Conectado com
VOZ DO COOP

Suínos / Peixes

“Acreditamos que este ano seja um ponto de virada”, diz presidente da Copagril sobre a suinocultura

O ano de 2023 para a cooperativa na suinocultura foi marcado por desafios significativos, incluindo mudanças na gestão da empresa. Eloi Podkowa, em entrevista exclusiva ao Jornal O Presente Rural, destaca a crise no setor que a Copagril enfrentou, tornando esse período um ano de reestruturação e busca por alternativas para garantir resultados positivos nessa atividade.

Publicado em

em

O ano de 2023 para a Cooperativa Agroindustrial Copagril na suinocultura foi marcado por desafios significativos, incluindo mudanças na gestão da empresa. O diretor-presidente, Eloi Podkowa, em entrevista exclusiva ao Jornal O Presente Rural, destacou a crise na suinocultura que a cooperativa enfrentou, tornando esse período um ano de reestruturação e busca por alternativas para garantir resultados positivos nessa atividade.

Diretor-presidente da Cooperativa Agroindustrial Copagril, Eloi Podkowa: “Nós estamos vindo de uma crise na suinocultura, então 2023 foi de reestruturação, de buscar alternativas e de fazer com que a atividade de suínos nos trouxesse também resultados” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

Durante o último ano, a Copagril enfrentou não apenas desafios econômicos, mas também um problema sanitário que afetou a produção de suínos. No entanto, a cooperativa dedicou esforços significativos para minimizar os impactos dessa situação, trabalhando incansavelmente para controlar a crise. O diretor-presidente enfatizou que, nos últimos meses do ano, a cooperativa começou a vislumbrar sinais positivos, indicando uma melhoria na situação. “O ano de 2023 foi desafiador. Nós estamos vindo de uma crise na suinocultura, então 2023 foi de reestruturação, de buscar alternativas e de fazer com que a atividade de suínos nos trouxesse também resultados. Estamos ainda trabalhando nesse sentido e foi trabalhado muito durante o ano passado, porque somado a isso ainda tivemos um problema sanitário nas granjas, mas que com dedicação e empenho de todos conseguimos minimizar ao máximo os impactos sobre a cadeia”, destacou, enfatizando: “Em resposta aos desafios enfrentados, a Copagril adotou estratégias específicas para impulsionar o setor da suinocultura. Uma das principais iniciativas foi garantir a conformidade da suinocultura com a nova legislação, visando certificar todas as granjas associadas. A intenção é reduzir o número de origens, uma vez que muitas origens podem resultar em problemas sanitários adicionais.

Além disso, a cooperativa está trabalhando para adequar os produtores que possuem menos de duas mil matrizes ao manejo de banda, uma abordagem que reduz as origens e facilita o trabalho nas unidades produtoras. Essa medida não apenas simplifica a gestão, mas também visa melhorar a qualidade sanitária dos animais, contribuindo para a sustentabilidade e o sucesso a longo prazo da suinocultura.

A parceria da Copagril com a Cooperativa Central Frimesa, envolvendo o frigorífico em Assis Chateaubriand, PR, também foi destacada como um fator impulsionador para a demanda e o crescimento do setor. “A intercooperação com outras cooperativas tornou-se essencial para enfrentar os desafios e garantir resultados positivos na suinocultura”, aponta.

Fotos: Divulgação/Copagril

No que diz respeito aos problemas sanitários, Podkowa ressalta que a densidade populacional é um fator crítico, contribuindo para o registro de doenças nos rebanhos, principalmente relacionadas à encefalite. Ele reconhece que esse não é um problema exclusivo dos integrados da Copagril, pois há registros semelhantes em outras integradoras. No entanto, destaca que a cooperativa está adotando uma abordagem diferenciada, implementando pirâmides para minimizar ao máximo esses problemas. “Já está equalizado a grande parte. Nós estamos bem agora e vamos intensificar ainda mais o trabalho nos próximos anos, com objetivo de estabelecer uma barreira sanitária eficaz para prevenir qualquer recorrência desses problemas”, afirma.

Boas práticas na produção

Podkowa reforça que a cooperativa em colaboração com a área técnica trabalha na implementação de projetos que visem maior biosseguridade nas granjas de suínos. “Estamos desenvolvendo alguns projetos com a área técnica para que esses profissionais tenham uma valorização maior e sejam reconhecidos pela meritocracia, que eles possam realmente trabalhar de uma forma que leve o nosso produtor a ter uma maior produtividade”, explica.

