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ACSURS: 49 anos de história através do olhar dos presidentes

Entidade sempre teve forte atuação dos presidentes que estiverem frente a entidade ao longo de sua trajetória.

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Braun, de Rose e Hédio, da esquerda para direita, no momento da assinatura de fundação da ACSURS - Fotos: Divulgação Acsurs

Fundada em 25 de novembro de 1972, a Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul – ACSURS foi marcada pela forte atuação dos presidentes que estiverem frente a entidade ao longo de sua trajetória.

O primeiro deles foi Hédio Scherer (in memorian), um dos fundadores da entidade. Suinocultor de Montenegro, em sua gestão teve a missão de legalizar e institucionalizar a associação, assim como zelar pelos interesses políticos dos produtores gaúchos.

Além disso, auxiliou no processo de criação de novos núcleos regionais e também na captação de novos sócios. A gestão de Scherer foi marcada também pelo início da participação da ACSURS em feiras e exposições.

Em 1977, a entidade elegeu o segundo presidente, o suinocultor José Adão Braun. Ele esteve junto à ACSURS desde o ato de criação da entidade e atuou como presidente entre os anos de 1977 a 1982 e 1989 a 1998.

“A ABCS já funcionava em Estrela, onde a suinocultura começou a se desenvolver no Brasil. Com a proporção que tomou, não conseguiu atender as demandas locais e, com isso, houve a necessidade da criação de uma associação que pudesse trabalhar e se dedicar em prol dos suinocultores gaúchos, surgindo assim a ACSURS”, conta o ex-presidente.

Após sua criação, foram cerca de seis anos atuando em uma sala cedida na sede da brasileira, mas com a crescente demanda e os serviços prestados a sala ficou pequena. Em 1977, foi adquirido, um espaço próprio.

“Quando eu assumi a presidência, também assumi a responsabilidade de conseguir uma sede para a entidade. Estávamos em constante expansão e precisávamos de espaço para trabalhar, já que também tínhamos como responsabilidade o registro genealógico dos suínos”, comenta Braun.

Legado deixado em sua gestão, Braun lembra dos detalhes até hoje. “Participamos do edital público promovido pela Prefeitura de Estrela para a compra de um antigo restaurante localizado no Parque 20 de Maio, e vencemos. Era uma grande conquista para a entidade”, frisa Braun.

Adquirido e reformado com o apoio dos sócios e do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, a inauguração ocorreu um ano depois, durante a programação da 5ª edição do Dia Estadual do Porco. O ato foi prestigiado por lideranças importantes da época como Getúlio Marcantônio (in memorian), que era secretário da Agricultura do RS.

Em meio a esses acontecimentos, iniciava-se outro projeto, o melhoramento genético do rebanho suíno. Os primeiros movimentos relacionados a inseminação artificial começaram em meados de 1975 com a sugestão do então presidente da ABCS, Hélio Miguel de Rose, após uma viagem à Europa.

Em 1976, o projeto foi executado com a implantação da Central de Inseminação Artificial (CIAS) em fase de teste em um espaço provisório no Parque 20 de Maio.

Braun afirma que foi um grande passo dado para a suinocultura gaúcha e também brasileira, já que a inseminação artificial acelerou o melhoramento genético do rebanho de suínos. “A partir dos resultados positivos obtidos, buscamos recursos para a construção de um local propício para a instalação das CIAS e uma melhor execução do trabalho”, complementa.

Em 1979 foi inaugurado, em uma área de cinco hectares com o apoio do Ministério da Agricultura, Governo do Estado do RS e Prefeitura de Estrela, o espaço localizado em Linha Porongos, interior de Estrela, também utilizado para abrigar a Estação Teste de Reprodutores de Suínos (ETRS). Atualmente, trata-se da Central de Produção de Sêmen (CPS).

“Durante o período que estive frente a ACSURS, sempre levamos as demandas da suinocultura até os representantes políticos estaduais e nacionais do setor, em busca do melhor para os suinocultores gaúchos. E muitas coisas conquistamos por meio desse esforço e dedicação que tivemos na época”, finaliza.

No ano de 1983, o médico-veterinário Werner Meincke foi eleito para representar os suinocultores gaúchos. Ele já atuava na equipe técnica da ACSURS e ocupou o cargo de liderança até 1988. Entre as prioridades da gestão, Meincke prezou pela sanidade do rebanho suíno e pelos avanços na inseminação artificial em suínos.

