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Agricultura regenerativa aumenta em até 20% produtividade de grãos e pode até dobrar produção de proteína animal por área

A sua aplicação abrange uma série de práticas voltadas para a restauração e manutenção dos sistemas de produção agrícola, que incluem a manutenção dos solos por meio de cobertura vegetal, reciclagem de recursos, implementação de soluções voluntárias na natureza, dentre outras iniciativas semelhantes.

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Fotos: Gisele Rosso

Criar sistemas inteligentes e resilientes, nos quais a produção de alimentos de origem animal seja priorizada com a conservação do meio ambiente, a saúde animal e a saúde humana são princípios que regem a agricultura regenerativa. Essa abordagem tem ganhado cada vez mais destaque como uma alternativa viável para a pecuária convencional, visando um futuro mais sustentável e saudável da atividade no Brasil. Estudos da Embrapa indicam que a agricultura regenerativa aumenta em até 20% produtividade de grãos e pode dobrar produção de carne por área.

A sua aplicação abrange uma série de práticas voltadas para a restauração e manutenção dos sistemas de produção agrícola, que incluem a manutenção dos solos por meio de cobertura vegetal, reciclagem de recursos, implementação de soluções voluntárias na natureza, dentre outras iniciativas semelhantes, com objetivo de preservar a biodiversidade e promover serviços ecossistêmicos saudáveis, como o sequestro de carbono e a retenção de água no solo.

Pesquisador na área de Nutrição Animal da Embrapa Pecuária Sudeste, Sérgio Raposo de Medeiros

Conforme o pesquisador na área de Nutrição Animal da Embrapa Pecuária Sudeste, Sérgio Raposo de Medeiros, todos esses princípios podem ser aplicados na pecuária convencional, no entanto, nem sempre são adotadas de forma integrada, sendo muitas vezes incorporados de maneira compartilhada, sem considerar seu potencial para a influência dos sistemas de produção. “É importante entender que a agricultura regenerativa tem como objetivo reduzir a dependência de insumos externos, especialmente agroquímicos, porém, por outro lado, é preciso reconhecer que a pecuária convencional no Brasil já apresenta uma baixa dependência desses recursos. A diferença entre os dois sistemas de produção está na abordagem adotada em relação aos recursos externos utilizados. Na agricultura regenerativa são usados fertilizantes orgânicos, agentes de controle biológico e inoculantes, enquanto que na pecuária intensiva é mais comum o uso de adubos químicos, defensivos agrícolas e outros produtos sintéticos.

Em geral as práticas da agricultura regenerativa são mais brandas, com efeitos menos imediatos, e exigem uma gestão mais cuidadosa para serem bem sucedidas. É um sistema que valoriza a gestão inteligente dos recursos disponíveis na propriedade, visando a redução da dependência de insumos externos, assim como busca a sustentabilidade da atividade a longo prazo, considerando impactos ambientais, sociais e econômicos das práticas agrícolas”, enfatiza Medeiros.

Desafios da transição

De acordo com o especialista, o maior gargalo deste sistema está em sua transição, uma vez que envolve custos de implantação, dificuldade de incorporar novas práticas e a necessidade de manejo mais complexo. “Além disso, existem desafios específicos, como lidar com o fluxo de caixa a longo prazo em integrações que envolvem a venda de madeira, bem como a necessidade de gerenciar o consórcio de gramíneas-leguminosas”, expõe o pesquisador.

Para superar esses desafios, Medeiros diz que é fundamental planejar cada etapa do processo de forma cuidadosa, buscando informações detalhadas e contando com a assistência técnica especializada. “É recomendado iniciar em menor escala, o que permitir ao pecuarista uma curva de aprendizado mais suave e possibilitar a evolução gradual das novas práticas na propriedade. Dessa forma, será possível enfrentar os desafios da transição para a agricultura regenerativa voltada à pecuária com maior eficiência”, ressalta.

