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Agricultura irrigada pode crescer 45% no Brasil até 2030
Entre os benefícios da agricultura irrigada destaca-se, principalmente, o desenvolvimento social e econômico do país e a possibilidade de uma produtividade até três vezes maior do que em áreas de sequeiro — no caso da soja, esse número tende a ser ainda maior.

A técnica de agricultura irrigada tem crescido de forma sólida no Brasil nos últimos anos. De acordo com o Atlas da Irrigação, a área irrigada no país chega atualmente a 8,2 milhões de hectares, apenas 3% da área produtiva ocupada pela agropecuária no Brasil. “É possível irrigar cerca de 55 milhões de hectares no Brasil, sendo esse o maior potencial de crescimento de área irrigada do mundo”, destaca Lineu Rodrigues, fundador e coordenador da Rede Nacional de Irrigantes (Renai).
Relatório da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), no entanto, indica que a irrigação no país pode crescer 45% até 2030. “É muito pouco, frente às necessidades. Temos o desafio de produzir alimentos de forma sustentável e em quantidade suficiente, em um mundo cada vez mais complexo, com uma população que em 2050 será em torno de 9,1 bilhões de pessoas”, ressalta o especialista.
Conforme estudo realizado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), uma em cada nove pessoas no mundo não tem comida suficiente para levar uma vida saudável e ativa. E, para atender a esta demanda mundial de alimentos em uma janela de tempo de menos de três décadas, há a necessidade de um aumento real na produção de alimentos de cerca de 70%. “O Brasil é um dos poucos países capazes de elevar a sua produção agrícola sem comprometer o meio ambiente. Temos mais de 12% das reservas de água doce e algumas das maiores bacias hidrográficas do mundo”, reitera Rodrigues.
Segundo ele, o uso da água via irrigação para produção de alimentos ainda é discreto, uma vez que a quantidade utilizada para este fim representa menos de 0,6% do que existe nos rios brasileiros.
Benefícios
Entre os benefícios da agricultura irrigada, conforme especialistas, destaca-se, principalmente, o desenvolvimento social e econômico do país e a possibilidade de uma produtividade até três vezes maior do que em áreas de sequeiro — no caso da soja, esse número tende a ser ainda maior.
Além disso, a prática reduz a possibilidade de impacto climático na produção; viabiliza diversidade nas culturas e uso do solo durante todo o ano; estimula a modernização no campo; contribui à geração de emprego e renda; e reduz a demanda por abertura de novas áreas de produção.
Para entender o sistema de agricultura irrigada, no entanto, é necessário compreender também o ciclo da água, ou o ciclo hidrológico, que nada mais é do que o caminho percorrido por ela na Terra e na atmosfera.
A água, no seu estado gasoso, proveniente da evaporação e da transpiração das plantas, sobe. Levada por correntes de ar, o vapor esfria e condensa. Neste momento, a água assume a forma líquida novamente, formando nuvens — conjuntos de partículas que, com o tempo, deixam as nuvens carregadas e, consequentemente, geram a chuva. Dessa forma, a água retorna ao ciclo, e seu movimento é recomeçado.
Terceiro setor
A escassez de água para o manejo do cultivo de alimentos tem feito os produtores rurais procurarem técnicas de agricultura irrigada que garantam um desenvolvimento sustentável e mitiguem os problemas de estiagem. “Em períodos de abundância hídrica, o volume de água autorizado por outorga é represado para uso em momentos de baixos níveis. Dessa forma, aproveita-se o recurso da melhor forma possível na continuidade de produção de alimentos, como feijão, soja e milho”, explica o presidente da Associação dos Produtores do Vale do Araguaia (Aprova), Celso Lopes.
Lopes destaca que a irrigação ainda abre oportunidade para geração de segurança alimentar, econômica e ambiental no Brasil. “Em algumas áreas do nosso país, torna-se totalmente impossível produzir sem irrigação devido aos longos períodos de seca, como observamos no semiárido brasileiro. Não é possível haver geração de emprego, desenvolvimento social e sustentável ou estabilidade na produção sem que haja uma estratégia sólida de irrigação do cultivo”, complementa.
Nos picos da seca, entre agosto e setembro, os equipamentos de irrigação, como, por exemplo, os pivôs centrais são usados pontualmente, ficando ligados com mais intensidade entre abril e junho, voltando à carga em outubro e deixados de lado, novamente, com as chuvas de verão. “A conta é a seguinte: pegar o volume de água que o pivô utiliza diariamente e calcular isso sobre o período máximo que ele pode ficar sem captar água. Assim, você conseguirá dimensionar o volume útil de água necessário no reservatório. Além disso, a tecnologia de gerenciamento remota possibilita o monitoramento constante da irrigação, aumentando, assim, a produtividade e utilizando melhor os recursos naturais”, expõe Lopes.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



