Bovinos / Grãos / Máquinas Meio Ambiente
Adoção de ILPF em Mato Grosso pouparia quase 2,5 milhões de hectares de terras
Isso ocorreria porque as produtividades, tanto a da soja como a da pecuária, aumentam em sistemas integrados
Quase 2,5 milhões de hectares de terras de uso agropecuário poderiam ser poupadas em Mato Grosso se metade das áreas de sojicultura e de pecuária de corte no estado fossem convertidas em integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). Isso ocorreria porque as produtividades, tanto a da soja como a da pecuária, aumentam em sistemas integrados. Essa diferença da produção maior seria o equivalente ao que é produzido em 499 mil ha de soja solteira e 1,98 milhão de hectares de pastagens. As áreas somam 2,48 mil km2.
A projeção é parte de um estudo realizado por pesquisadores da Embrapa Agrossilvipastoril (MT), Rede ILPF e Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). No trabalho, foram feitas simulações sobre o avanço do uso de estratégias de ILPF em áreas de lavoura de soja e de pecuária de corte. Para isso, foram usados dados reais de produtividade de dez Unidades de Referência Tecnológica de ILP estudadas pela equipe em Mato Grosso e números médios de produtividades do estado.
De acordo com a pesquisa, se 25% dos 9,5 milhões de hectares de lavoura de soja fossem convertidos em áreas com sistemas integrados de produção agropecuária, o aumento da produtividade gerado pelo sistema produtivo compensaria a produção de 256 mil hectares. Se a adoção avançasse para 50%, seriam poupados 499 mil hectares. Na hipótese de 100% da área, o total de terras poupadas chegaria a 950 mil hectares.
Pecuária em ILPF poupa ainda mais terras
No cenário de adoção da ILPF em 25% dos pastos, seria poupado 1,03 milhão. Com a adoção chegando à metade da área de pecuária do estado, a poupança estaria em torno de 1,98 milhão de hectares. Já no cenário improvável de total adoção da ILPF na pecuária, seriam poupados 3,64 milhões de hectares em Mato Grosso. Ou seja, o sistema integrado produziria o equivalente a uma área quase 15% maior formada somente por pastagens. No cenário simulado em que Mato Grosso inteiro só criasse gado de corte em sistema ILPF, cada 100 hectares de produção economizariam quase 15 ha de pastagens convencionais.
A simulação feita sobre os 23 milhões de hectares de pastagens usadas para a pecuária de corte em Mato Grosso é ainda mais expressiva. Além do ganho em escala de área, a diferença entre as produtividades médias da pecuária tradicional do estado (239,42 kg/ha) e dos sistemas ILPF (284,35 kg/ha) contribui para esse maior efeito “poupa-terra”.
O pesquisador da Embrapa Júlio César dos Reis destaca que o trabalho é um exercício de estatística comparativa, ou seja, mexe-se em um indicador, mantendo os demais iguais, como forma de simular o efeito da mudança. Dessa forma, ele não leva em consideração fatores limitantes e impeditivos à adoção dos sistemas ILPF, como relevo, logística, aptidão do produtor, disponibilidade de mão de obra, investimento, mercado consumidor, entre outros.
“O estudo é relevante, pois demonstra o expressivo potencial dos sistemas ILPF em colaborar para a redução da pressão sobre as áreas de floresta na Amazônia”, analisa o pesquisador.
Sequestro de carbono relevante
O estudo ainda simulou estatisticamente a contribuição que os sistemas ILPF podem dar para a redução das emissões de gases causadores do efeito estufa. Tomando como base a pesquisa encomendada pela Rede ILPF na safra 2015/2016, que mostrou que Mato Grosso possuía 1,5 milhão de hectare com sistemas ILPF e as médias de crescimento da tecnologia nos anos anteriores, pesquisadores projetaram cenários futuros.
Considerando-se o fator de sequestro de carbono da ILPF em 1,86 t CO2 eq./ha ao ano e o crescimento médio da área com sistemas ILPF de 11% ao ano, em 2030, Mato Grosso teria 7,5 milhões de hectares de ILPF. Essa área sequestraria cerca de 14 milhões de t CO2 eq. naquele ano. Para se ter uma ideia do que esse volume representa, a estimativa é que os 23 milhões de hectares de pastagens no estado tenham emitido 9,2 milhões de t CO2 eq. em 2018.
“Essas informações sobre impactos ambientais, em conjunto com resultados econômicos dos sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta, podem ser um importante instrumento de política pública do governo brasileiro, alinhado à perspectiva do Big Push Ambiental e à Agenda 2030, para promover a adoção de sistemas agrícolas sustentáveis nas regiões de Cerrado e Amazônica”, avalia Júlio Reis.
Potencial de ILPF crescer para até 50% das lavouras
A pesquisa encomendada pela Rede ILPF na safra 2015/2016 mostrou que nos cinco anos anteriores a taxa de crescimento da área de ILPF em Mato Grosso foi de 11%. Para o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril Flávio Wruck, essa velocidade de crescimento tem sido positiva.
