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Agricultores conhecem ferramenta para registro no celular de dados da produção orgânica
Expectativa é que ela facilite o trabalho dos produtores e gere um banco de dados para as organizações que fazem a avaliação da conformidade orgânica e para o Mapa.

A primeira versão de um conjunto de formulários digitais para o processo de certificação de alimentos orgânicos foi entregue pela Embrapa Territorial a agricultores da Cooperativa Orgânica Agroflorestal Comuna da Terra, em Ribeirão Preto, SP, no dia 2 de fevereiro.
A ferramenta funciona no aparelho celular ou no computador e permite a gestão de dados na web. A expectativa é que ela facilite o trabalho dos produtores e gere um banco de dados para as organizações que fazem a avaliação da conformidade orgânica e para o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Os formulários correspondem aos planos de manejo enviados periodicamente pelos agricultores às instituições que atestam o caráter orgânico dos produtos – empresas certificadoras ou sistemas participativos de garantia. Nesses documentos, eles registram cada detalhe da produção, cultivo por cultivo, talhão por talhão.
Se há plantio de tomate, é preciso informar quantas mudas foram plantadas, como foram adquiridas, quanto se espera colher, cada produto utilizado como fertilizante ou para o combate de pragas, para quem foi vendido, entre muitas outras informações. Há que se reportar informações gerais sobre a propriedade, como medidas de conservação de solo, proteção de fontes de água, destinação de resíduos e até o manejo sanitário de animais domésticos.
Na Comuna da Terra, que reúne 20 famílias de agricultores do Assentamento Mário Lago, a administração do Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade (Opac) próprio da cooperativa auxilia os produtores no preenchimento dos planos de manejo no computador. Mas os cadernos de campo, com o detalhamento do que está sendo produzido, ainda são manuais e as informações neles registradas ficam apenas com os agricultores.
Além dos planos de manejo, a equipe da Embrapa criou formulários digitais para o cadastro e os cadernos de campo. Assim, as informações desses documentos também podem chegar rapidamente ao Opac. “Podemos combinar com os produtores, por exemplo, o envio das informações semanalmente, via aplicativo. Com isso, poderemos planejar melhor a comercialização dos produtos”, conta Patrícia Joia Nunes, que está à frente do Opac da Comuna da Terra.
Na apresentação da primeira versão da ferramenta, em Ribeirão Preto, os agricultores já sugeriram a inclusão de novos itens no caderno de campo, com mais detalhes sobre a colheita, pensando na gestão e estratégias. Patrícia também tem a expectativa de contar com uma ferramenta para melhor administração do conjunto de informações recebidas, hoje controlado em planilhas.
Obter, reunir e gerir dados sobre o segmento de produção orgânica, aliás, foi a origem do projeto que permitiu a criação dos formulários digitais. Uma equipe da superintendência do Mapa procurou a Embrapa, ainda em 2018, buscando uma solução para carência de dados organizados sobre o setor. A partir daí, começou uma série de interações com agentes da cadeia produtiva, em especial na Comissão da Produção Orgânica de São Paulo – CPOrg/SP.
Com um protótipo de solução desenhado com diferentes instituições, chegou-se ao projeto Pró-Orgânico, uma parceria da Embrapa, MAPA-SP, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais, a Comuna da Terra e a Central das Associações de Produtores de Orgânicos Sul de Minas. Assim como aconteceu em Ribeirão Preto, uma apresentação da ferramenta será feita em Pouso Alegre, MG, no mês de março.
Líder do projeto, a pesquisadora Gisele Freitas Vilela pontuou que a entrega da ferramenta é apenas mais uma etapa do trabalho. Os produtores terão o uso acompanhado por pelo menos um ano, para avaliação do funcionamento e identificação de necessidades de melhoria. “A partir do uso e envio dos formulários preenchidos pelos produtores, serão gerados painéis, mapas e formas gráficas da produção orgânica para exploração dos dados relacionados aos planos de manejo orgânico e cadernos de campo pelas organizações parceiras em vários níveis”, detalhou Vilela.
Neste momento, os formulários digitais ficarão disponíveis apenas para os agricultores da Comuna da Terra e da Orgânicos Sul de Minas. No entanto, o Pró-Orgânico já disponibiliza, no Portal Embrapa, um ambiente digital com um conjunto de materiais para auxiliar o produtor rural no processo de gestão da produção orgânica e agroecológica.
Um deles é uma Organoteca, com as principais tecnologias, publicações, vídeos e áudios informativos da Embrapa na temática. Também estão disponíveis para consulta uma planilha de custos para a gestão financeira da produção, lista de fertilizantes, corretivos, substratos e fitossanitários permitidos.