A Copagril também exige que os próprios produtores se comprometam com boas práticas e melhorem a ambiência em seus barracões para suínos. O enfoque na área ambiental é destacado, visando garantir a sustentabilidade e atender aos requisitos legais. O compromisso é evitar problemas tanto para os associados quanto para a própria cooperativa e a Central Frimesa. “O objetivo é alcançar a excelência na colaboração entre os associados e a cooperativa, proporcionando uma atividade suinícola sustentável e lucrativa no futuro”, pondera.

Integração

Quanto ao número de suinocultores integrados, a Copagril opera com três categorias: 53 produtores nas UPDs (Unidades Produtoras de Desmamados), 27 nos crechários e mais de 200 criadores na terminação. “Todos estão engajados em processos de reestruturação, com a área técnica e a diretoria colaborando para atingir metas estabelecidas, como a entrada em banda, a certificação e outras atividades propostas pela cooperativa. O trabalho conjunto visa alcançar uma equalização e uma definição clara daquilo que a Copagril almeja para a suinocultura hoje”, salienta Podkowa.

Quanto à quantidade de suínos entregues ao Frigorífico da Frimesa em Assis Chateaubriand, Podkowa destaca que a entrega principal ocorre em Marechal Cândido Rondon, com uma parte eventualmente destinada a Medianeira ou Assis Chateaubriand. “A média mensal de entregas para abate varia entre 60 e 65 mil suínos, dependendo das condições específicas de cada mês”, pontua.

Em relação aos planos de expansão para integrar novos cooperados e aumentar a entrega de suínos, Podkowa ressalta que, no momento, a prioridade da Copagril é equalizar a suinocultura. Ele aponta que o crescimento ocorrerá de maneira automática, mas atualmente a cooperativa possui cerca de 35 mil matrizes. “A perspectiva é ampliar a produção em granjas já integradas, com possíveis expansões nos próximos anos, especialmente diante do planejamento da Frimesa em aumentar progressivamente o abate de suínos na planta de Assis Chateaubriand. Isso vai demandar mais suínos por parte da Copagril para atender essa demanda”, enfatiza.

Sustentabilidade da atividade

Sobre o mercado da suinocultura, Podkowa reconhece sua natureza incerta e desafiadora. “A Copagril fornece suínos para a Frimesa, que realiza a comercialização. Em alguns momentos, para garantir a sustentabilidade dos produtores e da atividade, a cooperativa assume parte dos custos. No entanto, a meta é reduzir gradualmente essa intervenção, buscando equilibrar a gestão tanto dos suínos destinados à Frimesa quanto das UPDs, que ainda pertencem aos produtores, com a cooperativa comprando os leitões. A intenção é equalizar essa dinâmica, embora a cooperativa não tenha controle sobre os preços, que são determinados pelo mercado. O desafio reside em buscar esse equilíbrio financeiro para garantir a sustentabilidade a longo prazo da suinocultura na região”, expõe o diretor-presidente da Copagril.

Apesar da quebra na safra de milho e soja – principais insumos da ração utilizados na suinocultura – no último ano, Podkowa diz que a redução da produção não teve um impacto significativo na alimentação animal, uma vez que houve queda dos seus preços, resultando em um custo menor para a produção de rações, proporcionando uma perspectiva mais favorável em termos de custos de insumos.

No entanto, mesmo com a redução nos custos de produção de rações, a carne suína não seguiu a mesma tendência e não se manteve com um preço acessível para os consumidores. “Apesar do esforço da Copagril em vender mais quilos per capita ao longo do ano, o mercado não reagiu da forma esperada. Ainda que tenha havido um aumento nas vendas, a margem de lucro não foi tão expressiva quanto o desejado”, menciona.

Podkowa ressalta que, embora os custos tenham diminuído, a cooperativa continua trabalhando para ajustar e otimizar seus processos, buscando resultados mais positivos. “A necessidade de adequação persiste, porque a suinocultura enfrenta desafios complexos, desde a produção dos insumos até a comercialização da carne no mercado consumidor”, assinala.

