Bovinos / Grãos / Máquinas Alternativas Nutricionais
Ações funcionais de aditivos ampliam desempenho zootécnico e bem-estar animal de ruminantes
Não existe milagre, a tarefa é ligar a necessidade do animal frente aos desafios do campo
Artigo escrito por Jane Cristina Gonçalves, zootecnista e gerente Técnica da Linha VLN Feed no Grupo Vetline
Na pecuária de leite e de corte é cada vez mais comum a busca por ingredientes alternativos ou mesmo aditivos tecnológicos ou zootécnicos que ajudem o animal em sua produção. É preciso fornecer uma dieta rica nutricionalmente, com boa qualidade de ingredientes e de alta digestibilidade, além de condições adequadas de criação e um ambiente favorável, para que o animal possa expressar o máximo de seu potencial genético, com adequada preservação corporal, gerando bons produtos para consumo humano.
A criação de gado de corte tem avançado para confinamentos cada vez mais especializados para que o ganho de peso diário seja maior e o rendimento de carcaça seja melhor, dentro de um menor tempo de confinamento. Já em gado leiteiro busca-se produzir um leite de maior qualidade, com quantidade de sólidos maior e baixa contaminação, isto tudo tentando manter o rebanho saudável, com maior persistência leiteira e maior longevidade.
O desafio é bem grande e para este contamos com inúmeras tecnologias alimentares, muitas vezes bastante exploradas para os animais monogástricos de criações mais intensivas e que hoje estão sendo aplicadas a dieta de ruminantes de modo a trazer bastante efetividade.
Produtos como aditivos anti-micotoxinas, resíduos de cervejaria ou cana-de-açúcar, probióticos, prebióticos, aminoácidos protegidos, minerais quelatados, óleos essenciais, são exemplos de ingredientes ou misturas diferenciadas que adicionadas a dieta permitem ao animal melhor aproveitamento, mesmo para a diminuição das contaminações ou por serem produtos de maior digestibilidade, de maior absorção ou por terem ações bem focadas que melhoram o metabolismo do animal.
Entrando mais no detalhe para certos aditivos, os minerais quelatados são grandes aliados dos produtores que querem trazer a dieta para um lado de maior absorção e de uma nutrição de maior precisão, corrigindo algumas vezes pequenas falhas da dieta que podem geram deficiências em metabolismo e/ou fisiologia do animal, que ocasionam danos na manutenção do animal e consequentemente a falha em produtividade. São produtos que se diferenciam grandemente dos minerais inorgânicos quanto a biodisponibilidade. Geralmente ligados a peptídeos ou aminoácidos, sendo o cobre, manganês, zinco-quelatos, dentre outros.
O Cobre (Cu) é essencial para funcionamento do sistema nervoso central, reprodução, crescimento, formação de ossos, desenvolvimento do tecido conectivo e pigmentação da pele, supera o Zinco (Zn) em número de enzimas ativadas. O Zn apresenta funções importantes no organismo, tais como fixação do cálcio sob a forma de carbonato de cálcio nos ossos e ativação dos sistemas enzimáticos, bem como metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídeos. Agentes quelantes, como o fitato, podem interagir com o zinco e afetar negativamente a sua biodisponibilidade, enquanto que aminoácidos como a histidina e cisteína podem agir como facilitadores na absorção. O Manganês (Mn) é essencial para o desenvolvimento normal dos ossos, manutenção do funcionamento do processo reprodutivo em machos e fêmeas e responsável pela ativação de várias enzimas.
O efeito do uso de leveduras vivas em dietas para ruminantes que recebem dieta com alto percentual de concentrado é uma alternativa interessante para prevenir acidose, pois elas contribuem com o reequilíbrio do ambiente ruminal por terem elevada capacidade de consumir oxigênio, proporcionando um ambiente favorável para os outros microrganismos (bactérias celulolíticas, por exemplo) recolonizarem e realizarem a degradação de açúcares e amido livre, e com isto as bactérias produtoras de ácido lático (que contribuía para a queda do pH) diminui drasticamente. O uso de culturas de leveduras na alimentação de bovinos torna-se interessante à medida que melhora a eficiência alimentar favorecendo a produtividade do animal, seja de leite ou carne.
