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Ajustes metodológicos na pesquisa do preço do leite cru do Cepea garantem evolução conjunta com cadeia leiteira
Nas principais bacias leiteiras do Brasil acompanhadas pelo Cepea, o fornecimento do leite cru ao laticínio é diário, mas o pagamento ao produtor é realizado mensalmente e sempre no mês subsequente ao da captação.
A Equipe do Cepea monitora a cadeia do leite desde 1986 e calcula indicadores de preços líquidos ao produtor desde 2004. Ao longo destas décadas, o mercado passou por várias transformações, que se refletiram em desafios para o Cepea. Mas o Centro de Pesquisas acompanhou tais evoluções, por meio de ajustes metodológicos, buscando sempre garantir a transparência da informação divulgada.
Nas principais bacias leiteiras do Brasil acompanhadas pelo Cepea, o fornecimento do leite cru ao laticínio é diário, mas o pagamento ao produtor é realizado mensalmente e sempre no mês subsequente ao da captação. Por isso, no início de cada mês, o Cepea consulta cooperativas, indústrias e produtores para saber qual foi o valor pago pelo leite cru captado no mês anterior.
De 2004 a 2018, os preços médios calculados pelo Cepea se pautaram pela coleta – via telefone – de informações agregadas dos volumes e dos valores negociados. Assim, os preços mesorregionais eram ponderados por seus respectivos volumes (este, portanto, coletado com o colaborador) para gerar médias mesorregionais, ao passo que as médias estaduais e a “Média Brasil” eram ponderadas pelos volumes indicados na Pesquisa Pecuária Municipal (PPM) e na Pesquisa Trimestral do Leite (PTL), respectivamente, ambas do IBGE. Ainda, até 2018, o Cepea divulgava os preços brutos e líquidos médios, mínimos e máximos – sempre adotando o mês de pagamento como referência para nomear a informação divulgada. Nesse sentido, um preço chamado de “agosto” se referia ao valor recebido em agosto pelo leite que foi captado em julho.
Procurando sempre o aprimoramento de suas informações, a partir de 2019 o Cepea passou a visar a obtenção de dados mais desagregados, ou seja, relacionados à negociação individual. Então, com o apoio financeiro e a parceria dos associados da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e da Viva Lácteos (Associação Brasileira de Laticínios), a partir de 2019, o Cepea adotou uma nova metodologia de cálculo do preço do leite ao produtor, na qual a forma de coleta de dados passou a ser realizada de modo desagregado, considerando o volume e preço de cada negociação entre produtores e laticínios. Essa coleta desagregada permite ao Cepea calcular as médias de preços de forma padronizada entre os colaboradores e agregar os dados em estratos de produção. Além disso, os cálculos das médias estaduais e da “Média Brasil” deixaram de basear-se na ponderação por meio de dados do IBGE e passaram a ser feitos com base no volume coletado diretamente pelo Cepea.
Também em 2019 as definições de preços mínimos e máximos foram padronizadas: os valores médios do menor estrato de produção passaram a considerar apenas os dados de produtores com captação diária menor que 200 litros de leite por dia; e, os do maior estrato de produção, aqueles com captação diária maior que 2.000 litros de leite por dia. Além disso, encerrou-se a série histórica de preços brutos e a divulgação passou a ser apenas do preço líquido, que não inclui frete e nem impostos (veja mais informações sobre essa alteração aqui).
Em setembro de 2022, uma nova atualização foi realizada na metodologia, quando foi inserida uma nova etapa no tratamento da amostra. Visando a controlar efeitos de concentração de mercado, ficou definido que, na formação da média de cada estrato, nenhuma empresa poderia ter um peso maior do que um terço do volume total da respectiva mesorregião. Isso é operacionalizado mediante reponderação do volume redistribuindo o eventual excedente acima de um terço de forma proporcional entre os demais agentes (com base e seus volumes). A reponderação do volume é, portanto, uma regra condicionada à presença da concentração da amostra: alguma empresa com mais de um terço do volume coletado, quando então seu volume é ajustado para um terço – não sendo aplicada em situações em que não há necessidade. É um tratamento de amostragem que eleva a segurança das empresas em compartilhar dados, tendo em vista que a concentração da amostra culmina em exposição da estratégia de precificação das empresas que possuírem maior volume na pesquisa. Com isso, aumenta-se a probabilidade de manter a divulgação das médias pelo Cepea.
