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Suínos / Peixes

“Acreditamos que este ano seja um ponto de virada”, diz presidente da Copagril sobre a suinocultura

O ano de 2023 para a cooperativa na suinocultura foi marcado por desafios significativos, incluindo mudanças na gestão da empresa. Eloi Podkowa, em entrevista exclusiva ao Jornal O Presente Rural, destaca a crise no setor que a Copagril enfrentou, tornando esse período um ano de reestruturação e busca por alternativas para garantir resultados positivos nessa atividade.

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O ano de 2023 para a Cooperativa Agroindustrial Copagril na suinocultura foi marcado por desafios significativos, incluindo mudanças na gestão da empresa. O diretor-presidente, Eloi Podkowa, em entrevista exclusiva ao Jornal O Presente Rural, destacou a crise na suinocultura que a cooperativa enfrentou, tornando esse período um ano de reestruturação e busca por alternativas para garantir resultados positivos nessa atividade.

Diretor-presidente da Cooperativa Agroindustrial Copagril, Eloi Podkowa: “Nós estamos vindo de uma crise na suinocultura, então 2023 foi de reestruturação, de buscar alternativas e de fazer com que a atividade de suínos nos trouxesse também resultados” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

Durante o último ano, a Copagril enfrentou não apenas desafios econômicos, mas também um problema sanitário que afetou a produção de suínos. No entanto, a cooperativa dedicou esforços significativos para minimizar os impactos dessa situação, trabalhando incansavelmente para controlar a crise. O diretor-presidente enfatizou que, nos últimos meses do ano, a cooperativa começou a vislumbrar sinais positivos, indicando uma melhoria na situação. “O ano de 2023 foi desafiador. Nós estamos vindo de uma crise na suinocultura, então 2023 foi de reestruturação, de buscar alternativas e de fazer com que a atividade de suínos nos trouxesse também resultados. Estamos ainda trabalhando nesse sentido e foi trabalhado muito durante o ano passado, porque somado a isso ainda tivemos um problema sanitário nas granjas, mas que com dedicação e empenho de todos conseguimos minimizar ao máximo os impactos sobre a cadeia”, destacou, enfatizando: “Em resposta aos desafios enfrentados, a Copagril adotou estratégias específicas para impulsionar o setor da suinocultura. Uma das principais iniciativas foi garantir a conformidade da suinocultura com a nova legislação, visando certificar todas as granjas associadas. A intenção é reduzir o número de origens, uma vez que muitas origens podem resultar em problemas sanitários adicionais.

Além disso, a cooperativa está trabalhando para adequar os produtores que possuem menos de duas mil matrizes ao manejo de banda, uma abordagem que reduz as origens e facilita o trabalho nas unidades produtoras. Essa medida não apenas simplifica a gestão, mas também visa melhorar a qualidade sanitária dos animais, contribuindo para a sustentabilidade e o sucesso a longo prazo da suinocultura.

A parceria da Copagril com a Cooperativa Central Frimesa, envolvendo o frigorífico em Assis Chateaubriand, PR, também foi destacada como um fator impulsionador para a demanda e o crescimento do setor. “A intercooperação com outras cooperativas tornou-se essencial para enfrentar os desafios e garantir resultados positivos na suinocultura”, aponta.

Fotos: Divulgação/Copagril

No que diz respeito aos problemas sanitários, Podkowa ressalta que a densidade populacional é um fator crítico, contribuindo para o registro de doenças nos rebanhos, principalmente relacionadas à encefalite. Ele reconhece que esse não é um problema exclusivo dos integrados da Copagril, pois há registros semelhantes em outras integradoras. No entanto, destaca que a cooperativa está adotando uma abordagem diferenciada, implementando pirâmides para minimizar ao máximo esses problemas. “Já está equalizado a grande parte. Nós estamos bem agora e vamos intensificar ainda mais o trabalho nos próximos anos, com objetivo de estabelecer uma barreira sanitária eficaz para prevenir qualquer recorrência desses problemas”, afirma.

Boas práticas na produção

Podkowa reforça que a cooperativa em colaboração com a área técnica trabalha na implementação de projetos que visem maior biosseguridade nas granjas de suínos. “Estamos desenvolvendo alguns projetos com a área técnica para que esses profissionais tenham uma valorização maior e sejam reconhecidos pela meritocracia, que eles possam realmente trabalhar de uma forma que leve o nosso produtor a ter uma maior produtividade”, explica.