Ainda falando de ingredientes alternativos, o uso de levedura autolisada e/ou parede celular de levedura em dietas de ruminantes é uma excelente estratégia como de glucomananas, sendo que um dos direcionamentos dos estudos está relacionado à eficácia destes nutrientes como potencial adsorvente de micotoxinas. O mecanismo proposto é a quelação da toxina e sua eliminação no trato gastrointestinal. Sendo assim, o uso destes ingredientes, associados ou não a aluminossilicatos que também tem excelente ação em micotoxinas, especialmente a aflatoxina é uma estratégia bem eficaz para se adsorver estes tóxicos maléficos ao metabolismo e saúde do animal.
Estudos que detalham apenas a ação dos mananoligossacarídeos (MOS), prebióticos derivados especialmente da parede celular de levedura, mostram o efeito benéfico deste na modulação da flora nativa do animal. Estes carboidratos não digestíveis são capazes de bloquear a aderência dos patógenos, evitando a colonização destes no intestino do animal, além de estimular a imunidade sistêmica, uma vez que ocupam sítio de ligação de manose do macrófago.
Buscando avaliar ingredientes mais elaborados, como por exemplo beta-glucanos purificados, que são isolados da parede celular de levedura, estudos diversos mostram serem capazes de ativar e estimular a resistência imunológica em muitas espécies animais, sendo que seus efeitos são melhora em imunidades inespecífica e específica, a redução no risco de doenças por infecções oportunistas, a redução na mortalidade por infecções patogênicas, a melhora na resistência a parasitas, o aumento na eficácia das vacinas e dos antibióticos (efeito sinérgico) e também, agem em conjunto com outros nutrientes como microminerais e certas vitaminas.
Produtividade e bem-estar animal
Diante de muitos estudos vinculados com estas novas tecnologias é possível compreender que há excelentes ingredientes alternativos que são extremamente eficazes em auxiliar o metabolismo do animal com foco em melhoria de produtividade e bem-estar animal, no entanto, algumas vezes, o que limita o uso de certos ingredientes é a baixa inclusão, dificultando a inclusão direta na ração na propriedade, pois nem sempre os equipamentos de mistura têm a eficiência adequada que permite a dispersão em toda a dieta.
Em alerta para esta dificuldade dos produtores, os fornecedores de premixes e/ou rações prontas estão em constante evolução, aprimorando seus produtos finais, e apresentando ao mercado misturas de tecnologias funcionais que são incluídas nas dietas finais, diretamente no vagão de mistura ou mesmo nos comedouros, e talvez aqui seja o grande desafio deste segmento, juntar as eficácias de cada uma das matérias-primas em um produto acabado único com boa inclusão, que tenha sinergia e apresente efeito visível no animal e em sua produção.
Para tanto, não existe milagre, a tarefa é ligar a necessidade do animal frente aos desafios do campo, seja por sazonalidade de clima, custo e qualidade de matéria-prima presentes na propriedade, problemas de instalações e/ou manejo, com os ingredientes alternativos eficazes que adicionados à dieta total vão corrigir as deficiências, que podem ser grandes ou pequenas, mas que o produtor consiga visualizar um custo-benefício importante para seu plantel e seu resultado final.
Outras notícias você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de junho/julho de 2021 ou online.
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Derivados lácteos sobem em outubro, mas mercado prevê quedas no trimestre
OCB aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24.
Preço sobe em setembro, mas deve cair no terceiro trimestre
A pesquisa do Cepea mostra que, em setembro, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,8657/litro, 3,3% acima da do mês anterior e 33,8% maior que a registrada em setembro/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de setembro). O movimento de alta, contudo, parece ter terminado. Pesquisas ainda em andamento do Cepea indicam que, em outubro, a Média Brasil pode recuar cerca de 2%.
