Notícias Segundo Ipea
Agronegócio registrou superávit de US$ 10,1 bilhões em julho
Preços médios das principais commodities seguem com tendência de alta

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) publicou, nesta quinta-feira (12), o fechamento dos dados de julho do comércio exterior do agronegócio brasileiro. A balança comercial do setor encerrou o mês com saldo positivo de US$ 10,1 bilhões, sendo registradas exportações de US$ 11,29 bilhões e importações de US$ 1,23 bilhão. Na comparação com julho de 2020, houve alta de 38,6% nos preços médios das exportações, já no acumulado do ano, houve alta de 20,8%. De acordo com o Grupo de Conjuntura do Ipea, o preço médio dos produtos embarcados no Brasil seguem com tendência de alta.
Em julho, apesar da acomodação nas exportações, alguns produtos do agronegócio brasileiro alcançaram volumes recorde de exportação ao longo do primeiro semestre de 2021: café, açúcar, algodão e carne suína. No acumulado do ano, de janeiro a julho de 2021, os produtos com maior variação positiva nos preços médios foram a soja (28,6%), a carne bovina (12,2%), o açúcar (14,7%), a madeira (15%) e o milho (22,2%).
“A produção de café e açúcar pode ser prejudicada por problemas climáticos, pois também foi em decorrência da falta de chuva que houve o atraso do plantio da soja, e a geada comprometeu parte da segunda safra de milho. O Brasil tem uma participação significativa na comercialização dessas commodities e uma queda no volume de exportações tem impacto nos preços futuros desses produtos”, avaliou o diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac/Ipea), José Ronaldo Souza Júnior.
Problemas sanitários em alguns países contribuíram para aumentar as exportações brasileiras de carnes suínas e de frango (neste caso, houve diversificação dos países importadores). “A China continua liderando a lista dos principais países importadores de carne suína brasileira. Mas, o destaque dessa vez foi para o aumento das exportações para a Argentina e o Uruguai, que aumentaram suas exportações de carne bovina, e compensaram a demanda doméstica por proteína animal com carne suína do Brasil”, observou Ana Cecília Kreter, pesquisadora associada do Ipea e uma das autoras do estudo.
A análise dos pesquisadores tomou como base dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia (Secex/ME), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), além do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
O complexo soja – que inclui soja em grão, farelo e óleo de soja – segue liderando as exportações. Em julho, a queda de 8,8% no volume exportado foi compensado pelo aumento de 21,6% no valor, na comparação com julho de 2020. Os preços médios do grão tiveram alta de 28,6%.
O Brasil é o segundo maior produtor mundial de carne bovina e o maior exportador mundial. Por conta disso, a queda na oferta doméstica vem se refletindo nos preços internacionais desde o ano passado. O preço médio da proteína teve aumento de 31,9%. O exportador brasileiro tem enfrentado dificuldade para obter contêineres para escoar o produto, além da baixa oferta de boi acabado (nome dado ao boi pronto para o abate, quando atinge um peso ideal para a comercialização).
O preço médio do milho teve alta de 27,6% em julho, apesar da queda de 36,4% em valor e 50,2% em quantidade, frente ao mesmo mês de 2020. A recuperação nos preços do grão vem acontecendo desde janeiro deste ano, com crescimento de 22,2% no acumulado do ano, na comparação com o mesmo período do ano anterior. A queda na produção doméstica devido aos problemas climáticos tem limitado a capacidade exportadora do Brasil.
O açúcar foi o segundo produto (depois do milho) que apresentou maior queda na quantidade exportada (25%) em julho deste ano frente a 2020. Apesar da queda de 10,9% no valor, fechou o mês com alta de 18,9% nos preços médios. No acumulado do ano, houve alta de 21,6% no valor, 6% na quantidade e 14,7% no preço médio. As estimativas das safras brasileiras e europeia estão sendo impactadas pela redução da área plantada e por conta de incertezas em relação ao clima (stress hídrico).
As mudanças climáticas também são responsáveis pela queda nas estimativas para a produção do café. A Conab e o IBGE revisaram para baixo suas estimativas de safra 2021/2022 no país. Devido à bienalidade negativa, as estimativas já eram mais baixas que as da safra passada. Apesar da queda de 15,9% na quantidade e 1,2% no valor do grão em relação à julho do ano passado, houve aumento de 17,5% no preço médio. No acumulado do ano, houve alta de 12,8% no volume embarcado e 15,2% no preço, na comparação com mesmo período do ano passado.
O frango foi o segundo produto da pauta de exportação com maior variação em valor (47,3%) em julho, na comparação com o mesmo mês do ano passado. Também houve crescimento em quantidade (15,4%) e no preço médio (27,6%). No acumulado do ano, a alta se manteve no valor (15,1%), na quantidade (7,4%) e no preço médio (7,2%). Os novos destinos contribuíram para o bom desempenho: México, Filipinas e África do Sul aumentaram suas importações em virtude dos problemas sanitários domésticos ligados a doenças no rebanho.
O aquecimento da demanda internacional e a valorização da carne suína, desde o início da peste suína africada (PSA) em 2012, fizeram com que essa proteína tivesse aumento de 19% no preço médio em julho e 8,8% no acumulado do ano frente ao mesmo período de 2020. Em volume, houve alta de 1,7% em julho e 14,6% no acumulado do ano frente ao ano anterior.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



