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Algumas lições aprendidas diante dos desafios da pecuária

Os produtores que conseguiram operacionalizar um bom planejamento de compra e venda, tanto da reposição como dos insumos envolvidos na atividade, e associaram a isso eficiência produtiva, sentiram menos as dores de 2022.

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Foto: Divulgação/Agroceres Multimix

O ano de 2022 não foi fácil para o pecuarista! Desde a virada de jogo e recuperação do valor da arroba, ao final de 2021, vivemos um período complicado. Por mais que a arroba tenha fechado com alta de 3,8% na comparação ano a ano, assistimos à sua queda ao longo de 2022, mês a mês, fechando o ano com valor médio de R$ 317,7, ante R$ 306 em 2021.

Na contramão desta queda, o confinador e o invernista vivenciaram a firmeza dos preços das comodities agropecuárias, com momentos de tensão e altas nos preços, o que não suavizou em nada a queda da arroba.

Os produtores que conseguiram operacionalizar um bom planejamento de compra e venda, tanto da reposição como dos insumos envolvidos na atividade, e associaram a isso eficiência produtiva, sentiram menos as dores do ano.

Ciclo de baixa da pecuária

Avaliando o comportamento de preços e relações de troca, percebemos que toda essa movimentação de 2022 se justificou, em partes, pelo início do ciclo de baixa da pecuária. Ele ocorre a cada quatro anos, em média, comandado pela oferta de vacas para abate e/ou bezerros.

Quando o valor do bezerro está em alta, a retenção de fêmeas aumenta, pois o criador é atraído para produzir mais bezerros. O menor descarte de matrizes reduz a oferta de animais para o abate e o valor da arroba do boi sobe.

O aumento da oferta de bezerros no médio prazo, provocado pela retenção de fêmeas, pressiona o seu preço para baixo, o que leva ao aumento do abate de fêmeas, aumentando a oferta de animais para abate e, consequentemente, pressionando para baixo o valor da arroba do boi gordo.

Com o abate de fêmeas, de novo, a oferta de bezerros cai no médio prazo, pressionando o preço do bezerro para cima e, como consequência, aumentando a retenção de fêmeas, dando início a um novo ciclo pecuário.

Tenha certeza de que, ora mais curto, ora mais longo, com algumas particularidades em função do cenário em questão, o ciclo pecuário irá acontecer como ocorre com qualquer produto que tem seu preço influenciado pelo mercado de oferta e demanda.

Recria e engorda

Fora a queda do valor de arroba ao longo do ano, o custo de estoque carregado de 2021 (valor da reposição realizada) para quem faz a recria e engorda dos animais trouxe uma conta alta a ser realizada (Figura 4). O ágio pago pela reposição em 2021 (que desapareceu quando vendemos os animais em 2020 e 2019) se realizou em alta em 2022.

De 2020 para 2021, a reposição foi de R$ 310,7/@, ante os R$ 306,0 pagos pela arroba de boi gordo, o que levou o produtor a não sentir o custo de estoque. Já em 2022, os R$ 317,0/@ do boi gordo ficaram aquém dos R$ 445,5/@ de bezerro realizados em 2021.

Ou seja, o estoque da reposição feita em 2021, ao se realizar em 2022, levou um ágio (ou custo de estoque) de 40,5%, ou R$ 128,5/@, para dentro da porteira. Um bezerro reposto em 2021 com 7@ representou um custo de R$ 899,5/cabeça, o que tornou a conta de 2022 muito difícil.

Cria

Mas não só o recriador amargou em 2022. Para quem faz cria, o ano também trouxe um cenário baixista. Com o mercado do boi gordo desaquecendo, vimos o valor da reposição também cair, com o valor do bezerro fechando o ano com uma baixa de 8,5% na comparação com 2021 (Figura 2).

Algumas lições

Para quem estuda e entende o comportamento do ciclo pecuário e consegue acertar os momentos de viradas de ciclo, o ganho é certo. É como vender uma ação quando ela está em alta e comprá-la novamente depois, em baixa.

Pensando dentro da porteira, seria o mesmo que se capitalizar vendendo o estoque no momento da alta e aportar, enchendo a fazenda com novas arrobas, com o seu valor em baixa. Isso, por si só, traria bons ganhos financeiros.

Mas a tarefa não é fácil e se compara a almejar ganhos buscando lucrar com a volatidade no curto prazo através da compra e venda de ações na bolsa. A pergunta é você quer ganhar dinheiro comprando e vendendo arrobas/animais, ou produzindo?

