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AGRO, o ‘salvador’

O ano de 2021, foi muito bom para o setor produtivo e ainda visualizamos oportunidades. Porém, no início de 2022, alguns fatores exigem muita cautela.

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Divulgação/Cooperalfa

O agronegócio, mais uma vez, mostrou sua força. No Brasil, literalmente “salvou a pátria”, sendo o setor mais importante na geração de divisas e redução do impacto da crise sanitária. O ano de 2021, foi muito bom para o setor produtivo e ainda visualizamos oportunidades. Porém, no início de 2022, alguns fatores exigem muita cautela.

Na Cooperalfa, os negócios em 2021 fluíram bem; conseguimos manter bom engajamento do quadro social e funcional, ampliamos clientes, readequamos estratégias comerciais, observamos e participamos das inovações, mantivemos equipes e lideranças coesas, e tivemos atitude positiva para aproveitar oportunidades. Num ano trabalhoso, colhemos excelentes resultados. Agradecemos imensamente a todas as pessoas que contribuíram para que pudéssemos manter nossa essência, nossos valores, a solidez da Cooperalfa e preservamos a imagem da marca junto a sociedade.

Em relação aos investimentos, os iniciados em anos anteriores, precisam seguir seu cronograma. Contudo, na sequência, fatores como a estiagem, a insegurança política e a instabilidade do dólar, somada à queda do poder de compra da população e a elevada taxa de juros, são circunstâncias que precisam de máxima atenção em 2022 e, adiante. As ofertas de novos negócios que surgirem, serão analisadas, como sempre o fizemos, porém, o cenário atual aponta para severa observância, para evitar maus resultados ou contratempos.

Os associados produtores de grãos foram prejudicados pela estiagem nos últimos meses. A elevação dos preços dos produtos moderou as perdas causadas pelo clima, porém, os custos de implantação das lavouras subiram acima das expectativas. Nosso agricultor precisa colocar todos os números na ponta do lápis ou na tela do computador, antes de iniciar o próximo ciclo produtivo, ou mesmo outros investimentos. A Alfa não pode decidir pelo associado, mas pode ajudar nessa planificação analítica.

O desempenho do mercado de carnes influencia decisivamente na vida econômica da região atendida pela Cooperalfa. Tínhamos boas expectativas para este mercado em 2021, confirmado num primeiro semestre animador. Todavia, terminamos o ano com sérias complicações nas proteínas. A economia interna desaquecida, o mercado Chinês retraído e custos de produção elevadíssimos, nesse momento, trazem perdas relevantes ao produtor e à indústria.

Na produção de leite, como cooperativistas, precisamos externar que o produtor não está sendo adequadamente remunerado no ritmo do seu esforço e emprego de recursos. Nossa percepção, é de provável reversão desse quadro, somente se tivermos melhora de renda da população, maior eficiência do processo produtivo, agregação de valor pela industrialização e esforço para habilitar o Brasil como exportador de lácteos e seus derivados. O governo, indústria e produtor, precisam compreender os seus papéis nesse processo, que caminha firme para altíssima profissionalização de toda a cadeia.

Estamos num ano eleitoral e a falta de lideranças políticas autênticas gera insegurança. Recomendamos que avaliem os candidatos, façam escolhas conscientes, observem os projetos em favor do agro e não apenas os postulantes, que reflitam na melhora da economia e na imagem do nosso país. O cooperativismo tem feito sua parte, evoluindo em todos os ramos. O sistema cria oportunidades, desenvolve pessoas, produz confiança, gera bons resultados econômicos e maior equilíbrio social. Continuamente, por onde andamos, relembramos as pessoas que a Cooperativa jamais deve perder sua essência, ou os motivos e razões pelos quais os associados a criaram.

