Avicultura
Aditivos nutricionais auxiliando nos programas sanitários: Bacillus subtilis 29784 no controle de Salmonella Heidelberg
A indústria avícola está cada vez mais confiante nas funções benéficas dos probióticos no ecossistema intestinal, sendo responsáveis por melhorar a função digestiva, fortalecer o sistema imunológico e até mesmo auxiliar na prevenção direta de patógenos.
Nos últimos anos, a demanda dos consumidores por uma produção animal sustentável e alimentos seguros colocaram mais pressão na forma clássica de uso dos aditivos nutricionais. Seguindo a tendência global, os países da América do Sul começaram a discutir de forma mais incisiva a produção de animais livres de antibióticos e a consequência deste tipo de produção na biosseguridade.
Quando o tema é biosseguridade, diversos patógenos devem ser levados em consideração, sejam eles vírus ou bactérias. Um dos principais agentes nesse contexto são as clássicas Salmonellas paratíficas, não tanto pelo potencial patogênico em aves, mas sim pelo potencial de contaminação de carcaças e possíveis consequências para a saúde pública. Nos últimos 5 anos, dentre as diversas Salmonellas paratíficas isoladas na avicultura, tivemos como destaque os sorovares Enteritidis, Typhimuriun, Infantins, Agona, Minnesota e Heidelberg, sendo estas as mais incidentes na produção de aves.
Para um eficiente programa de controle de Salmonella, devemos sempre trabalhar na tríade manejo, biosseguridade e nutrição. O envolvimento da nutrição nos programa de controle de Salmonella não se resume ao controle microbiológico das fabricas de ração, matérias primas e sistema logístico, mas também, principalmente, no uso de aditivos alternativos aos antibióticos que estabeleçam correlações entre a saúde intestinal e o controle de Salmonella.
Em âmbito global, a indústria avícola está cada vez mais confiante nas funções benéficas dos probióticos no ecossistema intestinal, sendo responsáveis por melhorar a função digestiva, fortalecer o sistema imunológico e até mesmo auxiliar na prevenção direta de patógenos. Dentre os probióticos, os Bacillus são ferramentas muito utilizadas e reconhecidas pelos diversos trabalhos que demostram seus efeitos positivos na produção avícola. Porém, é importante destacar que os Bacillus não são todos iguais. Diferenças genéticas e funcionais nessas bactérias proporcionam resultados diferentes de germinação, resposta inflamatória, impacto na integridade intestinal e microbiota das aves.
O Bacillus subtilis 29784 já demonstrou ser capaz de agir na modulação da microbiota intestinal, na integridade intestinal, na ação anti-inflamatória e ação direta sobre bactérias patogênicas como Clostridium perfringens e Salmonella. De fato, estudos in vitro mostraram a capacidade do Bacillus subtilis 29784 em diminuir o crescimento de Salmonella Enterititids, Typhimurium, Heildelberg entre outras, através de metodologia de zona de inibição (ZOI).
Metodologias in vitro são muito importantes para a realização de triagens de aditivos nutricionais que possam fazer parte de programas de controle de Salmonella. Entretanto, a eficácia de qualquer aditivo deve ser acompanhada de ensaios in vivo, com modelos de infecção experimental.
Experimentos
Dessa forma, realizou-se três diferentes experimentos in vivo para demonstrar a capacidade de uma cepa probiótica de Bacillus subtilis 29784 em reduzir a colonização por Salmonella Heidelberg (SH) em frangos de corte desafiados. Os estudos foram realizados em colaboração com os Laboratórios Mercolab em Cascavel, Paraná, Brasil, seguindo metodologias padronizadas e publicadas, sendo estes resultados apresentados no encontro anual da Poultry Science Association, na Philadelphia, EUA em julho de 2023.
