Suínos
Ajustes na ração podem representar economia de R$ 3,78 por suíno, garante palestrante
Saiba quais são os fatores de rentabilidade que impactam o desempenho dos suínos na terminação.

A eficiência produtiva e a qualidade da carne dependem de avanços estratégicos na alimentação dos suínos em terminação. Esta etapa, essencial para o ganho de peso e acabamento dos animais, exige estratégias nutricionais que vão além do simples fornecimento de ração. Inovações como a inclusão de aditivos funcionais, a formulação de dietas de precisão e o uso de tecnologias de monitoramento estão redefinindo os padrões de desempenho e sustentabilidade na suinocultura. Além de melhorar os resultados econômicos, essas novas abordagens impactam positivamente a percepção do consumidor sobre a qualidade do produto final.
Durante sua participação na PorkExpo Brasil & Latam 2024, realizada nos dias 23 e 24 de outubro, em Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná, o médico-veterinário Kobe Lannoo abordou como as inovações na alimentação podem impactar diretamente os principais fatores de rentabilidade na produção suinícola: custo, preço de venda e desempenho.

Na suinocultura, o custo de produção por quilo de peso morto é o principal fator de rentabilidade. Com custos fixos representando de 13% a 22% do total, a maior parcela vem dos custos variáveis, especialmente da alimentação, que depende de matérias-primas e da formulação da ração, que exercem influência direta no custo e no desempenho dos animais, especialmente na fase de terminação.
No caso de uma fórmula em que os grãos representam 48% do custo total da ração, seguidos por sementes de oleaginosas (26%), energia (8%), premix vitamínico (8%), aminoácidos (6%) e aditivos (4%), ajustes na formulação podem reduzir custos sem comprometer o desempenho. “Uma ração com custo inicial de R$ 2.250/kg foi ajustada para R$ 2.230/kg. Com uma conversão alimentar de 2,7, foram necessários 189 kg de ração para o ganho de peso entre 30 e 100 kg. A redução no custo da ração gera uma economia direta de R$ 3,78 por animal. Contudo, um aumento de apenas 0,02 na conversão alimentar pode anular a economia gerada pela redução no custo da ração”, salienta Lannoo.
O preço de venda dos suínos é o segundo fator de maior rentabilidade na suinocultura. Embora os preços do mercado sejam difíceis de controlar, o médico-veterinário diz que fatores como uniformidade, percentual de carne magra, qualidade da carne e perdas por gotejamento influenciam diretamente no valor final. “Na fase de terminação, o ganho de peso magro atinge o pico por volta dos 80 kg, enquanto o ganho de tecido adiposo aumenta, deteriorando a conversão alimentar. Com a ractopamina sob questionamentos do consumidor e a proibição do uso de hormônios de crescimento, alternativas naturais vêm ganhando espaço. Essas soluções buscam melhorar a saúde e o desempenho dos animais sem gerar polêmicas”, aponta.
O terceiro fator está relacionado com o ganho médio diário, indicador que reflete no volume produzido e na receita total, mas também aumenta os custos variáveis, já que cada quilo adicional de peso vivo pode representar até 2,8 kg extras de ração. “Em cenários de ração cara ou preços baixos para o suíno, priorizar a eficiência alimentar – com menor consumo de ração por quilo de peso produzido – pode ser mais rentável do que buscar apenas maiores ganhos diários”, analisa Lannoo, frisando que a mortalidade é outro fator crítico. “Um índice de 1% aos 100 kg tem impacto financeiro maior do que a mesma taxa aos 30 kg, pois o custo do animal perdido é dividido entre os que permanecem vivos”.
Impacto de 1% na conversão alimentar