Por fim, dirijo-me aos jovens, filhos de associados e outros. No contexto atual, em que o agronegócio se destaca grandemente na economia do país, o novo agricultor, pecuarista e empresário rural, precisa estudar, se atualizar, tentar fazer, participar das decisões familiares, agir em parceria com seus pais, dirigir a empresa rural, modernizar, buscar novas tecnologias, sempre pensando em renda para ampliar o bem-estar seu e da família. A mão de obra qualificada é um grande desafio rural e urbano, pois a evolução tecnológica galopa sem parar. Todas as gerações devem se profissionalizar. Os novos têm mentalidade diferente e quem estiver na linha de frente, que procure adaptar-se às demandas.

Que 2022 seja de ajuda mútua, de esperança, de termos força coletiva em todas as travessias. Um forte abraço e que possamos suportar e ultrapassar as adversidades, emanados pela energia, benção e fé do Menino Jesus.

Fonte: Por presidente da Cooperalfa, Romeo Bet

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Justa retribuição

A agricultura, como atividade econômica vinculada diretamente aos recursos naturais, é o primeiro setor impactado e, por isso mesmo, o mais interessado na exploração racional e sustentável.

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Presidente da Faesc e Senar/SC, José Zeferino Pedrozo: "São necessárias formas alternativas de compensação ao produtor, por prestar um serviço de proteção ambiental em benefício da sociedade."- Foto: Divulgação

O aquecimento global, o clima seco e a irrupção de incêndios em todos os continentes do Planeta e em todos os biomas do Brasil apontam a urgência para a proteção dos recursos naturais – solo, água, flora e fauna – nessa crise climática sem precedentes na história. A agricultura, como atividade econômica vinculada diretamente aos recursos naturais, é o primeiro setor impactado e, por isso mesmo, o mais interessado na exploração racional e sustentável.

Entretanto, para promover a propriedade ecologicamente equilibrada e sua viabilidade econômica, são necessárias formas alternativas de compensação ao produtor, por prestar um serviço de proteção ambiental em benefício da sociedade. A agricultura não pode suportar sozinha – por exemplo – os custos da recomposição florestal. É necessário que a implementação de medidas conservacionistas e de recuperação ambiental considere o risco da desestruturação social e econômica do segmento agropecuário.

Para atender a essa questão foi criada em 2021 a Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais (PNPSA) por meio de lei que incentiva a conservação e o desenvolvimento sustentável, remunerando as populações que prestam serviços ambientais. A PNPSA foi instituída pela Lei Federal nº 14.119/2021, sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro.

A PNPSA tem como objetivos incentivar a preservação de ecossistemas, recursos hídricos, solo, biodiversidade e patrimônio genético; valorizar os serviços ecossistêmicos econômica, social e culturalmente; manter, recuperar e melhorar a cobertura vegetal em áreas prioritárias para conservação; combater a fragmentação de habitats e estimular a formação de corredores ecológicos. A PNPSA também criou um cadastro nacional dos beneficiários do pagamento por serviços ambientais. Esse pagamento pode ser usado para remunerar proprietários de terras que preservam florestas nativas ou que realizam reflorestamento, pessoas ou organizações que promovem a restauração de áreas degradadas e pessoas ou organizações que protegem a biodiversidade.

O pagamento por serviços ambientais permite a remuneração das populações em área rural e urbana, dos produtores rurais, em especial das comunidades tradicionais, dos povos indígenas e dos agricultores familiares. Para viabilizar o pagamento, a lei ainda cria um cadastro nacional destes beneficiários.

A Lei 14.119/2021, que institui a PNPSA, ainda não foi regulamentada com o devido reconhecimento do fomento às iniciativas de preservação e recuperação ambiental realizadas pelos produtores rurais, Sindicatos Rurais e cooperativas. A regulamentação deve instituir mecanismos de monitoramento e transparência que propiciem um ambiente favorável no país à injeção de investimentos no setor. Para isso, é pertinente utilizar como referência a experiência de estados que já puseram em prática a PNSA, analisando as melhores práticas para a regulamentação federal.

Sintonizados com os esforços de proteção e preservação, a Faesc, o Senar e os Sindicatos Rurais atuam para a disseminação de tecnologias abrangidas pelo Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (Plano ABC+), a ser executado entre 2020 e 2030.

