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Airton Spies traz olhar profundo sobre presente e futuro da cadeia de leite no Brasil
À medida que o setor cresce, várias tendências moldam a forma como o leite é produzido, processado, distribuído e consumido no país.
Com uma vasta geografia e recursos naturais abundantes, o Brasil possui condições favoráveis para se destacar cada vez mais na produção de leite. Historicamente, a região Sul do país tem desempenhado um papel de destaque nesse setor, com suas terras férteis e clima propício para a pecuária leiteira, no entanto, o futuro do leite brasileiro transborda as fronteiras dos estados sulistas, com diferentes regiões do país explorando seu potencial e contribuindo para o crescimento e a diversificação da indústria leiteira, com destaque para o insuperável estado de Minas Gerais.
À medida que a cadeia cresce, várias tendências moldam a forma como o leite é produzido, processado, distribuído e consumido no país. O aumento da conscientização dos consumidores sobre a origem e a qualidade dos alimentos também tem impulsionado a demanda por produtos lácteos mais saudáveis, sustentáveis e inovadores, uma vez que os consumidores estão cada vez mais interessados em saber sobre as práticas de produção, bem-estar animal, rastreabilidade e impacto ambiental da indústria do leite.
Além disso, a tecnologia desempenha um papel crucial na transformação do setor leiteiro. Desde a aplicação de sistemas de monitoramento e gestão em tempo real nas fazendas até a automação de processos industriais, a tecnologia está otimizando a eficiência da produção, melhorando a qualidade e segurança dos produtos e permitindo a adoção de práticas mais sustentáveis.
No entanto, à medida que o setor vislumbra um futuro promissor no Brasil, também enfrenta desafios significativos. Questões como mudanças climáticas, escassez de recursos naturais, volatilidade dos preços, concorrência global e a necessidade de garantir a rentabilidade dos produtores. Neste contexto, o engenheiro agrônomo, coordenador geral da Aliança Láctea Sul-Brasileira e consultor da Spiesagro, Airton Spies, afirma que explorar o futuro do leite no Brasil envolve analisar as oportunidades emergentes, as tendências tecnológicas, as demandas dos consumidores e as estratégias adotadas pelos diversos atores do setor.
Região Sul
O profissional enfatiza que a produção de leite na região Sul do Brasil está se expandindo além da média nacional, impulsionada pelo uso crescente de tecnologias avançadas que aprimoram a produtividade e a qualidade do leite. “Estamos testemunhando uma transformação no setor, uma revolução silenciosa, que está rompendo com o modelo tradicional de produção de leite para consumo familiar e venda de excedentes, migrando para um modelo no qual os produtores se especializam e o leite se torna sua principal ou única atividade econômica. Isso resulta em uma maior escala de produção e uma diminuição no número de produtores”, analisa.
Conforme Spies, os produtores de médio e grande porte estão aumentando sua escala de produção e profissionalizando suas operações, seguindo o exemplo de outras cadeias de produção animal. “Estima-se que nos últimos oito anos mais de 50% dos produtores de leite deixaram a atividade nos três estados da região Sul”, estima o coordenador geral da Aliança Láctea Sul-Brasileira.
No setor de laticínios também ocorre uma mudança significativa, com a concentração da produção em um número menor de empresas. Gradualmente, o setor está se organizando para aumentar a eficiência da logística de coleta e investir no desenvolvimento da capacidade de seus fornecedores de leite. “Tudo isso contribui para tornar o setor mais competitivo em relação a outras regiões do país”, comenta o engenheiro agrônomo.
Por sua vez, Spies enaltece que as principais oportunidades do setor residem na expansão do mercado externo para produtos lácteos brasileiros. Embora a região Sul já seja responsável por 40% do leite industrializado do país, sua população consumidora representa apenas 15% do total do Brasil. “Para aumentar ainda mais a produção é crucial conquistar novos mercados, inclusive em regiões distantes. No entanto existem grandes desafios, entre os quais a necessidade de reduzir o custo de produção, resolvendo os gargalos que o setor enfrenta e que resultam em custos médios finais 20% mais elevados dos produtos em relação aos custos dos lácteos nos principais países exportadores”, expõe Spies.