Ao relembrar sua passagem pela entidade, Meincke relata esse momento como um privilégio em sua carreira profissional. “Estou prestes a completar 50 anos de dedicação a suinocultura, o que, por si só, demonstra a paixão que tenho por esse segmento. Presidir a ACSURS na época contribuiu substancialmente para conhecer com maior profundidade a estrutura de produção dos suinocultores bem como tomar conhecimento das suas reais necessidades e poder, via associação, representá-los, lutando por seus interesses junto aos órgãos governamentais”, comenta.

Durante o seu mandato como presidente da entidade, Meincke reivindicou diversas demandas dos suinocultores gaúchos. A principal foi a implantação do programa de distribuição de milho da Companhia de Financiamento da Produção (CFP), hoje conhecida como Conab – Companhia Nacional de Abastecimento. Na época, os suinocultores tinham dificuldade em participar de leilões para realizar a compra do milho, único sistema utilizado até então para a comercialização do grão no Rio Grande do Sul.

“Conseguíamos cotas para distribuição em locais próximos aos produtores para facilitar a logística. Por exemplo o Porto de Estrela recebia determinadas quantias para distribuição aos suinocultores associados do Vale Taquari e da mesma forma para sócios de outras regiões”, explica.

Além disso, realizou reformas na sede da entidade e destinou recursos para melhorias na CIAS e ETRS. Outra conquista foi a construção de uma sede no Parque Estadual de Exposições Assis Brasil (PEAAB) e as adaptações no pavilhão de exposição dos suínos e também na pista, onde ocorriam os julgamentos.

Ao falar sobre o trabalho de melhoramento genético do rebanho suíno, Meincke conta que em um período a região sul do país chegou a ter 280 granjas vinculadas às entidades estaduais produzindo animais puros das raças Landrace, Large White e Duroc.

No final da década de 80 e início de 90, as empresas multinacionais de genética começaram a chegar no Brasil. “O material genético que até então era produzido basicamente por esses produtores, com programa de melhoramento genético coordenado pelas associações, foi perdendo espaço para as grandes empresas multinacionais de melhoramento genético, que acreditaram nas potencialidades que o país possuía para se tornar um dos principais players mundiais”, conta o médico-veterinário.

Com a implementação de empresas multinacionais no Brasil, um novo conceito surgiu: a hibridação. O avanço permitiu animais de alta saúde e capacidade maior de reprodução, o que os produtores tradicionais não possuíam, por falta de espaço para expansão, já que eram produzidos em pequenas propriedades.

“Como tudo na vida nada é permanente, mas para época o trabalho das associações foi vital para conseguirmos a transição do suíno tipo banha para o suíno tipo carne, que era o maior reclamo dos consumidores”, finaliza.

Em 1999, um novo presidente assumiu a entidade. Após ser reeleito em 1989, depois do mandato de Meincke e permanecer até 1998, Braun passou a responsabilidade para o médico-veterinário Gilberto Moacir da Silva, que se elegeu presidente da ACSURS e esteve à frente da entidade até 2005.

Ligado ao setor suinícola desde 1975, Silva prestava serviços para a Secretaria Estadual da Agricultura e atendia pequenos suinocultores do Vale do Taquari. “Realizávamos também atividade de melhoramento genético do rebanho suíno atendendo as granjas de reprodutores vinculadas à ACSURS”, conta.

Um dos marcos da gestão de Silva foi a criação do Fundo Estadual de Sanidade Animal (FESA) em meados de 2000 e, mais tarde, do Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (FUNDESA).

“Na época o então secretário da Agricultura do RS, Hermeto Hoffman, em uma reunião com outras lideranças do setor, solicitou a criação do FESA. Isso porque, o secretário iria informar ao Mapa que a vacinação contra a febre aftosa iria ser suspensa, o que depois foi por água abaixo, já que um novo caso foi registrado no Estado.

Todos trabalharam em conjunto para aprovar o projeto no Executivo. Após consolidarmos o FESA, começamos a pensar alguma alternativa para se criar um fundo particular e, com isso surgiu, o FUNDESA”, conta.

Silva também liderou diversas demandas do setor. Entre elas, e a mais marcante, o protesto junto a Praça dos Três Poderes, em Porto Alegre, em meados de 2003. “Levamos leitões até Porto Alegre, colocamos coleiras em todos eles para desfilarem com nós até a entrada da Assembleia Legislativa onde participamos de uma reunião com deputados. A ABCS adotou a prática e fez o mesmo em Brasília”, relembra.

