Notícias Opinião
Agroconectividade: a bola da vez
Agroindústria e os serviços agroalimentares brasileiros ocupam mais de 7 milhões de postos de trabalho ligados ao campo

Artigo escrito por Alberto Meneghetti, publicitário e diretor da Associação Brasileira de Marketing Rural & Agronegócio (ABMRA) e conselheiro da Associação Latino-Americana de Publicidade (ALAP)
O nosso agronegócio é forte e pujante, não tem como negar. Sempre me surpreendo com o dado que são mais de 5 milhões de propriedades rurais espalhadas pelos 5.701 municípios brasileiros e que em todas as cidades há pelo menos uma atividade produtiva. Para efeito comparativo, nos EUA as propriedades rurais somam um pouco mais de 2 milhões.
A agroindústria e os serviços agroalimentares brasileiros ocupam mais de 7 milhões de postos de trabalho ligados ao campo, informa o IBGE.
A 7ª Pesquisa Hábitos do Produtor Rural, da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA), ajudou a elucidar um pouco mais o perfil do homem do campo, mostrando que a entrada da tecnologia na fazenda fez os jovens estarem mais presentes nas decisões de propriedade rural. E são mais preparados do que a gerações anteriores, pois em média 26% destes jovens têm superior completo, em comparação aos pais e avôs: apenas 12% têm curso superior completo.
E não se trata de um fenômeno global. Nos países da Comunidade Europeia, o que se percebe é que o envelhecimento da população no campo é um fato recente, mas difícil de mudar. Na Itália, por exemplo, 62% dos responsáveis pelas fazendas têm mais de 55 anos.
Mas, como este produtor rural, cada vez mais conectado e informado, recebe as iniciativas mercadológicas dos players do segmento, que os tem com público-alvo principal? E como criar narrativas impactantes que capturem valor e – talvez o mais difícil nestes tempos em que a transformação digital está revolucionando o universo da comunicação – distribuí-las entre as centenas de opções existentes, utilizando uma estratégia multiplataforma?
Estes e outros temas foram discutidos no último dia 25 de outubro, em mais um Agromarketing Meeting ABMRA, promovido pela Associação Brasileira de Marketing, que tem como missão disseminar as boas práticas da comunicação do agronegócio do nosso país. Neste Workshop, do qual participaram associados, não-associados e convidados da entidade, os palestrantes foram as empresas mais premiadas na 18° Mostra de Comunicação Agro ABMRA, que mostraram toda a estratégia por trás de seus cases de sucesso. A Rede Globo, com seu Ouro em TV & Vídeo, com o projeto “Agro é Tech, Agro é Pop”, a Amaggi, com seu case vencedor na categoria de Endomarketing: “Kit do Conhecimento”, a BASF, apresentando seus 3 Ouros, a Campanha Integrada e Áudio “Legado” e a Campanha Promocional “Troca BASF”, e finalizando com o Canal Rural, com seu premiado projeto de conteúdo que uniu a ciência e o agronegócio, o “Além do AlimBoa ento”.
O segredo dos cases vitoriosos, a meu ver, foi o perfeito entendimento da jornada do consumidor, que, no caso, foi tanto o produtor rural como o público urbano e até mesmo, no caso da Amaggi, uma das maiores empresas do agronegócio brasileiro, com produção de grãos e fibra, comercialização de commodities e outras atividades, o seu público interno, para o qual direcionou uma estratégia de comunicação multimídia completa para divulgar o seu premiado “Kit do Conhecimento”.
Uma das questões debatidas – e não esgotadas – neste Workshop foi a participação cada vez maior da mídia digital versus a mídia tradicional. Sabemos que o smartphone virou uma extensão do corpo. Estamos sempre conectados, consumindo online e querendo tudo na palma da mão. No campo, não é muito diferente, mesmo sabendo que a conectividade no campo ainda é um desafio a ser vencido neste imenso território brasileiro. A produtividade pode ser bastante afetada nas áreas com déficit de conectividade, atrasando a adoção de recursos tecnológicos pelos produtores rurais, de plataformas virtuais a instrumentos de gestão que facilitam o trabalho no campo.
Mesmo assim, segundo pesquisa da ABMRA, nada menos do que 96% dos produtores usam aplicativos de mensagens e 7 em cada 10 estão presentes nas mídias sociais.
Os profissionais do agronegócio costumam acessar a Internet – a maioria diariamente – para buscar informação e atualização sobre seu mercado.
Esse índice é um grande marco na mudança do consumo de conteúdo por parte do produtor rural, que agora não olha apenas televisão, ouve rádio e lê jornais e revistas: a Internet está alcançando a popularidade dos meios mais tradicionais. Ele é conectado e consome cada vez mais conteúdos na Web sobre o segmento agribusiness.
E a tendência é que essa transformação digital se expanda, amadureça e se consolide. Por isso, a pertinência das marcas pensarem em estratégias de comunicação nesse novo contexto desde agora.
Novas estratégias para impactar o novo perfil de produtor rural
Não adianta você aumentar o investimento, você precisa direcioná-lo de forma eficiente. Considerando as mudanças no comportamento do profissional do agronegócio, consequentemente, mudanças no modo de anunciar e se conectar a ele são fundamentais. E, no início de 2020, mais luz sobre o tema será dado pelos resultados que virão da 8ª Pesquisa Hábitos do Produtor Rural.

Notícias
Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
Notícias
Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
Notícias
Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