Derivados registram pequenas valorizações em outubro
Pesquisa realizada pelo Cepea em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24, chegando a R$ 4,74/l e a R$ 33,26/kg, respectivamente. No caso do leite em pó (400g), a valorização foi de 4,32%, com média de R$ 31,49/kg. Na comparação com o mesmo período de 2023, os aumentos nos valores foram de 18,15% para o UHT, de 21,95% para a muçarela e de 12,31% para o leite em pó na mesma ordem, em termos reais (os dados foram deflacionados pelo IPCA de out/24).
Exportações recuam expressivos 66%, enquanto importações seguem em alta
Em outubro, as importações brasileiras de lácteos cresceram 11,6% em relação ao mês anterior; frente ao mesmo período do ano passado (outubro/23), o aumento foi de 7,43%. As exportações, por sua vez, caíram expressivos 65,91% no comparativo mensal e 46,6% no anual.
Custos com nutrição animal sobem em outubro
O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira subiu 2,03% em outubro na “média Brasil” (BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS), puxado sobretudo pelo aumento dos custos com nutrição animal. Com o resultado, o COE, que vinha registrando estabilidade na parcial do ano, passou a acumular alta de 1,97%.
Bovinos / Grãos / Máquinas Protecionismo econômico
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito
CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias.
A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), entidade representativa, sem fins lucrativos, emite nota oficial para rebater declarações do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard. Nas suas recentes declarações o CEO afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias .
Veja abaixo, na integra, o que diz a nota:
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito aqui dentro e mundo afora.
O protecionismo econômico de muitos países se traveste de protecionismo ambiental criando barreiras fantasmas para tentar reduzir nossa capacidade produtiva e cada vez mais os preços de nossos produtos.
Todos sabem que é difícil competir com o produtor rural brasileiro em eficiência. Também sabem da necessidade cada vez maior de adquirirem nossos produtos pois além de alimentar sua população ainda conseguem controlar preços da produção local.
A solução encontrada por esses países principalmente a UE e nitidamente a França, foi criar a “Lei Antidesmatamento” para nos impor regras que estão acima do nosso Código Florestal. Ora se temos uma lei, que é a mais rigorosa do mundo e a cumprimos à risca qual o motivo de tanto teatro? A resposta é que a incapacidade de produzir alimentos em quantidade suficiente e a também incapacidade de lidar com seus produtores faz com que joguem o problema para nós.
Outra questão: Por que simplesmente não param de comprar da gente já que somos tão destrutivos assim? Porque precisam muito dos nossos produtos mas querem de graça. Querem que a gente negocie de joelhos com eles. Sempre em desvantagem. Isso é uma afronta também à soberania nacional.
O senador Zequinha Marinho do Podemos do Pará, membro da FPA, tem um projeto de lei (PL 2088/2023) de reciprocidade ambiental que torna obrigatório o cumprimento de padrões ambientais compatíveis aos do Brasil por países que comercializem bens e produtos no mercado brasileiro.
Esse PL tem todo nosso apoio porque é justo e recíproco, que em resumo significa “da mesma maneira”. Os recentes casos da Danone e do Carrefour, empresas coincidentemente de origem francesa são sintomáticos e confirmam essa tendência das grandes empresas de jogar para a plateia em seus países- sede enquanto enviam cartas inócuas de desculpas para suas filiais principalmente ao Brasil.
A Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), Estado com maior rebanho bovino do País e um dos que mais exporta, repudia toda essa forma de negociação desleal e está disposta a defender a ideia da suspensão do fornecimento de animais para o abate de frigoríficos que vendam para essas empresas.
Chega de hipocrisia no mercado, principalmente pela França, um país que sempre foi nosso parceiro comercial, vendendo desde queijos, carros e até aviões para o Brasil e nos trata como moleques.
