Suínos
“Acreditamos que este ano seja um ponto de virada”, diz presidente da Copagril sobre a suinocultura
O ano de 2023 para a cooperativa na suinocultura foi marcado por desafios significativos, incluindo mudanças na gestão da empresa. Eloi Podkowa, em entrevista exclusiva ao Jornal O Presente Rural, destaca a crise no setor que a Copagril enfrentou, tornando esse período um ano de reestruturação e busca por alternativas para garantir resultados positivos nessa atividade.
O ano de 2023 para a Cooperativa Agroindustrial Copagril na suinocultura foi marcado por desafios significativos, incluindo mudanças na gestão da empresa. O diretor-presidente, Eloi Podkowa, em entrevista exclusiva ao Jornal O Presente Rural, destacou a crise na suinocultura que a cooperativa enfrentou, tornando esse período um ano de reestruturação e busca por alternativas para garantir resultados positivos nessa atividade.
Durante o último ano, a Copagril enfrentou não apenas desafios econômicos, mas também um problema sanitário que afetou a produção de suínos. No entanto, a cooperativa dedicou esforços significativos para minimizar os impactos dessa situação, trabalhando incansavelmente para controlar a crise. O diretor-presidente enfatizou que, nos últimos meses do ano, a cooperativa começou a vislumbrar sinais positivos, indicando uma melhoria na situação. “O ano de 2023 foi desafiador. Nós estamos vindo de uma crise na suinocultura, então 2023 foi de reestruturação, de buscar alternativas e de fazer com que a atividade de suínos nos trouxesse também resultados. Estamos ainda trabalhando nesse sentido e foi trabalhado muito durante o ano passado, porque somado a isso ainda tivemos um problema sanitário nas granjas, mas que com dedicação e empenho de todos conseguimos minimizar ao máximo os impactos sobre a cadeia”, destacou, enfatizando: “Em resposta aos desafios enfrentados, a Copagril adotou estratégias específicas para impulsionar o setor da suinocultura. Uma das principais iniciativas foi garantir a conformidade da suinocultura com a nova legislação, visando certificar todas as granjas associadas. A intenção é reduzir o número de origens, uma vez que muitas origens podem resultar em problemas sanitários adicionais.
Além disso, a cooperativa está trabalhando para adequar os produtores que possuem menos de duas mil matrizes ao manejo de banda, uma abordagem que reduz as origens e facilita o trabalho nas unidades produtoras. Essa medida não apenas simplifica a gestão, mas também visa melhorar a qualidade sanitária dos animais, contribuindo para a sustentabilidade e o sucesso a longo prazo da suinocultura.
A parceria da Copagril com a Cooperativa Central Frimesa, envolvendo o frigorífico em Assis Chateaubriand, PR, também foi destacada como um fator impulsionador para a demanda e o crescimento do setor. “A intercooperação com outras cooperativas tornou-se essencial para enfrentar os desafios e garantir resultados positivos na suinocultura”, aponta.
No que diz respeito aos problemas sanitários, Podkowa ressalta que a densidade populacional é um fator crítico, contribuindo para o registro de doenças nos rebanhos, principalmente relacionadas à encefalite. Ele reconhece que esse não é um problema exclusivo dos integrados da Copagril, pois há registros semelhantes em outras integradoras. No entanto, destaca que a cooperativa está adotando uma abordagem diferenciada, implementando pirâmides para minimizar ao máximo esses problemas. “Já está equalizado a grande parte. Nós estamos bem agora e vamos intensificar ainda mais o trabalho nos próximos anos, com objetivo de estabelecer uma barreira sanitária eficaz para prevenir qualquer recorrência desses problemas”, afirma.
Boas práticas na produção
Podkowa reforça que a cooperativa em colaboração com a área técnica trabalha na implementação de projetos que visem maior biosseguridade nas granjas de suínos. “Estamos desenvolvendo alguns projetos com a área técnica para que esses profissionais tenham uma valorização maior e sejam reconhecidos pela meritocracia, que eles possam realmente trabalhar de uma forma que leve o nosso produtor a ter uma maior produtividade”, explica.