O dilema entre os custos de produção e a competitividade dos preços finais para os consumidores representa um desafio constante para a Copagril. “A cooperação e a busca por eficiência em toda a cadeia produtiva são elementos-chave para enfrentar esses desafios e garantir a sustentabilidade econômica da suinocultura”, comenta o diretor-presidente.

Expectativas para 2024

Em relação às expectativas para 2024, Podkowa expressa otimismo quanto aos resultados da suinocultura. Ele destaca os ajustes realizados na atividade, desde os custos de ração até a condução do processo de criação dos suínos, evidenciando melhorias significativas. “Acreditamos que este ano seja um ponto de virada. Esperamos não apenas neutralizar os desafios, mas também obter resultados positivos. As diversas adaptações implementadas visam tornar a suinocultura rentável tanto para a Copagril quanto para os nossos associados”, entende.

Apesar de representar uma parte substancial do faturamento atual da cooperativa, a suinocultura também introduz uma vulnerabilidade devido à incerteza do mercado em determinados momentos. “Estamos trabalhando para equilibrar nosso portfólio de atividades, impulsionando o crescimento em outras áreas para reduzir essa vulnerabilidade. A meta para 2024 é manter o faturamento da suinocultura em torno de 20%, mesmo com o aumento nos negócios em outras atividades”, adianta.

No ano passado, a suinocultura contribuiu com mais de 30% do faturamento total da Copagril. Apesar da previsão de redução percentual, a intenção é que o faturamento continue a crescer, em virtude do aumento na venda e entrega de suínos para a Frimesa. “A estratégia é diversificar os negócios, mantendo a sustentabilidade e rentabilidade da cooperativa”, evidencia Podkowa.

O presidente destaca a importância de acreditar na nova diretoria, assegurando aos associados que a suinocultura será rentável, ressaltando que isso será necessário a colaboração de todos. “A suinocultura vai ser rentável, mas vai exigir um esforço de cada um dos nossos associados, dos nossos produtores e da diretoria, que está todos os dias buscando incessantemente melhorias para que possamos ter uma assistência técnica cada dia melhor e mais acessível aos produtores. E que o produtor possa com a sua atividade ser sustentável, mas que ele possa também assimilar e entender que o que estamos fazendo é uma necessidade, para que possamos crescer de uma forma consistente”, explica, acrescentando: “A Copagril
está passando por uma transição, que poderá levar até três anos, mas nós vamos colocar a cooperativa nos trilhos, vamos fazer acontecer. Esperamos que os produtores compreendam que as ações em curso são em vista de buscar um crescimento consistente e benefícios duradouros para o futuro”.

Crescimento da suinocultura

Em relação à meta de crescimento para a suinocultura, Podkowa esclarece que a Copagril pretende se manter em conformidade com as cotas estabelecidas pela Cooperativa Central Frimesa. Contudo, há a possibilidade de revisão dessas cotas no futuro. Ele tranquiliza os produtores, garantindo que o que têm hoje vai permanecer assegurado, e, inclusive, há a perspectiva de permitir a ampliação dos plantéis. “Nosso objetivo é garantir a sustentabilidade na entrega dos suínos para a Frimesa”, frisa.

De acordo com o presidente da Copagril, a expectativa é que, ao manter um alinhamento estratégico com a Frimesa e revisar periodicamente as metas de produção, a cooperativa possa se posicionar de maneira sólida no mercado, garantindo não apenas a entrega sustentável de suínos, mas também o crescimento contínuo da suinocultura como parte essencial de suas operações. Esse comprometimento com o desenvolvimento conjunto reforça a parceria entre a cooperativa e seus associados, visando benefícios mútuos e o fortalecimento da cadeia produtiva.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo na suinocultura acesse a versão digital de Suínos clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

Suínos / Peixes

Reforço das barreiras da pele e mucosa intestinal de peixes com produtos específicos de leveduras

A preservação da saúde e do bem-estar dos peixes por meio da nutrição contribui efetivamente para preservar o desempenho biológico da produção.

