Suínos
Ácidos orgânicos melhoram o consumo de matrizes durante a lactação e geram efeito positivo para a leitegada
A água tem papel importante na redução dos problemas de constipação, diminuição dos riscos de infecção do trato urinário, e apoio importantíssimo na produção de leite.

Durante a lactação, manter um nível adequado do consumo de ração pelas matrizes é um grande desafio, especialmente no verão ou meses mais quentes. Uma diminuição no consumo pode levar à maior perda de peso e redução na produção de leite, o que pode afetar diretamente o peso dos leitões ao desmame. As matrizes em lactação têm uma elevada necessidade diária de consumo de água (20-35 L/d). A água tem papel importante na redução dos problemas de constipação, diminuição dos riscos de infecção do trato urinário, e apoio importantíssimo na produção de leite. Dados de quatro experimentos em colaboração com universidades e centros de pesquisa, em diferentes países, abrangendo sistemas de produção, clima e manejo diferentes, mostram que o uso de blends de ácidos orgânicos (AO) livres e tamponados em água aumenta este consumo em +12.6 % (média dos quatro estudos, Figura 1).
Suplementar matrizes lactantes com AO livres e tamponados via água também tem efeito positivo na produtividade e saúde das matrizes, atribuída a: 1. reduzem e estabilizam o pH da água (ação bacteriostática); 2. melhoram o consumo de ração (o consumo de água e ração estão fortemente correlacionados); 3. melhoram a digestão de nutrientes (redução do pH do estômago, com melhor ação de enzimas, como a pepsina); 4. saúde intestinal (AO tem ação bactericida especialmente em bactérias gram-negativas, como E. coli por exemplo); 5. desempenho da leitegada (maior produção de leite, maior peso ao desmame).
Como os leitões estão em contato constante com as fezes da porca, a microbiota intestinal da mesma tem forte influência na saúde dos leitões. Aditivos à base de ácidos graxos de cadeia curta e média (SMCFA) têm efeito importante na digestão e estabilização da microbiota. Os ácidos graxos de cadeia média têm efeito importantíssimo no controle de bactérias gram-positivas (como Clostridium e Streptococcus, por exemplo).
Considerando a importância do consumo de água e uma microbiota mais estável, uma estratégia de suplementação combinado ácidos orgânicos via água e via ração pode beneficiar ainda mais os leitões.
Um estudo recente avaliando a eficácia da abordagem combinada (AO de cadeia curta via água + SMCFA via ração) foi realizado no Brasil, região sudeste, durante a temporada de verão (dezembro de 2021 a janeiro de 2022). O estudo envolveu 36 porcas multíparas em um ambiente de produção livre de antibióticos promotores de crescimento. Desde cinco dias antes do parto até ao desmame (25 dias depois), as porcas foram aleatoriamente atribuídas a um dos dois grupos de tratamento. Um grupo controle recebeu uma dieta basal e um grupo de tratamento recebeu uma dieta basal suplementada com SMCFA na ração e AO na água (pH da água 3,8).
Benefícios para porcas e leitões
Os resultados do estudo mostraram que as porcas que receberam a dieta de tratamento (AO + SMCFA) tiveram um consumo diário médio significativamente maior (+650 g/d, +10,9%) do que as porcas de grupo controle (p = 0,0003), o que se refletiu em uma menor perda de peso durante a lactação. Os resultados também indicam que os benefícios da suplementação AO + SMCFA se estendem aos leitões. Os leitões das porcas no grupo de tratamento tiveram pesos de desmame mais elevados (+1,48 kg ou +23,4%) e um ganho de peso médio aumentado (+1,55 kg ou +31,4%) em comparação com os leitões das porcas do grupo controle (p <0,0001) (Tabela 1).
Os resultados indicam que a suplementação de água (com AO) e ração (com SMCFA) pode ser particularmente eficaz durante os períodos de temperaturas mais altas, quando a ingestão de ração das porcas geralmente diminui, o que pode afetar sua produção de leite o desempenho da leitegada.
Enquanto estudos anteriores demonstraram os benefícios da suplementação de AO via água, a combinação de AO via água com SMCFA via ração melhora ainda mais o desempenho das matrizes e leitões (Tabela 2), mostrando um efeito sinérgico.
Conclusão
Temperaturas mais altas durante o verão ou em regiões de clima quente ao longo do ano geralmente significam uma queda no consumo de ração da porca, e essa redução pode desencadear vários efeitos indesejados no desempenho. Como as porcas lactantes comem menos, a perda de peso corporal é muitas vezes acompanhada por uma redução na produção de leite, levando a menores pesos ao desmame da leitegada. Uma abordagem combinada de suplementação de ração e água potável para porcas com misturas cuidadosamente selecionadas de ácidos orgânicos livres e tamponados pode ajudar a fornecer benefícios de desempenho que apoiem tanto a porca lactante quanto seus leitões, mesmo durante as estações quentes.
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Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.






