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Agricultores gaúchos enviam sementes a banco genético na Noruega

Sementes de 59 variedades tradicionais fizeram parte de um depósito de três mil amostras de coleções da Embrapa.

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Foto: Letícia Cremonese

No município gaúcho de Ibarama, a 250 quilômetros de Porto Alegre, um grupo de agricultores familiares se dedica à conservação da agrobiodiversidade local. Entre plantios, colheitas e feiras de troca, os integrantes da Associação dos Guardiões das Sementes Crioulas da cidade cultivam não apenas variedades tradicionais, mas também um legado de conservação da agrobiodiversidade da região.

Agora, essas sementes ultrapassam fronteiras e chegam ao extremo norte do planeta. Nesta terça-feira (25), 59 amostras de variedades cultivadas na região foram armazenadas no Banco Global de Sementes de Svalbard, na Noruega, projetado para garantir a segurança da diversidade agrícola mundial. Esse é o primeiro envio realizado por uma associação de guardiões do Brasil ao banco. Entre as sementes enviadas estão variedades de milho, feijão-comum, trigo, couve, salsa, alface, tomate, ervilha, coentro, feijão-fava, melancia, amendoim, arroz, abóbora, radiche, gergelim, amaranto, linhaça, girassol e quiabo.

A entrega das sementes à Embrapa, que também manterá o material no Banco Genético da instituição, em Brasília, foi marcada por uma missa em ação de graças, reunindo a comunidade local. Para o presidente da Associação dos Guardiões de Ibarama, Mário Raminelli, esse momento representa um reconhecimento ao trabalho de anos das famílias agricultoras. “Ter as sementes da região guardadas em uma casa-forte de sementes, tanto em Brasília quanto na Noruega, é um reconhecimento pelo nosso esforço. As famílias de guardiões vêm mantendo esse patrimônio há gerações, e agora sabemos que ele estará preservado para o futuro”, afirmou.

Seleção e envio das sementes para a Embrapa

Beri Bonglim, especialista em projetos BOLD, e pesquisadora Aluana Abreu no campo da Estação Arroz e Feijão da Embrapa em Santo Antônio de Goiás. - Foto: LM Salazar/Crop TrustA pesquisadora Aluana Gonçalves de Abreu (à direita na imagem), supervisora da Curadoria de Germoplasma Vegetal da Embrapa, explica que, embora já tenham sido enviadas outras variedades tradicionais para Svalbard, essa é a primeira vez que uma associação de agricultores multiplica suas sementes exclusivamente para a conservação de cópias de segurança no Brasil e na Noruega.

A produção e seleção das sementes contaram com o apoio da Embrapa Clima Temperado (Pelotas-RS), da Universidade Federal de Santa Maria e da Emater-RS. Esse trabalho integrou um acordo de cooperação técnica para conectar a conservação das variedades nos locais de origem (in situ/on farm) com a conservação em coleções (ex situ).

Antes do envio, todas as amostras passaram por testes de germinação realizados na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília, garantindo que apenas sementes de alta qualidade fossem armazenadas.

Segundo a pesquisadora Rosa Lía Barbieri, a parceria entre a Embrapa Clima Temperado e a Associação dos Guardiões de Ibarama começou há 15 anos, durante um projeto voltado à identificação e ao fortalecimento dos guardiões de variedades tradicionais no Rio Grande do Sul. “O trabalho desses agricultores é fundamental para a conservação da agrobiodiversidade, garantindo a preservação de variedades em risco de extinção e mantendo a diversidade genética dos cultivos, o que é essencial para a adaptação às mudanças climáticas”, destaca.

Envio das sementes para Svalbard

A equipe da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia prepara as amostras para envio à Noruega. - Foto: Claudio Bezerra

Fotos: Divulgação/Embrapa

Além das 59 variedades dos guardiões de  Ibarama, foram depositadas  2.944 amostras de arroz, feijão-comum, milho, pinus e trevo das coleções da Embrapa. O envio foi viabilizado pelo projeto internacional Biodiversidade para Oportunidades, Meios de Vida e Desenvolvimento (BOLD), da Crop Trust, organização dedicada à conservação e disponibilização da diversidade agrícola global.

“O projeto BOLD financiou as atividades de multiplicação de amostras de arroz, feijão-comum e milho da Embrapa, além de cobrir os custos do envio para a Noruega”, explica o pesquisador Juliano Pádua, supervisor do Banco Genético da Embrapa.

Todas as amostras enviadas para Svalbard também foram depositadas na Coleção de Base (Colbase) do Banco Genético da Embrapa, onde são mantidas a -18°C, sob as mesmas condições do banco mundial de sementes. O envio é resultado do esforço conjunto das seguintes Unidades Descentralizadas: Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás-GO), Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), Embrapa Clima Temperado, Embrapa Florestas (Colombo-PR) e Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, além da área de Importação e Exportação da Empresa.

