Notícias Demora no repasse
Acesso do produtor ao seguro rural é debatido em reunião da FPA
Agricultores reclamam da demora das seguradoras na realização dos pagamentos.

Devido à alta demanda de produtores rurais pela resolução de problemas vinculados ao acesso ao seguro rural, bem como a falta de indenização aos produtores por parte das seguradoras, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) se reuniu, na terça-feira (05), para discutir formas de minimizar os problemas.
Hoje em dia, por conta do teto de gastos, não é possível prorrogar as dívidas agrícolas, diferentemente do que ocorria no passado, por isso o seguro é a única saída. Os produtores entendem que o seguro rural é imprescindível num cenário como esse, mas que todos temem que o atraso no pagamento possa colocar em descrédito o Programa e incentivar os produtores a não contratá-lo.

Presidente da FPA, deputado federal Sérgio Souza: “O seguro rural é cada vez mais imprescindível para dar segurança ao produtor rural” – Foto: Divulgação/FPA
De acordo com o presidente da FPA, deputado federal Sérgio Souza (MDB-PR), muitos agricultores que contrataram o seguro rural não receberam as indenizações referentes às perdas ocorridas no ano anterior. “Eles precisam desse dinheiro, seja para quitar dívidas, seja para comprar insumos para uma nova safra. As seguradoras têm demorado a fazer esse repasse, já que passamos pela maior seca dos últimos 40 anos, o que causou uma sobrecarga nas empresas”, explicou.
Segundo Sérgio Souza, ficou decidido que os sindicatos rurais e cooperativas devem chamar seus associados e ver quem tem o problema, para que se encaminhe, de forma conjunta, à Susep. E assim, a Susep possa agir nos casos de não pagamento e levantar os motivos para a falta de repasse. “O seguro rural é cada vez mais imprescindível para dar segurança ao produtor rural. O produtor que tem seguro consegue minimizar seu prejuízo, mas precisa receber o que é devido”, afirmou.
O diretor de Risco Rural do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Pedro Loyola, ressaltou que dos pagamentos de indenizações do seguro rural, 70% dos analisados já foram pagos e que o restante já está em análise. “Conversamos também com representantes da Superintendência de Seguros Privados que nos afirmaram que dos 312 casos de reclamações de atrasos de pagamentos, 225 já foram liquidados”, disse.
A Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), reforçou que a seca causou uma sobrecarga nos trabalhos das empresas e ocasionou uma demora além do normal. Segundo a Federação, cada laudo é analisado e liberado individualmente para pagamento, o que demanda, naturalmente, um tempo maior de processo.
Autocontrole
Outro assunto abordado na reunião, o Projeto de Lei nº 1293, que estabelece a fiscalização agropecuária por Autocontrole, teve a importância reforçada pelo deputado federal e membro da FPA, Domingos Sávio (PL-MG). De acordo com o relator na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados e autor do substitutivo, o texto foi construído com ajuda da sociedade civil e é parte imprescindível em um processo de evolução da legislação.
“É modernização e melhoria entre a estrutura pública e o setor produtivo. Temos uma legislação de quase um século e que começa a travar o desenvolvimento do Brasil e o que estamos fazendo é essa mudança, extremamente necessária e benéfica ao país”, explicou.
Para o parlamentar, o Projeto de Lei tem sido vítima de mentiras com relação ao teor das atribuições e responsabilidades. Mesmo com o texto aprovado na Câmara e nas Comissões do Senado, Domingos afirma que se levarem a votação ao Plenário, as inverdades seguirão sendo combatidas. “Em momento algum se retira responsabilidade ou autonomia do Mapa e dos órgãos estaduais e municipais de saúde pública. Ao contrário, reafirma o poder de polícia administrativa, além de elencar punições e multas ampliadas. Vamos continuar lutando para melhorar o setor e o Brasil”, ressaltou.
Por conta de recurso recebido no último dia 27 de junho, a matéria será apreciada também pelo Plenário do Senado Federal, e desde segunda-feira (04) está com prazo aberto para apresentação de Emendas.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