Para lidar com esses desafios, os governadores e líderes da região sulista estabeleceram a Aliança Láctea Sul-Brasileira em 2014. Essa aliança é um fórum permanente que reúne o setor público e privado com o objetivo de resolver problemas comuns e aproveitar as oportunidades, por meio de uma estratégia conjunta delineada no Plano de Eficiência e Competitividade para o setor de leite.
Tendências
A perspectiva para a produção de leite na região Sul é a continuação do processo de transformação estrutural e tecnológica que já está em andamento. Isso vai levar à modernização do setor e à sua maior competitividade, inclusive no mercado global. “Os efeitos dessa transformação incluem a eliminação de ineficiências na cadeia de produção e a fabricação de produtos lácteos que possuem os três atributos essenciais para competir no mercado internacional: alta qualidade, baixo custo e eficiência logística/industrial”, menciona Spies.
Produção nacional x produção sulista
Em relação a produção total de leite produzido no Brasil, Spies diz que tem se mantido estagnada nos últimos nove anos, tanto em termos de volume total produzido, que se mantém em 34 bilhões de litros por ano, como na produção de leite industrializado, que estagnou em 25 bilhões de litros/ano. “Na verdade, houve até mesmo uma redução de 5,1% em 2022 quando comparado com o ano anterior. No entanto, na região Sul, a produção de leite continua a crescer impulsionada pela revolução tecnológica e organizacional que o setor tem implementado.
Essa tendência é particularmente evidente na região formada pelo Noroeste gaúcho, Oeste catarinense e Sudoeste paranaense, que representa a área com a maior concentração desse novo cluster de produção de leite no Brasil. Além disso, a mesorregião do Centro Oriental do Paraná se destaca pela produção de leite com o uso de tecnologia de ponta e um cooperativismo sólido, tornando-se a nova referência para a produção competitiva de leite no país”, destaca.
Inovações
O engenheiro agrônomo ressalta que novas tecnologias são apresentadas e incorporadas a todo momento na cadeia produtiva do leite. No nível de produção a campo, existem avanços que aprimoram a produtividade, a qualidade e humanizam o trabalho dos produtores. A melhoria genética do rebanho, o desenvolvimento de novas variedades de plantas forrageiras, o uso de máquinas mais adequadas para a produção de alimentos, o manejo do gado, a ordenha e o resfriamento do leite, bem como tecnologias que melhoram a sanidade e o bem-estar animal, são apenas alguns exemplos. “Inovações para aprimorar a gestão do negócio e monitorar animais, máquinas e pastagens por meio de inteligência artificial, agricultura de precisão e ordenha automatizada estão se tornando realidade no campo. Esses avanços contribuem para melhorar a eficiência e os resultados, seja na produção baseada em pastagens ou em sistemas de confinamento, como compost barn ou free stall”, avalia o consultor.
No setor industrial, Spies evidencia melhorias no transporte do leite, com caminhões adequados que controlam e mantêm a qualidade do leite ao longo de todo o percurso e que estão impactando a cadeia produtiva. “Essas mudanças estão acontecendo com tanta velocidade, que no curto e médio prazo, não haverá mais espaço para quem não adotar os novos padrões tecnológicos. A régua vai subir para todos”, enaltece.
Iniciativas e políticas públicas
Existem várias iniciativas e políticas públicas que podem ser implementadas para apoiar o crescimento e a sustentabilidade da produção de leite na região Sul. Spies enfatiza que uma das principais missões dos governos é garantir um ambiente macroeconômico estável, promovendo um crescimento seguro e livre da economia. “Isso impulsiona investimentos, gera mais empregos, melhora a renda da população e, consequentemente, aumenta o consumo de produtos lácteos, que está estagnado no Brasil em 165 litros por habitante/ano há quase uma década, devido à alta elasticidade-renda desses produtos”, pondera Spies.