Fato que ocorreu em decorrência da Constituição Parlamentar de Inquérito (CPI) das Carnes, realizada pela Assembleia Legislativa. “O objetivo era investigar as causas da atual situação econômica da suinocultura e bovinocultura de corte. Como entidade, depomos na CPI e frisamos a importância estratégica da carne suína para a economia.

Naquele momento, o setor estava em crise e faltava incentivo”, lembra.

Neste momento, Valdecir Luis Folador, por conta da sua atuação ao decorrer da CPI das Carnes, já se destacava como jovem liderança do setor e integrante do Sindicato Rural de Erechim.

Com destaque nas discussões, o convite para concorrer à presidência da ACSURS veio logo depois, em 2004. “Naquele momento, eu nem imaginava em concorrer à presidência da entidade, o convite foi uma surpresa. Mas aceitei o desafio, montamos uma chapa e fomos eleitos por aclamação em Assembleia”, afirma.

Sua trajetória frente a entidade iniciou em 2005 e perdura até os dias de hoje. “Nunca fiz nada sozinho, sempre tive a contribuição e o auxílio da Diretoria que se elegeu comigo e também dos funcionários que atuaram nesse período em que estou presidente da ACSURS”, complementa.

Com o passar dos anos, novas demandas, conquistas, derrotas e “empates” surgiram, mas a mais marcante foi a consolidação da Lei da Integração, sancionada em 2016. “Foi uma grande conquista para o setor que, com o passar dos anos, teve um grande aumento no número de suinocultores atuando no sistema de integração”, comemora.

Assim como os seus antecessores, Folador também priorizou a evolução da inseminação artificial em suínos. Firmou parcerias, realizou reformas e manteve a CPS altamente qualificada de tecnologia e profissionais.

“Como entidade, temos principalmente um papel político e social. Atuamos da porteira para fora defendendo os interesses dos suinocultores, como costumo dizer. Mas, além disso, também trabalhamos fortemente e diretamente com a qualidade genética do rebanho gaúcho e temos um papel muito importante, já que o ponto de partida da produção para muitos suinocultores sai da CPS”, conclui.

 

 

Fonte: Texto de Bruna Gomes Stahl, Assistente de Comunicação ACSURS.

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Brasil lança plataforma sobre saúde dos solos e reforça liderança em agricultura sustentável

Ferramenta da Embrapa reúne mais de 56 mil análises e mostra que dois terços das áreas avaliadas no País apresentam solos saudáveis ou em recuperação.

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Foto: SAA SP

Foi lançada na última segunda-feira (17), na Agrizone, a Casa da Agricultura Sustentável da Embrapa durante a COP 30, em Belém (PA), a Plataforma Saúde do Solo BR – Solos resilientes para sistemas agrícolas sustentáveis. A cerimônia ocorreu no Auditório 1 e marcou a apresentação oficial da tecnologia criada pela Embrapa, que reúne pela primeira vez informações sobre a saúde dos solos brasileiros em um ambiente digital e de acesso público.

 

Na abertura, a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, destacou o simbolismo de apresentar a novidade dentro da Agrizone, espaço que abriga soluções de baixo carbono. “A Agrizone é o começo de uma nova jornada. Estamos mostrando para o mundo inteiro, de forma concreta, que temos tecnologia para desenvolver uma agricultura cada vez mais resiliente às mudanças climáticas”, afirmou.

Para ela, o lançamento reforça o protagonismo do Brasil como líder global em inovação sustentável para a agricultura e os sistemas alimentares.

A Plataforma disponibiliza dados de saúde do solo por estado e município e já reúne cerca de 56 mil amostras, provenientes de 1.502 municípios de todas as regiões do País. O sistema foi construído a partir da geoespacialização dos dados gerados pela BioAS – Bioanálise de Solos, explicou a pesquisadora da Embrapa Cerrados, Ieda Mendes. A ferramenta permite filtros por estado, município, ano, culturas e texturas de solo, além de comparações entre diferentes cultivos. Também gera mapas e gráficos baseados nas funções da bioanálise, como ciclagem, armazenamento e suprimento de nutrientes.

