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Agricultura brasileira une ciência e tecnologia para reduzir carbono

Livro lançado na COP30 destaca práticas e inovações que permitem alta produtividade com baixo impacto climático e maior rastreabilidade ambiental.

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Foto: Rodrigo Alva

Durante a COP30, conferência do clima das Nações Unidas sediada em Belém (PA), em 2025, o governo brasileiro lançou o livro Ciência para o clima e soluções da agricultura brasileira, uma síntese das principais contribuições da ciência nacional para enfrentar a crise climática. Organizada pela Embrapa, a publicação reúne décadas de pesquisa sobre tecnologias, métricas e estratégias que mostram como a agricultura tropical pode reduzir emissões e sequestrar carbono, mantendo alta produtividade.

O balanço de carbono, que calcula a diferença entre o carbono emitido e o capturado nos sistemas produtivos, tornou-se um dos principais indicadores da sustentabilidade agropecuária. Segundo a pesquisadora Beata Madari, da Embrapa Arroz e Feijão, mensurar o carbono com precisão é essencial para orientar políticas públicas e certificar cadeias produtivas de baixo impacto. “A avaliação de ciclo de vida e o balanço de carbono permitem comprovar que a agricultura tropical pode ser produtiva e, ao mesmo tempo, contribuir para mitigar as mudanças climáticas”, explica.

A agropecuária brasileira já é uma das que mais aplicam práticas conservacionistas no mundo. O Plano ABC+ (2020–2030), principal política nacional de mitigação de gases de efeito estufa (GEE) no setor, prevê a ampliação do uso de tecnologias sustentáveis em 72 milhões de hectares, evitando a emissão de mais de 1 bilhão de toneladas de CO₂ equivalente até 2030. Entre as ações estão a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), a recuperação de pastagens degradadas, o plantio direto, o uso racional de bioinsumos e irrigação e a fixação biológica de nitrogênio, práticas que aumentam o sequestro de carbono no solo e a eficiência produtiva.

Nos sistemas agrícolas, as plantas capturam CO₂ pela fotossíntese, e parte desse carbono é armazenada no solo na forma de matéria orgânica — que pode conter até 58% de carbono. Boas práticas de manejo aumentam esse estoque, melhoram a fertilidade e reduzem o uso de insumos sintéticos. Já o desmatamento e o mau uso do solo liberam carbono e agravam o efeito estufa. Para medir e comparar os fluxos de gases, a Embrapa adota parâmetros do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), que expressa os resultados em CO₂ equivalente. O metano (CH₄), por exemplo, tem potencial de aquecimento 27 vezes maior que o dióxido de carbono, e o óxido nitroso (N₂O), 273 vezes mais potente.

A precisão das medições também depende da qualidade dos laboratórios, explica Celso Manzatto, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente.

A Embrapa coordena o Programa de Análise de Qualidade de Laboratórios de Fertilidade do Solo (PAQLF), que avalia 176 unidades em todo o país, e o Ensaio de Proficiência em Análise de Carbono do Solo (EPCS), primeiro programa interlaboratorial do mundo voltado à harmonização de resultados de carbono. O EPCS compara métodos de análise e garante a confiabilidade dos dados usados em inventários e mercados de carbono.

Essas iniciativas já geraram resultados expressivos: o primeiro Plano ABC (2010–2020) evitou a emissão de 194 milhões de toneladas de CO₂ equivalente, com práticas sustentáveis adotadas em 54 milhões de hectares. A combinação entre ciência, política pública e inovação tecnológica consolidou o Brasil como referência internacional em agricultura de baixa emissão.

A recuperação de pastagens e a integração entre lavoura, pecuária e floresta estão entre os pilares dessa transformação. Hoje, 197 milhões de cabeças de gado ocupam 161 milhões de hectares, 11% a menos do que há 20 anos, enquanto a produtividade quase dobrou. Pastagens bem manejadas sequestram carbono, reduzem o desmatamento e melhoram o bem-estar animal. Sistemas com leguminosas ainda diminuem as emissões de metano entérico e aumentam a fertilidade do solo.