Publicado em

em

Fotos: Shutterstock

No contexto atual, há necessidade de garantir os volumes de produção e a qualidade desejados, controlando cuidadosamente os custos de produção. Manter a saúde dos peixes e minimizar o uso de antimicrobianos tornou-se um dos principais alvos em todo o setor aquícola. A prevenção por meio da nutrição graças a ingredientes funcionais tem sido reconhecida como uma abordagem valiosa. Dentre esses ingredientes funcionais, alguns produtos específicos de leveduras, como associação de frações de leveduras, podem contribuir para reforçar a robustez e a resiliência dos peixes a agressões e doenças externas e, assim, contribuir para o desempenho positivo da piscicultura.

Ao longo de todo o seu ciclo de criação, os peixes são constantemente expostos a uma série de fatores externos que ameaçam a integridade e o bom funcionamento do intestino e da mucosa da pele. Tais fatores incluem variações bruscas na qualidade e temperatura da água, crescimento de patógenos e agentes nocivos não infecciosos, bem como exposição a práticas de manejo necessárias, como superpopulação, manejo e transporte.

Estes insultos são tipicamente cumulativos, resultando em condições complexas e progressivamente agravantes ao intestino e à pele. Quando essas barreiras protetoras essenciais são comprometidas, as funções fisiológicas normais não podem ser mantidas, a imunidade é rompida, a saúde e o desempenho são comprometidos. Esses desafios ao complexo mucoso são parte dos principais desafios das exigências de metas de produção, de custo e de qualidade, que comprometem a sustentabilidade da piscicultura moderna.

Contra estas condições multifatoriais, estratégias com foco na prevenção são essenciais e devem incluir medidas que minimizem o estresse e promovam a robustez dos peixes, a resiliência aos estressores e a capacidade imunológica diante de quaisquer desafios reais. Ao surgir, medidas de intervenção que aumentam a resposta imune e a resiliência à doença, o reparo tecidual e a ingestão de alimento, ajudarão a recuperar o desempenho biológico imediato e de longo prazo.

A boa notícia é que, de acordo com publicações recentes nesta área, produtos específicos de leveduras podem participar desta estratégia global.

Nem todas as leveduras são iguais

Quando se trata de funcionalidade, nem todas as leveduras, nem produtos de levedura são equivalentes: tanto a composição genética da cepa quanto seu processo de produção podem influenciar suas propriedades e atividade in vivo. Distingue-se a levedura viva ativa usada como probióticos, de toda a levedura inativa, que pode vir sob várias formas. O extrato de levedura, que representa a fração solúvel da levedura inativa e pode ser utilizado como fonte rica em nutrientes e a parede celular da levedura, a camada externa que é a fração insolúvel da levedura inativada. A parede celular de levedura é uma fonte de mananoligossacarídeos (MOS) e β-glucanos (Figura 1).

 

A parede celular de levedura, como fonte de MOS, ajuda a aumentar a robustez do intestino e da pele por meio de vários mecanismos demonstrados, por exemplo, aumentando a maturidade intestinal, a excreção e a qualidade de muco da pele. A suplementação dietética contínua, com benefícios de parede celular de leveduras devidamente selecionadas e bem documentadas, é uma estratégia de saúde preventiva essencial para ajudar a garantir a saúde e o desempenho.

Estudo e resultados

Em recente pesquisa científica de 2023, pesquisadores avaliaram a relação entre a estrutura de distintos produtos de parede celular de leveduras e os benefícios imunes em modelo laboratorial de peixes, zebrafish (peixe paulistinha). Foram avaliados quatro produtos derivados da parede de leveduras de distintas cepas e avaliadas em alimentos de peixes em doses similares.
Além da composição da parede celular (MOS e β-glucanos), o estudo evidenciou uma relação entre certas características estruturais desta parede de levedura (p. ex. comprimento da cadeia de MOS e β-glucanos) e a interação com receptores de células do hospedeiro (Figura 2). Cada tipo de parede celular de levedura provocou uma resposta imune distinta, documentando suas propriedades específicas em relação a patologias infecciosas ou não-infecciosas.

Figura 2 – Composição bioquímica de quatro paredes celulares de leveduras PC 1, PC 2, PC 3 e PC 4 (A) e Capacidade de ligação do MOS e do β-glucano das paredes de levedura avaliadas (B).

Este novo estudo fornece uma ilustração perfeita da afirmação de que nem todas as leveduras, nem as paredes celulares de levedura, são iguais quando se trata de sua atividade biológica, abrindo caminho para a nutrição funcional de precisão na aquicultura.