Solos mais saudáveis e produtivos

Os primeiros mapas revelam que predominam no Brasil solos saudáveis ou em processo de recuperação. “Somando solos saudáveis e solos em recuperação, vemos que 66% das áreas analisadas apresentam condições muito boas de saúde. Apenas 4% das amostras representam solos doentes”, afirmou Ieda.

Mato Grosso lidera o número de amostras (10.905), seguido por Minas Gerais (9.680), Paraná (7.607) e Goiás (6.519). O município com maior participação é Alto Taquari (MT), com 1.837 amostras.

A pesquisadora também destacou a forte relação entre saúde do solo e produtividade. No Mato Grosso, a integração dos dados da BioAS com índices do IBGE mostrou que o aumento na proporção de solos doentes está diretamente associado à queda na produção de soja. “Cada 1% de aumento em solos doentes representa uma perda média de 3,1 kg de soja por hectare”.

Em contraste, análises exclusivamente químicas não apresentaram correlação com a produtividade atual, o que indica que o limite produtivo da agricultura brasileira está cada vez mais ligado à qualidade biológica dos solos.

Ieda ressaltou ainda a participação dos produtores na construção da ferramenta. “Temos contribuições que vão do Acre ao extremo sul do Rio Grande do Sul. Ter um trabalho publicado em revistas técnicas é muito bom, mas ver uma tecnologia sendo adotada em todo o Brasil é maravilhoso”, afirmou.

A expectativa é transformar a plataforma, no futuro, em um observatório nacional da saúde dos solos, capaz de gerar relatórios detalhados por município e conectar pesquisadores, laboratórios e agricultores.

A Plataforma Saúde do Solo BR foi desenvolvida com base nos dados da BioAS, tecnologia lançada em 2020 e criada pela Embrapa Cerrados em parceria com a Embrapa Agrobiologia. O método integra indicadores biológicos (atividade enzimática), físicos (textura) e químicos (fertilidade e matéria orgânica).

O banco de dados atual resulta de uma colaboração com 33 laboratórios comerciais de análise de solo, integrantes da Rede Embrapa e usuários da tecnologia.

Fonte: O Presente Rural com Embrapa Cerrados
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Pressões ambientais externas reacendem disputa sobre limites da autorregulação no agronegócio

Advogada alerta que auditorias privadas e acordos setoriais, como a Moratória da Soja, podem impor obrigações além da lei, gerar assimetria concorrencial e tensionar princípios constitucionais.

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Foto: Freepik

A intensificação de exigências internacionais para que produtores brasileiros comprovem de forma contínua a inexistência de dano ambiental como condição para exportar commodities, especialmente a soja, reacendeu um debate jurídico sensível no país. Para a advogada especialista em Direito Agrário e do Agronegócio, Márcia de Alcântara, parte dessas exigências ultrapassa a pauta da sustentabilidade e pode entrar em choque com princípios constitucionais e da ordem econômica, sobretudo quando assumem caráter padronizado e coordenado por grandes agentes privados.

Segundo ela, quando tradings internacionais reunidas em associações que concentram parcela expressiva do mercado firmam pactos com auditorias e monitoramentos próprios, acabam impondo obrigações ambientais adicionais às previstas em lei. “Esses acordos privados transferem ao produtor o ônus de provar continuamente que não causa dano ambiental, invertendo a presunção de legalidade e de boa-fé de quem cumpre o Código Florestal e demais normas”, explica.

Márcia observa que esse tipo de exigência, quando se torna condição para o acesso ao mercado, tensiona princípios como a segurança jurídica e o devido processo. “Quando a obrigação é padronizada e coordenada por agentes dominantes, deixa de ser mera cláusula contratual e passa a se aproximar de uma restrição coletiva, com efeito de boicote”, afirma.

Moratória da Soja e coordenação setorial

Advogada Márcia de Alcântara: “Esses arranjos acabam por substituir o papel do Estado, criando regras opacas e sem devido processo ao produtor”

Entre os casos emblemáticos está a chamada Moratória da Soja, que proíbe a compra do grão oriundo de áreas desmatadas após 2008 na Amazônia. Para a advogada, o modelo de funcionamento da moratória se assemelha a uma forma de regulação privada, com possíveis implicações concorrenciais. “Há três pontos críticos nesse arranjo: a coordenação por associações que concentram parcela relevante do mercado; a troca de informações sensíveis e listas de exclusão que não são públicas; e a imposição de padrões mais severos do que a legislação brasileira. Esse conjunto pode configurar conduta anticoncorrencial, conforme o artigo 36 da Lei 12.529/2011”, avalia.