Os três experimentos foram realizados com frangos de corte do dia 01 ao dia 28 de vida, divididos em dois tratamentos: CP – controle positivo com S. Heidelberg; BS – Bacillus subtillis 29784 – 1×108 UFC /500 g, via ração ad libitum. As aves foram desafiadas aos 3 dias de idade com uma cepa de Salmonella Heidelberg (concentração final de 1,0 x 106 UFC/mL, dose de 0,5 mL/ave), isolada de campo em uma integração de frangos de corte. Esta cepa foi tornada resistente a antibióticos (ácido nalidíxico e novobiocina) para permitir a contagem de unidades formadoras de colônia em placas de agar.
Para mimetizar as contaminações por Salmonella a campo, foram utilizados dois métodos diferentes de desafio: nos experimentos 1 e 3, foi utilizado método Seeders, onde é realizada a contaminação de 20% das aves por gavage (oral), e essas aves servem então de disseminadoras da Salmonella para os demais animais (Figura 2). No ensaio 2, foi utilizada a metodologia tradicional de infecção oral, por gavage, em 100% das aves. Um total de 380 frangos de corte mistos Cobb de um dia de idade foram alojados nesses três experimentos, sendo divididos da seguinte forma:
· Experimento 1 – 50 aves/tratamento;
· Experimento 2 – 50 aves/tratamento;
· Experimento 3 – 100 aves/tratamento.
Em cada experimento, os grupos foram alojados em salas isoladas e idênticas, localizadas lado a lado, com entradas e saídas de ar independentes e cama nova de maravalha (Figura 3). Aos 14 e 28 dias de idade, amostras de cecos (e fígado no experimento 3) de 20 aves por tratamento foram coletadas individualmente.
Amostras cecais foram preparadas e semeadas em ágar verde brilhante para contagem de colônias e a confirmação bacteriana foi feita por métodos bioquímicos e sorológicos. Finalmente, as contagens de Salmonella Heidelberg cecal foram transformadas em log10 e avaliadas pelo teste t (5%), enquanto os dados sobre invasão hepática de Salmonella Heidelberg foram submetidos ao teste do qui-quadrado (5%).
Resultados
No Experimento 1, as aves do grupo Bacillus subtilis 29784 tiveram redução na contagem cecal de Salmonella Heidelberg de 1,079 (P<0,0001) e 1,271 (P=0,0011) log10 UFC/g aos 14 e 28 dias de idade, respectivamente. Porém, no experimento 2, essa redução foi observada apenas aos 14 dias de idade (redução de 1,817 log10, P=0,0002), indicando que o desafio pela metodologia de Seeders é igualmente apropriada para avaliação da Salmonella Heidelberg em frangos de corte.
No ensaio 3, o Bacillus subtilis 29784 não reduziu a contagem cecal de Salmonella Heidelberg aos 14 dias, mas reduziu em 0,995 log10 aos 28 dias (P = 0,0006). Além disso, o Bacillus subtilis 29784 reduziu o número de aves positivas para Salmonella Heidelberg quando analisadas amostras de fígado aos 28 dias (P=0,0060).
As figuras 4 ilustra esses resultados. Como conclusão, esses estudos demonstraram que Bacillus subtilis 29784 reduz a colonização por Salmonella Heidelberg em frangos de corte, sendo uma importante ferramenta para os programas de controle de Salmonella em frangos de corte.
O uso de aditivos nutricionais que auxiliam os programas de saúde intestinal e controle de Salmonella são uma realidade, mas a escolha de ferramentas com comprovação cientifica é mandatório. A redução da inflamação intestinal e a modulação da microbiota, somam-se aos efeitos diretos de cepas probióticas na prevalência de Salmonella paratífica.
O Bacillus subtilis 29784 mostrou-se efetivo no controle de diversas cepas de Salmonella paratíficas e nesse artigo, mostramos resultados in vitro e in vivo que comprovam seu potencial para o controle de Salmonella Heidelberg.
As referências bibliográficas estão com os autores. Contato: mariana.correa@adisseo.com.
