Conectado com
VOZ DO COOP

Avicultura Nutrição

Ácidos orgânicos inibem bactérias patogênicas e auxiliam saúde intestinal de aves

O tipo e a concentração dos ácidos influenciam no seu potencial antimicrobiano

Publicado em

em

Arquivo/OP Rural

Artigo escrito por Christiane Matias, gerente técnico comercial da Biomin

O Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo. Entretanto, os países importadores têm aumentado significativamente as barreiras sanitárias durante a escolha dos fornecedores. Sendo que o principal foco de controle sanitário na carne de frango é a contaminação por Salmonella. Algumas estratégias nutricionais são empregadas na redução da contaminação por Salmonella, como os tratamentos físicos da ração (peletização e expansão) e tratamentos com aditivos, como a utilização de ácidos orgânicos, prebióticos e probióticos.

Os ácidos orgânicos de cadeia curta possuem atividade antimicrobiana, os mais utilizados em nutrição animal são: o fórmico, o acético, o propiônico e o butírico. Os efeitos antimicrobianos que os ácidos exercem podem ser expressados de duas formas: redução do pH do meio externo ou ação da forma não dissociada. A forma não dissociada é lipossolúvel e, portanto, tem capacidade de atravessar de forma passiva a membrana celular. O ácido se dissocia dentro da célula, alterando o pH citoplasmático, que consequentemente afeta o metabolismo celular, uma vez que interfere no metabolismo de prótons, altera o sistema de transporte de aminoácidos e aumenta a pressão osmótica dentro da célula. A lesão na membrana da bactéria, a perda da sua integridade e o aumento a permeabilidade a prótons provoca a morte do microrganismo.

O tipo e a concentração dos ácidos influenciam no seu potencial antimicrobiano. A capacidade de atravessar a membrana plasmática da bactéria é uma propriedade fundamental para determinar a eficiência antimicrobiana de um ácido. As moléculas menores e de caráter hidrofóbico são as mais eficientes. A constante de dissociação (pka) é diferente para cada ácido e está relacionada com o pH. No intestino das aves, por exemplo, o pH médio é cerca de 6,5; neste local os ácidos com pka mais altos apresentam-se em maior proporção na forma não dissociada quando comparados a ácidos com pka mais baixos (ex: cítrico, fumárico). Desta forma, ácidos com pka mais altos por estarem em maior quantidade na forma não dissociada ultrapassam a membrana da bactéria patógena e se dissociam no interior da célula causando a morte celular.

Além das propriedades antimicrobianas diretas, os ácidos orgânicos melhoram as atividades proteolíticas dos animais, reduzindo o pH do proventriculo e auxilindo na conversão do pepsinogênio em pepsina, evitando a presença de nutrientes não digeridos, que poderiam ser usados ​​por bactérias oportunistas. A estratégia de redução de pH é mais adotada com o intuito de reduzir o pH no papo e proventrículo das aves. O papo atua como filtro contra microrganismos patógenos, pois bactérias patogênicas são sensíveis a pH baixos como do papo. Dessa forma, menor quantidade de bactérias patógenas consegue migrar para porção posterior do trato gastrointestinal. Reduzir o pH da luz intestinal é praticamente impossível, pois os animais regulam o pH intestinal com a secreção de bicarbonato de sódio no duodeno. Contudo, existe um microambiente ácido na superfície intestinal que torna a difusão de ácidos não dissociados possível.

Outro modo de ação descrito na literatura é a interferência na comunicação entre as bactérias, ou inibição do quórum sensing, que por sua vez inibe a expressão dos genes de virulência. O ácido propiônico, por exemplo, é muito eficaz contra a Salmonella Typhimurium, pois causa mudanças na expressão da SPI-1 que possui genes que codificam proteínas reguladoras que facilitam a entrada de Salmonella no citosol das células epiteliais. Desta forma, o ácido propiônico inibe a invasão da Salmonella nas células hospedeiras. Já o ácido acético pode inibir a síntese de metionina pela E. coli, levando ao acúmulo de substâncias tóxicas que prejudicam o crescimento celular. Por sua vez, o ácido fórmico inibe descarboxilases microbianas e enzimas como as catalases. Sua atividade microbiológica é principalmente contra fungos e bactérias, sendo utilizado contra salmonela em alimentos.

Desta forma, os ácidos orgânicos se apresentam com uma alternativa viável e eficiente para a inibição de bactérias patogênicas que competem com o hospedeiro pelos nutrientes disponíveis. O uso de ácidos orgânicos reduz a presença de possíveis metabólitos bacterianos tóxicos, resultando na melhoria da digestibilidade dos nutrientes, na melhoria do desempenho das aves e da imunidade.