Enfrentamento dos desafios no ciclo produtivo da aquicultura

O manejo da transferência e manuseio dos peixes é fundamental para o desempenho da aquicultura. Eles podem gerar estresse significativo, danos físicos e fisiológicos com impactos duradouros. Feridas físicas, tanto lesões macro quanto microscópicas, são evidentemente essenciais para minimizar, inclusive para prevenir infecções secundárias às quais os peixes manipulados são particularmente sensíveis.

Uma associação de frações de três leveduras inativas, produzidas utilizando-se de processo dedicado foi desenvolvida. Durante o desenvolvimento deste produto, combinou-se padrões microbianos de leveduras a um amplo painel de receptores imunológicos. Incluiu-se avaliações de respostas pró e anti-inflamatórias, aumentando a agilidade imunológica geral e a capacidade de resposta no intestino e da pele dos animais, sem risco de fadiga imunológica.

Em estudo publicado em 2023, outros estudiosos avaliaram que o uso deste aditivo de associação de frações de leveduras acelerou a cicatrização de feridas na pele de modelo de peixes, promoveu a resolução da inflamação, facilitando, assim, a síntese de tecido novo na base da ferida e seu fechamento, como pode ser observado na Figura 3.

Conclusão

A preservação da saúde e do bem-estar dos peixes por meio da nutrição contribui efetivamente para preservar o desempenho biológico da produção. Produtos específicos de parede celular de levedura têm se mostrado eficazes para aumentar a robustez dos peixes e proteger sua saúde, especialmente durante situações desafiadoras.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor da piscicultura brasileira acesse a versão digital de Aquicultura, que pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: Por François Cellier, mestre em Aquicultura e gerente Técnico e Desenvolvimento de Negócios de Aquicultura Latam na Lallemand Animal Nutrition; e Eric Leclercq, mestre em Aquicultura Sustentável, doutor em Fisiologia do Salmão Aplicada à Agricultura Industrial e gerente de P&D Global em Aquicultura na Lallemand Animal Nutrition. 
Continue Lendo

Suínos / Peixes

Embrapa oferece nova ferramenta para estimativa de custos de produção de suínos e frangos de corte

Sua aplicação para estimativa de custos agropecuários requer o envolvimento de produtores e produtoras e profissionais da assistência técnica pública e privada e de associações de representação dos diferentes elos das cadeias produtivas.

Publicado em

em

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A Embrapa Suínos e Aves disponibiliza gratuitamente, desde o dia 1º de julho, dois formulários em planilhas eletrônicas para estimativa de custos de produção de suínos e frangos de corte. Essas ferramentas foram desenvolvidas especificamente para gerar estimativas em painéis com especialistas ou grupo focal.

O painel é uma técnica qualitativa para levantamento de dados primários. O método consiste em uma reunião, liderada por uma equipe de pesquisa, com um grupo de pessoas. Sua aplicação para estimativa de custos agropecuários requer o envolvimento de produtores e produtoras e profissionais da assistência técnica pública e privada e de associações de representação dos diferentes elos das cadeias produtivas. “Os atores envolvidos na produção de suínos e frangos de corte têm demandado à Embrapa ferramentas para gerar estimativas dos custos de produção de fácil uso e que empreguem metodologias adequadas em apoio à formulação de políticas públicas e estratégias setoriais. Os formulários em planilha eletrônica para frangos de corte e suínos atendem essa demanda, permitindo organizar informações levantadas em painel de especialistas e gerar estimativas dos custos de sistemas de produção representativos a partir do levantamento de coeficientes técnicos e preços de mercado”, diz o pesquisador Marcelo Miele, da área de socioeconomia da Embrapa Suínos e Aves.

Os formulários permitem estimar os custos para seis sistemas de produção em suinocultura (suínos em ciclo completo, leitões desmamados, leitões até a fase de creche e engorda de leitões em crechários, de suínos em terminação e de suínos em desmama-terminação) e quatro sistemas de produção em avicultura de corte (aviário convencional, climatizado com pressão positiva, climatizado com pressão negativa e dark house). Também permitem estimar os custos para três diferentes regiões com diferentes sistemas de produção, bem como calcular o custo médio ponderado para as diferentes regiões e sistemas de produção caracterizados pelos participantes da reunião em painel.

