Suínos
“Ações valem muito mais do que aquilo que está no papel”, crava palestrante sobre ESG
Especialista apresenta caminhos para promover a sustentabilidade na suinocultura durante o 20º Congresso Nacional da Abraves.

A agenda ESG, conjunto de práticas relacionadas aos aspectos social, ambiental e de governança, é indispensável para o futuro das relações comerciais na suinocultura. Ela representa a importante e necessária preocupação com a sustentabilidade dos negócios e por isso, tem a reponsabilidade de ser um alicerce para a superação dos desafios que cercam a atividade suinícola. Durante o 20º Congresso Nacional da Abraves, realizado durante esta semana, de 16 a 19 de outubro, em Porto Alegre, RS, o médico-veterinário Iuri Pinheiro Machado vai apresentar um panorama de como o ESG está inserido na suinocultura brasileira. Ele enaltece que mais importante do que as diretrizes que estão pautadas em normas, é a necessidade de atitudes e ações concretas que estejam atreladas com a prática ESG, promovendo impactos positivos em toda a cadeia suinícola.

Médico-veterinário, Iuri Pinheiro Machado – Foto: Arquivo Pessoal
O médico-veterinário relembra que o conceito ESG (do inglês Environmental, Social, and Governance) surgiu no mercado financeiro como uma forma de medir o impacto que as ações de sustentabilidade geram nos resultados das empresas, mas que atualmente deixou de ser um conceito exclusivo das instituições financeiras e passou a representar uma preocupação com a sustentabilidade e a responsabilidade social em qualquer atividade econômica. “Esse olhar não se restringe à comunidade local, mas também às questões climáticas do planeta. Na produção suinícola, o ESG reforça a relevância de adotar uma abordagem mais sustentável e responsável dentro desse setor”, destaca.
Desafios ambientais
Com relação aos principais desafios ambientais que a suinocultura brasileira enfrenta, atualmente, o palestrante reforça que sem sombra de dúvidas os desafios ambientais, relacionados à geração e destinação dos dejetos líquidos e a produção de gases poluentes provenientes da fermentação, são os mais importantes de serem trabalhados. Ele sugere que são inúmeras as estratégias para mitigar esse problema, incluindo a utilização dos resíduos como adubo após passar pelo processo de estabilização em lagoas anaeróbicas, sendo essa a alternativa mais comum. “Esse é o mais frequente e o mínimo aceitável em termos de manejo de dejetos”, frisa acrescentando que a passagem por biodigestores, além de acelerar o processo de fermentação, permite sequestrar o biometano que seria lançado na atmosfera e reduzir o efeito estufa por meio da combustão deste gás, podendo gerar energia e/ou calor para uso na propriedade.
“O uso dos dejetos como insumos para outras atividades, como lavouras e pastagens é prática cada vez mais adotada que permite ganhos extras e redução significativa de adubos químicos”, defende. “Nos casos em que a granja não dispõe de área suficiente para uso como adubo, o sistema de compostagem pode ser uma alternativa para exportação da carga orgânica gerada para outra propriedade”, recomenda.
Práticas sustentáveis
Iuri disse que muitas são as práticas sustentáveis que estão sendo adotadas na criação de suínos no Brasil e que visam reduzir o impacto ambiental, como o uso de biodigestores e outras tecnologias para aproveitamento dos dejetos e cogeração de energia. “As práticas relacionadas à redução e/ou reciclagem da água também são fundamentais, visto que o consumo deste recurso é relativamente alto na suinocultura”, reflete.
Por meio da produtividade do rebanho, o profissional defende que é possível produzir mais com menos, enaltecendo que a nutrição de precisão também é muito importante, pois ela não permite somente a maior eficiência alimentar que reduz a quantidade necessária de insumos para produzir a mesma quantidade de carne, mas também o uso de insumos de maior digestibilidade e que tenham menor impacto no meio ambiente.
Questões sociais
No que diz respeito à forma com que a suinocultura brasileira lida com as questões sociais, relacionadas com o bem-estar animal e humano, bem como a segurança do trabalho e as relações com as comunidades locais, Iuri argumenta que a suinocultura é uma das atividades pecuárias que mais evoluiu nos últimos anos, além de estar em sua maior parte verticalizada, inserida em cadeias de produção de grandes agroindústrias reconhecidas mundialmente. “Isto trouxe às granjas uma visão corporativa muito zelosa de boas práticas relacionadas às questões trabalhistas e, mais recentemente às práticas de bem-estar animal, cuja atividade é a única que tem uma normativa específica no país. Por se tratar de uma atividade que emprega direta e indiretamente um número relativamente grande de pessoas, as relações com as comunidades locais são peça fundamental para a sustentabilidade da atividade”, expõe.
Governança
O palestrante também defende os esforços da indústria de suínos para melhorar a governança, incluindo a transparência, a prestação de contas e a ética nos negócios, sugerindo que a verticalização da produção é um dos diferenciais de muitas agroindústrias, pois desta forma dominam praticamente toda cadeia de produção, controlando a origem e especificação dos insumos em todas as etapas, conseguindo rastreabilidade ampla e confiável. “Por outro lado, a relação da indústria com seus integrados é regrada pela Lei da integração (13.288/2016), uma legislação relativamente nova, mas cuja compreensão atual já permite mensurar a boa relação entre as partes, residindo aí um fator importante para avaliar a sustentabilidade do sistema junto a um dos principais fornecedores da indústria: o produtor integrado”, opina.
Certificação e rastreabilidade
O médico-veterinário também sustenta que a certificação e a rastreabilidade desempenham um papel importante no modelo ESG, pois a rastreabilidade garante a produção dentro de parâmetros preestabelecidos desde a qualidade dos insumos utilizados, passando pelas questões de bem-estar animal e respeito ao meio ambiente. “Uma boa rastreabilidade permite que uma mesma empresa atenda mercados com diferentes exigências”, acrescenta.
Benefícios