A Copagril também exige que os próprios produtores se comprometam com boas práticas e melhorem a ambiência em seus barracões para suínos. O enfoque na área ambiental é destacado, visando garantir a sustentabilidade e atender aos requisitos legais. O compromisso é evitar problemas tanto para os associados quanto para a própria cooperativa e a Central Frimesa. “O objetivo é alcançar a excelência na colaboração entre os associados e a cooperativa, proporcionando uma atividade suinícola sustentável e lucrativa no futuro”, pondera.

Integração

Quanto ao número de suinocultores integrados, a Copagril opera com três categorias: 53 produtores nas UPDs (Unidades Produtoras de Desmamados), 27 nos crechários e mais de 200 criadores na terminação. “Todos estão engajados em processos de reestruturação, com a área técnica e a diretoria colaborando para atingir metas estabelecidas, como a entrada em banda, a certificação e outras atividades propostas pela cooperativa. O trabalho conjunto visa alcançar uma equalização e uma definição clara daquilo que a Copagril almeja para a suinocultura hoje”, salienta Podkowa.

Quanto à quantidade de suínos entregues ao Frigorífico da Frimesa em Assis Chateaubriand, Podkowa destaca que a entrega principal ocorre em Marechal Cândido Rondon, com uma parte eventualmente destinada a Medianeira ou Assis Chateaubriand. “A média mensal de entregas para abate varia entre 60 e 65 mil suínos, dependendo das condições específicas de cada mês”, pontua.

Em relação aos planos de expansão para integrar novos cooperados e aumentar a entrega de suínos, Podkowa ressalta que, no momento, a prioridade da Copagril é equalizar a suinocultura. Ele aponta que o crescimento ocorrerá de maneira automática, mas atualmente a cooperativa possui cerca de 35 mil matrizes. “A perspectiva é ampliar a produção em granjas já integradas, com possíveis expansões nos próximos anos, especialmente diante do planejamento da Frimesa em aumentar progressivamente o abate de suínos na planta de Assis Chateaubriand. Isso vai demandar mais suínos por parte da Copagril para atender essa demanda”, enfatiza.

Sustentabilidade da atividade

Sobre o mercado da suinocultura, Podkowa reconhece sua natureza incerta e desafiadora. “A Copagril fornece suínos para a Frimesa, que realiza a comercialização. Em alguns momentos, para garantir a sustentabilidade dos produtores e da atividade, a cooperativa assume parte dos custos. No entanto, a meta é reduzir gradualmente essa intervenção, buscando equilibrar a gestão tanto dos suínos destinados à Frimesa quanto das UPDs, que ainda pertencem aos produtores, com a cooperativa comprando os leitões. A intenção é equalizar essa dinâmica, embora a cooperativa não tenha controle sobre os preços, que são determinados pelo mercado. O desafio reside em buscar esse equilíbrio financeiro para garantir a sustentabilidade a longo prazo da suinocultura na região”, expõe o diretor-presidente da Copagril.

Apesar da quebra na safra de milho e soja – principais insumos da ração utilizados na suinocultura – no último ano, Podkowa diz que a redução da produção não teve um impacto significativo na alimentação animal, uma vez que houve queda dos seus preços, resultando em um custo menor para a produção de rações, proporcionando uma perspectiva mais favorável em termos de custos de insumos.

No entanto, mesmo com a redução nos custos de produção de rações, a carne suína não seguiu a mesma tendência e não se manteve com um preço acessível para os consumidores. “Apesar do esforço da Copagril em vender mais quilos per capita ao longo do ano, o mercado não reagiu da forma esperada. Ainda que tenha havido um aumento nas vendas, a margem de lucro não foi tão expressiva quanto o desejado”, menciona.

Podkowa ressalta que, embora os custos tenham diminuído, a cooperativa continua trabalhando para ajustar e otimizar seus processos, buscando resultados mais positivos. “A necessidade de adequação persiste, porque a suinocultura enfrenta desafios complexos, desde a produção dos insumos até a comercialização da carne no mercado consumidor”, assinala.