Para a melhoria da eficiência e da competitividade da produção, o profissional cita as principais políticas públicas que precisam ser implantadas para apoiar o crescimento e a sustentabilidade do setor, entre as quais estão melhoria nas estradas rurais, investimentos em redes de energia trifásica, infraestrutura de conectividade para acesso à internet no campo, defesa agropecuária robusta para proteger os rebanhos e sanear doenças como a brucelose e tuberculose, incentivo à pesquisa e assistência técnica, linhas de crédito customizadas para a produção de leite e especialmente, um programa de incentivo à exportação de lácteos para as indústrias. “É preciso criar um ambiente favorável a investimentos, com crédito e incentivos fiscais, para criar as condições iniciais de competitividade exportadora. O Brasil já tem habilitação para exportar lácteos para dezenas de países, porém o problema é que nossos custos de produção ainda estão acima da média dos principais exportadores”, avalia, salientando: “Superar os gargalos que geram esses custos a mais deve ser a prioridade das políticas públicas e do setor privado. Nesse contexto se inclui a reforma tributária, para proporcionar um tratamento justo e eliminar as assimetrias na tributação que o setor enfrenta. Somente através de esforços conjuntos será possível impulsionar a competitividade e a sustentabilidade da produção de leite no país”.
Desafios e oportunidades para os produtores
Atualmente, os produtores de leite no Sul do Brasil enfrentam diversos desafios que afetam sua competitividade e impactam o setor como um todo. O principal desafio reside no alto custo de produção dos lácteos, o que resulta em uma falta de competitividade no mercado externo. Diversos fatores contribuem para esse alto custo, incluindo a baixa produtividade média por vaca e por hectare de terra, a baixa produtividade da mão de obra e a desorganização da logística. “Trabalhamos muito e empregamos uma estrutura fixa muito cara para produzir pouco leite. A produção de leite no Brasil é muito dispersa e heterogênea. A média nacional é de 2.250 litros de leite/vaca/ano, mas na região Sul as vacas já produzem 3.800 litros/ano em média”, compara.
Na prática, o Brasil tem vários “Brasis” quando o assunto é leite, tanto na produção, como no mercado. Enquanto a região Nordeste, com seus nove estados, produz menos da metade do volume total que sua população de 67 milhões de habitantes consome, a região Sul tem uma produção que atende 2,5 vezes o volume que seus 30 milhões de habitantes absorvem. “Por essa razão, as políticas de desenvolvimento do setor devem ser diferenciadas. No Nordeste e demais regiões do Brasil, a produção pode aumentar para abastecer o mercado local e regional, enquanto no Sul temos que preparar a produção para conquistar o mercado internacional”, ressalta, complementando: “Devemos lembrar que o mercado de lácteos no Brasil ainda goza da proteção de uma Tarifa Externa Comum de 28%, que o país impõe aos produtos importados de países que não fazem parte do Mercosul. É importante eliminar as ineficiências que o setor ainda tem e se preparar para poder competir de igual para igual com o mercado”.
O consultor reitera que as oportunidades estão na exportação e no aumento do consumo interno por meio de melhoria da renda per capita da população, resultado do crescimento da economia. Porém o mercado interno está saturado para o poder de compra atual dos consumidores.
A produção nacional atende 97% do consumo interno e o país exporta menos de 0,2% da produção nacional. “A situação de estagnação atual implica em que para um produtor aumentar sua produção outro tem que reduzir ou sair da atividade. Portanto, para ‘furar o teto’ limitado pelo mercado interno, a região Sul precisa organizar e formatar sua produção para rumar para os portos, embarcar nos navios na forma de leite em pó, queijos e manteiga e conquistar os principais mercados importadores do mundo. Existem também oportunidades para exportar produtos diferenciados de maior valor agregado que devemos aproveitar, mas o volume é limitado”, pontua Spies.
A renda per capita em países populosos como a China e diversas outras nações da Ásia, Oriente Médio, África, América Latina e América Central está melhorando e o consumo de proteínas animais tende a crescer.
