Avicultura
Ácidos orgânicos para a saúde do trato gastrointestinal das aves
Utilização de ácidos orgânicos na nutrição das aves pode ocorrer na forma de ácidos livres, sais de ácidos ou ácidos microencapsulados
Artigo escrito por Matias Djalma Appelt, zootecnista, Mestrado em Nutrição Animal e coordenador de Engenharia de Produtos da Tectron
Na avicultura a utilização de ácidos orgânicos vem crescendo em função do aumento nas restrições ao uso de antimicrobianos por países consumidores de produtos avícolas. Os ácidos orgânicos são substâncias naturalmente produzidas por plantas, animais e microrganismos com funções importantes no metabolismo destes. Amplamente utilizados na nutrição animal, estes ácidos são considerados fracos devido a sua composição química, com sua cadeia de carbono contendo não mais do que sete átomos, apresentam difícil dissociação quando comparados aos ácidos inorgânicos, o que justifica sua utilização e funções no trato gastrointestinal (TGI) dos animais.
Estes ácidos apresentam diversas funções no TGI, como diminuição ou regulação do pH, efeito antimicrobiano e capacidade aniônica tamponante com cátions de minerais das dietas, aumentando a digestibilidade e absorção desses. Além destas, auxiliam na manutenção da flora e da morfologia intestinal.
Tendo em vista que as aves apresentam particularidades anatômicas e fisiológicas diferentes de outras espécies, como por exemplo o proventrículo, o qual tem capacidade secretória de pepsinogênio e ácido clorídrico, sendo a primeira barreira para impedir ou diminuir a colonização de patógenos no trato digestivo, o desenvolvimento de produtos compostos de ácidos orgânicos destinados para aves deve levar em consideração tais diferenças para obter a melhor efetividade deste aditivo.
Os principais ácidos orgânicos utilizados em dietas de aves são o benzoico, cítrico, propiônico, fórmico, acético, lático, málico, fumárico, ascórbico, entre outros, além de seus sais e a combinação de dois ou mais destes.
A utilização de ácidos orgânicos na nutrição das aves pode ocorrer na forma de ácidos livres, sais de ácidos, ácidos microencapsulados ou em conjunto com outras substâncias que possam atuar sinergicamente com esses.
Os ácidos orgânicos na forma livre ou seus sais, em sua grande maioria são dissociados antes de chegarem no intestino, tendo ação principalmente na regulação ou redução de pH do meio e controle de microrganismos patogênicos presentes no primeiro terço do TGI.
Ácidos orgânicos ou seus sais quando administrados na forma livre apresentam efeito positivos sobre parâmetros de desempenho, saúde do trato gastrintestinal e características de carcaça das aves, porém as dosagens são altas, podendo variar de 0,2 a 2% de inclusão. Além da alta inclusão, o maior potencial corrosivo e a maior volatilização demandam maiores cuidados ao manipular esse aditivo nas fábricas de rações.
Estudos recentes em frangos de corte demonstram interação entre os ácidos orgânicos, na forma livre, como cítrico e benzoico no aumento do consumo de ração aos 42 dias.
A utilização de combinações de ácidos orgânicos na forma livre como fumárico, lático, cítrico e ascórbico, em rações de poedeiras, tem demonstrado melhora na produção de ovos e melhor peso corporal nas aves.
Os ácidos ou seus sais microencapsulados, por estarem revestidos por uma camada lipídica, após ação de sais biliares e lipases, têm ação principal no intestino, onde podem desempenhar função antimicrobiana, por meio de dissociação dentro da célula de bactérias pH-sensíveis como coliformes, Salmonella, Listeria spp e outras. Essa dissociação do ácido orgânico dentro da célula das bactérias resulta em liberação de cátion de hidrogênio (H+), o qual reduz o pH intracelular, ocasionando uma demanda de gasto energético na tentativa de elevar o mesmo. Além disso, essa dissociação libera também o radical livre (RCOO-), o qual é impedido de sair pela membrana celular, inibindo o transporte de elétrons nas membranas da célula, interferindo assim na replicação de DNA e RNA, alterando a síntese proteica, resultando em desnaturação de proteínas, bloqueio de enzimas no metabolismo de carboidrato celular e ocasionando a morte celular (bacteriana).
Devido ao processo de microcápsulamento dos ácidos um dos resultados é a redução do seu potencial corrosivo e da volatilização, deixando o produto mais seguro para a manipulação e utilização.
Estudos com ácidos orgânicos ou blends destes microencapsulados demonstram efeitos positivos sobre o desempenho, epitélio intestinal e redução de microrganismos patogênicos no TGI, com inclusões menores que na forma livre.
Trabalho recente realizado com frangos de corte até os 28 dias de idade, com inoculação de Salmonella Enteritidis, confirma eficácia de ácidos orgânicos microencapsulados na redução de contagem deste patógeno nas aves.
Mais informações você encontra na edição de Aves de junho/julho de 2017.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
