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Abrates vai ampliar divulgação científica em tecnologia de sementes
Nova diretoria da Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes pretende aprimorar suas publicações, em linguagem mais compreensível e com maior visibilidade.

A nova diretoria da Associação Brasileira de Tecnologias de Sementes (Abrates), presidida pelo pesquisador da Embrapa Soja, doutor Fernando Henning, deve implementar no próximo ano as propostas de inovação voltadas à publicação de trabalhos técnicos científicos, a divulgação de resultados de pesquisas em tecnologia de sementes, a atualização tecnológica e capacitação dos profissionais da cadeia sementeira, entre outras ações.
Eleito durante o 21º Congresso Brasileiro de Sementes, um dos principais eventos da Abrates, ocorrido em setembro, em Curitiba (PR), Fernando Henning tomou posse recentemente em substituição ao doutor Francisco Carlos Krzyzanowski, pesquisador da Embrapa Soja, que compõe a diretoria atual como diretor-financeiro. A diretoria tem o também pesquisador da Embrapa Soja, doutor José Barros França Neto, como vice-presidente.
“Procuramos formar uma diretoria heterogênea, preservando a essência da Abrates e seu papel de relevância para a sociedade. A Abrates é uma entidade que conversa com diferentes setores da cadeia de produção de sementes, sempre atenta e aberta a novos conceitos”, afirma Henning.
Dentre as metas dos novos diretores, o presidente destaca a adequação de estratégias de comunicação e divulgação de publicações. “O objetivo é fazer com que as divulgações científicas tenham maior visibilidade e sejam mais facilmente assimiladas”, entende Henning.
Olhando por este prisma, ganha reforço, nesta discussão, as ações que buscam melhorar a acessibilidade digital em termos via web, informativos e revista científica. Ele acrescenta que a divulgação científica faz com que os trabalhos dos pesquisadores estejam em diversos materiais (livros, artigos científicos, textos publicados na web etc.).
Linguagem acessível
“A ideia é sempre buscar melhorar e atualizar nossos canais com o público. Hoje, com a expansão da internet ficou muito mais fácil e rápido divulgar informações científicas, porém a gente quer fazer isso com um conteúdo de fácil compreensão ao produtor de sementes e demais envolvidos nesta cadeia. Em síntese, queremos ampliar nossa forma de conversar com todos os envolvidos da cadeia de sementes”, observa Fernando Henning.
Entre as principais mudanças, o Informativo Abrates passará por uma reformulação completa. O Informativo é uma publicação quadrimestral, destinado à publicação de trabalhos técnicos, revisões de literatura, notícias de interesse para a indústria de sementes, além de outras informações sobre a Associação.
Estão sendo reformulados os critérios para recebimento dos artigos e publicações, que estão sendo debatidos por um time novo de editores que integra a diretoria. “O objetivo é melhorar a acessibilidade da informação e novas formas de divulgação, trazendo artigos científicos em linguagem simples, direta ao público do informativo”, ressalta Henning.
O vice-presidente José Barros França Neto complementa, reforçando que a reestruturação do Informativo vai deixá-lo mais dinâmico, ágil e totalmente informatizado.
Outra novidade diz respeito ao principal evento da Abrates, o Congresso Brasileiro de Sementes (CBSementes), que este ano realizou sua 21ª edição. A intenção da diretoria é buscar um novo formato, novas formas de divulgação para atrair maior número de participantes.
“Já estamos pensando no local e tema do próximo Congresso, que acontecerá em 2024. Queremos atrair mais público, especialmente, mais produtores de sementes, trazer novas ideias para realização do Congresso”, afirmou Henning, lembrando que o CBSementes é referência na apresentação de resultados e tecnologia em todo o mundo. O evento é um dos maiores do setor da América Latina.
Além do Congresso, a Abrates coordena três comitês técnicos e promove cursos de capacitação e treinamentos em parceria com universidades. “As diretorias anteriores nos deixaram uma herança fantástica em relação aos cursos, treinamentos e eventos. Queremos dar continuidade, ampliando os cursos para atender novas demandas”, afirma.
França Neto ressalta que está em análise a reformulação do Curso de Fisiologia de Sementes, que na pandemia passou a ser on-line. “Estamos avaliando como reativá-lo, se presencialmente, ou se continuará on-line. Por ser um curso teórico, talvez seja mais interessante continuar on-line, pois é mais abrangente e mais barato, mas ainda é algo em discussão”, adianta o vice-presidente.
Hoje a associação tem como canais de divulgação da pesquisa o Journal of Seed Science e o Informativo Abrates, além do Abrates em Foco, publicações em revistas e nas mídias sociais, e ainda a edição de livros científicos.
Em campanha para novos associados
A Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes convida os interessados do setor de Ciência e Tecnologia de Sementes a se tornarem associados da entidade. Para isto, a Abrates está em permanente campanha, oferecendo uma série de vantagens, entre elas, descontos especiais nas publicações de artigos científicos publicados no “Journal of Seed Science” (JSS), revista científica de renome internacional.
Também há descontos nas taxas de inscrição dos eventos promovidos pela Abrates, e dos cursos de formação de analistas, de fisiologia de sementes, workshops e nos CBSementes. Em relação às publicações, são concedidos descontos especiais na primeira compra da unidade de cada título adquirido.
França Neto lembra que o site da Abrates disponibiliza aos associados acesso gratuito à revista científica, totalmente digitalizada desde o primeiro exemplar, em 1979, até os atuais. “Todas as ações da diretoria são divulgadas no site na página Nossas Notícias, trazendo informações atualizadas que envolvem a ciência e a tecnologia de sementes”, afirma.
“A intenção é trazer para nosso quadro de associados tanto empresas do setor, como pessoas físicas, entre elas estudantes, para os quais os preços são diferenciados para se associar”, complementa França Neto.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