Outras notícias você encontra na edição de Aves de junho/julho de 2019.

Fonte: O Presente Rural

Avicultura

Vendas externas de carne de frango voltam a crescer em março

No balanço do primeiro trimestre de 2024, as vendas externas totalizam 1,2 milhão de toneladas, 7,2% menos que no mesmo período do ano passado.

Publicado em

em

Foto: Shutterstock

As exportações brasileiras de carne de frango voltaram a crescer em março, depois de dois meses em queda.

Segundo dados da Secex analisados pelo Cepea, foram embarcadas 418,1 mil toneladas (entre produtos in natura e industrializados), volume 5,2% maior que o de fevereiro/24, mas 18,7% inferior ao de março/23.

No balanço do primeiro trimestre de 2024, as vendas externas totalizam 1,2 milhão de toneladas, 7,2% menos que no mesmo período do ano passado.

À China – ainda maior parceira comercial do Brasil –, os envios caíram 7,4% entre fevereiro e março, passando para 38 mil toneladas.

Apesar disso, pesquisadores do Cepea apontam que o setor avícola nacional está confiante, tendo em vista que oito novas plantas frigoríficas foram habilitadas para exportar à China.

 

Fonte: Assessoria Cepea
Continue Lendo

Avicultura Saúde intestinal e saúde óssea

Impacto sobre a rentabilidade e qualidade das carcaças de frangos de corte

Dentre as afecções que podem comprometer a saúde intestinal dos bezerros está a Colibacilose, que tem como agente etiológico a bactéria Escherichia coli.

Publicado em

em

Foto: Shutterstock

A saúde intestinal e a saúde óssea estão em conexão por mecanismos que envolvem, principalmente, a microbioma intestinal e a comunicação com as células ósseas. O equilíbrio e estabilidade da microbiota intestinal influencia diretamente a homeostase óssea. “Um dos mecanismos que vem sendo estudado é o papel da microbiota sobre a regulação da homeostase do sistema imune intestinal. Alterações na composição da microbiota intestinal podem ativar o sistema imunológico da mucosa, resultando em inflamação crônica e lesões na mucosa intestinal”, explica a doutora Jovanir Inês Müller Fernandes, durante a Conexão Novus, evento realizado em 07 de março, em Cascavel, no Paraná.

Conforme salienta a palestrante, a ativação do sistema imunológico pode levar a produção de citocinas pró-inflamatórias e alteração na população de células imunes que são importantes para manter a homeostase orgânica e controlar os processos inflamatórios decorrentes, mas simultaneamente pode reduzir os processos anabólicos como a formação óssea. “Isso porque os precursores osteoclásticos derivam da linhagem monócito/macrófago, células de origem imunitária” frisa.

Consequentemente, o sistema imunológico medeia efeitos poderosos na renovação óssea. “As células T ativadas e as células B secretam fatores pró-osteoclastogênicos, incluindo o ativador do receptor de fator nuclear kappa B (NF-kB), o ligante do receptor ativador do fator nuclear kappa B (RANKL), interleucina (IL) -17A e fator de necrose tumoral (TNF-α), promovendo perda óssea em estados inflamatórios”, detalha a professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Problemas

Além disso, doutora Jovanir também ressalta que o intenso crescimento em reduzido tempo das atuais linhagens de frangos de corte resulta em sobrecarga sobre um sistema ósseo em mineralização. Ela frisa ainda que o centro de gravidade dos frangos tem sido deslocado para frente, em comparação com seus ancestrais, o que afeta a maneira como o frango se locomove e resulta em pressão adicional em seus quadris e pernas, afetando principalmente três pontos de choque: a quarta vértebra toráxica e as epífises proximais da tíbia e do fêmur. “Nesses locais são produzidas lesões mecânicas e microfraturas, e tensões nas cartilagens imaturas, especialmente na parte proximal dos ossos. As lesões mecânicas danificam e rompem os vasos sanguíneos que chegam até a placa de crescimento e, como consequência, as bactérias que circulam no sangue conseguem chegar às microfaturas e colonizá-las, iniciando as inflamações sépticas”, relata.