“Com esse crescimento gradual, o mercado consegue ir se ajustando. Se tivéssemos um crescimento maior, teríamos desequilíbrios, como o aumento de preços de sementes de forrageiras, por exemplo”, explica.
Embora confirme o potencial de crescimento dos sistemas integrados e seus benefícios agronômicos, Wruck prevê um teto para a expansão. Para ele, dificilmente um sojicultor destinará mais de 50% de sua área para pastagem. O mesmo percentual seria o limite para os pecuaristas, uma vez que em metade da área há impedimentos de relevo, solo e logística que inviabilizam a integração com lavoura.
Os sistemas silvipastoris, por sua vez, poderiam ser implantados em toda a área de pastagem, mas o tamanho do mercado para a madeira será o limitante, explica o pesquisador.
Independentemente da viabilidade técnica e do reconhecimento dos benefícios da ILPF, Flávio Wruck vê no alto investimento necessário a maior barreira de entrada para os sistemas integrados.
“Um agricultor que quer fazer pecuária precisa de um grande investimento na compra do gado e na montagem da infraestrutura necessária. Para o pecuarista que quer entrar na lavoura a situação é ainda pior, sendo necessária a compra de maquinário. Embora seja uma tecnologia que reduz o custo de produção por unidade de produto, ela é uma intensificação do uso da terra. Assim, o capital necessário é maior”, analisa o pesquisador.
Com maior disponibilidade de capital, grandes grupos empresariais têm sido os maiores responsáveis pela expansão das áreas de ILPF em Mato Grosso.
“Os médios e pequenos produtores também estão mudando para os sistemas integrados, mas de maneira mais lenta e gradual. Na medida em que vão capitalizando, eles expandem suas áreas”, comenta Wruck.
Apesar do maior investimento, o pesquisador Júlio Reis ressalta que o retorno do investimento em sistemas ILPF é mais rápido. Dessa forma, explica, a disponibilização de linhas de crédito competitivas pode estimular o aumento da adoção da tecnologia.
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Derivados lácteos sobem em outubro, mas mercado prevê quedas no trimestre
OCB aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24.
Preço sobe em setembro, mas deve cair no terceiro trimestre
A pesquisa do Cepea mostra que, em setembro, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,8657/litro, 3,3% acima da do mês anterior e 33,8% maior que a registrada em setembro/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de setembro). O movimento de alta, contudo, parece ter terminado. Pesquisas ainda em andamento do Cepea indicam que, em outubro, a Média Brasil pode recuar cerca de 2%.
Derivados registram pequenas valorizações em outubro
Pesquisa realizada pelo Cepea em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24, chegando a R$ 4,74/l e a R$ 33,26/kg, respectivamente. No caso do leite em pó (400g), a valorização foi de 4,32%, com média de R$ 31,49/kg. Na comparação com o mesmo período de 2023, os aumentos nos valores foram de 18,15% para o UHT, de 21,95% para a muçarela e de 12,31% para o leite em pó na mesma ordem, em termos reais (os dados foram deflacionados pelo IPCA de out/24).
Exportações recuam expressivos 66%, enquanto importações seguem em alta
Em outubro, as importações brasileiras de lácteos cresceram 11,6% em relação ao mês anterior; frente ao mesmo período do ano passado (outubro/23), o aumento foi de 7,43%. As exportações, por sua vez, caíram expressivos 65,91% no comparativo mensal e 46,6% no anual.
Custos com nutrição animal sobem em outubro
O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira subiu 2,03% em outubro na “média Brasil” (BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS), puxado sobretudo pelo aumento dos custos com nutrição animal. Com o resultado, o COE, que vinha registrando estabilidade na parcial do ano, passou a acumular alta de 1,97%.
Bovinos / Grãos / Máquinas Protecionismo econômico
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito
CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias.
A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), entidade representativa, sem fins lucrativos, emite nota oficial para rebater declarações do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard. Nas suas recentes declarações o CEO afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias .
Veja abaixo, na integra, o que diz a nota:
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito aqui dentro e mundo afora.
O protecionismo econômico de muitos países se traveste de protecionismo ambiental criando barreiras fantasmas para tentar reduzir nossa capacidade produtiva e cada vez mais os preços de nossos produtos.
Todos sabem que é difícil competir com o produtor rural brasileiro em eficiência. Também sabem da necessidade cada vez maior de adquirirem nossos produtos pois além de alimentar sua população ainda conseguem controlar preços da produção local.
A solução encontrada por esses países principalmente a UE e nitidamente a França, foi criar a “Lei Antidesmatamento” para nos impor regras que estão acima do nosso Código Florestal. Ora se temos uma lei, que é a mais rigorosa do mundo e a cumprimos à risca qual o motivo de tanto teatro? A resposta é que a incapacidade de produzir alimentos em quantidade suficiente e a também incapacidade de lidar com seus produtores faz com que joguem o problema para nós.
Outra questão: Por que simplesmente não param de comprar da gente já que somos tão destrutivos assim? Porque precisam muito dos nossos produtos mas querem de graça. Querem que a gente negocie de joelhos com eles. Sempre em desvantagem. Isso é uma afronta também à soberania nacional.
