem um bom ambiente de convivência, crescimento e valorização, além de gestores e colegas que os respeitam e apoiam. Essas características são comuns nas granjas com baixos índices de rotatividade e resultados duradouros”, explica.

Ele diz que para enfrentar dificuldades na retenção de talentos, a recomendação é focar na criação de um ambiente de trabalho engajador e positivo. “A construção dessa mudança é complexa e não há atalhos; é necessário investir na formação de líderes. Gerentes e encarregados devem ser treinados para desenvolver habilidades relacionais e de comunicação, capacitando-os a treinar, envolver e delegar responsabilidades adequadamente”, informa. O especialista alerta, porém, que antes de tudo, fará toda diferença realizar um diagnóstico para identificar áreas de melhoria e implementar soluções específicas para a realidade e o momento da granja. “Esse diagnóstico ajudará a direcionar os esforços de forma eficiente na criação de um ambiente de trabalho onde os colaboradores decidem permanecer por julgarem que vale a pena”.

Trindade comenta ainda que o avanço tecnológico na suinocultura continuará a otimizar resultados e melhorar a qualidade do trabalho das equipes, mas não resolverá os problemas de alta rotatividade causados por desafios de relacionamento e comunicação. Apenas a formação de líderes pode fazer isso. Dessa forma, ele traz algumas tendências futuras para gestão de equipes na suinocultura: ocupação de cargos de gestão apenas por pessoas com habilidades humanas bem desenvolvidas; maior adoção de tecnologias para facilitar a comunicação e a gestão; foco crescente no bem-estar e no desenvolvimento dos colaboradores; práticas de liderança mais humanizadas e centradas nas pessoas; valorização da cultura organizacional como fator chave para o sucesso das granjas; e maior ênfase na sustentabilidade e na inclusão, refletindo as mudanças de comportamento das novas gerações. “Essas tendências indicam que, além da tecnologia, é fundamental investir na formação de líderes que possam criar ambientes de trabalho engajadores e sustentáveis”, afirma.

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Fonte: O Presente Rural
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Suínos

Pesquisadora da Embrapa elenca estratégias para enfrentar a Influenza suína

A influenza ainda causa grandes preocupações para todo o setor produtivo. Por isso, conhecer a doença e adotar as estratégias corretas para evitá-la é essencial para não ter prejuízos na produção.

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Foto: Imagem criada com IA Bing/Giuliano De Luca/OP Rural

Apesar de ser uma velha conhecida já do produtor, a influenza ainda causa grandes preocupações para todo o setor produtivo. Por isso, conhecer a doença e adotar as estratégias corretas para evitá-la é essencial para não ter prejuízos na produção. A médica-veterinária, doutora em Ciências Veterinárias e pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves, Danielle Gava, aborda o tema durante o SBSS (Simpósio Brasil Sul de Suinocultura), realizado em meados de agosto, em Chapecó (SC). O Presente Rural fez uma entrevista exclusiva. Aproveite!

Médica-veterinária, doutora em Ciências Veterinárias e pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves, Danielle Gava: ” É essencial estabelecer uma comunicação aberta, promover o entendimento mútuo das necessidades e desafios de cada parte, e implementar estratégias colaborativas” – Foto: Arquivo pessoal

O Presente Rural: Quais são as principais estratégias de manejo para enfrentar a Influenza suína?

Danielle Gava: Para enfrentar a Influenza suína existem várias abordagens de manejo que podem ser adotadas:

  • Vacinação: a utilização da vacinação para o controle da influenza tem se mostrado uma das medidas mais eficazes adotadas em rebanhos suínos em diversos países. A vacinação tem por objetivo induzir uma resposta imune robusta e duradoura, o que resulta na redução da excreção viral, das lesões pulmonares, e da doença clínica. É fundamental destacar que, independentemente do tipo de vacina utilizada, é crucial incluir antígenos virais contemporâneos na formulação vacinal, visando ampliar a cobertura antigênica diante da diversidade viral circulante. Esta abordagem é também aplicada para humanos, dado que a transmissão do vírus Influenza A entre humanos e suínos ocorre em ambos os sentidos, embora seja mais comum eventos de transmissão humano-suíno do que o inverso. Deste modo recomenda-se a vacinação anual para influenza de todas as pessoas que entram em contato com suínos, como veterinários, suinocultores, motoristas que transportam os animais, entre outros.
  • Boas práticas: medidas de biosseguridade nas granjas, como adequada ventilação, protocolos rigorosos de limpeza e desinfecção, implementação de períodos de vazio entre lotes, evitar mistura de lotes, monitoramento das fêmeas de reposição, segregação de diferentes espécies animais, dentre outros, são essenciais.
  • Monitoramento e vigilância: é crucial entender a frequência e a evolução dos clados que circulam nas granjas, especialmente porque a maioria dos vírus Influenza A são específicos de regiões ou países. A vigilância regular é fundamental para detectar precocemente a presença do vírus, o que permite a implementação rápida de medidas de controle e prevenção de surtos. Além disso, os dados obtidos por meio do monitoramento dos suínos desempenham um papel fundamental na seleção das cepas vacinais mais adequadas, levando em consideração a diversidade genética e antigênica dos vírus que circulam entre os suínos.

O Presente Rural: Quais são os principais desafios enfrentados no controle da Influenza nas granjas suínas?

Danielle Gava: O controle da Influenza nas granjas suínas apresenta uma série de desafios significativos. Um desses desafios é a mutabilidade viral, que pode levar ao surgimento de novas variantes virais com diferentes capacidades de transmissão e virulência, dificultando a previsão e o controle da disseminação da doença. Além disso, a detecção precoce da doença é complicada devido aos sinais clínicos inespecíficos, que podem se assemelhar aos de outras doenças respiratórias.

Fotos: Shutterstock

Outros desafios incluem a necessidade de vacinas eficazes, que devem ter similaridade antigênica com os vírus circulantes, além de garantir a imunogenicidade adequada, possuir boa carga antigênica e adjuvante. A contenção da transmissão entre granjas também é crucial, assim como a complexidade adicional causada pela presença de outros agentes infecciosos, que podem exacerbar a gravidade da doença.

O Presente Rural: Como a terapia de suporte pode ajudar durante um surto de Influenza?

Danielle Gava: Apesar de existirem medicamentos antivirais para tratar a Influenza em humanos, o tratamento da Influenza A em suínos é paliativo e visa prevenir infecções secundárias. Durante um surto, o uso de anti-inflamatórios na água pode ajudar a reduzir a febre e outros sinais clínicos, além da mortalidade.

Suínos doentes podem ficar desidratados devido à febre e à redução do consumo de água. É crucial garantir acesso fácil à água fresca e limpa para os animais.

Durante um surto de influenza suína, os suínos infectados devem ser monitorados de perto para detectar quaisquer complicações adicionais, como infecções secundárias. Nesses casos o uso de antimicrobianos específicos podem ser recomendados.

O Presente Rural: Quais os sinais clínicos da influenza suína que os produtores devem ficar atentos?

Danielle Gava: Os sinais clínicos observados em suínos infectados incluem febre, letargia, anorexia e tosse. A doença apresenta alta morbidade e baixa mortalidade. A perda de peso e o aumento da conversão alimentar são consequências significativas na produção de suínos. Além disso, a doença pode aumentar o número de casos de aborto em matrizes devido à hipertermia. Casos graves da doença são frequentemente associados à infecção simultânea com outros patógenos respiratórios do complexo de doenças respiratórias em suínos, o que pode levar a pneumonias complicadas e maior taxa de mortalidade.

O Presente Rural: Quais as melhores práticas de biossegurança para prevenir a introdução e disseminação da influenza nas granjas?

Danielle Gava: Dentre as boas práticas de biosseguridade que devem ser adotadas, mantidas ou enfocadas nas granjas, destacam-se:

adequada ventilação, protocolos rigorosos de limpeza e desinfecção, implementação de períodos de vazio entre lotes, evitar mistura de lotes, monitoramento das fêmeas de reposição, segregação de diferentes espécies animais, bem como vacinação de suínos e humanos que mantêm contato com os animais e constante monitoramento e vigilância.

O Presente Rural: Pode compartilhar algum exemplo de sucesso na gestão de um surto de influenza em uma granja suína?

Danielle Gava: Um exemplo de sucesso geral na gestão de um surto de influenza inicia com rápido diagnóstico para confirmar ou descartar o envolvimento de Influenza A na doença clínica. A partir da confirmação, a implementação rápida e eficaz de medidas de manejo e controle, combinadas com uma estratégia abrangente de biossegurança, já citadas anteriormente, são essenciais.

