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Avicultura

Água de menos, prejuízo de mais

Oferecer água de qualidade e quantidade para as aves é fundamental para o produtor que busca por um bom rendimento e também saúde para os animais

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São diversos os fatores que o avicultor deve se preocupar para ter uma boa produção. Nutrição, sanidade, bem estar, entre tantos outros. Mas, um que merece bastante atenção e que as vezes acaba passando despercebido é a necessidade da qualidade e quantidade da água que é oferecida para as aves. Fator este que interfere diretamente na saúde e desempenho do animal, tanto na fase de crescimento quanto no momento do abate. É importante que o produtor saiba exatamente a qualidade da água que está fornecendo ao seu animal, como também se há quantidade necessária para a boa desenvoltura. Para falar mais sobre o assunto, o professor doutor da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Unesp, campus de Jaboticabal, Marcos Macari, palestrou sobre “Água e sua importância nutricional e sanitária” durante o Simpósio Brasil Sul de Avicultura, em Chapecó.

Segundo o professor, a formação corpórea dos animais tem 70% de água e 30% de matéria seca. Isso quer dizer que um frango de um quilo tem apenas 300 gramas de matéria seca ou carne, ossos, etc., sendo o restante, água. “Assim, para que as aves se desenvolvam é necessário a água, pois essa pode ser classificada como um macronutriente regulador. Isso significa que todas as reações químicas no organismo ocorrem em meio aquoso. Uma ave pode ficar em jejum alimentar por dias, mas apenas um ou dois dias em jejum hídrico”, conta. Ele diz que o equilíbrio hidroeletrolítico no organismo deve ser mantido, sob pena de perda de regulação da homeostase e morte do animal.

Macari enfatiza que não existe vida sem o nutriente água. “Desde a fertilização, desenvolvimento embrionário e crescimento da ave há necessidade da água. Também reações químicas que ocorrem no organismo dependem da água”, diz. Ele exemplifica, como a formação de ácido clorídrico no proventrículo, formação do íon bicarbonato, entre outras reações. “O desenvolvimento da mucosa intestinal do pintinho recém-nascido é dependente da água. Ela é um nutriente regulador, não fornece energia para a ave, mas é fundamental no desenvolvimento dela”, afirma.

Disponibilidade

Outro ponto destacado pelo professor foi a importância da atenção que deve ser dada pelo produtor quando for feita a elaboração da planta de uma granja. “A primeira e mais importante decisão é sobre a disponibilidade de água. Isso vale também, e muito, para as plantas de abate e processamento, já que, estas últimas, têm um consumo de água muito elevado”, afirma. Macari comenta que a água tem que ser de boa qualidade, tanto física como microbiológica. “A água com propriedades físicas ruins não serve para consumo, ou mesmo para abate e processamento. Servem para limpeza”, diz. De acordo com o professor, água salobra, com alto teor de nitrato, metais pesados, água dura, dentre outras, não são adequadas em plantas de avicultura.

Macari ainda comenta que o custo de adequação dessa água é muito caro e dessa forma imprópria para o setor. “As características microbiológicas são fundamentais para uma água de qualidade. A água não deve conter microrganismos. Obviamente que em galpões há a contaminação natural com microrganismos e isso pode ser resolvido com facilidade”, afirma. Segundo ele, a adição de cloro é o procedimento usual e mais barato. “Assim, se a água tiver 4 ppm de cloro livre no bico da ave é mais do que o suficiente para que ela, do ponto de vista microbiológico, seja adequada”, explica.

Para o produtor que busca oferecer água de qualidade às aves, o professor comenta que primeiro há a necessidade de verificação da disponibilidade de água. Segundo, a verificação da qualidade da água, tanto no aspecto físico como microbiológico. “Satisfazendo essas duas condições, o controle da qualidade acontece por meio da adição de cloro. Recomenda-se também o exame periódico, a cada seis meses, da qualidade da água”, destaca Macari.

Consumo

Ainda de acordo com Macari, há diferença tanto na composição corporal quanto no volume ingerido de água conforme a idade do frango. Ele comenta que aves menores têm mais água corporal do que aves maiores. “Assim, percentualmente varia entre 70 e 60% entre um pintainho e um frango de 2,5 quilos. Como regra comum, pode-se afirmar que o consumo de água é em média de 4 a 7% do peso corporal da ave. Isso também em condições termoneutras, pois em temperaturas elevadas essa relação se altera”, conta. O professor ainda comenta que também pode-se afirmar que existe uma relação de 2:1 entre a quantidade de água ingerida e a quantidade de alimento consumido. “Assim, se a ave ingere 100 gramas de ração, ingere 200 ml de água. Essa afirmação, também, somente é válida em condições termoneutras”, avisa.

O professor destaca que o fornecimento da água de bebida para os frangos depende muito da qualidade da água que é captada para este fim. “Se a qualidade não é boa, não necessariamente há necessidade de tratamento. Contudo, tem que ser considerado a contaminação da água pelos microrganismos existentes no ar, na cama e na ração”, conta. Macari expõe que mesmo que o fornecimento da água esteja sendo feito via nipple, o desenvolvimento de microrganismos sempre pode ser um problema. “No bico do nipple sempre há formação de biofilmes de bactérias, as quais, se patogênicas, pode causar problemas. Dessa forma, a cloração da água é sempre fator desejável na criação dos lotes”, afirma. “Como já comentei, 4 ppm de cloro livre no bico da ave é suficiente para controle microbiológico da água de bebida”, diz.

As diferenças nos resultados finais da ave conforme a quantidade de água fornecida também são visíveis, de acordo com Macari. “Pode-se dizer que a importância da água é tamanha que a ave vai ingerir a água que lhe estiver disponível. Não é oferecida opção para ave dentro do sistema de criação. Temperatura adequada (21 °C), pH adequado (entre 6 a 8), características físicas adequadas, ausência de microrganismos (mesmo coliformes), enfim água potável. Assim, a ingestão de água de má qualidade poderá afetar o desempenho quando: contaminada por microrganismos patogênicos, que a qualidade iniba o consumo (exemplo, pH acima de 10) e água excessivamente salobra (dureza excessiva, maior do que 180 ppm de carbonato de cálcio)”, comenta.

Macari acrescenta que são situações que poderão interferir no consumo de água e, consequentemente, na ingestão de ração. “Os efeitos sobre o desempenho têm muito a ver com a redução do consumo de alimento, como consequência da redução da ingestão de água”, salienta.

Outra questão que deve ser observada, segundo Macari, é a sustentabilidade nas áreas de alta densidade de criação. “Cuidados especiais devem ser tomados, pois a contaminação dos lençóis freáticos poderá, no futuro, comprometer as reservas hídricas. É importante salientar que sem as águas profundas não se tem criação animal, pois a captação de água de chuva representa porcentagem muito pequena das exigências do sistema de criação”, diz. Macari ainda acrescenta que o produtor deve ficar atento ao custo da água. “Normalmente, esse dado não é computado dentro das planilhas de custos na criação”, revela.

Mais informações você encontra na edição de Aves de abril/maio de 2017 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Avicultura

Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem

Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

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A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.

Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.

Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.

A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.

A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.

Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.

Fonte: O Presente Rural com Unifrango
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Avicultura

Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer

Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

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O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.

A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.

Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.

Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.

Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.

Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.

Fonte: Assessoria Sindiavipar
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Avicultura

Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026

Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

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O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.

Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.

Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.

Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.

Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.

Fonte: O Presente Rural com Consultoria Agro Itaú BBA
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