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ACNB avalia 704 animais durante a 2ª etapa do Circuito Nelore de Qualidade na Bolívia
A Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB) fez avaliações de carcaças de machos e fêmeas Nelore de 17 pecuaristas do país vizinho

A segunda etapa do Circuito Nelore de Qualidade na Bolívia foi realizada nos dias 6 e 7 de junho, em Santa Cruz de La Sierra. Em parceria com a Associação Boliviana dos Criadores de Zebu (Asocebu) e com o frigorífico local Fridosa, a Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB) avaliou 644 machos e 60 fêmeas Nelore de 17 pecuaristas participantes. Os animais foram terminados em pasto, pasto com suplementação e em confinamento.
Destaque à presença de fêmeas com boa cobertura de gordura e de machos jovens com elevado peso médio e melhoria do grau de cobertura de gordura nas carcaças, em comparação à primeira etapa, realizada em fevereiro.
Entre os machos, 89% apresentaram até dois Dentes Incisivos Permanentes (DIP), sendo que 72% possuíam dentição de leite completa (menos de 2 anos de idade). Além disso, 68% dos animais pesaram mais de 255 quilos (17 arrobas) e 48% pesaram mais de 270 quilos (18 arrobas), elevando o peso médio para 274,9 quilos. Por fim, 40% dos machos detinham cobertura de gordura mediana ou uniforme.
O prêmio de Melhor Lote de Carcaças de Machos Terminados em Confinamento foi para Manuel Saavedra Aponte, proprietário da Fazenda Sonia Pilar Norte, de Cabezas. A Medalha de Prata foi para Mário Ignácio Anglarill Serrate, da Fazenda Piraí, também de Cabezas. Já a Medalha de Bronze foi entregue a Alejandro Ribera Guardia, da Fazenda Parabanó, de Pailón.
Gilberto Chavez Justiniano, da Fazenda El Bajío, de Pailón, foi premiado com a Medalha de Ouro no Campeonato Melhor Lote de Carcaças de Machos Terminados em Pastagens com Suplementação. As Medalhas de Prata e Bronze foram, respectivamente, para Eduardo Ciro Añez Saucedo, da Cabanha Santa Lúcia, de Pailón, e Juan Manuel Jimenez Sanabria, proprietário da Fazenda San Juanito, de Cotoca.
O Campeonato Melhor Lote de Carcaças de Machos Terminados em Pastagens teve como vencedores Mathias Honnen Miyada (1º), da Fazenda San Martín, de San Rafael, e a Fazenda Abeja San José, de Luis Gerardo Aramayo Baqueros de Pailón (2º), como vencedores.
Do total de fêmeas avaliadas, 83% tinham até 2 dentes incisivos permanentes (cerca de 2 anos de idade), sendo que 50% apresentaram dentição de leite completa (menos de 2 anos de idade). O peso médio foi de 212 quilos e a cobertura de gordura mediana ou uniforme estava presente em 83% das carcaças.
O Campeonato Melhor Lote de Carcaças de Fêmeas Terminadas em Confinamento foi vencido por Marcelo Fernando Muñoz Añez, da Fazenda Chaco Chico, de Okinawa. Enquanto Gilberto Chavez Justiniano, da Fazenda El Bajío, Pailón, e Matias Honnen Miyada, da Fazenda San Martín, de San Rafael, receberam as Medalhas de Ouro e Prata no Campeonato Melhor Lote de Carcaças de Fêmeas Terminadas em Pastagens.
“Constatamos um grande avanço em termos de movimentação dos pecuaristas bolivianos para a participação nesta segunda etapa do Circuito. Quando comparamos com a primeira etapa, mais que dobrou o volume de animais avaliados e pecuaristas participantes. Além disso, houve expressiva melhora na qualidade da carcaça dos animais avaliados, com mais peso e melhor acabamento”, destaca Nabih Amin El Aouar, presidente da ACNB.
“O aumento do número de pecuaristas participantes mostra o entendimento de que as avaliações de carcaça funcionam como uma importante ferramenta de melhoramento genético, capacitação e aprendizado para a produção de uma carne Nelore de qualidade na Bolívia, assim como acontece no Brasil”, finaliza Nabih.
Fernando Baldomar, gerente geral da Asocebu, destaca a qualidade do gado avaliado. “Em quase 100% dos animais, tanto terminados em pastagens como em confinamento, observamos animais com zero dentes. Isso demonstra a precocidade do Nelore boliviano e o potencial que a raça possui em termos de carne de qualidade em nosso sistema de produção”.
“A maior estrela das avaliações de carcaça são os animais. Observamos grande evolução da segunda etapa. Os machos e as fêmeas atendem as exigências do mercado, apresentando ótimo peso final de carcaça, o que consequentemente proporciona maior rentabilidade, garantindo a evolução da atividade e da economia boliviana”, assinala Juliano Santos, médico-veterinário e gerente de produção do Fridosa.
Santa Cruz de La Sierra receberá a terceira etapa do Circuito, no dia 31 de outubro, também com organização da ACNB, Asocebu e Fridosa.
Circuito Nelore de Qualidade
Realizado pela Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), o Circuito Nelore de Qualidade fortalece e promove a genética Nelore, contribuindo para a evolução da raça e seu posicionamento como produtora de carne de qualidade. A iniciativa avalia resultados obtidos pelos produtores, cada qual em sua realidade e sistema de produção.
Promovido desde 1999 no Brasil, o Circuito conta com apoio de Friboi, Frisa e Matsuda Sementes e Nutrição Animal. Na Bolívia, a iniciativa tem apoio do frigorífico local Fridosa e é organizada em conjunto com a Asocebu. O Circuito Nelore de Qualidade é o maior campeonato de avaliação de carcaças de bovinos do mundo.