Outros avanços vêm de tecnologias agrícolas de baixo carbono, como fertilizantes de ureia tratada com inibidores, que reduzem em até 50% as emissões de N₂O; bioinsumos microbianos, que substituem fertilizantes sintéticos e evitam cerca de 300 kg de CO₂eq por hectare ao ano; e o biochar, carvão vegetal obtido de resíduos agrícolas que melhora a fertilidade do solo e armazena carbono por séculos.

A redução do metano na pecuária é outro foco das pesquisas. A Embrapa e universidades brasileiras estudam estratégias nutricionais que reduzem as emissões entéricas em até 48%, por meio de dietas com óleos vegetais, leguminosas, algas, compostos vegetais e inibidores químicos da metanogênese, como o 3-nitrooxipropanol (3-NOP). Essas soluções permitem reduzir as emissões sem comprometer a produtividade.

Para garantir transparência, o país desenvolve ferramentas digitais de mensuração, relato e verificação (MRV), alinhadas às diretrizes da ONU. O sistema inclui o Sacir, que caracteriza imóveis rurais e pastagens; o AgroTag MRV, que coleta dados georreferenciados; o SatVeg, que monitora cobertura vegetal por satélite; e a calculadora GHG Protocol para Agricultura e Pecuária, usada para estimar emissões diretas e indiretas das atividades agropecuárias.

Esses instrumentos fortalecem a rastreabilidade ambiental e viabilizam a inserção de produtores em mercados de créditos de carbono, além de subsidiar o Inventário Nacional de Emissões de GEE. “Quando o produtor adota práticas conservacionistas, ele melhora a produtividade e também ajuda o país a atingir metas de neutralidade climática”, resume Madari.

Com sistemas cada vez mais monitorados e eficientes, a agricultura brasileira transforma o balanço de carbono em um instrumento de planejamento estratégico. O país mostra que é possível produzir, conservar e mitigar — ao mesmo tempo. A ciência tropical e as políticas de inovação sustentam um modelo de agropecuária de baixo carbono, que alia segurança alimentar, competitividade e compromisso com o clima global.

O trabalho é de Beata Madari, Embrapa Arroz e Feijão, Anderson Santi,  Embrapa Trigo, Celso Manzatto, Embrapa Meio Ambiente, Claudia Jantalia, Embrapa Solos, Etelvino Novotny, Embrapa Solos, Ladislau Skorupa, Embrapa Meio Ambiente, Márcia Carvalho, Embrapa Arroz e Feijão, Patrícia Oliveira, Embrapa Pesca e Aquicultura, Vinicius Benites, Embrapa Solos e Walkyria Scivittaro, Embrapa Clima Temperado.

Fonte: Assessoria Embrapa Meio Ambiente

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São Paulo inaugura centro de pesquisa para pecuária tropical sustentável

Instituto de Zootecnia lança unidade com laboratório de genômica animal e projetos inovadores para aumentar produtividade, reduzir carbono e fortalecer competitividade do agro.

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Foto: Divulgação/APTA

O Instituto de Zootecnia (IZ-APTA), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, inaugurou oficialmente na última sexta-feira (19) a Divisão Avançada de Pesquisa e Desenvolvimento da Pecuária Sustentável e o Laboratório de Genômica Animal, consolidando a cidade como referência nacional e internacional em ciência aplicada à pecuária tropical de baixo carbono.

A cerimônia reuniu autoridades estaduais e municipais, pesquisadores, representantes da iniciativa privada e parceiros institucionais. Como ato simbólico da inauguração, foi realizado o plantio de árvores na área da unidade, representando o início de um novo ciclo para a pesquisa pecuária na região, pautado pela sustentabilidade, inovação e integração entre ciência e produção.

Implantado em uma área de aproximadamente 220 hectares, o Centro de Pecuária Sustentável tem como missão o desenvolvimento, validação e transferência de tecnologias voltadas a sistemas produtivos mais eficientes, sustentáveis e alinhados aos compromissos ambientais do Brasil. A unidade abriga projetos estratégicos como o NeuTroPec, Centro de Ciência para o Desenvolvimento da Neutralidade Climática da Pecuária de Corte em Regiões Tropicais, além do RumenLab.