Cabe ressaltar que as medidas de biosseguridade devem ser aplicadas permanentemente, e não apenas em casos de surto. Ainda, a adoção de vacinação massal periódica, focando principalmente nas matrizes, mantém os níveis de anticorpos circulantes no plantel, minimizando o impacto de futuras infecções.

O Presente Rural: Quais as medidas preventivas mais eficazes contra a influenza suína?

Danielle Gava: As medidas preventivas mais eficazes contra a influenza suína em granjas suínas incluem uma combinação de vacinação e biosseguridade, podendo citar:

  • Observar as boas práticas de produção, como boa higiene, ventilação das instalações, limpeza e desinfecção das instalações entre lotes;
  • Implementar o vazio sanitário entre lotes;
  • Monitorar os animais novos que entram no rebanho, especialmente as fêmeas de reposição;
  • Evitar mistura de lotes de leitões de diversas origens;
  • Evitar transportar os suínos durante a fase aguda da infecção;
  • Evitar o contato dos suínos com outras espécies animais, instalar cercas de proteção no perímetro das granjas e telas anti-pássaros;
  • Evitar contato de pessoas gripadas (com febre) com suínos; e
  • Vacinar anualmente contra o vírus influenza todas as pessoas que entram em contato com os suínos (veterinários, suinocultores, motoristas que transportam os animais, etc.).

O Presente Rural: Como a gestão do ambiente nas granjas pode influenciar a propagação da influenza?

Danielle Gava: Embora a influenza possa ser observada em granjas durante o ano todo, alguns estudos têm sugerido que a influenza é uma doença com ocorrência sazonal, aumentando no outono, com pico máximo pico máximo no início do inverno e no final da primavera. Os maiores índices de circulação viral estão relacionados com a baixa temperatura e baixa umidade do ar, e circulação concomitante de diferentes subtipos virais.

A principal via de transmissão é o contato direto com secreções oronasais infectadas com o vírus. Assim, a movimentação de suínos é um fator importante para a introdução do vírus nos rebanhos. Além disso, a detecção do vírus em aerossóis durante a ocorrência de surtos em suínos demonstrou quantidades significativas de vírus no ar.

Desta forma, ao minimizar estes fatores associados a maior ocorrência de infecção por Influenza A em suínos, minimiza-se a propagação viral.

O Presente Rural: Quais as opções de terapia de suporte disponíveis para suínos afetados pela Influenza?

Danielle Gava: Na ocorrência de doença clínica mais severa em rebanhos suínos e na indisponibilidade de vacinas contra a Influenza, o tratamento medicamentoso pode ser instituído com o uso de antitérmicos, expectorantes e antimicrobianos para combater infecções bacterianas secundárias.

O Presente Rural: Como a colaboração entre veterinários e produtores pode ser melhorada para enfrentar surtos de influenza de forma mais eficaz?

Danielle Gava: Para melhorar a colaboração entre veterinários e produtores na gestão de surtos de influenza em suínos, é essencial estabelecer uma comunicação aberta, promover o entendimento mútuo das necessidades e desafios de cada parte, e implementar estratégias colaborativas. Aqui estão algumas maneiras de melhorar essa colaboração:

  • Educação e treinamento conjunto: Realizar sessões educativas regulares onde veterinários e produtores possam discutir sobre a influenza suína, seus sinais clínicos, medidas preventivas e estratégias de manejo.
  • Desenvolvimento de protocolos de biossegurança: Trabalhar em conjunto para desenvolver e implementar protocolos de biossegurança adaptados às especificidades de cada granja suína. Isso pode incluir visitas regulares de veterinários para revisar e ajustar as práticas de biossegurança conforme necessário.
  • Monitoramento e vigilância compartilhados: Estabelecer um sistema de monitoramento epidemiológico onde veterinários e produtores possam compartilhar informações sobre a saúde dos suínos, incluindo a detecção precoce de sinais de influenza suína. Isso facilita uma resposta rápida e coordenada em caso de surto. Ainda, o fato de existir a transmissão viral bidirecional (suíno-humano e humano-suíno), pede reflexão frente à rotina de vacinação em suínos e humanos.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo na suinocultura acesse a versão digital de Suínos clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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