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Agro brasileiro é protagonista no Ano Internacional das Cooperativas
ONU reconhece papel transformador das cooperativas, incluindo as gigantes brasileiras da produção de alimentos.

Em um momento de profundas mudanças geopolíticas, econômicas e ambientais, a Organização das Nações Unidas (ONU) proclamou 2025 como o Ano Internacional das Cooperativas, com o objetivo de ampliar a visibilidade e o reconhecimento global das cooperativas como agentes essenciais para o desenvolvimento sustentável. A resolução, aprovada por unanimidade pela Assembleia Geral em junho de 2024, é clara: cooperativas constroem um mundo melhor. E o Brasil, especialmente no campo, é uma das maiores expressões dessa afirmação.

Foto: Freepik
Segundo dados da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), mais de três milhões de cooperativas atuam hoje em cerca de 100 países, envolvendo mais de 1 bilhão de pessoas direta ou indiretamente. Juntas, as 300 maiores movimentam mais de US$ 2,4 trilhões por ano. O modelo cooperativo, baseado na união de pessoas em torno de objetivos comuns, promove inclusão, distribuição de renda, geração de empregos, sustentabilidade e desenvolvimento regional – com destaque nos setores de crédito, saúde, habitação e, sobretudo, na produção de alimentos.
A ONU destacou, ao proclamar 2025 como o Ano Internacional, que as cooperativas são instrumentos eficazes para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), sobretudo em áreas como erradicação da pobreza, trabalho decente, produção responsável e ação climática. O documento oficial convoca os Estados-membros a adotarem políticas que estimulem o cooperativismo e a promoverem campanhas nacionais para difundir os princípios e benefícios do modelo.
O Brasil cooperativo: 15 milhões de associados, 1 milhão no agro
No Brasil, o cooperativismo é um dos motores da economia. Segundo o Anuário do Cooperativismo Brasileiro 2024, publicado pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), são 4.880 cooperativas ativas, somando 18,8 milhões de associados e 466 mil empregos diretos. Desse total, mais de 1 milhão de produtores rurais estão organizados em cerca de 1,6 mil cooperativas agropecuárias, que respondem por parte significativa da produção nacional de grãos, leite, carnes, café e outros alimentos.
As cooperativas agropecuárias são fundamentais para o abastecimento interno e as exportações. Elas concentram boa parte da produção de soja, milho, trigo, frango, suínos e leite. No Sul do Brasil, por exemplo, estima-se que mais de 60% do leite captado e 50% da safra de grãos estejam sob responsabilidade do sistema cooperativista.

Além de garantir renda para os produtores, as cooperativas investem na industrialização, gerando valor agregado e empregos nas regiões onde atuam. No Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o cooperativismo agroindustrial é fortemente consolidado, com marcas líderes no mercado de proteínas e alimentos processados, como Aurora Coop, Frimesa, Coamo, Copacol, Lar, Coopavel, C.Vale, Cocamar, Frísia, entre outras.
Potência agroindustrial cooperativa
A Coamo Agroindustrial Cooperativa, com sede em Campo Mourão (PR), é considerada a maior cooperativa agrícola da América Latina. Em 2024, mesmo com queda nos preços das commodities, a cooperativa faturou R$ 28,8 bilhões e distribuiu R$ 694 milhões em sobras aos mais de 32 mil associados.
Outra gigante é a Copacol, com sede em Cafelândia (PR), que alcançou R$ 10,6 bilhões em faturamento e repassou R$ 270 milhões aos cooperados. A Lar Cooperativa Agroindustrial, baseada em Medianeira (PR), faturou R$ 20,2 bilhões e distribuiu mais de R$ 330 milhões em benefícios. A Aurora Coop, central que reúne 12 cooperativas, atingiu R$ 24,9 bilhões em 2024, com um salto de 738% nas sobras em relação ao ano anterior.
Esses números mostram o papel das cooperativas não apenas como empresas de grande porte, mas como organizações que distribuem seus resultados diretamente a quem produz, promovendo renda, dignidade e permanência no campo, majoritariamente em pequenas propriedades, com menos de 50 hectares.
Inovação, sustentabilidade e inclusão

Ao lado do impacto econômico, o cooperativismo agropecuário brasileiro também se destaca por suas ações em inovação e sustentabilidade. Cooperativas como Coamo, Frimesa e Aurora estão investindo em bioenergia, automação industrial, produção de biogás e reaproveitamento de resíduos, além de fomentar a agricultura de precisão e o plantio direto.
A Coamo, por exemplo, está construindo uma nova usina de etanol de milho em Campo Mourão, com tecnologia norte-americana, agregando valor ao grão e gerando energia renovável. A Frimesa avança na consolidação de seu novo frigorífico de suínos em Assis Chateaubriand, com capacidade para abater 15 mil animais por dia. A Aurora modernizou unidades e ampliou exportações, alcançando 33 países em 2024.
Do ponto de vista social, as cooperativas promovem programas de educação, saúde, capacitação de jovens, protagonismo feminino e inclusão digital no campo. A Fundação Copacol, por exemplo, oferece formação profissional gratuita. A Frimesa investe fortemente na valorização dos trabalhadores. A Lar estimula a sucessão familiar e a inserção de jovens cooperados.
Brasil em destaque no Ano Internacional
A OCB e suas organizações estaduais – como Ocepar (PR), Ocesc (SC), OCB/SP (SP) – estão preparando ações para dar visibilidade ao cooperativismo brasileiro durante o Ano Internacional, em sinergia com as diretrizes da ONU. A campanha “SomosCoop”, reforçada nacionalmente, destaca casos reais de impacto social e econômico gerado pelas cooperativas.
Em nota oficial, a OCB comemorou a resolução da ONU e se comprometeu a liderar a articulação das celebrações no país. O presidente da entidade, Márcio Lopes de Freitas, destacou que “o Brasil tem um dos sistemas cooperativos mais desenvolvidos do mundo” e que “o reconhecimento da ONU é uma chancela do valor que o cooperativismo representa para as pessoas e para o planeta”.

A expectativa é que o Brasil seja um dos países com maior protagonismo nas comemorações, justamente pela pujança do setor agroindustrial cooperativo, que alia competitividade internacional, compromisso ambiental e inclusão social.
Um modelo para o futuro
Ao declarar 2025 como o Ano Internacional do Cooperativismo, a ONU aponta um caminho: diante das incertezas do mundo atual, modelos de negócio centrados nas pessoas, na cooperação e na distribuição justa de resultados são não apenas viáveis, mas desejáveis.
O cooperativismo brasileiro – especialmente o agropecuário – é um exemplo vivo disso. Ele alimenta milhões de pessoas, movimenta a economia, gera empregos, preserva o meio ambiente e transforma vidas e comunidades no campo.
Em 2025, essa história ganha um palco global. E o Brasil entra em cena com voz forte, cifras sólidas e, sobretudo, com o testemunho dos milhares de agricultores que encontraram na cooperação o caminho para prosperar.
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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