A boa notícia para o Brasil é que os principais exportadores de lácteos – Nova Zelândia, União Europeia, Estados Unidos, Austrália, Argentina e Uruguai – têm pouco espaço para aumentar sua produção, muito por conta de pressões ambientais e metas assumidas no Acordo do Clima pela redução de emissões de gases que causam efeito estufa. “Nesse cenário, o Brasil terá espaço para participar ativamente no abastecimento desses mercados, pois temos aqui, mais terra, água, sol e fotossíntese para produção de plantas forrageiras e grãos que as vacas convertem em produtos lácteos. Precisamos converter essa nossa vantagem comparativa em uma vantagem competitiva, aliás, como já fizemos em diversas cadeias do agronegócio brasileiro, inclusive, com o boi de corte”, frisa o profissional.
Sustentabilidade ambiental e Bem-estar animal
A sustentabilidade ambiental e a preocupação com o bem-estar animal estão tendo um impacto muito grande sobre a cadeia produtiva. Spies ressalta que essas influências resultam do aumento da consciência ambiental da população em geral e são drivers positivos para o setor melhorar seu desempenho e sua imagem. “O consumo consciente e responsável está se espalhando como uma prática normal entre os consumidores, principalmente em mercados mais exigentes. A produção de lácteos feita com degradação de recursos naturais não será tolerada pelo mercado. Práticas de agricultura sustentável, regenerativa, que reduza ou zere as emissões líquidas de carbono ao longo da cadeia produtiva vão ser muito mais valorizadas e agregam valor”, exalta o consultor.
O coordenador geral da Aliança Láctea Sul-Brasileira elenca que a produção atual precisa atender aos princípios do tripé da sustentabilidade – ambiental, econômica e social – e também estar alinhada com a agenda ESG – ambiental, social e governança – para o que as certificações de conformidade serão necessárias. “Investimentos em geração de energia renovável com base em biogás, fotovoltaica e eólica devem ser parte do modelo de produção com sustentabilidade”, assegura, complementando: “Produzir leite submetendo os animais a qualquer tipo de sofrimento ou crueldade é totalmente rechaçado pelo mercado e pelos consumidores, além de ser eticamente deplorável. O setor terá que dar toda a atenção e investir cada vez mais em conforto animal, para gerar as condições de bem-estar animal necessárias. A produção de leite com ‘vacas felizes’ não será um diferencial, mas uma condição para acessar o mercado”, reforça Spies.
Indústrias de laticínios
De outro lado, Spies salienta que as indústrias de laticínios precisam investir no desenvolvimento dos ‘seus fornecedores’. Isso significa estabelecer relações mais fidelizadas, sólidas e duradouras com os produtores de leite. “O setor não pode funcionar na relação informal, baseada no ‘fio do bigode’. Há necessidade de se estabelecer formas de contratualização da produção, para trazer mais segurança para ambos os lados. Só assim teremos mais condições de investir e crescer. A alta ociosidade da capacidade industrial, que na região Sul é estimada em 40%, é nefasta e gera custos que o setor não pode carregar, se quiser competir abertamente com o mercado global”, alerta Spies, ampliando: “Não existe produtor de leite sustentável sem indústria, e não existe indústria viável sem o produtor. É preciso estabelecer parcerias formais, com integração da produção, que vai trazer mais previsibilidade e competitividade para a cadeia produtiva. Sem contratos, não há como exportar, e sem exportação, há pouco espaço para crescer”.
Menos produtores de leite
A redução do número de produtores de leite, por meio da seleção dos mais eficientes, como vem acontecendo, não significa necessariamente que o setor vai empregar menos pessoas. Ao contrário, o número de empregos, renda e oportunidades que o setor vai gerar depende muito mais do volume total de leite que será capaz de produzir, processar e vender. “Teremos menos produtores de leite, mas como a produção utiliza muito trabalho, surgirão milhares de empregos ao longo da cadeia produtiva, de forma que a mudança em curso vai trazer muitos benefícios para o país. O leite é o setor que tem grandes ganhos de eficiência a incorporar e é sim candidato a ser mais uma estrela do agronegócio brasileiro”, exalta.
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Derivados lácteos sobem em outubro, mas mercado prevê quedas no trimestre
OCB aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24.