De acordo com a pesquisadora Flávia França Teixeira, da Embrapa Milho e Sorgo, o projeto BOLD viabilizou a multiplicação de mais de 250 acessos do Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de Milho. Segundo ela, o envio priorizou variedades de milho pipoca e de grãos coletados no estado de Minas Gerais. “Todos os acessos enviados foram levados a campo, suas sementes foram multiplicadas e suas espigas foram fotografadas. Inclusive foram anotados os dados de caracteres morfológicos denominados descritores da cultura do milho. As fotografias foram inseridas na plataforma ALELO”, informou França.

Fonte: Assessoria Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia

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Mercado da soja inicia novembro com preços instáveis e influência do cenário internacional

Oscilações refletem exportações brasileiras em alta, avanço do plantio e incertezas sobre o acordo China–EUA, aponta análise da Epagri/Cepa.

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Foto: Daiane Mendonça

O mercado da soja entrou novembro sob influência de uma combinação de fatores internos e externos que têm gerado oscilações nos preços e incertezas quanto ao comportamento da demanda global. Em Santa Catarina, conforme o Boletim Agropecuário elaborado pela Epagri/Cepa, a média mensal paga ao produtor em outubro registrou leve recuo de 0,6%, fechando o mês em R$ 124,19 a saca.

Já no início de novembro, até o dia 10, há indicação de recuperação: a média estadual subiu para R$ 125,62/sc, movimento influenciado principalmente pelo comportamento das exportações brasileiras e pelas notícias vindas do mercado internacional.

Foto: Claudio Neves

A elevação dos embarques do Brasil em outubro, 6,7 milhões de toneladas, com volume acumulado superior a 100 milhões de toneladas em 2025, ajudou a firmar as cotações internas. Ao mesmo tempo, o anúncio da retomada das importações de soja dos Estados Unidos pela China e os avanços no acordo comercial entre os dois países impulsionaram os contratos futuros em Chicago (CBOT), com reflexos imediatos nos preços no Brasil.

A análise é do engenheiro-agrônomo Haroldo Tavares Elias, da Epagri/Cepa, que classifica o momento como de viés misto, com o mercado reagindo de forma alternada a notícias de estímulo e pressão.

Fatores que influenciam mercado 
Segundo o boletim, fatores de baixa predominam no curto prazo, puxados principalmente pela lentidão nas negociações internas no Brasil, pelo avanço do plantio da nova safra e pela sinalização do acordo China–EUA. Esse movimento pressiona o mercado brasileiro, ao mesmo tempo que fortalece o mercado americano e sustenta as cotações em Chicago.

1. Mercado internacional
Dados de USDA, CBOT, Esalq-Cepea, Investing.com e Bloomberg, compilados pela Epagri/Cepa, apontam:

Foto: Claudio Neves

Fatores de alta:

  • Importações recordes da China em outubro, 9,48 milhões de toneladas, majoritariamente provenientes da América Latina;
  • Recuperação da CBOT por quatro semanas consecutivas.

Fatores de baixa:

  • Falta de confirmação pela China da compra de 12 milhões de toneladas dos EUA;
  • Retomada das importações chinesas de soja americana, reduzindo o espaço para o produto brasileiro;
  • Negociações internas mais lentas no Brasil, o ritmo mais baixo em quatro anos;
  • Correção técnica de estocásticos e realização de lucros após sequência de altas em Chicago.

2. Oferta e mercado interno

Fatores de alta:

  • Exportações brasileiras mantêm ritmo forte;
  • Estruturação da presença chinesa no Brasil, com ampliação de operações, incluindo um novo escritório no Mato Grosso.

Fatores de baixa:

  • Pressão sobre os preços internos, com queda de 1,4% em outubro.

3. Safra e clima
Fatores de baixa:

  • Plantio avançado, com 47% da safra já implantada, reforçando a expectativa de safra recorde entre 177 e 180 milhões de toneladas no

    Foto: Claudio Neves

    ciclo 2025/26;

  • Produtores nos EUA voltaram a vender após as recentes altas, aumentando a oferta global no curto prazo.

Acordo China-EUA 
Embora o mercado tenha reagido às declarações do governo dos Estados Unidos sobre um novo acordo com a China envolvendo a compra de soja, não houve confirmação por parte dos chineses até 12 de novembro, ressalta a Epagri/Cepa. Caso confirmado, o pacto poderia redirecionar parte da demanda da China para a soja americana, reduzindo o volume destinado ao Brasil.

Contudo, a proximidade da entrada da nova safra brasileira — combinada com o calendário já avançado para novembro, torna improvável a formalização do acordo ainda este ano. Por isso, a tendência, segundo a análise, é que a China siga priorizando a soja brasileira nas próximas semanas.

Fonte: O Presente Rural
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Santa Catarina mantém 93% das lavouras de milho em boa condição no início da safra

Epagri/Cepa registra avanço consistente do plantio, com alertas para falhas de germinação e manejo fitossanitário.