Em relação a evolução da conversão alimentar durante a fase de terminação, Lannoo explicou que uma redução de 1% na conversão alimentar nos primeiros 30 kg de crescimento equivale a uma economia de aproximadamente 500 gramas de ração. Já nos últimos 30 kg de crescimento, essa mesma redução representa cerca de 1,2 kg de ração a menos. “Esses ajustes não apenas reduzem os custos de produção, mas também diminuem o impacto ambiental ao melhorar o uso de recursos”, expôs.
Impacto do estresse no desempenho dos suínos
Além de questões relacionadas à formulação de rações, Lannoo abordou o impacto do estresse no desempenho dos suínos, destacando que um intestino estressado compromete a digestão, altera a deposição de proteínas e favorece o acúmulo de gordura, prejudicando o desempenho e a qualidade da carcaça.
Os desafios enfrentados na engorda de suínos são variados e podem ser divididos em três categorias principais: doenças, desempenho e fatores estressantes. Entre as enfermidades, o especialista citou como principais problemas a Lawsonia intracelularis, claudicação, Síndrome Respiratória e Reprodutiva dos Suínos (PRRS), disenteria, mortalidade, pneumonia e micotoxinas. No desempenho, expôs que os principais desafios são consumo e custo de ração, qualidade da carcaça, ganho médio diário e eficiência alimentar. Já os fatores estressores incluem qualidade da água, estresse térmico, mordedura de cauda, alta concentração de amônia, espaço limitado, brigas entre animais, produção metabólica de calor, carne PSE (pálida, textura flácida e exsudativa) e puberdade.

Médico-veterinário Kobe Lannoo: “Um índice de 1% de mortalidade aos 100 kg tem impacto financeiro maior do que a mesma taxa aos 30 kg, pois o custo do animal perdido é dividido entre os que permanecem vivos” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural
Na fase de terminação, o aumento da ingestão de ração gera disputas ao redor do comedouro, e, somado à limitação de espaço e à redução da qualidade do ar, intensifica o estresse. “Esses fatores aumentam a conversão alimentar, dificultando a neutralização dos efeitos negativos no desempenho”, afirma Lannoo, acrescentando: “Lidar com o estresse exige estratégias baseadas no enfrentamento ativo ou passivo, que são influenciadas por genética, fatores ambientais, preferências individuais e classificação social”.
A saúde intestinal também desempenha um papel de suma importância para a eficiência produtiva dos animais, já que o eixo intestino-cérebro conecta a microbiota intestinal ao comportamento dos animais. “O intestino desempenha um papel fundamental no ganho de peso, na regulação dos movimentos intestinais, no fornecimento eficiente de nutrientes e no equilíbrio da microbiota. Já o cérebro exerce influência direta na produção de neurotransmissores, no controle do estresse e da ansiedade, além de impactar o comportamento dos animais”, salientou, enfatizando que os fatores de estresse são inevitáveis na criação de suínos, mas o foco deve estar em aprimoramento de estratégias para gerenciá-los de forma eficaz, garantindo melhor desempenho e sustentabilidade na produção.
Para ficar atualizado e por dentro de tudo, acesse a versão digital de Nutrição e Saúde Animal clicando aqui. Boa leitura!

Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.
Colunistas
Comunicação e Marketing como mola propulsora do consumo de carne suína no Brasil
Se até pouco tempo o consumo era freado por percepções equivocadas, hoje a comunicação correta, direcionada e baseada em evidências abre caminho para quebrar paradigmas.

Artigo escrito por Felipe Ceolin, médico-veterinário, mestre em Ciências Veterinárias, com especialização em Qualidade de Alimentos, em Gestão Comercial e em Marketing, e atual diretor comercial da Agência Comunica Agro.
O mercado da carne suína vive no Brasil um momento transição. A proteína, antes limitada por barreiras culturais e mitos relacionados à saúde, vem conquistando espaço na mesa do consumidor.
Se até pouco tempo o consumo era freado por percepções equivocadas, hoje a comunicação correta, direcionada e baseada em evidências abre caminho para quebrar paradigmas. Estudos recentes revelam que o brasileiro passou a reconhecer características como sabor, valor nutricional e versatilidade da carne suína, demonstrando uma mudança clara no comportamento de compra e consumo. É nesse cenário que o marketing se transforma em importante aliado da cadeia produtiva.