Durante o evento, o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Guilherme Piai, destacou a relevância da nova unidade para o futuro do agro brasileiro. “Hoje a pecuária brasileira bate recordes diariamente. Somos o maior produtor e exportador do mundo, com um potencial de crescimento gigantesco. Este centro é o primeiro laboratório do mundo dedicado à pecuária tropical sustentável e vai gerar benefícios diretos para o produtor, para o meio ambiente e para a competitividade do Brasil”, afirmou.

Em tom de despedida, por estar nos últimos dias à frente da pasta, o secretário ressaltou o legado da gestão. “Entrego uma secretaria mais forte, que quebrou recordes em todas as áreas. Por trás dos números existem pessoas, histórias e dignidade. Essa semente plantada aqui hoje vai ajudar ainda mais o nosso agro e os verdadeiros heróis do país: as mulheres e os homens do campo.”

O coordenador do Instituto de Zootecnia, Enilson Ribeiro, falou sobre a importância desta unidade: “É uma Divisão que vem consolidar a responsabilidade do IZ com a produção animal sustentável”. A diretora da unidade, Renata Helena Branco, enfatizou que a inauguração representa uma prestação de contas à sociedade e aos parceiros que acreditaram no projeto. “Esse centro nasce com o propósito de ser uma vitrine tecnológica, conectando pesquisa pública, iniciativa privada e produtor rural, sempre com base em evidências científicas”, destacou.

Com a inauguração da Divisão Avançada de Pesquisa e Desenvolvimento da Pecuária Sustentável, o Instituto de Zootecnia e a APTA reafirmam seus papéis históricos na ciência agropecuária brasileira, fortalecendo parcerias público-privadas e posicionando São José do Rio Preto como um polo estratégico de inovação, sustentabilidade e competitividade da pecuária tropical.

Fonte: Assessoria APTA
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Portos do Sul registram crescimento e movimentam 108 milhões de toneladas

Expansão é puxada por granéis sólidos e cargas conteinerizadas, com destaque para milho e adubos, refletindo aumento da demanda e modernização da infraestrutura.

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Foto: Rodrigo Félix Leal

A movimentação portuária na Região Sul alcançou 108,4 milhões de toneladas entre janeiro e outubro de 2025, de acordo com o Estatístico Aquaviário da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). O volume representa crescimento de 7,41% em relação ao mesmo período de 2024, confirmando o bom desempenho dos portos sulistas.

O desempenho regional foi impulsionado principalmente pelos granéis sólidos, que somaram 65,3 milhões de toneladas (alta de 1,65%). A movimentação de cargas conteinerizadas também teve forte evolução, atingindo 25,9 milhões de toneladas, com crescimento de 23,48%. O granel líquido movimentou 6,2 milhões de toneladas, expansão de 10,18%, enquanto a carga geral totalizou 11,0 milhões de toneladas, com aumento de 9,13% na comparação anual.

Segundo o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, o avanço reflete o esforço conjunto de gestão e modernização da infraestrutura na região. “Os portos do Sul vêm apresentando um desempenho consistente, combinando aumento de demanda, diversificação de cargas e investimentos estruturantes”, afirmou.

Portos mais movimentados

Foto: Claudio Neves/Portos do Paraná

O Porto de Paranaguá (PR) liderou a movimentação na região com 55,2 milhões de toneladas, representando 50,9% do total movimentado, com crescimento de 7,61%. Em seguida aparece o Porto do Rio Grande (RS), com 26,3 milhões de toneladas, participação de 24,3% e alta de 9,32%.

O Porto de São Francisco do Sul (SC) movimentou 14,9 milhões de toneladas (13,7% do total), registrando alta de 1,48%. Já o Porto de Imbituba (SC) somou 6,2 milhões de toneladas (5,7%), com retração de 14,7%, enquanto Itajaí (SC) movimentou 3,4 milhões de toneladas, representando 3,1% da carga da região, mas com crescimento expressivo de 461% em relação a 2024.

Perfil das mercadorias

O Sul apresentou perfil diversificado de cargas, com destaque para produtos do agronegócio e insumos industriais. As cargas conteinerizadas lideraram o ranking, com 25,9 milhões de toneladas (23,9%) e alta de 23,48%.