Várias iniciativas de sucesso podem ser implementadas como a recuperação de pastagens degradadas e de conservação ambiental, o fomento e a disseminação de sistemas de integração lavoura pecuária floresta, de sistemas agroflorestais, de técnicas como o plantio direto, de fixação biológica de nitrogênio, dentre outros.

Por outro lado, os produtores rurais são protagonistas no tratamento de dejetos animais e de resíduos da agroindústria para a redução de emissão de metano, produção de adubo orgânico e geração de energia limpa por meio da biomassa, de forma a contribuir com o país a cumprir o compromisso assumido na COP26, de redução de emissão de gás metano em 30% até 2030.

A implementação de uma política nacional de pagamento por serviços ambientais é um ponto de consenso entre produtores rurais e ambientalistas em relação à propriedade no campo. Falta apenas colocar em prática.

Fonte: Por José Zeferino Pedrozo, presidente da Faesc e Senar/SC
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Reforma tributária e as consequências severas para o agro

Ponto central da preocupação reside no fato de que a alíquota média paga pelo agronegócio hoje gira em torno de 3% a 4%, mas com a nova estrutura proposta, essa alíquota pode saltar para mais de 11%, representando um aumento de praticamente três vezes.

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Foto: Arquivo/OPR

A regulamentação da reforma tributária em tramitação no Congresso Nacional tem sido alvo de intensos debates, especialmente no que tange aos reflexos para o agronegócio, um setor vital para a economia brasileira. É crucial analisar as possíveis mudanças e seus impactos à luz dos textos propostos, também com foco nas alíquotas e na estrutura tributária. Embora a reforma tenha como objetivo simplificar o sistema de impostos sobre consumo, as consequências para o agronegócio podem ser severas.

Advogado tributarista e CEO do Berbigier, Eduardo Berbigier: “Embora o pior cenário já esteja delineado, ainda há espaço para ajustes que possam preservar a competitividade do agro.” – Foto: Divulgação

Atualmente, o agronegócio desfruta de uma situação diferenciada no sistema tributário brasileiro. Muitos dos tributos que incidem sobre o setor, como IPI, PIS, COFINS, ICMS e ISS, têm alíquotas reduzidas ou até mesmo zeradas. Além disso, o setor ainda conta com a possibilidade de recuperar créditos tributários em espécie ou compensá-los com outros tributos. No entanto, com a substituição desses impostos pelos novos tributos IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), além do imposto seletivo, as alíquotas tendem a aumentar significativamente.

O ponto central da preocupação reside no fato de que a alíquota média paga pelo agronegócio hoje gira em torno de 3% a 4%, mas com a nova estrutura proposta, essa alíquota pode saltar para mais de 11%, representando um aumento de praticamente três vezes. E isso pode ser ainda mais elevado. O pedido do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para aumentar a alíquota em mais 1,47%, que pode levar o percentual total para 28%, coloca o Brasil no patamar das maiores alíquotas de IVA (Imposto sobre Valor Agregado) do mundo, comparável à Hungria.

Por outro lado, a dita simplificação tributária está cada vez mais distante, com uma série de regras específicas, e a concomitância de 2 sistemas distintos, encarecendo ainda mais o staff do empresário que já usa muitas horas para apuração de seus tributos.

Esse aumento pode impactar negativamente a competitividade do agronegócio brasileiro. O setor já enfrenta desafios significativos, como altos custos logísticos e trabalhistas, que são alguns dos mais elevados globalmente. A carga tributária majorada poderá inviabilizar a capacidade do agro em competir no mercado internacional, especialmente em um cenário onde outros países, como Estados Unidos, França e Suíça, oferecem subsídios substanciais para seus produtores.

Outro ponto que merece atenção é o impacto sobre os pequenos produtores. A reforma prevê que produtores que faturam até R$ 3,6 milhões anuais precisarão se tornar pessoas jurídicas para ter acesso ao crédito presumido, essencial para manter a competitividade. Isso pode criar barreiras adicionais, dificultando a sobrevivência desses pequenos produtores no mercado e, por consequência, prejudicando toda a cadeia produtiva do agro.