O dilema entre os custos de produção e a competitividade dos preços finais para os consumidores representa um desafio constante para a Copagril. “A cooperação e a busca por eficiência em toda a cadeia produtiva são elementos-chave para enfrentar esses desafios e garantir a sustentabilidade econômica da suinocultura”, comenta o diretor-presidente.

Expectativas para 2024

Em relação às expectativas para 2024, Podkowa expressa otimismo quanto aos resultados da suinocultura. Ele destaca os ajustes realizados na atividade, desde os custos de ração até a condução do processo de criação dos suínos, evidenciando melhorias significativas. “Acreditamos que este ano seja um ponto de virada. Esperamos não apenas neutralizar os desafios, mas também obter resultados positivos. As diversas adaptações implementadas visam tornar a suinocultura rentável tanto para a Copagril quanto para os nossos associados”, entende.

Apesar de representar uma parte substancial do faturamento atual da cooperativa, a suinocultura também introduz uma vulnerabilidade devido à incerteza do mercado em determinados momentos. “Estamos trabalhando para equilibrar nosso portfólio de atividades, impulsionando o crescimento em outras áreas para reduzir essa vulnerabilidade. A meta para 2024 é manter o faturamento da suinocultura em torno de 20%, mesmo com o aumento nos negócios em outras atividades”, adianta.

No ano passado, a suinocultura contribuiu com mais de 30% do faturamento total da Copagril. Apesar da previsão de redução percentual, a intenção é que o faturamento continue a crescer, em virtude do aumento na venda e entrega de suínos para a Frimesa. “A estratégia é diversificar os negócios, mantendo a sustentabilidade e rentabilidade da cooperativa”, evidencia Podkowa.

O presidente destaca a importância de acreditar na nova diretoria, assegurando aos associados que a suinocultura será rentável, ressaltando que isso será necessário a colaboração de todos. “A suinocultura vai ser rentável, mas vai exigir um esforço de cada um dos nossos associados, dos nossos produtores e da diretoria, que está todos os dias buscando incessantemente melhorias para que possamos ter uma assistência técnica cada dia melhor e mais acessível aos produtores. E que o produtor possa com a sua atividade ser sustentável, mas que ele possa também assimilar e entender que o que estamos fazendo é uma necessidade, para que possamos crescer de uma forma consistente”, explica, acrescentando: “A Copagril
está passando por uma transição, que poderá levar até três anos, mas nós vamos colocar a cooperativa nos trilhos, vamos fazer acontecer. Esperamos que os produtores compreendam que as ações em curso são em vista de buscar um crescimento consistente e benefícios duradouros para o futuro”.

Crescimento da suinocultura

Em relação à meta de crescimento para a suinocultura, Podkowa esclarece que a Copagril pretende se manter em conformidade com as cotas estabelecidas pela Cooperativa Central Frimesa. Contudo, há a possibilidade de revisão dessas cotas no futuro. Ele tranquiliza os produtores, garantindo que o que têm hoje vai permanecer assegurado, e, inclusive, há a perspectiva de permitir a ampliação dos plantéis. “Nosso objetivo é garantir a sustentabilidade na entrega dos suínos para a Frimesa”, frisa.

De acordo com o presidente da Copagril, a expectativa é que, ao manter um alinhamento estratégico com a Frimesa e revisar periodicamente as metas de produção, a cooperativa possa se posicionar de maneira sólida no mercado, garantindo não apenas a entrega sustentável de suínos, mas também o crescimento contínuo da suinocultura como parte essencial de suas operações. Esse comprometimento com o desenvolvimento conjunto reforça a parceria entre a cooperativa e seus associados, visando benefícios mútuos e o fortalecimento da cadeia produtiva.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo na suinocultura acesse a versão digital de Suínos clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

Suínos / Peixes

ACCS 65 anos: força e inovação na suinocultura catarinense

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Presidente Losivanio Luiz de Lorenzi: "Que podemos continuar juntos, superando desafios e construindo um futuro ainda mais promissor para a suinocultura e aos suinocultores catarinenses" - Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Fundada em 24 de julho de 1959, a ACCS surgiu em um momento determinante para a suinocultura em Santa Catarina. Na década de 1940, o Oeste Catarinense destacou-se na produção de suínos, impulsionado pela chegada de colonos do Rio Grande do Sul. Entre os pioneiros, Attílio Fontana, fundador da Sadia, viu o potencial da região e investiu na criação de suínos, transformando a produção local em um pilar econômico.