O especialista também diz que ao ser uma opção que adota práticas conservacionistas do solo, uso de sistemas integrados, a agricultura regenerativa aplicada à pecuária desempenha um papel fundamental na restauração e melhoria dos recursos naturais, trabalhando em sinergia com o ecossistema ao seu redor. “Essas práticas ajudam a melhorar a estrutura do solo, reduzindo o risco de erosão, permitem maior infiltração de água para alimentar os mananciais e possibilita o aumento de matéria orgânica no solo, garantindo maior biodiversidade do ecossistema”, salienta.

Impactos  na saúde animal

Entre os efeitos benéficos da agricultura regenerativa na saúde animal, Medeiros destaca o conforto térmico proporcionado ao gado que pasta sob a sombra da floresta, resultando em condições mais adequadas para o seu bem-estar, e pasto de alta qualidade na entrada da seca (pasto safrinha), após a lavoura em sistemas de Integração Lavoura-Pecuária (ILP). “No caso dos sistemas silvipastoris há também a resiliência climática, em que as áreas de pastagem, sob a influência das copas das árvores, sofrem menos impacto ou são menos prejudicadas por geadas. A maioria desses impactos é mensurada através do aumento no desempenho dos animais, mesmo em caso da geada, por exemplo, o efeito negativo no desempenho animal é reduzido em comparação aos sistemas convencionais”.

Benefícios econômicos

De forma geral, explica o pesquisador, o potencial benefício econômico de práticas de agricultura regenerativa implica em níveis de produtividade menores do que os sistemas convencionais mais intensivos, porém, por usar menos recursos externos, apesar de reduzir o faturamento, pode aumentar a margem de lucro por ser mais barata. “Evidentemente que pode haver sistemas de agricultura regenerativa e convencionais lucrativos ou não. Em todo caso, por depender menos de insumos externos, a agricultura regenerativa pode ter a vantagem de ser mais resiliente às épocas de crise, como, por exemplo, a guerra na Ucrânia, que aumentou muito os custos de fertilizantes”, analisa Medeiros, acrescentando: “Além da redução de custo com adubos, maiores produções agrícolas e de pastagem nos sistemas integrados e a reciclagem de dejetos, permitindo a geração de biogás e biometano para uso na propriedade ou venda”, amplia.

Condições climáticas adversas 

O profissional frisa que a agricultura regenerativa pode desempenhar um papel importante na promoção da resiliência dos sistemas de produção pecuária diante de condições climáticas adversas, como secas ou inundações. De acordo com Medeiros, práticas como integrações ou consórcio de gramíneas e leguminosas possibilitam um maior crescimento das raízes das plantas, tanto das pastagens quanto das culturas agrícolas, o que resulta em uma exploração mais ampla do solo. Isso confere maior resistência à seca, tornando os sistemas mais resilientes. No entanto, em relação às inundações, a agricultura regenerativa pode ser tão vulnerável quanto na abordagem convencional.

Estratégias

Os produtores têm diversas estratégias e práticas que podem adotar para promover a agricultura regenerativa na pecuária. Entre as principais mencionadas por Medeiros estão os sistemas de integração Lavoura-Pecuária (ILP), Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), sistemas silvipastoris, consórcio de gramíneas-leguminosas, manutenção de cobertura do solo, rotação de culturas, uso de inoculantes, controle biológico, adubação orgânica e utilização de bioinsumos.

Em relação aos custos envolvidos na transição para a agricultura regenerativa, Medeiros diz que apesar de se diferenciar da produção convencional, varia pouco em relação às boas práticas agrícolas. “Infelizmente não tenho detalhes mais precisos sobre os custos, contudo as integrações, que requerem maior investimento, têm sido amplamente adotadas e mostram uma relação favorável entre benefício e custo, ou seja, o investimento tende a se pagar ao longo do tempo”, enfatiza.