As planilhas estão disponíveis no site da CIAS, a Central de Inteligência de Aves e Suínos da Embrapa, na seção “Ferramentas”, no link embrapa.br/suinos-e-aves/cias/ferramentas e são resultado de um projeto em parceria com a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) e associações estaduais de suinocultores, que têm apoiado com recursos financeiros, articulação institucional e equipe técnica. Também foi editado um comunicado técnico com orientações sobre o uso das planilhas eletrônicas, disponível no endereço embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1165256/planilha-eletronica-para-estimar-custos-de-suinos-e-frangos-de-corte-em-reunioes-de-painel.

O analista da Embrapa Suínos e Aves, Ari Jarbas Sandi lembra que as ferramentas propostas não substituem outras ferramentas simplificadas como o aplicativo “Custo Fácil” e a planilha “Cálculo Simplificado do Custo de Produção do Integrado de Suínos e Frangos de Corte”, que visam auxiliar produtores integrados e a assistência técnica na gestão da granja e na geração de informações para estimar o custo de produção. “Essas ferramentas continuam disponíveis para esse público, enquanto que os novos formulários são mais voltados a associações e instituições que desejam estimar custos para uma região ou estado a partir de reuniões em painel com especialistas”, diz.

Outras informações sobre a planilha eletrônica podem ser obtidas com o Serviço de Atendimento ao Cidadão da Embrapa (SAC), também disponível pelo WhatsApp, pelo número (49) 3441-0400.

Fonte: Assessoria Embrapa Suínos e Aves
Continue Lendo

Suínos / Peixes

Pesquisadores obtêm gelatina da pele do tambaqui

Produção usa pele, que era descartada ou enviada para indústrias de ração. Avanço agrega valor e reduz resíduos do processamento. A gelatina de pele de tambaqui pode servir para produzir filmes, microcápsulas para remédios e espessantes de alimentos.

Publicado em

em

Gelatina de peixe em estado de gel - Fotos: Fernanda Ramalho Procópio

Pesquisadores da Embrapa encontraram uma alternativa para substituir a gelatina convencional que é desenvolvida a partir do couro bovino e suíno. Eles obtiveram sucesso ao obter gelatina da pele do tambaqui (Colossoma macropomum), peixe nativo brasileiro de grande relevância econômica

Pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste, Manuel Antônio Jacintho: “A conversão dos resíduos em produtos de valor torna a cadeia mais sustentável” – Foto: Gisele Rosso

A pele, as escamas e a cabeça, geralmente, são utilizadas para fabricação de ração para peixes. No entanto, a gelatina produzida tem aplicações alimentícias e farmacêuticas, ou seja, transforma-se em um coproduto com maior valor agregado. As propriedades observadas indicam que a gelatina de pele de tambaqui pode servir para diversas aplicações, incluindo filmes, microcápsulas para remédios, espessantes etc. A iniciativa ainda pode contribuir para a redução de resíduos.

Piscicultura em crescimento
A produção de peixes no Brasil tem crescido substancialmente, além de ter aperfeiçoado seu processamento. Pesquisas estão sendo realizadas pela Embrapa, no projeto BRS Aqua, para melhorar e ampliar a cadeia. De acordo com o Anuário da Associação Brasileira de Piscicultura (Peixe BR 2022), a produção nacional de pescado aumentou 45% desde 2014. A tilápia responde por 65% da produção. Em relação a espécies nativas, o tambaqui lidera, com mais de 30% da produção total.

O projeto Ações estruturantes e inovação para o fortalecimento das cadeias produtivas da aquicultura no Brasil (BRS Aqua) tem apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Secretaria Nacional de Aquicultura e Pesca do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA). Trata-se de uma rede coordenada pela Embrapa Pesca e Aquicultura (TO) e dela fazem parte mais de 240 empregados de 23 unidades da empresa, além de mais de 60 parceiros, entre públicos e privados.

De acordo com o pesquisador Manuel Antônio Jacintho, da Embrapa Pecuária Sudeste, dependendo da espécie e do tipo de produto, até 50% das matérias-primas iniciais são descartadas, incluindo cabeças, carcaças, pele e escamas. “A conversão dos resíduos em produtos de valor torna a cadeia mais sustentável”, destaca Jacintho.