A Copagril também exige que os próprios produtores se comprometam com boas práticas e melhorem a ambiência em seus barracões para suínos. O enfoque na área ambiental é destacado, visando garantir a sustentabilidade e atender aos requisitos legais. O compromisso é evitar problemas tanto para os associados quanto para a própria cooperativa e a Central Frimesa. “O objetivo é alcançar a excelência na colaboração entre os associados e a cooperativa, proporcionando uma atividade suinícola sustentável e lucrativa no futuro”, pondera.
Integração
Quanto ao número de suinocultores integrados, a Copagril opera com três categorias: 53 produtores nas UPDs (Unidades Produtoras de Desmamados), 27 nos crechários e mais de 200 criadores na terminação. “Todos estão engajados em processos de reestruturação, com a área técnica e a diretoria colaborando para atingir metas estabelecidas, como a entrada em banda, a certificação e outras atividades propostas pela cooperativa. O trabalho conjunto visa alcançar uma equalização e uma definição clara daquilo que a Copagril almeja para a suinocultura hoje”, salienta Podkowa.
Quanto à quantidade de suínos entregues ao Frigorífico da Frimesa em Assis Chateaubriand, Podkowa destaca que a entrega principal ocorre em Marechal Cândido Rondon, com uma parte eventualmente destinada a Medianeira ou Assis Chateaubriand. “A média mensal de entregas para abate varia entre 60 e 65 mil suínos, dependendo das condições específicas de cada mês”, pontua.
Em relação aos planos de expansão para integrar novos cooperados e aumentar a entrega de suínos, Podkowa ressalta que, no momento, a prioridade da Copagril é equalizar a suinocultura. Ele aponta que o crescimento ocorrerá de maneira automática, mas atualmente a cooperativa possui cerca de 35 mil matrizes. “A perspectiva é ampliar a produção em granjas já integradas, com possíveis expansões nos próximos anos, especialmente diante do planejamento da Frimesa em aumentar progressivamente o abate de suínos na planta de Assis Chateaubriand. Isso vai demandar mais suínos por parte da Copagril para atender essa demanda”, enfatiza.
Sustentabilidade da atividade
Sobre o mercado da suinocultura, Podkowa reconhece sua natureza incerta e desafiadora. “A Copagril fornece suínos para a Frimesa, que realiza a comercialização. Em alguns momentos, para garantir a sustentabilidade dos produtores e da atividade, a cooperativa assume parte dos custos. No entanto, a meta é reduzir gradualmente essa intervenção, buscando equilibrar a gestão tanto dos suínos destinados à Frimesa quanto das UPDs, que ainda pertencem aos produtores, com a cooperativa comprando os leitões. A intenção é equalizar essa dinâmica, embora a cooperativa não tenha controle sobre os preços, que são determinados pelo mercado. O desafio reside em buscar esse equilíbrio financeiro para garantir a sustentabilidade a longo prazo da suinocultura na região”, expõe o diretor-presidente da Copagril.
Apesar da quebra na safra de milho e soja – principais insumos da ração utilizados na suinocultura – no último ano, Podkowa diz que a redução da produção não teve um impacto significativo na alimentação animal, uma vez que houve queda dos seus preços, resultando em um custo menor para a produção de rações, proporcionando uma perspectiva mais favorável em termos de custos de insumos.
No entanto, mesmo com a redução nos custos de produção de rações, a carne suína não seguiu a mesma tendência e não se manteve com um preço acessível para os consumidores. “Apesar do esforço da Copagril em vender mais quilos per capita ao longo do ano, o mercado não reagiu da forma esperada. Ainda que tenha havido um aumento nas vendas, a margem de lucro não foi tão expressiva quanto o desejado”, menciona.
Podkowa ressalta que, embora os custos tenham diminuído, a cooperativa continua trabalhando para ajustar e otimizar seus processos, buscando resultados mais positivos. “A necessidade de adequação persiste, porque a suinocultura enfrenta desafios complexos, desde a produção dos insumos até a comercialização da carne no mercado consumidor”, assinala.