Exemplos bem sucedidos

Segundo o pesquisador, existem diversos exemplos bem sucedidos de implementação da agricultura regenerativa na pecuária, que demonstraram resultados positivos em termos de sustentabilidade, produtividade e rentabilidade. Alguns desses exemplos incluem Sistemas integrados (ILP, ILPF e silvipastoril). Medeiros conta que esses sistemas ocupavam uma área pequena no início desse século e agora abrangem cerca de 17 milhões de hectares no Brasil. “Os sistemas de integração têm mostrado um aumento na produção de grãos entre 5% e 20%, além da possibilidade de dobrar a produção de carne por área. Esses sistemas também promovem o aumento da matéria orgânica do solo e o sequestro de carbono, com taxas variando de 0,11 a 3,04 toneladas de carbono por hectare/ano”, relata o pesquisador.

O uso de bioinsumos em pastagens também tem se mostrado eficiente, equivalendo a uma adubação de aproximadamente 40 kg de nitrogênio, o que de acordo com Medeiros resulta em um aumento de 15% de biomassa e melhoria no teor de proteína das forragens.

Há também resultados expressivos do consórcio gramínea reduzindo a pegada de carbono e com a fixação biológica nitrogênio de até mais de 100 kg/ha/ano e, ainda, com aumento de 25 a 130% na produção de gramíneas. “Todos esses resultados ajudam a aumentar a produtividade e a sustentabilidade da produção de alimentos, além de melhorar a rentabilidade dos produtores. Ao aumentar o faturamento, essas práticas regenerativas oferecem a possibilidade de alcançar uma melhor rentabilidade ao negócio pecuário”, frisa.

Qualidade 

A agricultura regenerativa na pecuária tem uma relação estreita com a segurança alimentar e a qualidade dos produtos de origem animal. Em muitos aspectos, é difícil identificar diferenças significativas entre a qualidade desses produtos em comparação com a pecuária convencional. Embora se possa esperar uma menor chance de contaminação química devido aos princípios da agricultura regenerativa, Medeiros ressalta que o modo de produção predominante no Brasil já tem uma baixa utilização de agroquímicos. “Isso é evidenciado pelos raros relatos de não conformidade nas exportações de carne brasileira, mesmo para países com rigorosas análises de resíduos de carne”, afirma.

No entanto, a percepção dos consumidores em relação à produção mais ambientalmente correta e com menor uso de insumos pode criar uma expectativa positiva. “Isso pode facilitar a venda dos produtos e até mesmo permitir um aumento de valor agregado para alguns nichos de mercado. Os consumidores que valorizam a sustentabilidade e a origem dos alimentos podem enxergar na agricultura regenerativa uma opção alinhada com seus princípios, o que pode influenciar sua decisão de compra”, ressalta.

Embora as diferenças de qualidade entre a pecuária convencional e a agricultura regenerativa sejam sutis, Medeiros reforça que a percepção positiva dos consumidores em relação a práticas mais sustentáveis e com menor impacto ambiental pode ter implicações importantes para a comercialização e valorização dos produtos de origem animal.

Perspectivas

As perspectivas para a agricultura regenerativa na pecuária são bastante promissoras, com diversas práticas já sendo adotadas e com potencial para melhorias adicionais, incluindo o uso de tecnologias inovadoras. Por exemplo, o emprego de drones para liberar inimigos naturais e o uso de sensores para auxiliar no manejo de consórcios de gramínea-leguminosa são avanços tecnológicos que podem impulsionar ainda mais o setor.

A Embrapa Pecuária Sudeste tem desempenhado um papel significativo nesse contexto, dedicando-se ao estudo de sistemas de produção sustentáveis. A instituição busca encontrar soluções abrangentes que atendam a diversas situações e produtores. Duas pesquisas recentes se destacam nesse sentido. Medeiros explica que em uma delas demonstrou que o sequestro de carbono no tronco das árvores permite a neutralização das emissões de CO2 equivalente a 9,4 unidades animais (UA) por hectare (sendo uma UA equivalente a um animal de 450 kg de peso).