A soja movimentou 23 milhões de toneladas (21,3%), registrando retração de 8,0%. Os adubos (fertilizantes) somaram 16,2 milhões de toneladas (15,0%), com alta de 7,09%. O milho totalizou 6,5 milhões de toneladas, participação de 6,0% e crescimento de 165,56%, enquanto o açúcar movimentou 6,1 milhões de toneladas (5,6%), com queda de 9,7%.

Operações

A navegação de longo curso, que concentra operações de importação e exportação, movimentou 93,4 milhões de toneladas, com alta de 6,43%. A cabotagem, responsável pelo transporte entre portos brasileiros, somou 6,0 milhões de toneladas, crescendo 8,37%. As vias interiores movimentaram 2,9 milhões de toneladas, com retração de 3,35%.

No comércio exterior, as importações cresceram 9,34% e as exportações aumentaram 4,98%. O transporte por contêineres teve alta de 18,51%, enquanto as demais cargas cresceram 4,55%. No mercado interno, o transporte de cargas de origem nacional avançou 6,49%.

O ministro destacou ainda que os resultados demonstram retorno concreto das ações do Governo Federal. “Os investimentos em dragagem, acessos terrestres e modernização operacional estão fortalecendo a competitividade dos portos do Sul e ampliando a capacidade logística do país”, finalizou.

Fonte: Assessoria Antaq
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Preparativos do Show Rural entram na reta final com foco em excelência

Organização reforça liderança, estrutura e experiência do público para a 38ª edição do evento que abre o calendário das grandes feiras do agronegócio em 2026.

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Foto: Divulgação

Há menos de dois meses do início do Show Rural Coopavel, o presidente Dilvo Grolli e o coordenador-geral Rogério Rizzardi estiveram reunidos com os coordenadores de área do maior evento técnico do agronegócio da América do Sul. A finalidade do encontro foi reafirmar compromisso com pilares que fazem da mostra de tecnologia uma das mais admiradas do mundo.

Dilvo e Rogério falaram de liderança, de bem atender e do compromisso de cada um com a excelência para entregar ao público a melhor experiência possível. “São pessoas do Brasil e do exterior que vêm a Cascavel porque confiam na Coopavel e no projeto que ela construiu ao longo de quase quatro décadas. O Show Rural é o reflexo da união, planejamento, trabalho dedicado e comprometimento de cada um de vocês, que formam um todo de grande capacidade transformadora”, comentou o presidente.

Desde 1989, quando aconteceu a primeira edição, o evento recebe investimentos e melhorias para que a disseminação de novos conhecimentos possa ocorrer com eficiência e bons resultados. “A superação e o fazer sempre melhor são tônicas de uma iniciativa que ajudou a moldar a fisionomia da agropecuária de Cascavel e de uma das regiões de maior produção de commodities do Brasil e do mundo”, acentua o agrônomo Rogério Rizzardi, que falou do andamento de inúmeras obras no parque. Citou a ampliação da área administrativa e do Espaço Impulso, do galpão do produtor, estacionamento, pavimentação de ruas e reforma dos banheiros.

Tema

Ao destacar o papel e a responsabilidade de cada coordenador e de sua equipe, Dilvo falou do tema da 38ª edição – A força que vem de dentro, que ressalta a determinação dos produtores rurais de, mesmo diante de intempéries, oscilação de mercados e outros desafios, seguir firmes no propósito de produzir alimentos. Ele destacou também a logomarca oficial, que considera atemporal. “Quando o nome Show Rural foi colocado sobre o globo terrestre, ainda não tínhamos essa visão de que estávamos construindo um evento mundial. Por isso, essa logomarca continua e seguirá atual por muito tempo”.

O 38º Show Rural Coopavel vai ser realizado de 9 a 13 de fevereiro de 2026 em Cascavel, no Oeste do Paraná. Uma missa às 11h do dia 8 de fevereiro marcará o início oficial da edição, que contará com a participação de 600 expositores nacionais e estrangeiros. “Estamos acelerando os preparativos para o palco que abre o calendário das grandes feiras técnicas nacionais, e que mostrará ao produtor rural o que há de melhor e mais eficiente para que ele produza potencializando resultados, reduzindo custos e se integrando aos critérios da sustentabilidade”, conforme Dilvo.

Fonte: Assessoria Coopavel
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