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Adoção de sistemas integrados potencializa a intensificação agrícola

Fatores como a necessidade de aumento de produção, segurança alimentar e redução de risco pela diversificação de atividades reforçam que intensificação do uso de terras agrícolas é o futuro da atividade no país.

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Atualmente há tecnologia disponível capaz de dobrar a produção de grãos do país sem aumentar um metro quadrado de área. A principal delas é a adoção de sistemas de produção integrados, como o modelo lavoura-pecuária (ILP), capaz de promover a intensificação sustentável na propriedade.

“Esses modelos atendem a um dos grandes desafios da produção de alimentos, a intensificação sustentável, com eficiência técnica, sustentabilidade econômica e coerência ecológica”, enfatiza o pesquisador Lourival Vilela, da Embrapa (Planaltina-DF), experiente cientista em pastagem e forragicultura. Uma das tecnologias mostradas por ele é o Sistema São Francisco, modelo ILP com lavouras de soja e milho, em final de ciclo, e forrageiras da espécie Panicum maximum.

Pesquisador Lourival Vilela, da Embrapa – Fotos: Dalízia Aguiar/Embrapa

O solo biologicamente ativo é mais produtivo, assim “para cada uma tonelada de palhada que aumentou, se aumentou seis sacas de soja por hectare nesse sistema”, vibra Vilela, que obteve tais números em experimentos conduzidos por ele e equipe no interior de Goiás. Outros ganhos foram a disponibilidade de forragem na época seca e a fixação de carbono no solo causada pela profundidade das raízes das plantas.

Já em propriedade na Bahia, em outro modelo, o rendimento médio do milho por hectare, entre 2013 e 2015, foi de 3.410 kg/ha com pastejo e 3.035 kg/ha sem pastejo, em palhada com ruziziensis. A diferença é algo ao redor de onze sacas a mais, em média, evidenciando também o aumento da atividade microbiana do solo.

Para Vilela, intensificar o uso de terras agrícolas é o futuro da atividade no país. Fatores como a necessidade de aumento de produção; aumento de produção por meio do incremento da produtividade, porque o aumento da área plantada promove custos ambientais; segurança alimentar que exige atenção tanto para o aumento da sustentabilidade ambiental quanto para o incremento de produtividade; e redução de risco pela diversificação de atividades só reforçam a afirmação.

Em relação à integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e Rio Grande do Sul se destacam. Os benefícios, igualmente. O pesquisador da Embrapa aponta alguns, como: melhoria das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo; redução de pragas, doenças e invasoras; produtos ambientalmente adequados que melhoram a oportunidade para carne produzida a pasto; mitigação da emissão de gases de efeito estufa nos sistemas; e aumento na produção de grãos e de forragem.

Cuidados com o solo 

Sistema convencional em 47% da área, rotacionado em 46%, lavoura + silagem de milho em 5% e silagem de capim em 2%, essa era a realidade em uma das fazendas CV Nelore Mocho até 2013. Além disso, o solo recebia correção com calagem e adubação de manutenção N (nitrogênio) P (potássio) K (fósforo), é o que conta Juliano Roberto da Silva, diretor de produção do grupo CV Nelore Mocho.

Juliano Roberto da Silva, diretor de produção do grupo CV Nelore Mocho

Entre 2013 e 2014 veio a “virada de chave”: era urgente aumentar a produtividade e a rentabilidade de forma sustentável, diversificando as atividades e as receitas a fim de diminuir riscos. Também era decisivo encontrar uma fonte de alimentação animal mais barata, com melhor qualidade e saudável, assim como reformar a pastagem, gerando empregos diretos e indiretos.

“Porém havia desafios para isso! A aptidão da fazenda era produção de genética e carne, com zero lavoura. Os solos arenosos e de baixa fertilidade somavam-se à região com veranicos constantes”, recorda Juliano. Nos primeiros anos, a saída foi plantar soja e pasto, dois anos para cada lavoura, em plantio 100% direto, sem nada de remover o solo, somente com acertos de terrenos, como buracos, trilheiros e cupins. A correção foi a base de 1,5 a 2 toneladas por hectare dologesso, “e assim passamos a construir o perfil do solo em doses superficiais, sempre em superfície”.

Ao optar pela adoção de sistemas integrados na propriedade, a produção de grãos atingiu até 60% da área útil, sem diminuição do rebanho, com período de terminação dos animais destinados a leilão e abate em queda, produção de bezerros em alta e precocidade à porta (10 – 14 meses), com o uso de inseminação artificial (IA). A lavoura da fazenda, hoje, é formada por pastagem de inverno, milho ou sorgo, milheto, leguminosas (guandu, caupi ou estilosantes), girassol e aveia, sem adubo algum.

