Avicultura
Aditivos fitogênicos no suporte à produção livre de antibióticos e de coccidiostáticos
Adicionados à dieta dos animais são capazes de aumentar a produtividade, melhorar a qualidade da ração e as condições de higiene, melhorar a qualidade dos alimentos derivados desses animais.

Muito se discute sobre o futuro do uso de antibióticos promotores de crescimento na produção animal. Esta é uma prática adotada há muito tempo com o intuito de melhorar a qualidade intestinal dos animais e, consequentemente, o desempenho zootécnico, mas que está com os seus dias contados.
Esta prática já foi banida em alguns países, como os pertencentes à União Europeia, e também está desaparecendo gradualmente nos Estados Unidos, fortalecendo e ampliando a discussão entre os produtores brasileiros e técnicos da área.
Vale ressaltar que a não utilização dos promotores de crescimento deve estar aliada ao aumento dos controles em sanidade e biossegurança, combinado com o uso de produtos alternativos com o objetivo de promover a saúde intestinal, reduzir o risco sanitário e aumentar o desempenho das aves.
Diversas opções estão disponíveis comercialmente, tendo cada produto o seu diferencial técnico, de inclusões e particularidades de uso. Ao nutricionista cabe analisar tecnicamente e decidir sobre a melhor solução, considerando o uso combinado, ou não, de cada produto.
Aditivos Fitogênicos
Aditivos fitogênicos são produtos originados das plantas, também conhecidos por fitobióticos ou nutracêuticos. Compreendem uma ampla variedade de ervas, especiarias e produtos derivados, tais como os óleos essenciais, óleos-resinas e extratos. Adicionados à dieta dos animais são capazes de aumentar a produtividade, melhorar a qualidade da ração e as condições de higiene, melhorar a qualidade dos alimentos derivados desses animais.
Os fitogênicos de uso na nutrição animal podem ser classificados como ervas, considerando toda a planta ou suas partes, ou em fitogênicos botânicos, como os extratos e óleos essenciais. As ervas e seus derivados não possuem uma substância ativa única e os produtos indicados são, na verdade, uma mistura de várias espécies de plantas ou de seus extratos.
Considera-se que os efeitos de cada produto fitogênico possam ser potencializados quando utilizados em combinação. Portanto, estes produtos não possuem um mecanismo de ação único, como os antibióticos.
Alguns estudos abordam o uso de compostos fitogênicos de forma isolada na dieta, o que aumenta a compreensão dos efeitos do aditivo no animal, facilitando o estabelecimento de suas ações. No entanto, observa-se que, em sua maioria, os estudos disponíveis consideram a associação dos efeitos finais do aditivo, que é composto por diferentes substâncias bioativas.
Desta forma, os produtos fitogênicos, extratos e óleos essenciais oferecem mais do que apenas propriedades aromatizantes. Quando adicionados à ração das aves, estes compostos fornecem substâncias ativas, que podem ter efeito antioxidante, antimicrobiano, anti-inflamatório, antisséptica, imunomodulador, entre outros.
Além disso, os aditivos fitogênicos entram na preferência dos consumidores e se alinham ao conceito Research, Society and Development (limpo, verde e ético), que vem sendo aplicado à pecuária em geral. O “limpo” consiste em reduzir o uso de compostos sintéticos, o “verde” na diminuição dos impactos gerados ao meio ambiente e o “ético” está aliado aos efeitos gerados no bem-estar animal.
Atualmente, são muitas as opções disponíveis comercialmente, sendo que boa parte delas apresenta combinações de diferentes óleos ou extratos, potencializando assim os efeitos sobre a qualidade intestinal e, consequentemente, a conversão alimentar.
Extratos e óleos essenciais
Os extratos e os óleos essenciais de plantas são utilizados há muito tempo na medicina humana e, mais recentemente, passaram a ser explorados na produção animal. O uso destes produtos remete a uma criação mais saudável, substituindo os antibióticos com função melhoradora de desempenho ou auxiliando na manutenção da saúde intestinal em associação com outros aditivos na ração.
A principal diferença entre os extratos de plantas e os óleos essenciais é o método de extração utilizado. Ambos possuem metabólitos, ou princípios ativos, que estão diretamente relacionados com as suas propriedades biológicas, mas podem diferir significativamente em relação a concentração e padronização dos bioativos presentes.
De forma geral, a formação dos metabólitos secundários na planta é influenciada pela espécie da planta e por características do ambiente, como o tipo de solo, estação do ano e ciclo vegetativo da planta.
Quando utilizados na alimentação animal, os princípios ativos dos extratos de plantas e óleos essenciais são: absorvidos no intestino; rapidamente metabolizados pelos enterócitos; biotransformados no fígado e posteriormente excretados pela urina e respiração (CO2).
Devido à rápida metabolização e curta meia vida dos compostos ativos, o risco de acúmulo nos tecidos é mínimo.
Os óleos essenciais do orégano, canela, tomilho, pimenta, entre outros, têm sido frequentemente utilizados na nutrição de aves devido a suas propriedades antioxidante, antimicrobiana, antifúngica, anti-inflamatória e de estimulante da digestão, contribuindo diretamente na melhoria de desempenho.
O extrato de orégano é um óleo essencial, extraído e destilado a vapor de plantas híbridas de Origanum vulgare, sendo que 85% de sua composição constitui-se de dois componentes fenóis naturais fundamentais na ação antimicrobiana: o carvacrol e o timol.
Ambos agem sobre a membrana celular bacteriana impedindo sua divisão mitótica, causando desidratação nas células e, com isso, impedindo a sobrevivências de bactérias patogênicas, apresentando grande efeito como agente antimicrobiano. O carvacrol e o timol são divididos quanto à isomeria, como fenóis isômeros, possuindo a mesma fórmula molecular, mas com propriedades diferentes.
Taninos
Os taninos são um grupo grande e heterogêneo de compostos fenólicos, amplamente distribuídos em uma gama de espécies de plantas, podendo ser encontrados em folhas, sementes, raízes e tecidos do caule. São metabólitos secundários que atuam como parte do sistema de defesa química da planta contra a invasão de patógenos e o ataque de insetos.
Os taninos podem formar complexos com proteínas, assim como podem complexar com polissacarídeos, ácidos nucleicos, alcaloides, minerais etc., podendo ser classificados em hidrolisáveis ou condensados, dependendo da sua resistência à hidrolisação.
Estudos recentes demonstram diversos efeitos benéficos da utilização de taninos na alimentação de aves, como redução da mortalidade e da severidade de lesões causadas por patógenos no intestino, além da melhoria de desempenho das aves.
Vale ressaltar que as propriedades antimicrobianas variam conforme o tipo de tanino, assim como outras propriedades de interesse para uso na nutrição de aves. Entre as fontes mais utilizadas estão os taninos de Castanheira, Quebracho e de Acácia Negra.
Considerações finais
Óleos essenciais e taninos são substâncias fitogênicas com grande potencial para a substituição dos antibióticos melhoradores de desempenho, ou para uso associado a outros aditivos, com diversos efeitos benéficos associados, reforçando assim a proteção intestinal das aves.
As referências bibliográficas estão com a autora. Contato: priscila.guimaraes@agroceres.com.
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Avicultura
Com 33 anos de atuação, Sindiavipar reforça protagonismo do Paraná na produção de frango
Trabalho conjunto com setor produtivo e instituições públicas sustenta avanços em biosseguridade, rastreabilidade e competitividade.

O Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) celebra, nesta quarta-feira (19), 33 anos de atuação em defesa da avicultura paranaense. Desde sua fundação, em 1992, a entidade reúne e representa as principais indústrias do setor com objetivo de articular políticas, promover o desenvolvimento sustentável e fortalecer uma cadeia produtiva que alimenta milhões de pessoas dentro e fora do Brasil.

Foto: Shutterstock
Ao longo dessas mais de três décadas, o Sindiavipar consolidou seu papel como uma das entidades mais relevantes do país quando o assunto é sanidade avícola, biosseguridade e competitividade internacional. Com atuação estratégica junto ao poder público, entidades setoriais, instituições de pesquisa e organismos internacionais, o Sindiavipar contribui para que o Paraná seja reconhecido pela excelência na produção de carne de frango de qualidade, de maneira sustentável, com rastreabilidade, bem-estar-animal e rigor sanitário.
O Estado é referência para que as exportações brasileiras se destaquem no mercado global, e garantir abastecimento seguro a diversos mercados e desta forma contribui significativamente na segurança alimentar global. Esse desempenho se sustenta pelo excelente trabalho que as indústrias avícolas do estado executam quer seja através investimentos constantes ou com ações contínuas de prevenção, fiscalização, capacitação técnica e por uma avicultura integrada, inovadora, tecnológica, eficiente e moderna.