Em outro trabalho, focando o consórcio de Guandu e braquiárias, foi alcançada uma redução de 70% na intensidade de emissão de metano, expressa em quilogramas de metano emitidos por quilograma de produto. “Essas iniciativas refletem o compromisso da Embrapa Pecuária Sudeste em promover a pesquisa, a inovação e o desenvolvimento de práticas sustentáveis na pecuária, contribuindo para impulsionar a agricultura regenerativa e seus benefícios para o meio ambiente e a produtividade do setor”, salienta o pesquisador, complementado: “A agricultura regenerativa não representa um retorno ao passado, mas sim um caminho para um futuro promissor tanto para os produtores rurais quanto para a sociedade como um todo, por meio do uso intensivo de tecnologia”.

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Fonte: O Presente Rural

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Análise detalhada revela desafios e oportunidades para diferentes sistemas de produção na pecuária de corte

Suplementação estratégica, aliada à reforma de pastagens e ao manejo adequado, é crucial para otimizar a produtividade da pecuária de corte no Brasil, com destaque para sistemas de produtividade média, que se configuram como mais estáveis e lucrativos.

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O Brasil tem espaço e condições para se manter em destaque dentro da cadeia de carne bovina mundial. Com uma pecuária majoritariamente realizada a pasto, estima-se que o País detenha 177 milhões de hectares de pastagem cultivada. Entretanto, além de enfrentar fenômenos como a sazonalidade, cerca de 60% das áreas de pastagem apresentam algum nível de degradação.

De maneira geral, a suplementação de bovinos em pastejo é uma das principais estratégias utilizadas por pecuaristas, visando uma maior eficiência do sistema. A técnica permite corrigir deficiências presentes nas pastagens, melhorando a conversão alimentar e, com isso, potencializando o crescimento e ganho de peso dos animais. Vale ressaltar que melhores respostas produtivas e estratégias de suplementação estão associadas a diversos fatores. A suplementação somente não é garantia de desempenho individual satisfatório, e a estratégia mais apropriada vai variar de acordo com cada realidade.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

Manejos de reforma das áreas de pastos apropriados, com o intuito de produzir e ofertar forrageiras com alto valor nutritivo para o rebanho, associados a estratégias de suplementação mineral, podem promover o desempenho individual dos animais. Além disso, possibilitam um aumento da capacidade de suporte das áreas de pasto, o que permitiria a mantença de mais animais dentro de uma menor área e beneficiaria, portanto, a produtividade do sistema.

A melhora nos índices produtivos traz consigo a possibilidade de reduzir o tempo de permanência dos animais na propriedade. Tendo em vista que quanto mais alongado esse período, mais oneroso este animal se tornará para o produtor, essa diminuição no tempo favorece o aumento do giro da propriedade.

Sobretudo ao considerar-se o alto impacto que a aquisição de suplementos possui sobre os custos de produção da pecuária (ocupando a segunda posição dentro do COE da atividade), a estratégia adotada pode impactar significativamente na margem do produtor.

Buscando compreender a realidade dos diferentes sistemas de recria e engorda brasileiros quanto à eficácia do uso de suplementos, foram analisadas propriedades típicas amostradas no Projeto Campo Futuro, iniciativa do sistema CNA/Senar, em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. Tais modelos contém os índices técnico-financeiros dos sistemas de produção mais representativos em cada região do Brasil. Ao todo, 42 propriedades foram segregadas em grupos de acordo com a produtividade (arrobas por hectare), definindo cinco agrupamentos.

Todas as propriedades avaliadas fornecem algum tipo de suplementação. Analisando o grupo de maior produtividade (arrobas por hectare), observa-se que, em sua maioria (63%), foi utilizado apenas sal proteinado.

Enquanto que nas fazendas de menor produtividade ocorreu o inverso, tendo a maioria (67%) optado pelo uso apenas de mineral. Por sua vez, a grande maioria dentro dos sistemas medianos (75%) lançou mão da estratégia de consórcio entre mineral e proteinado, fazendo o uso do último apenas em períodos mais desafiadores do ano.