Ao considerar a fazenda como produtora de genética, os indicadores médios trazem um  g/a/dia de 459 gramas, lotação de 1,87 UA/ha, precocidade com I.A aos 13 meses e parto aos 22;  produção média de 12,19 arrobas/ha, terminação de touros ou bois-engorda aos 20 meses com 610 kg. Para grãos, a produção de soja é de 74 sc/ha e silagem de milho e sorgo consorciados de 38 t/ha.

“Este ano, 41% da área útil é para agricultura e 66% para pecuária e pela necessidade hídrica do ciclo da soja estamos a brincar com pivô central, pois água é o nosso fator limitante. Por fim, o empreendimento tornou-se uma Unidade de Referência da Embrapa e como é bom chegar na propriedade e sentir, novamente, o cheiro de terra saudável”, orgulha-se Juliano.

Cuidados com o bolso

O mercado busca uma agricultura de fibras, energia, carbono, serviços ecossistêmicos, bioprodutos, bioinsumos e alimentos. “É uma tendência mundial a agricultura multifuncional”, resume Mariana Aragão, pesquisadora da Embrapa (Campo Grande-MS). Os sistemas integrados respondem a esse apelo, mas antes de adotá-los valem alguns questionamentos, observa.

Pesquisadora da Embrapa, Mariana Aragão

Há oportunidades regionais e quais são? As condições de solo e clima são favoráveis? O conhecimento disponível é de fácil acesso e há? A mão-de-obra está qualificada o suficiente ou é possível uma capacitação? Como está o ambiente institucional de apoio? Os recursos são próprios ou o acesso será por crédito? “São perguntas que o produtor deve fazer. Não se pode mais tomar decisões baseados em achismo. Não há espaço para amadores nos sistemas integrados”, alerta a especialista em economia rural. Ela reforça a complexidade dos sistemas e suas exigências.

Como Vilela e Juliano, Aragão enumera as razões para intensificar com ILPF ou ILP. Produção de grãos, carne, leite e madeira de forma sinérgica, redução da pressão pela abertura de novas áreas, conforto térmico e bem-estar animal, aumento e diversificação da renda, aumento em dobro da produção de grãos e triplo na pecuária nos próximos 20 anos, redução da emissão de gases de efeito estufa (GEE), usufruir de mercados emergentes e fortalecer a imagem internacional do agro nacional.

Ao realizar uma análise econômica do sistema, os estudos da zootecnista consideram custos, investimentos, despesas com a pecuária, taxa de desconto, fluxo de caixa e outros itens. Em experimento de longa duração na Embrapa Gado de Corte, ela considerou três cenários – um no qual todos os sistemas são viáveis (original), outro com aumento de 15% no preço da madeira (1) e o terceiro com redução da taxa de desconto para 6,9% (2).

No cenário 1, os números demonstram melhores resultados nos sistemas de ILPF que ILP, com viabilidade do sistema em 5.716 reais/ha (ILPF 1) e 3.039 reais/ha (ILPF 2). No primeiro os eucaliptos estão com 22x2m de espaçamento e 227 árvores/ha; no segundo, 14x2m e 357 árvores/ha. Enquanto isso, no cenário 2, a viabilidade vai para 7.017 reais/ha em ILPF 1 e 3.957 reais/ha em ILPF 2. Nos três cenários, o sistema ILP teve índices mais elevados de viabilidade que os demais e no ILPF 1 há resultados mais estáveis nos cenários e menor risco associado.

A gestão da propriedade continua sendo um desafio e a comercialização em mercados diversificados também. A pesquisadora, entretanto, ratifica a viabilidade econômica dos sistemas, a redução de riscos de produção e preços e o apelo ambiental, que gera oportunidades em finanças verdes.

Lourival Vilela, Juliano Roberto da Silva e Mariana Aragão participaram do painel “Sistemas de integração ILP/ILPF como ferramentas para intensificação da produção”, moderado pelo pesquisador Júlio Cesar Salton (Embrapa Agropecuária Oeste) durante o II Simpósio de Sistemas Intensivos de Produção (II SIP), uma realização da Embrapa e da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa) e conta com a participação das Unidades – Embrapa Agropecuária Oeste, Agricultura Digital, Algodão, Arroz e Feijão, Cerrados, Gado de Corte, Soja, Solos, Territorial e Trigo.