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Nos últimos anos, o Sindiavipar ampliou sua agenda estratégica para temas como inovação, sustentabilidade, educação sanitária e diálogo com a sociedade. A realização do Alimenta 2025, congresso multiproteína que reuniu autoridades, especialistas e os principais players da cadeia de proteína animal, reforçou a importância do debate sobre biosseguridade, bem-estar-animal, tecnologias, sustentabilidade, competitividade e mercados globais, posicionando o Paraná no centro das discussões sobre o futuro da produção de alimentos no país.
Os 33 anos do Sindiavipar representam a trajetória de um setor que cresceu com responsabilidade, pautado pela confiança e pelo compromisso de entregar alimentos de qualidade. Uma história construída pela união entre empresas, colaboradores, produtores, lideranças e parceiros que acreditam no potencial da avicultura paranaense.
O Sindiavipar segue atuando para garantir um setor forte, inovador e preparado para os desafios de um mundo que exige segurança, eficiência e sustentabilidade na produção de alimentos.
Avicultura
União Europeia reabre pre-listing e libera avanço das exportações de aves e ovos do Brasil
Com o restabelecimento do sistema de habilitação por indicação, frigoríficos que atenderem às exigências sanitárias poderão exportar de forma mais ágil, retomando um mercado fechado desde 2018.

A União Europeia confirmou ao governo brasileiro, por meio de carta oficial, o retorno do sistema de habilitação por indicação da autoridade sanitária nacional, o chamado pre-listing, para estabelecimentos exportadores de carne de aves e ovos do Brasil. “Uma grande notícia é a retomada do pré-listing para a União Europeia. Esse mercado espetacular, remunerador para o frango e para os ovos brasileiros estava fechado desde 2018. Portanto, sete anos com o Brasil fora”, destacou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

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Com a decisão, os estabelecimentos que atenderem aos requisitos sanitários exigidos pela União Europeia poderão ser indicados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e, uma vez comunicados ao bloco europeu, ficam aptos a exportar. No modelo de pre-listing, o Mapa atesta e encaminha a lista de plantas que cumprem as normas da UE, sem necessidade de avaliação caso a caso pelas autoridades europeias, o que torna o processo de habilitação mais ágil e previsível. “Trabalhamos três anos na reabertura e, finalmente, oficialmente, o mercado está reaberto. Todas as agroindústrias brasileiras que produzem ovos e frangos e que cumprirem os pré-requisitos sanitários podem vender para a Comunidade Europeia”, completou.
A confirmação oficial do mecanismo é resultado de uma agenda de trabalho contínua com a Comissão Europeia ao longo do ano. Em 2 de outubro, missão do Mapa a Bruxelas, liderada pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luís Rua, levou à União Europeia um conjunto de pedidos prioritários, entre eles o restabelecimento do pre-listing para proteína animal, o avanço nas tratativas para o retorno dos pescados e o reconhecimento da regionalização de enfermidades.
Na sequência, em 23 de outubro, reunião de alto nível em São Paulo entre o secretário Luís Rua e o comissário europeu para Agricultura, Christophe Hansen, consolidou entendimentos na pauta sanitária bilateral e registrou o retorno do sistema de pre-listing para estabelecimentos brasileiros habilitados a exportar carne de aves, o que agora se concretiza com o recebimento da carta oficial e permite o início dos procedimentos de habilitação por parte do Mapa. O encontro também encaminhou o avanço para pre-listing para ovos e o agendamento da auditoria europeia do sistema de pescados.

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Na ocasião, as partes acordaram ainda a retomada de um mecanismo permanente de alto nível para tratar de temas sanitários e regulatórios, com nova reunião prevista para o primeiro trimestre de 2026. O objetivo é assegurar previsibilidade, transparência e continuidade ao diálogo, reduzindo entraves técnicos e favorecendo o fluxo de comércio de produtos agropecuários entre o Brasil e a União Europeia.
Com o pre-listing restabelecido para carne de aves e ovos, o Brasil reforça o papel de seus serviços oficiais de inspeção como referência na garantia da segurança dos alimentos e no atendimento às exigências do mercado europeu, ao mesmo tempo em que avança em uma agenda de facilitação de comércio baseada em critérios técnicos e cooperação regulatória.
Avicultura
Exportações gaúchas de aves avançam e reforçam confiança do mercado global
Desempenho positivo em outubro, expansão da receita e sinais de estabilidade sanitária fortalecem o posicionamento do estado no mercado externo.