A utilização de proteinado é bastante difundida, sobretudo como estratégia para suprir demanda nutricional em períodos de seca, quando a qualidade da pastagem é mais comprometida. Sendo o proteinado um insumo mais custoso, quando utilizado somente este (propriedades grupo 1), o custo médio por cabeça ano com a suplementação foi de R$ 490,00; e, quando consorciado com mineral (propriedades grupo 3), esse custo cai para R$ 345,88 cabeça ano.

Dentre os grupos avaliados, observa-se uma variação no desempenho produtivo do sistema: as propriedades mais produtivas obtiveram um desempenho individual dos animais de 0,42 kg de ganho médio diário, enquanto as menos produtivas de 0,33 kg. Alinhado a isso, quanto às taxas de lotação observadas entre os grupos, o mais produtivo demonstrou uma média de 1,4 UA/ha. Em contrapartida, o menos produtivo apresentou uma lotação média de 0,8 UA/ha. Em consequência desses valores, as propriedades mais produtivas são definidas por uma maior produção de arroba por hectare em relação às demais (Gráfico 1).

Com isso, foi possível observar que as propriedades de média produtividade, portanto grupos 2, 3 e 4 (produtividade entre 6,0 a 8,0 arrobas/ha), no geral, demonstraram Margem Bruta predominantemente positiva, mas estas não se mostraram escalonáveis para patamares superiores.

Foto: Everton Queiroz

O menor risco que sistemas mais modestos assumem, quando comparados a sistemas mais produtivos cujos investimentos são normalmente mais fortes, ilustram a possibilidade de pagamento dos custos, mas com margens limitadas.

Quando avaliados os níveis de produtividade (arroba/ha), foi observada uma variação de margens sobre o COE por área produzida (COE/ha), em que, independentemente da produtividade em si, os custos de produção irão implicar em sucesso ou não do sistema. Isso é afirmado uma vez que as propriedades mais produtivas, retratadas como grupo 1, apresentaram grande variabilidade para o resultado de margem bruta.

Por sua vez, isso demonstra que quanto maior o investimento mais riscos são assumidos, de forma que este produtor está mais susceptível a impactos provindos das flutuações de mercado, bem como de possíveis imprevistos climáticos e sanitários. Dessa forma, sistemas mais modestos, portanto de produtividade média, demonstraram menor intervalo de variação nos resultados de margem, e a tendência é este reduzir juntamente com a produtividade (Gráfico 2).

A vasta amplitude de resultados no grupo de maior produtividade pode estar associada ao período longo dos animais em recria observado nas propriedades com margens mais apertadas. Apesar de estarem investindo no desempenho individual dos animais, como na inclusão de estratégias de arraçoamento durante o período de engorda para atingir peso e acabamento suficientes para o abate sem o risco de penalizações ao produtor, esses sistemas se tornam mais custosos e com retorno mais limitado.

Quando analisada a taxa de desfrute entre os grupos, observa-se que esta decresce juntamente com a produtividade. Isso significa que, quanto mais elevado o rendimento individual dos animais, mais rápido o giro no sistema. O tempo de permanência nas propriedades mais produtivas ficou abaixo dos 20 meses, o que se traduziu em uma taxa de desfrute em média de 56%. Por sua vez, as propriedades de média produtividade obtiveram um desfrute de 47%, ao passo que as menos produtivas apresentaram uma taxa de 41%.

A condição das pastagens é um importante ponto a ser considerado ao se definir estratégias de suplementação. Normalmente, a pastagem não tem disponível todos os nutrientes necessários e na proporção adequada, de maneira a atender as exigências dos animais em pastejo. Dessa forma, a adoção de estratégias de suplementação de nutrientes que possibilitem uma curva de crescimento adequada e que se adeque a viabilidade econômica do sistema é de suma importância para o sucesso da produção.