Fonte: Assessoria Embrapa

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Cooperados da Copacol recebem orientações de ambiência no verão nas Reuniões da Avicultura

Encontros foram realizados em Jesuítas, Formosa do Oeste, Goioerê, Cafelândia, Jotaesse e Nova Aurora.

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Fotos: Divulgação/Copacol

Estar atualizado sobre o andamento das atividades na Cooperativa permite ao cooperado ter mais segurança nas ações que desenvolve a campo. Com as Reuniões Semestrais de Avicultura a Copacol tem um momento de troca de informações com o produtor, mantendo-o sempre a par de cada detalhe referente a atividade. “Essa troca é sempre muito positiva. O cooperado sai daqui mais atualizado dos manejos que devem ser feitos na propriedade, além de ter um panorama geral de como está a Cooperativa. Isso é o que sempre buscamos: transparência nas nossas atividades com o produtor e segurança para que ele siga investindo e crescendo”, destaca o diretor-presidente, Valter Pitol.

Diretor-presidente, Valter Pitol: “Essa troca é sempre muito positiva. O cooperado sai daqui mais atualizado dos manejos que devem ser feitos na propriedade”

Os encontros foram realizados em Jesuítas, Formosa do Oeste, Goioerê, Cafelândia, Jotaesse e Nova Aurora. “Esse é um momento muito importante que temos com o nosso cooperado para trocar informações e deixá-lo atualizado. São encontros que ocorrem duas vezes ao ano, quando conversamos com o nosso cooperado sobre as ações da Cooperativa e a respeito da atividade, para que ele possa seguir crescendo e obtendo melhores resultados no campo”, afirma o gerente da Integração de Avicultura, Douglas da Silva.

O cooperado de Iracema do Oeste, Renan Lenk, participa de todas as reuniões. Nelas, ele aprende manejos para fazer a campo e melhorar o desempenho produtivo a cada lote. “Em todos os encontros aprendemos algo novo que podemos aplicar na propriedade para seguirmos crescendo. Além disso, é uma oportunidade que temos de ter uma conversa com a nossa Diretoria e saber o que está sendo feito na Cooperativa. Isso nos dá uma segurança muito grande em seguir investindo”.

Manejo de verão

Em pauta esteve a ambiência para frangos de corte no verão, palestra que foi ministrada pelo supervisor do CTA (Centro de Treinamento Avícola) da Copacol, André Watanabe. “Com as altas temperaturas e períodos de seca que temos enfrentado cada vez com mais frequência, abordamos os principais pontos relacionados a ambiência para diminuir os efeitos dessas temperaturas mais altas dentro do galpão, fazendo com que o produtor consiga manter bons indicadores de desempenho e lucratividade”, explica. Entre os pontos apresentados pelo profissional estiveram a boa qualidade da cama, o desenvolvimento inicial das aves, ventilação, uso assertivo de placas evaporativas, nebulização interna e o comportamento das aves. “São todos itens essenciais que o avicultor deve se atentar diariamente. Viemos de uma série de manejos que devem ser feitos no inverno e agora, com o aumento das temperaturas, as estratégias mudam, então é preciso que o cooperado esteja ciente e seja relembrado do que é preciso ser feito”, afirma Watanabe.

Além da palestra, os cooperados ainda tiveram uma atualização do desenvolvimento da atividade na Cooperativa e uma conversa com a Diretoria Executiva.

Fonte: Assessoria Copacol
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Notícias Balança comercial

Exportações do agro brasileiro batem recorde e alcançam US$ 14,19 bilhões em setembro

Setor registrou crescimento de 3,6% em comparação ao mesmo período no ano passado, impulsionado por aumento nas vendas de carnes, açúcar e celulose.

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Foto: Claudio Neves

No mês de setembro, as exportações do agronegócio brasileiro atingiram cifra recorde, totalizando US$ 14,19 bilhões em vendas externas, um aumento de 3,6% em comparação ao mesmo período de 2023. Esse resultado positivo da balança comercial foi impulsionado, em grande parte, pelo aumento do volume exportado.

De acordo com a Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária (SCRI/Mapa), os principais setores exportadores foram o complexo soja, carnes, complexo sucroalcooleiro, produtos florestais, cereais, farinhas e preparações, além do café. Esses seis setores representaram 84,6% da pauta exportadora do agronegócio brasileiro.

Na tarde da última quinta-feira (10), o secretário Luis Rua destacou que o valor recorde de setembro também é resultado da abertura de mercados realizada nos últimos meses para produtos agropecuários brasileiros. “Quando abrimos mercados para uma cadeia produtiva que eventualmente não exporta muito, criamos novas oportunidades e, assim, impulsionamos outros mercados,” afirmou o secretário, durante entrevista para jornalistas na sede do Mapa.