Inovação e melhoramento genético

Na virada da década de 1940 para 1950, a ACCS foi pioneira na introdução de práticas de melhoramento genético. Victor Fontana, sobrinho de Attílio, aplicou métodos racionais e técnicos de criação, resultando em ninhadas de leitões saudáveis e precoces. A Sadia distribuiu um fomento experimental, fornecendo matrizes e ração aos produtores que seguiram suas exigências de higiene e instalações, marcando o início de uma revolução na suinocultura.

Expansão e modernização

Nos anos 1960 e 1970, a ACCS ampliou suas atividades, implementando o registro genealógico dos suínos e promovendo a exposição de suínos que incentivavam a melhoria genética. Em 1976, sob a presidência de Paulo Tramontini, a ACCS liderou a criação da primeira central de inseminação artificial de suínos do Brasil, consolidando Santa Catarina como líder na produção de material genético de qualidade.

Evolução estrutural

A Central de Coleta e Difusão Genética da ACCS (CDG-ACCS), localizada na comunidade de Fragosos em Concórdia, representa um marco de inovação e excelência na suinocultura brasileira. Reinaugurada em 2016, a CDG-ACCS foi a primeira do Brasil a operar dentro dos padrões rigorosos de Bem-Estar Animal, incorporando as melhores genéticas do mercado e estabelecendo um alto padrão de sanidade e produtividade.

Com uma produção mensal de aproximadamente 19 mil doses de sêmen, a central não apenas impulsiona a qualidade genética dos rebanhos, mas também garante a sustentabilidade e a competitividade dos suinocultores catarinenses. O reconhecimento da CDG-ACCS como referência em produtividade e sanidade, destacado em reportagens especiais como a do Globo Rural, reforça seu papel na modernização e no desenvolvimento da suinocultura em Santa Catarina e no Brasil.

Parcerias e crescimento sustentável

Ao longo das décadas, a ACCS tem sido uma força importante na promoção e no desenvolvimento da suinocultura em Santa Catarina. Parcerias estratégicas com indústrias, cooperativas e entidades governamentais foram fundamentais para o crescimento do setor. A criação da Cooperativa Agroindustrial dos Suinocultores Catarinenses (Coasc) em 2014 exemplifica esse espírito cooperativo, ajudando produtores independentes a obter melhores condições na compra de insumos.

Desafios e superações

A ACCS não se limita a celebrar conquistas, mas também se destaca pelo seu papel de apoio em tempos de crise. A associação esteve presente em momentos de adversidade, mobilizando a classe e chamando a atenção para as necessidades e demandas dos suinocultores. Este espírito de luta e resiliência garante que os suinocultores continuem a desempenhar um papel vital na economia do país.

Uma voz ativa e presente

A ACCS se tornou uma referência, tanto para a imprensa quanto para os suinocultores. Com um site atualizado diariamente e participações ativas em comissões e eventos, a associação promove o diálogo entre produtores e especialistas, sempre inovações buscando e políticas públicas desenvolvidas ao setor.

Celebração e futuro promissor

Ao comemorar 65 anos, a ACCS reafirma seu compromisso com a inovação e a sustentabilidade do setor. O presidente Losivanio Luiz de Lorenzi destaca a importância de continuar unidos, superando desafios e construir um futuro ainda mais promissor para a suinocultura catarinense. “Que podemos continuar juntos, superando desafios e construindo um futuro ainda mais promissor para a suinocultura e aos suinocultores catarinenses,” ressalta.

A trajetória da ACCS é um exemplo de dedicação e sucesso, refletindo a força e a inovação que definem a suinocultura em Santa Catarina. Comemoramos não apenas o passado, mas também as possibilidades ilimitadas do futuro. Parabéns a todos que fazem parte dessa história!

Fonte: Assessoria ACCS
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Suínos / Peixes

Preços do suíno vivo têm movimentos distintos no Brasil

Aumentos foram influenciados pela firme demanda da indústria por novos lotes de animais para abate. As quedas em algumas praças, por sua vez, decorreram do típico enfraquecimento da procura na segunda quinzena do mês.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Os preços do suíno vivo e da carne vêm apresentando movimentos distintos dentre as regiões acompanhadas pelo Cepea.

Segundo pesquisadores deste Centro, os aumentos foram influenciados pela firme demanda da indústria por novos lotes de animais para abate.