Preço sobe em setembro, mas deve cair no terceiro trimestre
A pesquisa do Cepea mostra que, em setembro, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,8657/litro, 3,3% acima da do mês anterior e 33,8% maior que a registrada em setembro/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de setembro). O movimento de alta, contudo, parece ter terminado. Pesquisas ainda em andamento do Cepea indicam que, em outubro, a Média Brasil pode recuar cerca de 2%.
Derivados registram pequenas valorizações em outubro
Pesquisa realizada pelo Cepea em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24, chegando a R$ 4,74/l e a R$ 33,26/kg, respectivamente. No caso do leite em pó (400g), a valorização foi de 4,32%, com média de R$ 31,49/kg. Na comparação com o mesmo período de 2023, os aumentos nos valores foram de 18,15% para o UHT, de 21,95% para a muçarela e de 12,31% para o leite em pó na mesma ordem, em termos reais (os dados foram deflacionados pelo IPCA de out/24).
Exportações recuam expressivos 66%, enquanto importações seguem em alta
Em outubro, as importações brasileiras de lácteos cresceram 11,6% em relação ao mês anterior; frente ao mesmo período do ano passado (outubro/23), o aumento foi de 7,43%. As exportações, por sua vez, caíram expressivos 65,91% no comparativo mensal e 46,6% no anual.
Custos com nutrição animal sobem em outubro
O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira subiu 2,03% em outubro na “média Brasil” (BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS), puxado sobretudo pelo aumento dos custos com nutrição animal. Com o resultado, o COE, que vinha registrando estabilidade na parcial do ano, passou a acumular alta de 1,97%.
Bovinos / Grãos / Máquinas Protecionismo econômico
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito
CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias.
A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), entidade representativa, sem fins lucrativos, emite nota oficial para rebater declarações do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard. Nas suas recentes declarações o CEO afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias .
Veja abaixo, na integra, o que diz a nota:
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito aqui dentro e mundo afora.
O protecionismo econômico de muitos países se traveste de protecionismo ambiental criando barreiras fantasmas para tentar reduzir nossa capacidade produtiva e cada vez mais os preços de nossos produtos.
Todos sabem que é difícil competir com o produtor rural brasileiro em eficiência. Também sabem da necessidade cada vez maior de adquirirem nossos produtos pois além de alimentar sua população ainda conseguem controlar preços da produção local.
A solução encontrada por esses países principalmente a UE e nitidamente a França, foi criar a “Lei Antidesmatamento” para nos impor regras que estão acima do nosso Código Florestal. Ora se temos uma lei, que é a mais rigorosa do mundo e a cumprimos à risca qual o motivo de tanto teatro? A resposta é que a incapacidade de produzir alimentos em quantidade suficiente e a também incapacidade de lidar com seus produtores faz com que joguem o problema para nós.
Outra questão: Por que simplesmente não param de comprar da gente já que somos tão destrutivos assim? Porque precisam muito dos nossos produtos mas querem de graça. Querem que a gente negocie de joelhos com eles. Sempre em desvantagem. Isso é uma afronta também à soberania nacional.
O senador Zequinha Marinho do Podemos do Pará, membro da FPA, tem um projeto de lei (PL 2088/2023) de reciprocidade ambiental que torna obrigatório o cumprimento de padrões ambientais compatíveis aos do Brasil por países que comercializem bens e produtos no mercado brasileiro.
Esse PL tem todo nosso apoio porque é justo e recíproco, que em resumo significa “da mesma maneira”. Os recentes casos da Danone e do Carrefour, empresas coincidentemente de origem francesa são sintomáticos e confirmam essa tendência das grandes empresas de jogar para a plateia em seus países- sede enquanto enviam cartas inócuas de desculpas para suas filiais principalmente ao Brasil.
A Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), Estado com maior rebanho bovino do País e um dos que mais exporta, repudia toda essa forma de negociação desleal e está disposta a defender a ideia da suspensão do fornecimento de animais para o abate de frigoríficos que vendam para essas empresas.
Chega de hipocrisia no mercado, principalmente pela França, um país que sempre foi nosso parceiro comercial, vendendo desde queijos, carros e até aviões para o Brasil e nos trata como moleques.