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Avicultura
Sustentabilidade em foco na Conbrasfran 2024
Evento acontece de 25 a 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.
A importância de uma produção mais sustentável foi a lição mais importante que este ano deixou aponta o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos. “A natureza nos lembrou que é soberana e da necessidade de nos reciclarmos cada vez mais do que fizemos no passado. Eu digo a humanidade como um todo. As práticas sustentáveis que tanto se fala e que vamos discutir na Conbrasfran, essas práticas que estamos implementando agora é para amenizar o que vem pela frente, já que estamos enfrentando agora as consequências do que foi feito no passado”.
Então, para ele, a lição é a necessidade de insistirmos no tema da sustentabilidade ambiental e social, insistir na educação, na orientação e na disciplina ambiental com o objetivo de mitigar os efeitos climáticos no futuro. “Os efeitos podem ser vistos no mundo todo. Aumento dos dias de calor extremo, chuvas recordes no Brasil, na Espanha e outros países, além das queimadas em várias regiões do mundo também”.
A Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha, vai reunir empresários, indústrias, produtores e lideranças de todo o país para discutir todas as áreas estratégicas. “Vamos falar sobre sanidade avícola, um simpósio tradicional da Asgav será absorvido pela programação da Conbrasfran 2024. Vamos debater qualidade industrial, que trata questões de inspeção, controle, autocontrole e processo produtivo, entre outros temas. Teremos também um seminário sobre segurança do trabalho com uma abordagem do ambiente laboral dos colaboradores e da proteção deles em um quadro em que surgem novos desafios na medida em que aumentamos a produção”, pontuou.
Um dos destaques do evento será o 1º Seminário de Sustentabilidade Ambiental e Adequação Global. “Também teremos discussões sobre a área comercial, que impulsiona a nossa economia e é responsável por levar o nosso produto até a mesa do consumidor brasileiro e de mais de 150 países”, salientou Santos. Ele destaca ainda os debates sobre questões jurídicas e tributárias. “São temas que permeiam o nosso dia a dia e estamos diante de uma reforma tributária, que também será abordada”, afirmou mencionando o Agrologs, que vai falar sobre logística, outro desafio para a cadeia produtiva. “O Brasil precisa avançar em ferrovias, hidrovias é uma necessidade para garantir sustentáculos de competitividade”. “É um evento que vai trazer temas estratégicos”, encerrou.
Os interessados podem se inscrever através do site do evento. E a programação completa da Conbrasfran 2024 também está disponível clicando aqui.
Avicultura
Conbrasfran 2024 ressalta superação e resiliência da avicultura gaúcha em meio a desafios históricos
Evento será realizado entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.
Se desafio é uma palavra que faz parte do dia a dia da avicultura, este ano levou o seu significado a um novo patamar, especialmente falando do Rio Grande do Sul. O estado enfrentou enchentes e depois um caso isolado de Doença de Newcastle. “Tudo isso nos abalou sim. Redirecionamos toda a atenção e os nossos esforços para ser o elo de ligação do setor com o poder público, com a imprensa e a atender as demandas dos setores. A organização do evento já estava em curso quando tivemos 45 dias de interdição do prédio onde fica a nossa sede, localizado à beira do rio Guaíba. Tivemos enchente. Para se ter uma ideia, a água chegou até 1,80 metro do 1º andar e não pudemos entrar por conta da falta de luz, de água e outra série de dificuldades”, ressaltou o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos.
Ainda assim, estes entraves não foram suficientes para desistir da realização da Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha. “Não houve um único questionamento sequer por parte de associados e dirigentes, o que demonstra que o setor está convencido da importância deste encontro e das discussões que ele vai trazer. Serão vários temas, técnicos, conjunturais, temas estratégicos, de planejamento e de superação de desafios, entre outros. E tudo isso fez com que o setor mantivesse acesa a chama para realizar este evento”, destacou Santos.