Esse foi o caso dos mercados independentes do suíno vivo nos estados de São Paulo e do Rio Grande do Sul.

As quedas em algumas praças, por sua vez, decorreram do típico enfraquecimento da procura na segunda quinzena do mês, devido ao menor poder de compra da população, ainda conforme explicam pesquisadores do Cepea.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos / Peixes Nutrição

Especialista aponta desafios e alternativas para melhorar desempenho zootécnico dos suínos

Penz ressalta ainda os avanços recentes na nutrição de suínos e como essas inovações impactam a eficiência alimentar, o crescimento, a saúde dos animais e a sustentabilidade da produção.

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Foto: Shutterstock

A qualidade nutricional dos alimentos não só influencia o desempenho dos animais, mas também afeta diretamente sua capacidade de digestão e absorção de nutrientes, bem como a quantidade de resíduos gerados. Durante o 16º Simpósio Internacional de Suinocultura (Sinsui), que será realizado entre os dias 14 e 16 de maio no Centro de Eventos da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, essa temática será abordada pelo mestre em Zootecnia, doutor em Nutrição e professor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Mário Penz.

O especialista vai participar do Painel Novos Desafios na produção de suínos – o que vem por aí?, em que vai tratar sobre “Onde estamos e para onde deveremos ir na área de Nutrição”. Em entrevista exclusiva ao Jornal O Presente Rural, o doutor em Nutrição enfatizou que quanto melhor compreendermos a qualidade dos ingredientes utilizados na formulação dos alimentos para suínos, mais eficiente será a produção dos animais e menores serão os impactos ambientais.

Penz ressalta ainda os avanços recentes na nutrição de suínos e como essas inovações impactam a eficiência alimentar, o crescimento, a saúde dos animais e a sustentabilidade da produção. Aborda temas como nutrição de precisão, ingredientes alternativos, redução do uso de antibióticos, nutrigenômica, considerações nutricionais por fase de crescimento, desafios ambientais, estratégias nutricionais para minimizar o estresse térmico e oportunidades para colaboração entre a indústria, academia e o poder público. Confira!

O Presente Rural – Quais são os avanços recentes na nutrição voltada à suinocultura e como essas inovações estão impactando a eficiência alimentar, o crescimento e a saúde dos suínos?

Mário Penz – Quanto mais conhecemos a qualidade dos ingredientes que são empregados na elaboração dos alimentos para os suínos, mais eficiente se torna a produção dos animais e menores são os efeitos poluidores, que podem ser causados pela indevida digestão dos nutrientes e pelo aumento dos dejetos produzidos. Por exemplo, vários nutricionistas calculam as necessidades energéticas dos animais com base nas energias líquidas dos ingredientes, enquanto outros ainda usam energia metabolizável ou, menos comum, energia digestível, ambas menos precisas que a expressão da energia, com base no conhecimento dos valores de energia líquida dos ingredientes.

O Presente Rural – Quais são os principais desafios que os nutricionistas enfrentam atualmente na formulação de dietas para suínos e como estão sendo abordados?

Mário Penz – Continua sendo o conhecimento da real composição dos ingredientes usados nas formulações das dietas para as diferentes fases de produção.

O Presente Rural – Como a nutrição de precisão está sendo aplicada na suinocultura e quais são os benefícios em termos de otimização dos recursos alimentares e redução dos custos de produção?

Mário Penz – Nutrição de precisão tem por objetivo, sempre um pouco paradoxal, oferecer aos animais nutrientes e energia líquida, de acordo com suas necessidades, nas diferentes fases de produção. Quando se lida com nutrição de populações, em diferentes fases de produção, o que se quer chegar é o mais perto do que os animais necessitam, desconsiderando várias diferenças que podem ocorrer por idade, sexo, linhagem, ambiente, propósito de produção, etc. Essa nutrição não obrigatoriamente é “de custo mínimo”.

O Presente Rural – Quais são as tendências emergentes na formulação de dietas para suínos, como a utilização de ingredientes alternativos e a redução do uso de antibióticos promotores de crescimento?