Não existe pacote tecnológico padrão de suplementação mineral para o sucesso de um sistema. Sendo assim, tendo em mente a importância da mineralização do rebanho, cada caso e/ou estratégia a se adotar é particular de cada sistema produtivo, dado as variações do ambiente inserido.

Fonte: Assessoria Cepea
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Genética e nutrição: os pilares da eficiência alimentar na pecuária moderna

Com avanços tecnológicos e práticas de manejo inovadoras, os produtores estão alcançando níveis invejáveis de conversão alimentar, ou seja, produzindo mais carne com menos alimento consumido pelos animais.

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Fotos: Divulgação/Criatório Rana

Nos últimos anos, a pecuária de corte testemunhou um aumento significativo na rentabilidade dos produtores, impulsionado em grande parte pela melhoria da eficiência alimentar. Este avanço está revolucionando a forma como os pecuaristas gerenciam seus rebanhos, resultando em maiores ganhos econômicos.

A eficiência alimentar na pecuária de corte se refere à capacidade de produzir mais carne utilizando menos recursos alimentares, como pastagens e rações. Com avanços tecnológicos e práticas de manejo inovadoras, os produtores estão alcançando níveis invejáveis de conversão alimentar, ou seja, produzindo mais carne com menos alimento consumido pelos animais.

Criador Ivo Arnt Filho do Criatório Angus Rana, de Tibagi, no Paraná: “Eficiência alimentar é a chave para a pecuária moderna” – Foto: Divulgação

Um dos principais impulsionadores desse aumento na eficiência é a seleção genética de animais com melhor capacidade de conversão alimentar e crescimento acelerado. Os pecuaristas estão optando por raças e linhagens que apresentam maior eficiência na transformação de alimentos em carne, garantindo uma produção mais rentável. Esse é o caminho que criador Ivo Arnt Filho tomou, quando incluiu no Criatório Rana, localizado em Tibagi, no Paraná, a criação de animais da raça Angus, em 1987.

Após duas décadas dos primeiros animais terem chegado à propriedade, Arnt passou em 2009 a se dedicar à seleção genética da raça. “Para obter a melhor eficiência alimentar buscamos a seleção genômica dos animais, com a característica de melhor conversão de alimento em carne, realizando a escolha do pai e da mãe para produção de um filho superior para esta característica”, explica, contando que os 450 animais que tem na propriedade são todos registrados e avaliados pelo programa oficial da Associação Brasileira de Angus.

Entre os melhores do país

Para garantir um padrão de excelência em sua criação, o criatório do produtor paranaense participa da Prova de Eficiência Alimentar, promovida pela Associação Brasileira de Angus, em parceria com a Embrapa Pecuária Sul, e hoje possui cinco touros entre os melhores reprodutores da raça Angus no Brasil.

Na prova, os animais são avaliados quanto à eficiência alimentar por meio da ponderação do Consumo Alimentar Residual e do Ganho e Peso Residual. “Eficiência alimentar é a chave para a pecuária moderna. Selecionando os indivíduos pais, para que seus descendentes tenham a melhor conversão alimentar em carne. A avaliação de ultrassonografia de carcaça nas mães, com aplicação da equação de validação para DEP de peso de carcaça quente, nos auxilia em muito na rentabilidade da produção”, enfatiza.

A busca constante por animais com alta eficiência alimentar não apenas agrega valor econômico à atividade pecuária, mas também promove a sustentabilidade e a rentabilidade ao pecuarista. “Além do reconhecimento, os touros campeões da Prova de Eficiência Alimentar foram contratados por centrais de inseminação e hoje seu sêmen está disponível no mercado para melhorar os rebanhos de todo o país”, diz, orgulhoso. “O abate e a comercialização é restrita aos animais que não são destinados à reprodução”, informa.