Além disso, a dívida tributária já existente no Brasil, que ultrapassa R$ 12,5 trilhões, evidencia um sistema falido. O aumento da carga tributária pode agravar ainda mais essa situação, tornando o cumprimento das obrigações fiscais ainda mais difícil para os empresários honestos que já lutam para se manter em dia com o fisco.

A velocidade com que a reforma está sendo aprovada também é motivo de preocupação. A Câmara dos Deputados aprovou o texto em tempo recorde, sem a devida discussão e análise aprofundada das centenas de emendas apresentadas. Agora, cabe ao Senado examinar com mais calma e atenção, evitando que decisões precipitadas prejudiquem ainda mais o setor agropecuário.

A Frente Parlamentar, as entidades representativas do Agronegócio, os agricultores precisam se mobilizar intensamente para que sejam apresentadas soluções ao texto com objetivo de mitigar os impactos negativos da reforma. Embora o pior cenário já esteja delineado, ainda há espaço para ajustes que possam preservar a competitividade do agro e, por extensão, a estabilidade econômica do país.

Em suma, a reforma tributária em discussão tem potencial para trazer mudanças profundas para o Brasil, mas é preciso cautela para evitar que o agronegócio, responsável por uma fatia significativa do PIB e do saldo positivo da balança comercial brasileira, sofra prejuízos irreparáveis. A sociedade deve estar ciente de que as decisões tomadas agora poderão afetar o país por décadas, e é necessário um esforço conjunto para garantir que o novo sistema tributário seja justo e eficiente, sem sacrificar um dos setores mais importantes da nossa economia.

Fonte: Por Eduardo Berbigier, advogado tributarista e especialista em Agronegócio e CEO do Berbigier Sociedade de Advogados.
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Sucessão familiar no agro: como atrair os jovens para o campo?

É fundamental que os jovens vejam o campo como um espaço onde tradição e inovação se complementam e coexistem de forma harmoniosa.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A sucessão familiar no agronegócio tem se tornado um dos grandes desafios para o setor rural, especialmente em um contexto em que os jovens estão cada vez mais imersos em tecnologia e afastados das práticas tradicionais da agricultura. Esse distanciamento ameaça a continuidade das atividades no campo, principalmente em regiões onde o trabalho artesanal, como a delicada colheita de grãos de café, ainda desempenha um papel fundamental para a economia local e a preservação da cultura agrícola.

O grande desafio está em demonstrar que o trabalho rural pode ser sinônimo de oportunidades, crescimento pessoal e profissional, desde que haja um equilíbrio entre inovação tecnológica e respeito aos métodos tradicionais.

Para garantir a continuidade das propriedades rurais e a manutenção da produção, é essencial adotar estratégias que tornem o campo mais atraente para as novas gerações. Investir em tecnologia e inovação é um dos principais caminhos, pois permite modernizar as atividades agrícolas, tornando-as mais eficientes e rentáveis. Além disso, a introdução de práticas sustentáveis e a adoção de modelos de gestão mais profissionalizados podem despertar o interesse dos jovens que buscam alinhamento com causas ambientais e sociais.

Outro fator crucial é a educação e capacitação voltadas para o agronegócio. Oferecer programas de treinamento e especialização em áreas como agroecologia, gestão rural e empreendedorismo pode preparar melhor os jovens para assumir a liderança das propriedades familiares. Incentivos governamentais, como acesso a crédito e políticas de apoio à agricultura familiar, também são fundamentais para facilitar essa transição. Criar um ambiente onde os jovens se sintam valorizados e capazes de inovar é essencial para garantir a sucessão familiar e a sustentabilidade do setor agrícola a longo prazo.

É fundamental que os jovens vejam o campo como um espaço onde tradição e inovação se complementam e coexistem de forma harmoniosa. Integrar tecnologias modernas às práticas agrícolas tradicionais pode não apenas preservar o legado familiar, mas também abrir novas oportunidades de crescimento e desenvolvimento sustentável no setor rural.

Fonte: Por Bruno Sampaio, gestor do Bmg Agro e do Guima Café
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