O aumento do consumo de água e a produção de excretas que são depositadas na cama, associado a uma menor digestibilidade da dieta, segundo a médica veterinária, resultam em aumento da umidade e produção de amônia. “Camas úmidas aumentam a riqueza e diversidade da microbiota patogênica, que pode alterar o microbioma da ave e desencadear a disbiose intestinal, pode favorecer a translocação bacteriana pelas lesões de podermatite e afetar a mucosa respiratória pelo aumento da produção de amônia que, consequentemente, resulta em desafios à mucosa respiratória e aumento da sinalização imunológica por citocinas e moléculas inflamatórias” enfatiza a profissional.

lém desses fatores, doutora Jovanir explica que a identificação de cepas bacterianas e virais mais patogênicas e virulentas, que eram consideradas comensais, podem estar envolvidas na ocorrência e agravamento dos problemas locomotores e artrites, a exemplo dos isolamentos já feitos no Brasil de cepas patogênicas de Enterococcus faecalis. “O surgimento dessas cepas pode estar relacionado com a pressão de seleção de microrganismos resistentes pelo uso sem critérios de antibióticos terapêuticos e o manejo inadequado nos aviários”, elucida.

Segundo a médica-veterinária, devido a dor e a dificuldade locomotora, as aves passam a ficar mais tempo sentadas, o que compromete ainda mais a circulação sanguínea nas áreas de crescimento ósseo, contribuindo com a isquemia e necrose. “Isso também contribui para a ocorrência de pododermatite, dermatites e celulites. Importante ainda destacar que esses distúrbios podem resultar em alterações da angulação dos ossos longos e contribuir para o rompimento de ligamentos e tendões, bem como a ocorrência de artrites assépticas. Nesse sentido, é fundamental a manutenção de um microbioma ideal para modular o remodelamento ósseo das aves” adverte.

Importância do microbioma intestinal nos ossos

“Pesquisadores mostram que a comunicação entre microbioma e homeostase óssea garante a ação dos osteoblastos maior que a ação dos osteoclastos, com isso, garantindo boa remodelação óssea. Ou seja, forma mais osso sólido do que se rarefaz’, complementa Jovanir Fernandes.

Além disso, ela informa que a composição da microbiota do intestino impacta na absorção dos nutrientes, promovendo aumento de assimilação de cálcio, magnésio e fósforo – vitais na saúde óssea. “Durante o processo de fermentação, os micróbios intestinais produzem numerosos compostos bioativos, que são importantes para a saúde óssea, como vitaminas do complexo B e vitamina K. As bactérias intestinais produzem também ácidos graxos de cadeia curta (ácido butírico), importantes na regulação dos osteocitos e massa óssea”, ressalta.

Os estudos, de acordo com a palestrante, indicam que esses ácidos graxos inibem a reabsorção óssea através da regulação da diferenciação dos osteoclastos e estimulam a mineralização óssea. “Age também ativando células Treg (potencializadoras de células tronco nos ossos). Hormônios produzidos no intestino pela presença de bactérias boas desempenham um papel importante na homeostase e metabolismo ósseo”, aponta.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
Continue Lendo

Avicultura

Um calo que precisa ser tratado

Os prejuízos financeiros decorrentes de doenças de pele e distúrbios ósseos não podem ser subestimados.

Publicado em

em

Foto: hutterstock

Ao longo dos anos, temos testemunhado um aumento preocupante nos problemas relacionados à integridade dermatológica e óssea das aves, representando um desafio substancial para todos os envolvidos na cadeia de produção avícola. Desde os prejuízos econômicos até as preocupações com o bem-estar animal, os efeitos desses problemas são profundos e generalizados.

Os prejuízos financeiros decorrentes de doenças de pele e distúrbios ósseos não podem ser subestimados. Além do custo direto da perda de aves e da redução da eficiência produtiva, há também os impactos indiretos, como os gastos com tratamentos veterinários, a diminuição da qualidade dos produtos e a reputação negativa da atividade. Esses problemas afetam não apenas a rentabilidade das operações avícolas, mas também a sustentabilidade de toda a indústria.

É imperativo adotar uma abordagem proativa e colaborativa para enfrentar esses desafios. A pesquisa científica desempenha um papel fundamental na identificação das causas e no desenvolvimento de soluções eficazes.

Devemos investir em estudos que ampliem nosso entendimento sobre os mecanismos que afetam a saúde da pele e dos ossos das aves, bem como em tecnologias inovadoras que possam mitigar esses problemas.

Além disso, o manejo adequado das instalações avícolas e a implementação de práticas de manejo baseadas em evidências são essenciais para promover a saúde e o bem-estar das aves. Isso inclui garantir condições de alojamento adequadas e fornecer uma dieta balanceada e adaptada às necessidades nutricionais das aves.

É importante que todos os atores do setor avícola se unam em um esforço conjunto para enfrentar os desafios relacionados à saúde da pele e dos ossos das aves. Somente através da colaboração entre produtores, pesquisadores, veterinários e profissionais do setor poderemos desenvolver e implementar as soluções necessárias para resolução desses problemas.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: Por Giuliano De Luca, jornalista e editor-chefe do Jornal O Presente Rural
Continue Lendo
SIAVS 2024 E

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.