Foto: Shutterstock
Reposicionar para crescer
Para aumentar a participação na mesa das famílias é preciso comunicar aquilo que o consumidor precisava ouvir:
— que é uma carne segura,
— rica em nutrientes,
— competitiva em preço,
— e extremamente versátil na culinária.
Campanhas educativas, conteúdos informativos e a presença mais forte nas mídias sociais têm ajudado a construir essa nova imagem. Quando o consumidor entende o produto, ele compra com mais confiança – e essa confiança só existe quando existe uma comunicação clara e alinhada as suas expectativas.
O marketing não apenas divulga, ele conecta. Ao simplificar informações técnicas, aproximar o produtor do consumidor e mostrar maneiras práticas de preparo, a comunicação se torna um instrumento de transformação cultural.
Apresentar novos cortes, propor receitas, explicar processos de qualidade, destacar certificações e reforçar a rastreabilidade são estratégias que aumentam a percepção de valor e, consequentemente, estimulam o consumo.
Digital: o novo campo do agro
As redes sociais se tornaram o “supermercado digital” do consumidor moderno. Ali ele busca receitas, tira dúvidas, avalia produtos e

Foto: Divulgação/Pexels
compartilha experiências.
Indústrias, cooperativas e associações que investem em presença digital tornam-se mais competitivas e ampliam sua capacidade de influenciar preferências.
Vídeos curtos, reels com receitas simples, influenciadores culinários e campanhas segmentadas têm desempenhado papel fundamental na aproximação com o consumidor urbano, historicamente mais distante da realidade da cadeia produtiva e do campo.
Promoções e estratégias de varejo
Além do ambiente digital, o ponto de venda continua sendo o território decisivo da conversão. Embalagens mais atrativas, materiais explicativos, promoções e ações conjuntas com o varejo aumentam a visibilidade e reduzem a insegurança de quem tomando decisão na frente da gondola.
Marketing como elo da cadeia produtiva
A cadeia de carne suína brasileira é altamente tecnificada, sustentável e reconhecida, mas essa excelência precisa ser comunicada. O marketing tem o papel de unir elos – do campo ao consumidor – e transformar conhecimento técnico em mensagens simples e que engajam.
Suínos Imunização inteligente
Gel comestível surge como alternativa para reduzir estresse e melhorar vacinação de suínos
Tecnologia permite imunização coletiva com menos manejo, mantém eficácia contra Salmonella e ganha espaço como estratégia para elevar bem-estar animal e eficiência produtiva.