Nós como consumidores de muitos produtos franceses devemos começar a repensar nossos hábitos de consumo e escolher melhor nossos parceiros.
Com toda nossa indignação.
Oswaldo Pereira Ribeiro Junior
Presidente da Acrimat
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Queijo paranaense produzido na região Oeste está entre os nove melhores do mundo
Fabricado em parque tecnológico do Oeste do estado, Passionata foi o único brasileiro no ranking e também ganhou título de melhor queijo latino americano no World Cheese Awards.
Um queijo fino produzido no Oeste do Paraná ficou entre os nove melhores do mundo (super ouro) e recebeu o título de melhor da América Latina no concurso World Cheese Awards, realizado em Portugal. Ele concorreu com 4.784 tipos de queijos de 47 países. O Passionata é produzido no Biopark, em Toledo. Também produzidos no parque tecnológico, o Láurea ficou com a prata e o Entardecer d´Oeste com o bronze.
As três especialidades de queijo apresentadas no World Cheese Awards foram desenvolvidas no laboratório de queijos finos e serão fabricadas e comercializadas pela queijaria Flor da Terra. O projeto de queijos finos do Biopark é realizado em parceria com o Biopark Educação, existe há cinco anos e foi criado com a intenção de melhorar o valor agregado do leite para pequenos e médios produtores.
“A transferência da tecnologia é totalmente gratuita e essa premiação mostra como podemos produzir queijos finos com muita qualidade aqui em Toledo”, disse uma das fundadoras do Biopark, Carmen Donaduzzi.
“Os queijos finos que trouxemos para essa competição se destacam pelas cores vibrantes, sabores marcantes e aparências únicas, além das inovações no processo produtivo, que conferem um diferencial sensorial incrível”, destacou o pesquisador do Laboratório de Queijos Finos do Biopark, Kennidy Bortoli. “A competição toda foi muito emocionante, saber que estamos entre os nove melhores queijos do mundo, melhor da América Latina, mostra que estamos no caminho certo”.
O Paraná produz 12 milhões de litros por dia, a maioria vem de pequenos e médios produtores. Atualmente 22 pequenos e médios produtores de leite fazem parte do projeto no Oeste do Estado, produzindo 26 especialidades de queijo fino. Além disso, no decorrer de 2024, 98 pessoas já participaram dos cursos organizados pelo Biopark Educação.
Neste ano, foram introduzidas cinco novas especialidades para os produtores vinculados ao projeto de queijos finos: tipo Bel Paese, Cheddar Inglês, Emmental, Abondance e Jack Joss.
“O projeto é gratuito, e o único custo para o produtor é a adaptação ou construção do espaço de produção, quando necessário”, explicou Kennidy. “Toda a assessoria é oferecida pelo Biopark e pelo Biopark Educação, em parceria com o Sebrae, IDR-PR e Sistema Faep/Senar, que apoiam com capacitação e desenvolvimento. A orientação cobre desde a avaliação da qualidade do leite até embalagem, divulgação e comercialização do produto”.
A qualidade do leite é analisada no laboratório do parque e, conforme as características encontradas no leite, são sugeridas de três a quatro tecnologias de fabricação de queijos que foram previamente desenvolvidas no laboratório com leite com características semelhantes. O produtor então escolhe a que mais se identifica para iniciar a produção.
Concursos estaduais
Para valorizar a produção de queijos, vão iniciar em breve as inscrições para a segunda edição do Prêmio Queijos do Paraná, que conta com apoio do Governo do Paraná. As inscrições serão abertas em 1º de dezembro de 2024, e a premiação acontece em 30 de maio de 2025. A expectativa é de que haja mais de 600 produtos inscritos, superando a edição anterior, que teve 450 participantes. O regulamento pode ser acessado aqui. O objetivo é divulgar e valorizar os derivados lácteos produzidos no Estado.
O Governo do Paraná também apoia o Conecta Queijos, evento voltado a produtores da região Oeste. Ele é organizado em parceria pelo o IDR-Paran