Mestre em Zootecnia, doutor em Nutrição e professor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Mário Penz: “Sempre é mais difícil pensar em saúde do que pensar em doença”. Foto: Divulgação

Mário Penz – Ingrediente alternativo é todo aquele que pode substituir os ingredientes convencionais das dietas, que no Brasil são milho e farelo de soja. Ingredientes como sorgo, milheto, farinhas de origem animal, entre outros, poderão ser empregados, desde que estejam disponíveis em quantidades relevantes, nem que seja por um período específico do ano. Além disso, é importante que se conheça a composição nutricional e energética desses ingredientes, para evitar que tenham seus valores sub ou superestimados. Levando isso em consideração, qualquer oportunidade tem que ser avaliada quanto ao seu custo e ao seu benefício, relacionados com aqueles que o milho e o farelo de soja podem trazer aos animais.

Quanto a redução do uso de antibióticos promotores de crescimento, esse é um caminho sem volta. Para que não haja perda de desempenho dos animais, os profissionais deverão dar mais atenção aos princípios básicos de saúde animal (saúde intestinal) e menos na mitigação das ações microbianas deletérias. Nesse conjunto de ações, cuidado com a biosseguridade, do ambiente, das dietas empregadas, farão parte dessa nova necessidade de produção.

Sempre é mais difícil pensar em saúde do que pensar em doença. Saúde é um processo contínuo, que se mitiga todo o tempo. Doença, mesmo que seja só mitigada pelos promotores de crescimento, sugerem respostas mais rápidas, mas não obrigatoriamente com consistência. Mudar de doença para saúde é algo complexo e que requer mais conhecimento dos profissionais envolvidos na produção de suínos.

O Presente Rural – Como a nutrigenômica e outras tecnologias de ponta estão sendo exploradas para entender melhor as necessidades nutricionais específicas dos suínos e melhorar a saúde intestinal?

Mário Penz – Nutrigenômica é o conhecimento que permite a seleção específica de nutrientes que favorecem a melhor expressão gênica dos animais, permitindo, como consequência, melhor saúde e desempenho dos animais. Esse é outro caminho sem volta, especialmente quando se trata de produzir animais saudáveis e sem o uso de antibióticos. Mas, ainda todo esse conhecimento está pouco apreciado no dia a dia das produções. Entretanto, importantes informações acadêmicas estão disponíveis, que mostram que teremos que olhar o suíno não por fase, mas olhar os resultados finais, desde o início da produção dos reprodutores, que lhes dão origem.

O Presente Rural – Quais são as considerações nutricionais específicas para diferentes fases de crescimento dos suínos, desde a creche até a terminação, e como essas necessidades estão sendo atendidas?

Mário Penz – Lamentavelmente, essa pergunta é extremamente complexa, para que tenha uma resposta simples. Entretanto, tomando o risco da simplificação, os nutricionistas devem estar muito próximos dos técnicos das genéticas, para entender quais são as recomendações por eles oferecidas. Com o tempo, cada profissional vai adaptando seus referenciais, com base na sua experiência e nos resultados práticos de campo. Aqui não tem uma resposta única e a complexidade começa com a identificação que o nutricionista tem com relação ao produto final da produção. Ele está preocupado com o ganho de peso, com a conversão alimentar, com a qualidade da carcaça ou com o menor custo no frigorífico?

O Presente Rural – Quais são os aditivos alimentares desenvolvimentos mais recentemente, como probióticos, prebióticos e enzimas, para promover a saúde intestinal e melhorar o desempenho dos suínos?