Fotos: Divulgação/American Nutrtients
Artigo escrito por Luiza Marchiori Severo, analista de P&D na American Nutrients do Brasil e acadêmica do curso de Farmácia; e por Daiane Carvalho, médica-veterinária e coordenadora de Pesquisa e Desenvolvimento e Responsável Técnica da American Nutrients do Brasil.
A suinocultura enfrenta desafios complexos na busca por eficiência produtiva, controle sanitário, escassez de mão de obra e bem-estar animal. Doenças infecciosas, como a salmonelose, ainda figuram entre as principais preocupações sanitárias em granjas comerciais, exigindo estratégias de imunização compatíveis com práticas alinhadas a maior eficiência na aplicação e menos estresse aos animais. Nesse contexto, o debate sobre métodos alternativos de vacinação ganha cada vez mais força.
Vacinas orais compostas por microrganismos vivos podem ser administradas aos suínos tanto individualmente, utilizando o método de drench, quanto coletivamente por meio da água de bebida. A aplicação coletiva via bebedouros apresenta a vantagem de reduzir significativamente o estresse dos animais e dos operadores, pois é um procedimento rápido e que demanda pouca mão de obra. Por outro lado, a administração oral individual, como o drench frequentemente empregado em leitões na maternidade, exige contenção um a um para garantir a ingestão adequada, tornando o processo mais trabalhoso e potencialmente mais estressante para os suínos.
Neste contexto, a aplicação oral de vacinas exige soluções tecnológicas que assegurem maior praticidade, estabilidade do imunógeno, homogeneidade da distribuição e, principalmente, aceitação espontânea pelos animais. É neste ponto que o conhecimento dos aspectos relacionados à fisiologia sensorial dos suínos é fundamental no desenvolvimento de produtos que possam atuar como veículos de alta atratividade para vacinas via oral, garantindo maior eficiência nos processos vacinais, bem-estar animal e praticidade.
Gel Comestível
O gel comestível é uma matriz semissólida, palatável e nutritiva, que contém componentes seguros e atrativos ao consumo dos suínos. Esse veículo possibilita a administração coletiva da vacina diretamente em comedouros auxiliares – sem a necessidade de manejo individualizado. Ao ser disponibilizado em áreas acessíveis das baias, o gel é consumido de forma espontânea pelos leitões, respeitando seu comportamento natural e reduzindo drasticamente o estresse associado ao processo de vacinação.
Em estudo conduzido em 2024 avaliou-se a eficácia da vacinação oral contra Salmonella Typhimurium por meio da aplicação através do gel, comparando-se os resultados com a administração tradicional por drench oral. Os leitões vacinados com o gel apresentaram desempenho zootécnico semelhante ao grupo que recebeu a vacina por drench. Além disso, os animais vacinados com o gel apresentaram menor incidência de lesões intestinais após o desafio com cepa virulenta do agente patogênico. Estes resultados comprovam a eficiência do processo de vacinação com a utilização do gel palatável. Da mesma forma, outros pesquisadores, ao avaliar a eficiência de acesso a um gel comercial comestível, evidenciaram que de 10 leitegadas avaliadas, 92% dos animais acessaram o gel, sendo 89% em até 6 horas. Como conclusão os autores afirmaram que o alto percentual de leitões consumidores observados neste estudo demostrou ser uma via de aplicação promissora na vacinação na suinocultura.
Além de favorecer o bem-estar animal, o gel comestível oferece benefícios operacionais significativos: economia de tempo, redução de mão de obra e maior biosseguridade, visto que que se reduz consideravelmente a necessidade de uma equipe externa de vacinadores.
Qualidade, Eficiência e Sustentabilidade
Para que a vacinação via gel comestível seja efetiva, é essencial garantir a homogeneidade da distribuição da vacina no veículo, assegurando que todos os animais recebam uma dose adequada. Ensaios realizados em laboratórios e granjas já demonstram que essa tecnologia é capaz de manter a viabilidade do imunógeno por períodos compatíveis com a recomendação de consumo de vacinas via oral após diluídas, mantendo sua eficácia mesmo em condições ambientais variáveis.
Além disso, o uso de veículos comestíveis está alinhado às boas práticas de fabricação e aos princípios de biosseguridade preconizados por legislações nacionais e internacionais. Com isso, a alternativa se mostra viável tanto técnica quanto economicamente, oferecendo à suinocultura uma ferramenta inovadora para o controle sanitário.
Considerações Finais
A adoção de métodos alternativos à vacinação tradicional representa um avanço estratégico para a suinocultura brasileira, ao aliar eficiência imunológica a práticas mais humanizadas e sustentáveis. Soluções como a vacinação oral, os dispositivos sem agulha e o uso de veículos comestíveis – como o gel – permitem reduzir significativamente o estresse animal, simplificar rotinas de manejo e minimizar riscos operacionais. Investir nessas tecnologias é essencial para fortalecer um modelo de produção alinhado aos princípios do bem-estar animal, da biosseguridade e da competitividade no mercado global.
As referências bibliográficas estão com as autoras. Contato: cq@americannutrients.com.br
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.