Para quem produz, em que mirar para suavizar o amargo de 2022?

Se você é invernista, note que a queda na reposição foi muito mais forte do que a do boi. Olhando para a relação, vemos a redução da quantidade de arrobas de boi gordo necessárias para repor um bezerro na fazenda (Figura3), o que traz a possibilidade de sair de um estoque caro de 2021 para um custo de estoque menor em 2022.

Outro ponto é que, travando a relação de troca em 2,5 bezerros comprados com a venda de um boi gordo, o peso de abate poderia ser menor que em anos anteriores, o que permitiria um giro mais curto de confinamento e/ou um ganho “futuro”, caso o animal fosse abatido mais pesado e o estoque a ser reposto, mantido.

Ante a volatilidade de preço comandada pelo ciclo, é importante saber avaliar muito bem o ganho econômico relacionado à produção e o relacionado à atividade como um todo (valorização ou depreciação do estoque de arrobas).

Uma boa forma para suavizar essas oscilações seria, além da avaliação anual da atividade, uma ponderação sobre o médio prazo, olhando para o resultado econômico médio de alguns anos. Para o criador, o cenário em si é o mesmo.

Cortes relacionados a nutrição x prenhez, por exemplo, podem impactar negativamente o custo de produção do bezerro, potencializando o cenário negativo. Olhar para a possibilidade de renovação da genética do plantel, vendendo vacas velhas e trazendo novilhas de reposição, e/ou aumentando o rebanho com a compra de animais, parece ser alguns dos caminhos que a virada de ciclo traz.

Um fato a ser observado ante esses movimentos de preços é que, na média, tanto as oscilações altistas como baixistas são mais voláteis no bezerro do que no boi gordo. Isto significa que, quando estamos em um cenário de valorização de preços, vemos o bezerro positivar acima do boi gordo, porém, quando o cenário inverte, a oscilação negativa no bezerro também é mais forte (Figura 4).

Sob a ótica da produção, manejo de pasto, gestão de suplementação, eficiência de trato, bom manejo de cocho, silagem de grãos úmidos, entre outros, ganhos de eficiência nunca foram tão importantes dentro da porteira. Em momentos de aperto, ter margem para queimar faz toda a diferença.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor pecuário acesse gratuitamente a edição digital de Bovinos, Grãos e Máquinas. Boa leitura!

Fonte: Por Matheus Moretti, gestor técnico de bovinos de corte na Agroceres Multimix

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Boletim do leite de novembro

OCB aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24.

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Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

Preço sobe em setembro, mas deve cair no terceiro trimestre

A pesquisa do Cepea mostra que, em setembro, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,8657/litro, 3,3% acima da do mês anterior e 33,8% maior que a registrada em setembro/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de setembro). O movimento de alta, contudo, parece ter terminado. Pesquisas ainda em andamento do Cepea indicam que, em outubro, a Média Brasil pode recuar cerca de 2%.

Derivados registram pequenas valorizações em outubro

Pesquisa realizada pelo Cepea em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24, chegando a R$ 4,74/l e a R$ 33,26/kg, respectivamente. No caso do leite em pó (400g), a valorização foi de 4,32%, com média de R$ 31,49/kg. Na comparação com o mesmo período de 2023, os aumentos nos valores foram de 18,15% para o UHT, de 21,95% para a muçarela e de 12,31% para o leite em pó na mesma ordem, em termos reais (os dados foram deflacionados pelo IPCA de out/24).

Exportações recuam expressivos 66%, enquanto importações seguem em alta

Em outubro, as importações brasileiras de lácteos cresceram 11,6% em relação ao mês anterior; frente ao mesmo período do ano passado (outubro/23), o aumento foi de 7,43%. As exportações, por sua vez, caíram expressivos 65,91% no comparativo mensal e 46,6% no anual.

Custos com nutrição animal sobem em outubro

O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira subiu 2,03% em outubro na “média Brasil” (BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS), puxado sobretudo pelo aumento dos custos com nutrição animal. Com o resultado, o COE, que vinha registrando estabilidade na parcial do ano, passou a acumular alta de 1,97%.

Fonte: Assessoria Cepea
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Queijo paranaense produzido na região Oeste está entre os nove melhores do mundo

Fabricado em parque tecnológico do Oeste do estado, Passionata foi o único brasileiro no ranking e também ganhou título de melhor queijo latino americano no World Cheese Awards.