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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.
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Brasil lança plataforma sobre saúde dos solos e reforça liderança em agricultura sustentável
Ferramenta da Embrapa reúne mais de 56 mil análises e mostra que dois terços das áreas avaliadas no País apresentam solos saudáveis ou em recuperação.

Foi lançada na última segunda-feira (17), na Agrizone, a Casa da Agricultura Sustentável da Embrapa durante a COP 30, em Belém (PA), a Plataforma Saúde do Solo BR – Solos resilientes para sistemas agrícolas sustentáveis. A cerimônia ocorreu no Auditório 1 e marcou a apresentação oficial da tecnologia criada pela Embrapa, que reúne pela primeira vez informações sobre a saúde dos solos brasileiros em um ambiente digital e de acesso público.
Na abertura, a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, destacou o simbolismo de apresentar a novidade dentro da Agrizone, espaço que abriga soluções de baixo carbono. “A Agrizone é o começo de uma nova jornada. Estamos mostrando para o mundo inteiro, de forma concreta, que temos tecnologia para desenvolver uma agricultura cada vez mais resiliente às mudanças climáticas”, afirmou.
Para ela, o lançamento reforça o protagonismo do Brasil como líder global em inovação sustentável para a agricultura e os sistemas alimentares.
A Plataforma disponibiliza dados de saúde do solo por estado e município e já reúne cerca de 56 mil amostras, provenientes de 1.502 municípios de todas as regiões do País. O sistema foi construído a partir da geoespacialização dos dados gerados pela BioAS – Bioanálise de Solos, explicou a pesquisadora da Embrapa Cerrados, Ieda Mendes. A ferramenta permite filtros por estado, município, ano, culturas e texturas de solo, além de comparações entre diferentes cultivos. Também gera mapas e gráficos baseados nas funções da bioanálise, como ciclagem, armazenamento e suprimento de nutrientes.
Solos mais saudáveis e produtivos
Os primeiros mapas revelam que predominam no Brasil solos saudáveis ou em processo de recuperação. “Somando solos saudáveis e solos em recuperação, vemos que 66% das áreas analisadas apresentam condições muito boas de saúde. Apenas 4% das amostras representam solos doentes”, afirmou Ieda.
Mato Grosso lidera o número de amostras (10.905), seguido por Minas Gerais (9.680), Paraná (7.607) e Goiás (6.519). O município com maior participação é Alto Taquari (MT), com 1.837 amostras.
A pesquisadora também destacou a forte relação entre saúde do solo e produtividade. No Mato Grosso, a integração dos dados da BioAS com índices do IBGE mostrou que o aumento na proporção de solos doentes está diretamente associado à queda na produção de soja. “Cada 1% de aumento em solos doentes representa uma perda média de 3,1 kg de soja por hectare”.
Em contraste, análises exclusivamente químicas não apresentaram correlação com a produtividade atual, o que indica que o limite produtivo da agricultura brasileira está cada vez mais ligado à qualidade biológica dos solos.
Ieda ressaltou ainda a participação dos produtores na construção da ferramenta. “Temos contribuições que vão do Acre ao extremo sul do Rio Grande do Sul. Ter um trabalho publicado em revistas técnicas é muito bom, mas ver uma tecnologia sendo adotada em todo o Brasil é maravilhoso”, afirmou.
A expectativa é transformar a plataforma, no futuro, em um observatório nacional da saúde dos solos, capaz de gerar relatórios detalhados por município e conectar pesquisadores, laboratórios e agricultores.
A Plataforma Saúde do Solo BR foi desenvolvida com base nos dados da BioAS, tecnologia lançada em 2020 e criada pela Embrapa Cerrados em parceria com a Embrapa Agrobiologia. O método integra indicadores biológicos (atividade enzimática), físicos (textura) e químicos (fertilidade e matéria orgânica).
O banco de dados atual resulta de uma colaboração com 33 laboratórios comerciais de análise de solo, integrantes da Rede Embrapa e usuários da tecnologia.