Produtos destaques

As exportações de carnes tiveram grande destaque, com o setor bovino registrando o maior valor exportado pelo Brasil. Em setembro de 2024, as vendas externas de carne bovina alcançaram US$ 1,25 bilhão, um aumento de 29,2% em relação ao mesmo mês do ano anterior. As exportações de carne bovina in natura também atingiram um recorde histórico de volume embarcado, com 251,76 mil toneladas (+29,1%). A China manteve-se como o principal mercado comprador da carne brasileira.

O complexo sucroalcooleiro exportou US$ 1,92 bilhão em setembro de 2024 (+6,4%). O principal produto desse setor foi o açúcar, responsável por quase 95% das vendas externas do complexo. Em setembro de 2024, os embarques de açúcar de cana em bruto atingiram um volume recorde de 3,47 milhões de toneladas (+25,9%) para os meses de setembro.

Os produtos florestais, que incluem celulose, papel, e madeiras e suas obras, também registraram forte desempenho. A celulose foi o único produto do setor a atingir a marca de US$ 1 bilhão em vendas, com US$ 1,04 bilhão exportados, estabelecendo um novo recorde para os meses de setembro. Os mercados mais industrializados foram os principais importadores de celulose.

Outro destaque foi o café verde, com vendas externas que subiram de US$ 573,84 milhões em setembro de 2023 para US$ 1,07 bilhão em setembro de 2024 (+86,6%), cifra recorde para os meses de setembro. O volume embarcado também foi recorde, atingindo 243,1 mil toneladas comercializada.

Resultados de 12 meses (setembro 2023/agosto 2024)

Nos últimos doze meses, entre outubro de 2023 e setembro de 2024, as exportações do agronegócio brasileiro alcançaram a cifra de US$ 166,19 bilhões, o que significou elevação de 1,8% em comparação aos US$ 163,19 bilhões exportados nos doze meses imediatamente anteriores.

Fonte: Assessoria Mapa
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Programa do Governo do Estado vai ampliar em 20% as áreas irrigadas do Paraná

Com investimento de R$ 200 milhões, sendo R$ 150 milhões em créditos facilitados, Governo do Estado pretende ampliar em 20% as áreas de lavoura que contam com sistema de irrigação, atingindo cerca de 205 mil hectares. Em menos de um mês, 151 projetos já foram contratados.

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Fotos: Geraldo Bubniak/AEN

Lançado há pouco mais de um mês pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior, o programa Irriga Paraná está incentivando os produtores rurais a ampliar as áreas irrigadas no Estado, para aumentar a produtividade de suas lavouras. A iniciativa do Governo do Estado vai destinar cerca de R$ 200 milhões para as ações, sendo cerca de R$ 150 milhões em linhas de crédito facilitadas para a implantação de sistemas de irrigação, que garantem mais previsibilidade e renda aos agricultores, sobretudo em regiões que sofrem mais com a irregularidade das chuvas.

A ideia é ampliar o alcance de crédito para os projetos de irrigação nas propriedades rurais, o que já estava previsto desde 2022 pelo Banco do Agricultor Paranaense, operado pela Fomento Paraná. Até o final de agosto, já tinham sido formalizados 151 projetos de irrigação no Estado, que somam em torno de 1.000 hectares de área irrigada. As propostas somam R$ 20,8 milhões em financiamentos, sendo que cerca de R$ 7,6 milhões foram destinados pelo Governo do Estado como subvenção das taxas de juros pelo Banco do Agricultor.

Além das propostas já acatadas, outros 2.500 hectares de áreas estão com projetos em elaboração pelo Instituto de DesenvolvimentoRural do Paraná (IDR-Paraná) e pelas instituições parceiras, que incluem cooperativas e empresas de equipamentos para irrigação. Além disso, o Instituto Água e Terra (IAT) já emitiu, neste ano, 1.474 documentos de outorga de uso da água para fins de irrigação.

A maior parte dos investimentos previstos para o programa será destinada às linhas de crédito de financiamento. Ao todo, R$ 150 milhões serão usados para esse fim, sendo R$ 78 milhões do Banco do Agricultor Paranaense, com subsídio da taxa de juros; R$ 42 milhões pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e R$ 30 milhões via Fundo de Equipamento Agropecuário do Paraná (FEAP), gerido pelo IDR-Paraná.