Alimentação dos animais

Além disso, a adoção de práticas de manejo intensivo e estratégias nutricionais específicas também contribuem para melhorar a eficiência alimentar. Isso inclui o uso de suplementos alimentares balanceados e a implementação de sistemas de confinamento que permitem um controle mais preciso da dieta dos animais, otimizando assim o ganho de peso. “A alimentação dos animais é realizada a pasto com suplementação da dieta com sal proteico energético, realizando para cada faixa etária o balanceamento adequado”, descreve Arnt, afirmando que animais bem nutridos, suplementados com silagem e complemento mineral têm uma saúde intestinal adequada. “Como trabalhamos somente com animais puros de origem buscamos a alimentação mais natural possível”, salienta.

Outro aspecto importante é com a gestão das pastagens. Os produtores estão investindo em técnicas de manejo que visam melhorar a qualidade e a disponibilidade de forragem, como a rotação de pastagens e o controle de invasoras. Isso não apenas aumenta a produtividade das áreas de pastoreio, mas também contribui para a saúde do solo e a sustentabilidade da atividade pecuária a longo prazo. “Para promover a saúde intestinal dos animais e prevenir problemas relacionados ao sistema digestivo fornecemos somente alimentos nobres, ricos em fibra e probióticos”.

Como fazer a seleção de animais

Na propriedade da família Arnt, diversas tecnologias foram implementadas visando a melhoria da eficiência alimentar dos animais. “Os pecuaristas devem escolher e selecionar os animais (touros e vacas) genomicamente, utilizando ferramentas que permitem gerenciar o ganho de peso e a economicidade da produção pecuária. Não é suficiente adquirir touros apenas com base em fotografias, é necessário analisar as DEP’s (Diferenças Esperadas na Progênie). Além disso, é fundamental avaliar as mães por meio de ultrassonografia de carcaça para produzir os bezerros do futuro, que serão convertidos em carne”, afirma.

Cuidado especializado

Para monitorar e avaliar a eficácia do manejo nutricional e da saúde intestinal dos animais, o produtor paranaense realiza a pesagem individual dos animais regularmente. De acordo com ele, essa prática fornece informações sobre o desempenho de ganho de peso diário, um parâmetro fundamental para o desenvolvimento dos animais jovens. Além disso, é feito a verificação das fezes dos animais para avaliar sua saúde intestinal. A propriedade conta com assessoria veterinária própria para garantir a manutenção da boa saúde alimentar dos animais.

Produção de bezerros

O produtor destaca ainda a importância de cuidar da produção de bezerros para garantir a continuidade do negócio. “Temos que nos preocupar com a produção eficiente de bezerros, utilizando as ferramentas disponíveis para alcançar uma melhor eficiência econômica e obter ótima rentabilidade na atividade pecuária, bem como a sustentabilidade do nosso negócio”, pontua Arnt.

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Fonte: O Presente Rural
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Indicador do milho tem queda real de 13,6% em um ano

De acordo com pesquisadores do Cepea, produtores seguem voltados ao desenvolvimento da segunda safra e à colheita da safra verão, postergando a comercialização do cereal.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Em abril, o Indicador do milho Esalq/BM&FBovespa (referência região de Campinas – SP) caiu 5,9% em relação ao mês anterior.

Na comparação anual, a queda é de 13,6%, em termos reais (calculado por meio do IGP-DI de março de 2024).

De acordo com pesquisadores do Cepea, produtores seguem voltados ao desenvolvimento da segunda safra e à colheita da safra verão, postergando a comercialização do cereal.

Do lado da demanda, pesquisadores do Cepea apontam que os estoques remanescentes de 2022/23, a colheita da safra verão em bom ritmo e as lavouras de segunda safra desenvolvendo sem grandes problemas têm levado compradores a limitarem as aquisições apenas para o curto prazo.

Ainda conforme levantamentos do Cepea, a colheita da safra verão no Rio Grande do Sul foi paralisada nos últimos dias devido ao excesso de chuvas e aos alagamentos em diversas regiões do estado.

No Sul de Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo, o baixo volume de chuvas e as altas temperaturas começam a deixar agentes apreensivos.

Fonte: Assessoria Cepea
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CBNA – Cong. Tec.

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