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Foto: Biopark

Um queijo fino produzido no Oeste do Paraná ficou entre os nove melhores do mundo (super ouro) e recebeu o título de melhor da América Latina no concurso World Cheese Awards, realizado em Portugal. Ele concorreu com 4.784 tipos de queijos de 47 países. O Passionata é produzido no Biopark, em Toledo. Também produzidos no parque tecnológico, o Láurea ficou com a prata e o Entardecer d´Oeste com o bronze.

Foto: Gilson Abreu

As três especialidades de queijo apresentadas no World Cheese Awards foram desenvolvidas no laboratório de queijos finos e serão fabricadas e comercializadas pela queijaria Flor da Terra. O projeto de queijos finos do Biopark é realizado em parceria com o Biopark Educação, existe há cinco anos e foi criado com a intenção de melhorar o valor agregado do leite para pequenos e médios produtores.

“A transferência da tecnologia é totalmente gratuita e essa premiação mostra como podemos produzir queijos finos com muita qualidade aqui em Toledo”, disse uma das fundadoras do Biopark, Carmen Donaduzzi.

“Os queijos finos que trouxemos para essa competição se destacam pelas cores vibrantes, sabores marcantes e aparências únicas, além das inovações no processo produtivo, que conferem um diferencial sensorial incrível”, destacou o pesquisador do Laboratório de Queijos Finos do Biopark, Kennidy Bortoli. “A competição toda foi muito emocionante, saber que estamos entre os nove melhores queijos do mundo, melhor da América Latina, mostra que estamos no caminho certo”.

O Paraná produz 12 milhões de litros por dia, a maioria vem de pequenos e médios produtores. Atualmente 22 pequenos e médios produtores de leite fazem parte do projeto no Oeste do Estado, produzindo 26 especialidades de queijo fino. Além disso, no decorrer de 2024, 98 pessoas já participaram dos cursos organizados pelo Biopark Educação.

Neste ano, foram introduzidas cinco novas especialidades para os produtores vinculados ao projeto de queijos finos: tipo Bel Paese, Cheddar Inglês, Emmental, Abondance e Jack Joss.

“O projeto é gratuito, e o único custo para o produtor é a adaptação ou construção do espaço de produção, quando necessário”, explicou Kennidy. “Toda a assessoria é oferecida pelo Biopark e pelo Biopark Educação, em parceria com o Sebrae, IDR-PR e Sistema Faep/Senar, que apoiam com capacitação e desenvolvimento. A orientação cobre desde a avaliação da qualidade do leite até embalagem, divulgação e comercialização do produto”.

Foto: Divulfgação/Arquivo OPR

A qualidade do leite é analisada no laboratório do parque e, conforme as características encontradas no leite, são sugeridas de três a quatro tecnologias de fabricação de queijos que foram previamente desenvolvidas no laboratório com leite com características semelhantes. O produtor então escolhe a que mais se identifica para iniciar a produção.

Concursos estaduais

Para valorizar a produção de queijos, vão iniciar em breve as inscrições para a segunda edição do Prêmio Queijos do Paraná, que conta com apoio do Governo do Paraná. As inscrições serão abertas em 1º de dezembro de 2024, e a premiação acontece em 30 de maio de 2025. A expectativa é de que haja mais de 600 produtos inscritos, superando a edição anterior, que teve 450 participantes. O regulamento pode ser acessado aqui. O objetivo é divulgar e valorizar os derivados lácteos produzidos no Estado.

O Governo do Paraná também apoia o Conecta Queijos, evento voltado a produtores da região Oeste. Ele é organizado em parceria pelo o IDR-Paran

Fonte: AEN-PR
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Cotações do trigo se estabilizam no Brasil

Apesar da queda de quase 20% na produtividade do Paraná, o rendimento nacional deve crescer 13,3%, compensando a redução de área e mantendo a oferta em 8,1 milhões de toneladas, 0,1% acima da do ano passado.

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Foto: Divulgação/Pixabay

Levantamentos do Cepea mostram que os preços domésticos do trigo variaram menos na última semana, enquanto os internacionais caíram com força.

Pesquisadores do Cepea explicam que a colheita do cereal caminha para a reta final no Brasil, mas estimativas oficiais apontam estabilidade na oferta nacional.

Segundo dados da Conab, a área com trigo no País correspondeu a 3,07 milhões de hectares, 11,6% menor que em 2023.

Apesar da queda de quase 20% na produtividade do Paraná, o rendimento nacional deve crescer 13,3%, compensando a redução de área e mantendo a oferta em 8,1 milhões de toneladas, 0,1% acima da do ano passado.

Fonte: Assessoria Cepea
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