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Foto: Shutterstock

O avanço do plantio do milho em Santa Catarina, que já alcança 92% da área prevista para a safra de verão 2025/2026, confirma um início de ciclo predominantemente positivo no estado, mas acompanhado de sinais de alerta pontuais. Segundo o Boletim Agropecuário da Epagri/Cepa, 93% das lavouras são classificadas como boas, um indicador robusto para o período, porém a evolução do desenvolvimento apresenta nuances importantes entre as microrregiões produtoras.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

De maneira geral, o estabelecimento das plantas ocorreu dentro do esperado, com solo apresentando boa umidade e clima favorável nas principais áreas de produção. Ainda assim, a distribuição das chuvas definiu comportamentos distintos entre as regiões, influenciando estandes, sanidade e andamento dos tratos culturais.

No Alto Vale do Itajaí, onde 90% das lavouras estão em boas condições, o desenvolvimento vegetativo é satisfatório, com umidade adequada e apenas focos pontuais de percevejos e cigarrinha. Situação semelhante aparece em Campos de Lages, Planalto Norte e Concórdia, todas com 100% das lavouras avaliadas como boas, apresentando germinação regular, plantas sadias e baixa pressão de pragas. Em Concórdia, inclusive, as primeiras áreas já entraram em floração.

Outras regiões apresentam ritmos distintos. Em Joaçaba, por exemplo, parte das áreas atrasou o plantio devido ao excesso de chuva, e os técnicos registraram ocorrências de percevejo, lagarta e tripes. Já no Litoral Norte, apesar de 100% de condição boa, o excesso de precipitação provocou falhas de germinação, especialmente em lavouras entre os estádios V3 e V8.

No Oeste, regiões importantes para o milho catarinense também mostram realidades variadas. Chapecó/Xanxerê registra 90% das

Foto: Gessí Ceccon

lavouras em boas condições, com plantas em V6 e crescimento favorecido por radiação solar. Em São Miguel do Oeste, o plantio já está finalizado, com início de floração e controle de cigarrinha e ervas daninhas em andamento; 94% das lavouras são classificadas como boas.

O extremo Sul do estado, por sua vez, vem sendo impactado por chuvas intensas. Ainda que 98% das áreas apresentem condição boa, os agrônomos alertam para os efeitos acumulados da umidade elevada nas fases seguintes do desenvolvimento. Em Curitibanos, a semana chuvosa também impôs ajustes no cronograma de tratos culturais, embora as lavouras sejam avaliadas como boas a ótimas.

No cenário estadual, a cigarrinha-do-milho continua sob vigilância, embora com baixa incidência até o momento. A manutenção de condições de sanidade dependerá do monitoramento contínuo e da disciplina no manejo fitossanitário, especialmente em áreas com histórico de enfezamento e maior pressão de insetos.

A Epagri/Cepa reforça que, apesar dos pontos de atenção, o potencial produtivo da safra é positivo. Os próximos dias, marcados pelo comportamento das chuvas e pela manutenção de temperaturas adequadas, serão decisivos para consolidar esse cenário. Se as condições atuais persistirem, Santa Catarina tende a iniciar a colheita com nível elevado de desempenho agronômico e produtivo.

Fonte: O Presente Rural
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Custos de produção recuam no frango e avançam no suíno em outubro

Levantamento da Embrapa mostra alta no custo do suíno vivo em Santa Catarina e queda no frango de corte no Paraná, com impacto direto da variação da ração.

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Foto: Shutterstock

Os custos de produção de suínos e de frangos de corte tiveram comportamentos diferentes em outubro conforme levantamento da Embrapa Suínos e Aves por meio da Central de Inteligência de Aves e Suínos (CIAS).

Em Santa Catarina, o custo de produção do quilo do suíno vivo foi de R$ 6,35 em outubro, alta de 1,09% em relação ao mês anterior, com o ICPSuíno chegando aos 363,01 pontos. No acumulado de 2025, o índice também registra aumento (2,23%).

Em 12 meses, a variação é de 2,03%. A ração, responsável por 70,72% do custo total de produção na modalidade de ciclo completo, subiu 1,28% no mês.

No Paraná, o custo de produção do quilo do frango de corte baixou 1,71% em outubro frente a setembro, passando para R$ 4,55 e com o ICPFrango atingindo 352,48 pontos.

No acumulado de 2025, a variação é negativa, de -4,90%. No comparativo de 12 meses o índice também registra queda: -2,74%. A ração, que representou 63,10% do custo total em outubro, baixou 3,01% no mês.

Santa Catarina e Paraná são estados de referência nos cálculos dos Índices de Custo de Produção (ICPs) da CIAS, devido à sua relevância como maiores produtores nacionais de suínos e frangos de corte, respectivamente.

A CIAS também disponibiliza estimativas de custos para os estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Rio Grande do Sul, fornecendo subsídios importantes para a gestão técnica e econômica dos sistemas produtivos de suínos e aves de corte.

App Custo Fácil

Aplicativo gratuito da Embrapa que gera relatórios personalizados das granjas e diferencia despesas com mão de obra familiar. Disponível para Android na Play Store.

Planilha de Custos

Ferramenta gratuita para gestão de granjas integradas de suínos e frangos de corte, disponível no site da CIAS

Fonte: Assessoria Embrapa Suínos e Aves
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