Ela acrescenta que cobranças financeiras ou bloqueios comerciais aplicados a produtores que não apresentem documentação adicional de regularidade ambiental podem representar penalidades privadas sem respaldo legal. O tema, segundo Márcia, já vem sendo acompanhado tanto pela autoridade antitruste quanto pelo Judiciário.

Marco jurídico recente

Nos últimos meses, a controvérsia ganhou contornos institucionais. Uma decisão liminar do ministro Flávio Dino, no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a suspensão de processos judiciais e administrativos ligados à Moratória da Soja até o julgamento de mérito, para evitar decisões contraditórias e permitir uma análise concentrada do conflito. Paralelamente, o Cade decidiu aguardar o posicionamento do STF antes de seguir com as investigações, embora mantenha atenção sobre a troca de informações sensíveis entre empresas durante o período.

Entidades como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Aprosoja-MT defendem que a atuação concorrencial do Estado não seja paralisada. Elas argumentam que há indícios de coordenação de compra e que a suspensão integral das apurações pode esvaziar a tutela concorrencial.

Entre os principais questionamentos estão a extrapolação normativa de acordos privados, a falta de transparência nos critérios de exclusão e a substituição da regulação pública por padrões privados de alcance global. “Esses arranjos acabam por substituir o papel do Estado, criando regras opacas e sem devido processo ao produtor”, pontua Márcia.

Possíveis desfechos

Foto: Gilson Abreu

A especialista mapeia dois possíveis desfechos para o impasse. Caso o STF decida a favor dos produtores, será reforçada a soberania regulatória do Estado brasileiro, com o reconhecimento de que critérios ambientais devem ser definidos por normas públicas claras e transparentes. A decisão poderia irradiar efeitos para outras cadeias produtivas, como carne, milho e café, estabelecendo parâmetros de ESG proporcionais e auditáveis. Em sentido contrário, validar a autorregulação privada abriria espaço para padrões globais com camadas adicionais de exigência, elevando custos de conformidade e reduzindo a concorrência.

Para Márcia, o Brasil já conta com um dos arcabouços ambientais mais robustos do mundo. O Código Florestal impõe a manutenção de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente, exige o Cadastro Ambiental Rural georreferenciado e conta com sistemas de monitoramento por satélite e mecanismos de compensação ambiental.

Além disso, o país dispõe de políticas estruturantes como a Política Nacional do Meio Ambiente, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) e a Política Nacional sobre Mudança do Clima. “Esse conjunto garante previsibilidade ao produtor regular e comprova que o país possui um marco ambiental sólido. Por isso, exigências externas precisam respeitar a proporcionalidade, a transparência e o devido processo. Caso contrário, correm o risco de ferir a legislação brasileira e distorcer a concorrência”, ressalta.

Fonte: Assessoria Celso Cândido de Souza Advogados
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Brasil e Reino Unido avançam em diálogo sobre agro de baixo carbono na COP30

Fávaro apresenta o Caminho Verde Brasil e discute novas parcerias para financiar recuperação ambiental e ampliar práticas sustentáveis no campo.

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Foto; Beatriz Batalha/Mapa

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, se reuniu nesta quarta-feira (19) com a ministra da Natureza do Reino Unido, Mary Creagh, durante a COP30, em Belém. O encontro teve como foco a apresentação das práticas sustentáveis adotadas pelo setor agropecuário brasileiro, reconhecidas internacionalmente por aliarem produtividade e conservação ambiental.

Fávaro destacou as iniciativas do Caminho Verde Brasil, programa que visa impulsionar a recuperação ambiental e o aumento da produtividade por meio da restauração de áreas degradadas e da promoção de tecnologias sustentáveis no campo.

Segundo o ministro, a estratégia tem ampliado a competitividade do agro brasileiro, com acesso a mercados mais exigentes, ao mesmo tempo em que contribui para metas climáticas.

A agenda também incluiu discussões sobre mecanismos de financiamento voltados a ampliar projetos de sustentabilidade no setor. As autoridades avaliaram oportunidades de cooperação entre Brasil e Reino Unido para apoiar ações de recuperação ambiental, inovação e produção de baixo carbono na agricultura.

Fonte: Assessoria Mapa
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