O especialista também cita que os benefícios econômicos e reputacionais para os produtores de suínos que utilizam práticas alinhadas com os princípios do ESG são inúmeros, pois adotar práticas ESG resultam em maior sustentabilidade do negócio. “Mas isto não substitui a necessidade de ser competitivo na eficiência e produtividade, que é a base da continuidade de qualquer atividade econômica. Mais importante que certificações ou protocolos é a cultura da empresa e dos produtores voltada para a sustentabilidade, onde as ações valem muito mais do que o que está no papel”, reforça.
Ele também enaltece que a inovação é outro grande aliado do setor suinícola, pois ela busca a melhoria contínua dos processos e da produtividade, com a otimização de recursos. De acordo com ele, essa inovação é aplicada em todas as áreas envolvidas na atividade: genética, instalações e equipamentos, nutrição, sanidade e manejo, com atenção especial ao bem-estar dos animais e das pessoas envolvidas nos processos. “A gestão do negócio e o planejamento estratégico são outros fatores fundamentais na sustentabilidade e perpetuação das empresas”, defende.
De olho no consumidor
Iuri expõe ainda que a demanda dos consumidores por produtos sustentáveis está influenciando as práticas na indústria de suínos no Brasil, reforçando que a carne suína, nos últimos anos, ganhou muito espaço na mesa do consumidor brasileiro, deixando de ser um produto de consumo eventual e passando a fazer parte do cardápio semanal de muitas famílias. “Esse incremento trouxe uma maior atenção do mercado consumidor sobre a forma como é produzida a carne suína, pois o consumidor atual e, principalmente as gerações mais novas, compram não somente pelo preço e qualidade, mas também querem saber como aquele suíno foi produzido” alerta.
Ele finaliza advertindo de que o produtor de suínos precisa estar atento à longa cadeia da qual ele faz parte. “Muitas vezes a adoção do ESG pode ser uma exigência de um cliente seu. Neste sentido, é importante destacar o movimento muito claro das grandes empresas de varejo em seus protocolos ESG, estabelecendo regras de sustentabilidade mínima para seus fornecedores, como indústrias e granjas. Ou seja, se o produtor ou a indústria não saírem na frente na implementação e garantia da sustentabilidade, em breve reduzirão as opções para quem vender seu produto”, sustenta.
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Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