Outras formas de fomento serão regulamentadas para expandir os projetos. Também está prevista a abertura de uma linha de crédito do BRDE específica, com subvenção dos juros que vão de 7% até 12% ao ano, conforme valor do financiamento, disponíveis durante todo o ano. O governo também vai apoiar a implantação de sistemas irrigados para a agricultura familiar com subvenção direta ao beneficiário final, de até 80% do valor do projeto, limitado a R$ 20 mil.

Estiagem – Um dos principais objetivos do Irriga Paraná é ampliar em 20% a área irrigada no Estado, passando dos atuais 170 mil hectares, o que equivale a 3% da área usada para lavoura no Estado, para cerca de 205 mil hectares. A ideia é reduzir as quebras de safra por conta das estiagens, principalmente na região Noroeste, que é uma das que mais sofrem com a falta de chuva

“Por muitos anos, o Paraná não teve problemas de déficit hídrico, tinha chuvas regulares e sempre produziu bem, as estiagens eram eventos raros. Mas vemos os efeitos das mudanças climáticas, com períodos de secas e até de chuvas muito intensas que têm se agravado”, explica o diretor Técnico da Seab, Benno Henrique Doetzer. “Isso tem começado a afetar negativamente a produção do Estado. E temos uma parcela grande de agricultores que dependem dessa produção e têm sua subsistência colocada em risco. Por isso existe essa preocupação do governo em trabalhar não apenas com a irrigação, mas com a segurança hídrica de um modo geral, para garantir a produção, a renda e a segurança alimentar no Estado”.

Além do fomento aos projetos de irrigação, o Estado trabalha também em outras frentes, previstas no Programa de Segurança Hídrica para a Agricultura, instituído por lei estadual no primeiro semestre deste ano. A política busca mitigar os efeitos da escassez hídrica, para se antecipar aos efeitos das mudanças climáticas. É também um passo complementar a outras iniciativas na área, como regulamentação mais simples para o licenciamento ambiental para a reserva de água e a isenção de ICMS para equipamentos de irrigação.

Na área de pesquisa, serão destinados R$ 20 milhões com recursos do Banco do Agricultor, FEAP, Fundo Estadual de Recursos Hídricos (FERH) e Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti).

Entre os investimentos estão o aprimoramento da gestão dos recursos hídricos em bacias estratégicas, com instalação de radar e estações; o estímulo ao uso de diferentes matrizes energéticas na agricultura irrigada, por meio do RenovaPR; e a promoção da utilização de água para reúso na irrigação, sobretudo em regiões de produção de proteína animal.

Além disso, serão incentivados cursos de capacitação sobre sistemas irrigados sustentáveis. O primeiro, realizado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), teve início em 2022 e envolveu 15 técnicos do IDR-Paraná, e uma segunda turma inicia neste mês envolvendo também profissionais de outros órgãos e da iniciativa privada. O objetivo é aprimorar a assistência técnica na área, incentivando o uso racional da água.

Exemplo – O produtor rural Luis Henrique Escarmanhani tem uma propriedade de 110 alqueires em Alto Paraná, na região Noroeste, cuja maior parcela é destinada à agropecuária. Parte da área, de aproximadamente 23 alqueires, é usada para a produção de soja no verão e pasto no inverno, e passou a contar com um sistema de irrigação por sistema de pivô central, buscando otimizar a criação de gado.

Ele explica que a instalação do sistema levou em conta a topografia do terreno e, apesar do custo, a irrigação teve impacto positivo na produtividade. “Com o que investi na irrigação, eu compraria mais 12 alqueiras de terra, mas improdutivas”, conta ele. “A irrigação traz mais produtividade na área que eu já tenho. O que é importa é a quantidade de matéria verde que tenho para tratar meu gado. No fim, tenho uma produtividade maior em 20 alqueires irrigados do que teria em 50 alqueires sem irrigação”.

Apesar de não ter financiado o projeto pelo Banco do Agricultor Paranaense, Escarmanhani contou com com suporte técnico do IDR-Paraná e apoio do Instituto Água e Terra (IAT) para análise de viabilidade e autorização da outorga para uso da água para irrigação.

“A terra hoje é um bem caríssimo e você precisa otimizar, produzindo cada vez mais, senão ela fica economicamente inviável”, diz o produtor. “Com adubação e umidade adequadas, comparando com outras áreas mais produtivas, ampliaram em 30% a produtividade, porque não passa por carência hídrica. Facilitou até para fazer seguro da lavoura. Quando ela é irrigada, não há qualquer burocracia, porque os riscos são bem menores do que as não irrigadas”, completou.

Fonte: AEN-PR
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