O setor agroindustrial avícola do Rio Grande do Sul mantém um ritmo consistente de recuperação nas exportações de carne de frango, tanto processada quanto in natura. Em outubro, o estado registrou alta de 8,8% no volume embarcado em relação ao mesmo mês do ano passado. Foram 60,9 mil toneladas exportadas, um acréscimo de 4,9 mil toneladas frente às 56 mil toneladas enviadas em outubro de 2023.
A receita também avançou: o mês fechou com US$ 108,9 milhões, crescimento de 5% na comparação anual.
No acumulado de janeiro a outubro, entretanto, o desempenho ainda reflete os impactos do início do ano. Os volumes totais apresentam retração de 1%, enquanto a receita caiu 1,8% frente ao mesmo período de 2024, conforme quadro abaixo:

O rápido retorno das exportações de carne de aves do Rio Grande do Sul para mercados relevantes, confirma que, tanto o estado quanto o restante do país permanecem livres das doenças que geram restrições internacionais.
Inclusive, o reconhecimento por parte da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e muitos outros mercados demonstram a importância do reconhecimento da avicultura do Rio Grande do Sul por parte da China, ainda pendente. “Estamos avançando de forma consistente e, em breve, estaremos plenamente aptos a retomar nossas exportações na totalidade de mercados. Nossas indústrias, altamente capacitadas e equipadas, estão preparadas para atender às demandas de todos os mercados, considerando suas especificidades quanto a volumes e tipos de produtos avícolas”, afirmou José Eduardo dos Santos, Presidente Executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul (Asgav/Sipargs).
Indústria e produção de ovos
O setor da indústria e produção de ovos ainda registra recuo nos volumes exportados de -5,9% nos dez meses de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, ou seja, -317 toneladas. Porém, na receita acumulada o crescimento foi de 39,2%, atingindo um total de US$ 19 milhões de dólares de janeiro a outubro deste ano.
A receita aumentou 49,5% em outubro comparada a outubro de 2024, atingindo neste mês a cifra de US$ 2.9 milhões de dólares de faturamento. “A indústria e produção de ovos do Rio Grande do Sul está cada vez mais presente no mercado externo, o atendimento contínuo aos mais diversos mercados e o compromisso com qualidade, evidenciam nosso potencial de produção e exportação”, pontua Santos.

Exportações brasileiras
As exportações brasileiras de carne de frango registraram em outubro o segundo melhor resultado mensal da história do setor, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Ao todo, foram exportadas 501,3 mil toneladas de carne no mês, saldo que superou em 8,2% o volume embarcado no mesmo período do ano passado, com 463,5 mil toneladas.

Presidente Eeecutivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos: “A indústria e produção de ovos do Rio Grande do Sul está cada vez mais presente no mercado externo, o atendimento contínuo aos mais diversos mercados e o compromisso com qualidade, evidenciam nosso potencial de produção e exportação”
Com isso, as exportações de carne de frango no ano (volume acumulado entre janeiro e outubro) chegaram a 4,378 milhões de toneladas, saldo apenas 0,1% menor em relação ao total registrado no mesmo período do ano passado, com 4,380 milhões de toneladas.
A receita das exportações de outubro chegaram a US$ 865,4 milhões, volume 4,3% menor em relação ao décimo mês de 2024, com US$ 904,4 milhões. No ano (janeiro a outubro), o total chega a US$ 8,031 bilhões, resultado 1,8% menor em relação ao ano anterior, com US$ 8,177 bilhões.
Já as exportações brasileiras de ovos (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) totalizaram 2.366 toneladas em outubro, informa a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O número supera em 13,6% o total exportado no mesmo período do ano passado, com 2.083 toneladas.
Em receita, houve incremento de 43,4%, com US$ 6,051 milhões em outubro deste ano, contra US$ 4,219 milhões no mesmo período do ano passado. No ano, a alta acumulada chega a 151,2%, com 36.745 toneladas entre janeiro e outubro deste ano contra 14.626 toneladas no mesmo período do ano passado. Em receita, houve incremento de 180,2%, com US$ 86,883 milhões nos dez primeiros meses deste ano, contra US$ 31,012 milhões no mesmo período do ano passado.