O pesquisador lembra que a diversidade de espécies de peixes nativos brasileiros para consumo humano é grande. Assim, há um potencial para maior exploração das propriedades tecnológicas dos resíduos da cadeia pesqueira.

O tambaqui é o peixe nativo mais produzido no Brasil. “É importante mostrar seu diferencial em relação a outros peixes. Mostrar que a gelatina da pele de tambaqui possui características tecnológicas capazes de substituir as gelatinas bovinas e suínas. A composição de aminoácidos é mais rica do que a de peixes de água fria. A força de gel (consistência) pode ser comparada a de bovinos e suínos”, explica Fernanda Ramalho Procópio, bolsista CNPq de pós-doutorado na época do estudo.

Vários fatores interferem na composição da pele do peixe, como espécie, idade, sexo e tipo de alimento. O teor de proteína pode influenciar no rendimento da extração da gelatina e na composição de aminoácidos. Além disso, o alto teor de gordura dificulta a obtenção de um produto inodoro e translúcido, importante na percepção dos consumidores.

Nesse aspecto, o tambaqui apresentou vantagem; sua pele possui maior teor de proteína (27,10 ± 0,02) e menor teor de gordura (1,17 ± 0,08) do que outras espécies. Com isso, o rendimento de extração da gelatina da pele foi de quase 60%. Os principais aminoácidos encontrados foram glicina, prolina e hidroxiprolina, responsáveis pela sua firmeza.

Gelatina de boa qualidade
A gelatina da pele do tambaqui apresentou características adequadas aos padrões do produto convencional. O rendimento de extração foi de aproximadamente 53% (com base na pele inicial seca), poder de gelificação adequado (força de Bloom média), baixa turbidez e níveis significativos de aminoácidos, que influenciam na resistência do gel.

Segundo o supervisor do Laboratório de Tecnologia da Biomassa da Embrapa Agroindústria Tropical (CE), Adriano Mattos, a temperatura de gelificação observada (16 °C) apresentou-se compatível com a da gelatina bovina comercial (17 °C). O comportamento térmico da gelatina da pele do tambaqui foi investigado por meio de calorimetria exploratória diferencial. Ele complementa que a temperatura de início de degradação, em torno de 105 °C, favorece sua aplicação potencial no desenvolvimento de novos materiais na indústria alimentícia e farmacêutica.

A força de gel (consistência) foi de 123 ± 20 gramas, o que a classifica como Bloom médio. As gelatinas comerciais são normalmente classificadas com base nos valores de Bloom alto (200-300 gramas), médio (100-200 gramas) e baixo (50-100 gramas). A cor esbranquiçada, inodora e sem turbidez está dentro dos requisitos comerciais da gelatina.

Potencial
Com Bloom médio, a gelatina da pele de tambaqui pode ser adequada para determinados produtos, para clarificar bebidas e para produção de cápsulas moles.

O maior teor de aminoácidos, em comparação com outras espécies de peixes, sugere que a pele do tambaqui também poderia servir como uma fonte valiosa de peptídeos de colágeno. Segundo Fernanda Procópio, embora esse aspecto não tenha sido o foco principal do trabalho, várias investigações demonstraram o potencial da utilização de resíduos de pesca como fonte de peptídeos bioativos. “Explorar aplicações e estratégias para a utilização de resíduos do processamento de tambaqui contribui para o desenvolvimento de uma economia circular na indústria de processamento de pescado, aumentando potencialmente a renda do produtor e reduzindo o impacto ambiental associado ao descarte de resíduos”, explica Manuel Jacintho.

As características da gelatina a tornam um material promissor para a produção de micropartículas, filmes e hidrogéis. A sequência desse trabalho já está em andamento, investigando a potencial aplicação deste material na produção de filmes como componentes de embalagens de alimentos.

Artigo

O estudo foi publicado na revista internacional Journal of aquatic food product technology (2024, vol. 33), com o título An Enhancement to Development, Characterization and Potential Application of Gelatin Extracted from Native Brazilian Fish Skin, traduzido para o Português significa Uma melhoria no desenvolvimento, caracterização e potencial de Aplicação de Gelatina Extraída de Pele de Peixe Nativo Brasileiro.

Fonte: Assessoria Embrapa Agroindústria Tropical
Continue Lendo
AJINOMOTO SUÍNOS – 2024

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.