O dilema entre os custos de produção e a competitividade dos preços finais para os consumidores representa um desafio constante para a Copagril. “A cooperação e a busca por eficiência em toda a cadeia produtiva são elementos-chave para enfrentar esses desafios e garantir a sustentabilidade econômica da suinocultura”, comenta o diretor-presidente.
Expectativas para 2024
Em relação às expectativas para 2024, Podkowa expressa otimismo quanto aos resultados da suinocultura. Ele destaca os ajustes realizados na atividade, desde os custos de ração até a condução do processo de criação dos suínos, evidenciando melhorias significativas. “Acreditamos que este ano seja um ponto de virada. Esperamos não apenas neutralizar os desafios, mas também obter resultados positivos. As diversas adaptações implementadas visam tornar a suinocultura rentável tanto para a Copagril quanto para os nossos associados”, entende.
Apesar de representar uma parte substancial do faturamento atual da cooperativa, a suinocultura também introduz uma vulnerabilidade devido à incerteza do mercado em determinados momentos. “Estamos trabalhando para equilibrar nosso portfólio de atividades, impulsionando o crescimento em outras áreas para reduzir essa vulnerabilidade. A meta para 2024 é manter o faturamento da suinocultura em torno de 20%, mesmo com o aumento nos negócios em outras atividades”, adianta.
No ano passado, a suinocultura contribuiu com mais de 30% do faturamento total da Copagril. Apesar da previsão de redução percentual, a intenção é que o faturamento continue a crescer, em virtude do aumento na venda e entrega de suínos para a Frimesa. “A estratégia é diversificar os negócios, mantendo a sustentabilidade e rentabilidade da cooperativa”, evidencia Podkowa.
O presidente destaca a importância de acreditar na nova diretoria, assegurando aos associados que a suinocultura será rentável, ressaltando que isso será necessário a colaboração de todos. “A suinocultura vai ser rentável, mas vai exigir um esforço de cada um dos nossos associados, dos nossos produtores e da diretoria, que está todos os dias buscando incessantemente melhorias para que possamos ter uma assistência técnica cada dia melhor e mais acessível aos produtores. E que o produtor possa com a sua atividade ser sustentável, mas que ele possa também assimilar e entender que o que estamos fazendo é uma necessidade, para que possamos crescer de uma forma consistente”, explica, acrescentando: “A Copagril
está passando por uma transição, que poderá levar até três anos, mas nós vamos colocar a cooperativa nos trilhos, vamos fazer acontecer. Esperamos que os produtores compreendam que as ações em curso são em vista de buscar um crescimento consistente e benefícios duradouros para o futuro”.
Crescimento da suinocultura
Em relação à meta de crescimento para a suinocultura, Podkowa esclarece que a Copagril pretende se manter em conformidade com as cotas estabelecidas pela Cooperativa Central Frimesa. Contudo, há a possibilidade de revisão dessas cotas no futuro. Ele tranquiliza os produtores, garantindo que o que têm hoje vai permanecer assegurado, e, inclusive, há a perspectiva de permitir a ampliação dos plantéis. “Nosso objetivo é garantir a sustentabilidade na entrega dos suínos para a Frimesa”, frisa.
De acordo com o presidente da Copagril, a expectativa é que, ao manter um alinhamento estratégico com a Frimesa e revisar periodicamente as metas de produção, a cooperativa possa se posicionar de maneira sólida no mercado, garantindo não apenas a entrega sustentável de suínos, mas também o crescimento contínuo da suinocultura como parte essencial de suas operações. Esse comprometimento com o desenvolvimento conjunto reforça a parceria entre a cooperativa e seus associados, visando benefícios mútuos e o fortalecimento da cadeia produtiva.
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Suínos
Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade
Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.
Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix
Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.
Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.
Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.
As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.
A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.
Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.
De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.
O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.
Diagnóstico
Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.
A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:
- Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
- Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
- Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
- Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.
A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.
Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.
A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.
A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.
A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.
Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.
As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.
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Suínos
Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade
Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.
Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.
Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.
Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.
Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.
O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.
Comunicação e conscientização
Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.
O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.
Compromisso do setor
Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,
Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.
A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.
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Suínos
Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela
Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.
Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.
O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.
Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.
“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.
Exportações
Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.
Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.
Perspectivas
Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.
Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.
Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.
Segurança do trabalho
Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.
Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.