A partir de setembro de 2022, visando a estreitar sua interação com seus colaboradores, o Cepea passou a publicar apenas as médias estaduais e a “Média Brasil”. Preços médios de estratos de produção específicos e os preços mesorregionais passaram a ser exclusivos para a rede de colaboradores do Cepea. A metodologia utilizada pela pesquisa do Cepea de 2019 a 2022 pode ser acessada aqui.
Finalmente, havia uma antiga reivindicação do setor leiteiro por maior clareza quanto ao período de referência da pesquisa do Cepea. A identificação dos preços do leite ao produtor pelo período de pagamento fazia com que sempre se divulgasse um dado com o mesmo nome do mês em questão. Entretanto esse pagamento se referia à captação realizada no mês anterior. Essa forma de nomear o preço não deixava claro que a pesquisa do Cepea se baseia em informações de negócios já efetuados – abrindo espaço para interpretações de que o Centro de Pesquisa estaria estimando um preço de referência para ser pago por entregas no mês subsequente.
Por esse motivo, o Cepea, a partir de janeiro de 2023, faz um novo ajuste, mas apenas na nomenclatura do preço do leite cru. No lugar de nomear a informação de acordo com o mês em que houve pagamento (como vem sendo feito desde 2004), o Cepea passará a adotar o mês de captação do leite cru como referência para nomear os dados divulgados. É importante ressaltar que essa mudança se refere apenas à nomenclatura do dado, não ao processo de coleta de informações e cálculo das médias. A metodologia utilizada pela pesquisa do Cepea a partir de 2023 pode ser acessada aqui.
Como exemplo: na Média Brasil líquida, a informação nomeada “dezembro/22”, que foi de R$ 2,5286/litro, se referia ao preço recebido pelos produtores em dezembro/22 pelo leite que foi captado em novembro/22. Com o ajuste a ser realizado em 2023, a referência para nomear o dado passa a ser o mês da captação (independentemente do mês em que o produtor recebe o pagamento), de modo que essa mesma informação (de R$ 2,5286/litro) será identificada como “novembro/22”.
Adotar o mês de captação como referência para nomear o preço do leite é importante para facilitar a compreensão do panorama do mercado, diminuir a assimetria de informação e contribuir para o processo de tomada de decisão dos agentes do setor. Com essa mudança, será possível sincronizar as nomenclaturas de preços e custos, tornando mais simples aos pecuaristas e laticínios avaliar a rentabilidade da atividade.
Dessa forma, o Cepea busca cumprir sua missão, que é contribuir com o agronegócio para o bem-estar da sociedade brasileira por meio da produção de conhecimento de base científica e da divulgação de informações relevantes que auxiliem agentes em tomada de decisão. Revisar a metodologia e adequá-la à pesquisa à evolução do mercado é tarefa permanente para que o Cepea possa continuar acompanhando o mercado e atuando como um importante difusor de informação na cadeia do leite. Ainda assim, é preciso destacar que é a confiança e a participação dos agentes da cadeia, por meio do apoio financeiro das organizações setoriais e pela adesão voluntária das empresas à rede de colaboradores do Cepea, que tornam possível ao Centro de Pesquisa registrar a memória do setor e divulgar as séries históricas de preços.
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Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo
Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024
No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.
Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.
“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.
Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.
“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.
Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.
As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.
Mudanças estabelecidas
Prazos
Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.
O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.
Desburocratização da declaração
A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.
A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.
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Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado
Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.
Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.
A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.
Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.
A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.
Ameaças sanitárias e os impactos para a economia
No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.
A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.
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Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul
Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.
O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.
A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.
Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.
Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.
“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.
O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.
Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.
Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.
Veja aqui o vídeo do presidente.