O senador Zequinha Marinho do Podemos do Pará, membro da FPA, tem um projeto de lei (PL 2088/2023) de reciprocidade ambiental que torna obrigatório o cumprimento de padrões ambientais compatíveis aos do Brasil por países que comercializem bens e produtos no mercado brasileiro.
Esse PL tem todo nosso apoio porque é justo e recíproco, que em resumo significa “da mesma maneira”. Os recentes casos da Danone e do Carrefour, empresas coincidentemente de origem francesa são sintomáticos e confirmam essa tendência das grandes empresas de jogar para a plateia em seus países- sede enquanto enviam cartas inócuas de desculpas para suas filiais principalmente ao Brasil.
A Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), Estado com maior rebanho bovino do País e um dos que mais exporta, repudia toda essa forma de negociação desleal e está disposta a defender a ideia da suspensão do fornecimento de animais para o abate de frigoríficos que vendam para essas empresas.
Chega de hipocrisia no mercado, principalmente pela França, um país que sempre foi nosso parceiro comercial, vendendo desde queijos, carros e até aviões para o Brasil e nos trata como moleques.
Nós como consumidores de muitos produtos franceses devemos começar a repensar nossos hábitos de consumo e escolher melhor nossos parceiros.
Com toda nossa indignação.
Oswaldo Pereira Ribeiro Junior
Presidente da Acrimat
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Queijo paranaense produzido na região Oeste está entre os nove melhores do mundo
Fabricado em parque tecnológico do Oeste do estado, Passionata foi o único brasileiro no ranking e também ganhou título de melhor queijo latino americano no World Cheese Awards.
Um queijo fino produzido no Oeste do Paraná ficou entre os nove melhores do mundo (super ouro) e recebeu o título de melhor da América Latina no concurso World Cheese Awards, realizado em Portugal. Ele concorreu com 4.784 tipos de queijos de 47 países. O Passionata é produzido no Biopark, em Toledo. Também produzidos no parque tecnológico, o Láurea ficou com a prata e o Entardecer d´Oeste com o bronze.
As três especialidades de queijo apresentadas no World Cheese Awards foram desenvolvidas no laboratório de queijos finos e serão fabricadas e comercializadas pela queijaria Flor da Terra. O projeto de queijos finos do Biopark é realizado em parceria com o Biopark Educação, existe há cinco anos e foi criado com a intenção de melhorar o valor agregado do leite para pequenos e médios produtores.
“A transferência da tecnologia é totalmente gratuita e essa premiação mostra como podemos produzir queijos finos com muita qualidade aqui em Toledo”, disse uma das fundadoras do Biopark, Carmen Donaduzzi.
“Os queijos finos que trouxemos para essa competição se destacam pelas cores vibrantes, sabores marcantes e aparências únicas, além das inovações no processo produtivo, que conferem um diferencial sensorial incrível”, destacou o pesquisador do Laboratório de Queijos Finos do Biopark, Kennidy Bortoli. “A competição toda foi muito emocionante, saber que estamos entre os nove melhores queijos do mundo, melhor da América Latina, mostra que estamos no caminho certo”.
O Paraná produz 12 milhões de litros por dia, a maioria vem de pequenos e médios produtores. Atualmente 22 pequenos e médios produtores de leite fazem parte do projeto no Oeste do Estado, produzindo 26 especialidades de queijo fino. Além disso, no decorrer de 2024, 98 pessoas já participaram dos cursos organizados pelo Biopark Educação.
Neste ano, foram introduzidas cinco novas especialidades para os produtores vinculados ao projeto de queijos finos: tipo Bel Paese, Cheddar Inglês, Emmental, Abondance e Jack Joss.
“O projeto é gratuito, e o único custo para o produtor é a adaptação ou construção do espaço de produção, quando necessário”, explicou Kennidy. “Toda a assessoria é oferecida pelo Biopark e pelo Biopark Educação, em parceria com o Sebrae, IDR-PR e Sistema Faep/Senar, que apoiam com capacitação e desenvolvimento. A orientação cobre desde a avaliação da qualidade do leite até embalagem, divulgação e comercialização do produto”.
A qualidade do leite é analisada no laboratório do parque e, conforme as características encontradas no leite, são sugeridas de três a quatro tecnologias de fabricação de queijos que foram previamente desenvolvidas no laboratório com leite com características semelhantes. O produtor então escolhe a que mais se identifica para iniciar a produção.
Concursos estaduais
Para valorizar a produção de queijos, vão iniciar em breve as inscrições para a segunda edição do Prêmio Queijos do Paraná, que conta com apoio do Governo do Paraná. As inscrições serão abertas em 1º de dezembro de 2024, e a premiação acontece em 30 de maio de 2025. A expectativa é de que haja mais de 600 produtos inscritos, superando a edição anterior, que teve 450 participantes. O regulamento pode ser acessado aqui. O objetivo é divulgar e valorizar os derivados lácteos produzidos no Estado.
O Governo do Paraná também apoia o Conecta Queijos, evento voltado a produtores da região Oeste. Ele é organizado em parceria pelo o IDR-Paran