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Brasil e Reino Unido avançam em diálogo sobre agro de baixo carbono na COP30
Fávaro apresenta o Caminho Verde Brasil e discute novas parcerias para financiar recuperação ambiental e ampliar práticas sustentáveis no campo.

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, se reuniu nesta quarta-feira (19) com a ministra da Natureza do Reino Unido, Mary Creagh, durante a COP30, em Belém. O encontro teve como foco a apresentação das práticas sustentáveis adotadas pelo setor agropecuário brasileiro, reconhecidas internacionalmente por aliarem produtividade e conservação ambiental.
Fávaro destacou as iniciativas do Caminho Verde Brasil, programa que visa impulsionar a recuperação ambiental e o aumento da produtividade por meio da restauração de áreas degradadas e da promoção de tecnologias sustentáveis no campo.
Segundo o ministro, a estratégia tem ampliado a competitividade do agro brasileiro, com acesso a mercados mais exigentes, ao mesmo tempo em que contribui para metas climáticas.
A agenda também incluiu discussões sobre mecanismos de financiamento voltados a ampliar projetos de sustentabilidade no setor. As autoridades avaliaram oportunidades de cooperação entre Brasil e Reino Unido para apoiar ações de recuperação ambiental, inovação e produção de baixo carbono na agricultura.
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Oferta robusta pressiona preços do trigo no mercado brasileiro
Levantamento do Cepea aponta desvalorização influenciada pela ampla oferta interna, expectativas de safra recorde no mundo e competitividade do produto importado.

Levantamento do Cepea mostra que os preços do trigo seguem enfraquecidos. A pressão sobre os valores vem sobretudo da oferta nacional, mas também das boas expectativas quanto à produtividade desta temporada.
Além disso, pesquisadores do Cepea indicam que o dólar em desvalorização aumenta a competitividade do trigo importado, o que leva o comprador a tentar negociar o trigo nacional a valores ainda menores.

Foto: Shutterstock
Em termos globais, a produção mundial de trigo deve crescer 3,5% e atingir volume recorde de 828,89 milhões de toneladas na safra 2025/26, segundo apontam dados divulgados pelo USDA neste mês.
Na Argentina, a Bolsa de Cereales reajustou sua projeção de produção para 24 milhões de toneladas, também um recorde.
Pesquisadores do Cepea ressaltam que esse cenário evidencia a ampla oferta externa e a possibilidade de o Brasil importar maiores volumes da Argentina, fatores que devem pesar sobre os preços mundiais e, consequentemente, nacionais.
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Instabilidade climática atrasa plantio da safra de verão 2025/26
Semeadura avança lentamente no Centro-Oeste e Sudeste devido à má distribuição das chuvas e períodos secos, segundo dados do Itaú BBA Agro.

O avanço do plantio da safra de verão 2025/26 tem sido afetado por condições climáticas instáveis em diversas regiões do país. De acordo com dados do Itaú BBA Agro, os estados do Centro-Oeste e Sudeste registraram os maiores atrasos, reflexo da combinação entre pancadas de chuva isoladas, má distribuição das precipitações e períodos prolongados de estiagem. O cenário manteve os níveis de umidade do solo abaixo do ideal, dificultando o ritmo da semeadura até o início de novembro.
Enquanto isso, outras regiões apresentaram desempenho distinto. As chuvas mais intensas ficaram concentradas entre Norte e Sul do Brasil, com destaque para o centro-oeste do Paraná, oeste de Santa Catarina e norte do Rio Grande do Sul, onde os volumes superaram 150 mm somente em outubro. Nessas áreas, o armazenamento hídrico mais elevado favoreceu o avanço do plantio, embora episódios de granizo e temporais tenham provocado prejuízos em algumas lavouras. A colheita do trigo também sofreu atrasos e, em determinados pontos, perdas de qualidade.

Foto: José Fernando Ogura
No Centro-Oeste, a distribuição das chuvas variou significativamente ao longo de outubro. Regiões como o noroeste e o centro de Mato Grosso, além do sul de Mato Grosso do Sul, receberam volumes acima de 120 mm, enquanto outras áreas não ultrapassaram os 90 mm. Somente no início de novembro o padrão começou a mostrar maior regularidade.
No Sudeste, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo registraram precipitações que ajudaram a recompor a umidade do solo. Minas Gerais, por outro lado, enfrentou acumulados abaixo da média — especialmente no Cerrado Mineiro, onde outubro terminou com menos de 40 mm de chuva. Com a retomada das precipitações em novembro, ocorreu uma nova florada do café, embora os efeitos da estiagem prolongada continuem gerando preocupação entre produtores.
O comportamento irregular das chuvas segue como fator determinante para o ritmo da safra e mantém o setor em alerta para os próximos meses.