Nós como consumidores de muitos produtos franceses devemos começar a repensar nossos hábitos de consumo e escolher melhor nossos parceiros.
Com toda nossa indignação.
Oswaldo Pereira Ribeiro Junior
Presidente da Acrimat
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Queijo paranaense produzido na região Oeste está entre os nove melhores do mundo
Fabricado em parque tecnológico do Oeste do estado, Passionata foi o único brasileiro no ranking e também ganhou título de melhor queijo latino americano no World Cheese Awards.
Um queijo fino produzido no Oeste do Paraná ficou entre os nove melhores do mundo (super ouro) e recebeu o título de melhor da América Latina no concurso World Cheese Awards, realizado em Portugal. Ele concorreu com 4.784 tipos de queijos de 47 países. O Passionata é produzido no Biopark, em Toledo. Também produzidos no parque tecnológico, o Láurea ficou com a prata e o Entardecer d´Oeste com o bronze.
As três especialidades de queijo apresentadas no World Cheese Awards foram desenvolvidas no laboratório de queijos finos e serão fabricadas e comercializadas pela queijaria Flor da Terra. O projeto de queijos finos do Biopark é realizado em parceria com o Biopark Educação, existe há cinco anos e foi criado com a intenção de melhorar o valor agregado do leite para pequenos e médios produtores.
“A transferência da tecnologia é totalmente gratuita e essa premiação mostra como podemos produzir queijos finos com muita qualidade aqui em Toledo”, disse uma das fundadoras do Biopark, Carmen Donaduzzi.
“Os queijos finos que trouxemos para essa competição se destacam pelas cores vibrantes, sabores marcantes e aparências únicas, além das inovações no processo produtivo, que conferem um diferencial sensorial incrível”, destacou o pesquisador do Laboratório de Queijos Finos do Biopark, Kennidy Bortoli. “A competição toda foi muito emocionante, saber que estamos entre os nove melhores queijos do mundo, melhor da América Latina, mostra que estamos no caminho certo”.
O Paraná produz 12 milhões de litros por dia, a maioria vem de pequenos e médios produtores. Atualmente 22 pequenos e médios produtores de leite fazem parte do projeto no Oeste do Estado, produzindo 26 especialidades de queijo fino. Além disso, no decorrer de 2024, 98 pessoas já participaram dos cursos organizados pelo Biopark Educação.
Neste ano, foram introduzidas cinco novas especialidades para os produtores vinculados ao projeto de queijos finos: tipo Bel Paese, Cheddar Inglês, Emmental, Abondance e Jack Joss.
“O projeto é gratuito, e o único custo para o produtor é a adaptação ou construção do espaço de produção, quando necessário”, explicou Kennidy. “Toda a assessoria é oferecida pelo Biopark e pelo Biopark Educação, em parceria com o Sebrae, IDR-PR e Sistema Faep/Senar, que apoiam com capacitação e desenvolvimento. A orientação cobre desde a avaliação da qualidade do leite até embalagem, divulgação e comercialização do produto”.
A qualidade do leite é analisada no laboratório do parque e, conforme as características encontradas no leite, são sugeridas de três a quatro tecnologias de fabricação de queijos que foram previamente desenvolvidas no laboratório com leite com características semelhantes. O produtor então escolhe a que mais se identifica para iniciar a produção.
Concursos estaduais
Para valorizar a produção de queijos, vão iniciar em breve as inscrições para a segunda edição do Prêmio Queijos do Paraná, que conta com apoio do Governo do Paraná. As inscrições serão abertas em 1º de dezembro de 2024, e a premiação acontece em 30 de maio de 2025. A expectativa é de que haja mais de 600 produtos inscritos, superando a edição anterior, que teve 450 participantes. O regulamento pode ser acessado aqui. O objetivo é divulgar e valorizar os derivados lácteos produzidos no Estado.
O Governo do Paraná também apoia o Conecta Queijos, evento voltado a produtores da região Oeste. Ele é organizado em parceria pelo o IDR-Paran