De acordo com ele, diante dos desafios, as atividades da organização da Conbrasfran 2024 foram acumuladas com o trabalho da linha de frente para atender as demandas cruciais que chegaram, além da interação com órgãos oficiais, imprensa e parceiros estratégicos, como a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). “E mesmo assim, continuamos com a manutenção e organização do evento. E isso nos sobrecarregou sim. Temos uma equipe enxuta, mas que trabalhou bravamente, com máximo empenho, naqueles dias”.
Santos destaca que os esforços levaram a realização de um evento muito especial, que teve a colaboração de grande parte empresários e técnicos do setor. “São muitos os empresários que acreditam nesses movimentos e nos dão carta branca para seguir em frente, que sabem que apesar das dificuldades, continuamos um estado atrativo, com indústrias e produtores de pequeno, médio e grande portes que continuam produzindo por acreditar no empreendedorismo, na pujança na mão-de-obra, na gestão”, disse o executivo lembrando que apesar dos desafios, o estado conseguiu valorizar a produção, manter empresas e ainda está recebendo novos empreendimentos.
Superação
A superação das dificuldades trazidas pelo ano exigiu muito trabalho, organização e confiança. “Precisamos valorizar a confiança daqueles que são nossos associados e dirigentes. A confiança que recebi deles e da minha equipe como dirigente executivo foi importante. Também vale mencionar as estratégias e ações que colocamos em prática para atender todas as demandas que nos chegaram. Sempre buscamos a melhor forma de atender e ajudar os associados”.
E foi também de maneira virtual que estes desafios foram enfrentados. “Interagimos muitas vezes através de plataforma virtual com os serviços oficiais , seguimos em conjunto e dentro das diretrizes da ABPA e tivemos o apoio incondicional da nossa Federação. Com uma soma de esforços, com a confiança de dirigentes que depositam confiança em nosso trabalho, conseguimos ir para a linha de frente e atender as diferentes demandas do setor e da imprensa”, contou Santos que agiu com firmeza em seus posicionamentos e conseguiu liderar o setor na retomada até chegarmos neste momento.
Os interessados podem se inscrever e conferir a programação completa da Conbrasfran 2024 clicando aqui. Outras informaçõe podem ser obtidas pelo e-mail conbrasfran@asgav.com.br, através do telefone (51) 3228-8844, do WhatsApp (51) 98600-9684 ou pelo Instagram do encontro.
Avicultura
Brasileiros são homenageados no Congresso Latino-Americano de Avicultura 2024
Presidente do Conselho Consultivo da ABPA, Francisco Turra, foi incluído no Hall da Fama da Avicultura Latino-Americana junto com José Carlos Garrote, presidente do Conselho da São Salvador Alimentos, e Mário Sérgio Assayag Júnior, veterinário especialista em prevenção da Influenza aviária.
O ex-ministro da Agricultura Francisco Turra, presidente do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e uma das figuras mais importantes da história da avicultura brasileira, entrou na última sexta-feira (15) para o Hall da Fama da Avicultura Latino-Americana.
A nomeação aconteceu durante o Congresso Latino-Americano de Avicultura (OVUM), realizado entre 12 e 15 de novembro, em Punta del Este, no Uruguai. Outros dois nomes foram destacados na cerimônia por indicação da ABPA: José Carlos Garrote, que recebeu homenagem especial como empresário líder no Brasil, e Mário Sérgio Assayag Júnior como técnico destacado.
Garrote é presidente do Conselho da São Salvador Alimentos (SSA), uma das maiores indústrias de alimentação do Brasil, e membro do Conselho de Administração da ABPA. Assayag Júnior é veterinário e membro do grupo técnico de prevenção e monitoramento da Influenza aviária. “A homenagem aos três neste congresso de relevância internacional, mostra a importância e a contribuição da avicultura brasileira para o desenvolvimento mundial do setor”, disse Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).