Mário Penz – Essa é uma nova era na produção de suínos. Reforço que estamos saindo de uma longa fase, onde os profissionais se preocupavam e se preocupam com eventos sanitários, os mitigando com o uso de antibióticos promotores de crescimento e/ou antibióticos usados de forma preventiva ou terapêutica. Agora estamos entrando na fase da saúde animal, mais complexa, porém inevitável. Muitas são as opções para melhorar a saúde dos animais. Não há um único produto que tenha a chancela de resolver tudo! O técnico deverá ter claro o que está buscando e, com isso olhar as oportunidades disponíveis. De uma maneira geral, tenho me posicionado que nessa nova fase, tudo começa pelo uso de enzimas exógenas, como suplementos indispensáveis. Dietas bem digeridas diminuem a disponibilidade de nutrientes aos microrganismos. Depois, todas as dietas devem ser suplementadas com um antioxidante que tenha ação efetiva, para mitigar processos de oxirredução contínuos dos enterócitos. Enzimas e antioxidantes fazem uma eficiente “dobradinha”. Depois vem os demais aditivos não antibióticos. Aqui o técnico tem que saber o que quer: fortalecer o sistema imune dos animais? A integridade intestinal? A digestibilidade dos nutrientes? Colaborar na regulação da microbiota? São perguntas indispensáveis, pois nessa nova fase não há “receita pronta”. As alternativas serão customizadas, de acordo com as expectativas técnicas esperadas. Para completar, aditivos não antibióticos não estão chegando para melhorar os resultados de granjas que não deem atenção a biosseguridade, ao ambiente, ao bem-estar animal, como sempre pensamos que os antibióticos ajudam ou ajudavam. Essa nova produção animal vem para se empregada em granjas que atendem os princípios básicos de boas práticas de produção e manejo. Ou seja, a mudança de paradigma é grande. Por isso que sempre sugiro que, independente da necessidade de se acomodar a essa nova realidade, o técnico deve começar, com cautela, a entender como produzir nesse novo ambiente tendo parte de seu plantel submetido a essas novas alternativas.

O Presente Rural – Como os desafios ambientais – a redução das emissões de gases de efeito estufa e a sustentabilidade da produção de alimentos – estão moldando a pesquisa em nutrição suína?

Mário Penz – Sustentabilidade é a palavra de ordem. O grande desafio é que a sustentabilidade está baseada em três pilares – econômico/ambiental/social. Com isso, em cada ação temos que olhar como ela afeta um ou mais dos três pilares. O que é certo é que sempre será impossível ter os três pilares sendo atendidos na íntegra. A produção animal sempre buscou a sustentabilidade, mesmo antes do termo ter se consagrado pela Comissão de Bruntland em 1987, que definiu o que seria o Desenvolvimento Sustentável. Por que digo isso? Porque os produtores seguem em suas propriedades em muitos casos por três ou mais gerações. Se não fossem sustentáveis já teriam migrado, como muitos fizeram. Os produtores sempre estão perseguindo, pelos conhecimentos técnicos adquiridos, melhores resultados zootécnicos, representados por melhores conversões alimentares de seus animais. Melhor conversão animal, menos consumo de alimento e água, menor excreção de dejetos, menor poluição do ambiente, especialmente pelo nitrogênio e fósforo excretados. Tudo isso podendo também ser representado pela menor produção de CO₂. Assim, a ciência subsidia os produtores com seus conhecimentos e eles aplicam, para que sigam sendo viáveis economicamente.

O Presente Rural – Quais são as estratégias nutricionais mais eficazes para minimizar o estresse térmico em suínos durante períodos de temperatura extrema?

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Mário Penz – Não criá-los em temperaturas quentes! A nutrição pode mitigar eventos térmicos de calor, mas são pouco eficientes (reduzir proteína, aumentar a energia por intermédio da inclusão de gordura nas dietas, etc.). O uso de ambiente controlado é uma necessidade indispensável nos novos projetos suinícolas. Além disso, a curto prazo, os animais, nessas condições devem receber água fria, junto com o alimento que consomem. Imaginem uma reprodutora em lactação, que tem que comer algo em torno de 6 a 7 kg de alimento/dia e necessita tomar água com uma temperatura próxima de 15ºC e a ela é oferecida uma água com 30ºC. O que ela vai fazer? Irá comer menos! E, as consequências já sabemos. Assim, resumindo, estresse por elevada temperatura ambiente, primeiro se mitiga com água fria e depois, nos novos projetos, com a construção de galpões climatizados.

O Presente Rural – Quais são as oportunidades futuras para a colaboração entre a indústria de nutrição animal, academia e poder público para impulsionar ainda mais a inovação e o progresso na área de nutrição voltada à suinocultura?

Mário Penz – A tríade indústria, academia e poder público é indispensável se quisermos avançar mais rápido. Cada um dos três segmentos tem a sua responsabilidade. Entretanto, primeiramente cabe a indústria ser clara no que necessita para que a academia se prepare para responder os desafios. Cabe a academia entender que a indústria tem pressa em várias de suas necessidades e se colocar como disponível frente a esses desafios. Ao poder público, favorecer qualquer inciativa pertinente, colaborando com financiamentos e com normas e regulamentos que favoreçam novas descobertas.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de suinocultura acesse a versão digital de Suínos, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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