Bovinos / Grãos / Máquinas Atentos a mudança climática
Abramilho destaca importância do grão na nutrição animal e prevê produção 10% maior em 2022
Para o agricultor e presidente institucional da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Cesario Ramalho, os agricultores brasileiros se mostraram resilientes frente aos desafios impostos no decorrer de 2021: elevação nos custos de insumos, altas consecutivas do combustível e a falta de chuva, situação climática que ocasionou, na última safra de verão, uma redução de 25% da área produzida no Sul do país.

Com um crescimento de 11,20%, o milho é o terceiro maior contribuinte do Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária do Brasil, tendo movimentado R$ 124,78 bilhões nos dez primeiros meses do ano passado, conforme informações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Líder nacional na produção do grão, o Mato Grosso responde por 15,58% do total do VBP brasileiro, com um faturamento de R$ 39 bilhões no acumulado do ano. Sobre Goiás, segundo colocado, o Estado mato-grossense possui receita superior a 12,46%. Números que demonstram a potência do gigante da região Centro-Oeste, que vem despontado cada vez mais no país como principal produtor de milho, soja, algodão e gado de corte.

Presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Cesario Ramalho: “O clima foi o grande vilão das safras de grãos ao longo do ano passado” – Divulgação/Abramilho
“E mesmo com todas essas dificuldades fechamos 2021 de forma bastante positiva para a cultura. O Brasil cresceu a sua produção de grãos e de muitos outros produtos que compõem o agro. O milho ganhou preços novos e alcançou novos patamares, o que propiciou uma boa remuneração aos produtores e estabeleceu uma regra nova de rentabilidade para o campo, com resultados significativos para a agricultura brasileira”, analisou Ramalho em entrevista exclusiva concedida ao Jornal O Presente Rural.
Segundo ele, a pandemia do Coronavírus desregulou o mercado mundial, acentuando a demanda por alimento e aumentando a preocupação das nações com a segurança alimentar. “Neste cenário, o Brasil se sentiu em uma posição bastante favorável, porque o país exporta em torno de 20% da produção brasileira e fica com 80% para o consumo interno. Por exemplo, o milho sustenta toda a cadeia de proteína animal, com destaque para a produção de aves, produto que vem colocando o Brasil em posição de destaque como maior produtor e exportador mundial de carne de frango”, ressalta.
Crescimento da produção brasileira
A produção da safra nacional de grãos fechou o ciclo 2020/2021 com um volume estimado de 252,3 milhões de toneladas, uma redução de 1,8% sobre a safra anterior e 1,6 milhão de toneladas inferior à previsão inicial. Castigada pelas mudanças climáticas, a cultura de milho apresentou uma redução média de 21% da produtividade das lavouras quando comparada à temporada anterior, totalizando 85,75 milhões de toneladas, volume 16,4% menor que em 2019/2020, quando fechou em 102,5 milhões de toneladas, Ramalho diz que a Abramilho estima para a safra 2021/2022 uma produção total de grãos na ordem de 290 milhões se as condições climáticas do ano forem favoráveis ao cultivo de grãos. “O Brasil cresceu em tudo: inteligência de mercado, gestão da produção, técnicas de manejo, geração de empregos e ofereceu tranquilidade no abastecimento do país e para a nossa exportação”, pontua, acrescentando: “A Abramilho entende que o milho é o principal grão produzido no país e para suportar as demandas internacionais da carne de frango, suína e bovina é necessário que a produção de milho cresça, uma vez que é o principal ingrediente da ração para a cadeia animal”, salienta.
Para o país aumentar a produção, Ramalho ressalta que antes é preciso melhorar a produtividade das lavouras brasileiras, que atualmente varia entre cinco e dez mil quilos por hectare, enquanto as lavouras norte-americanas produzem uma média de 12 mil quilos por hectare e as chinesas cerca de seis mil quilos por hectare. “Para ter ganho de produtividade é preciso implementar mais tecnologia no campo e melhorar a qualidade do solo, fator essencial para ampliar a produção média por hectare”, analisa o presidente institucional.
Outra alternativa, elencada por Ramalho, é avançar com a agricultura intensiva – agrossistema que aumenta o uso de insumos e de tecnologia para obter ganho de produtividade e redução nos prazos. “Mato Grosso do Sul já vem há alguns anos avançando com a agricultura nas terras da pecuária, que vem ficando mais intensiva, com muitos confinamentos abertos e outros em processo de abertura. Essas áreas de terras degradadas pela pecuária passam a ser utilizadas pela agricultura, com isso vamos ter novas áreas para incorporar a produção agrícola brasileira”, projeta.
Demandas
A Abramilho está atenta e segue com as negociações com diversas demandas do setor, entre elas linhas de financiamento a longo prazo; maior rentabilidade da atividade; melhor uso dos recursos hídricos disponíveis (água da superfície e em profundidade); ganho de novos mercados visando aumento da exportação; estoques reguladores; garantia de fornecimento de fertilizantes (potássio e nitrogênio); pesquisa e desenvolvimento de novos híbridos de milho que possam ser mais resistentes ao estresse hídrico e a pragas, como a cigarrinha, que castigou de maneira
intensa as lavouras de milho na safra 2020/2021; e seguro rural que inclua a proteção da renda do produtor.
“Enquanto nos Estados Unidos 95% das lavouras possuem seguro, no Brasil nem 10% das lavouras estão asseguradas. Nós estamos permanentemente cobrando o produtor para que proteja sua produção. A agricultura é uma atividade de alto risco, constantemente afetada pela situação climática, então o produtor precisa estar amparado, não dá para trabalhar o ano todo e acumular prejuízo”, enfatiza Ramalho.
O gestor pontua que o país tem capacidade hídrica para produzir uma terceira safra brasileira em vários pontos do país, no entanto, a água da superfície e a encontrada em profundidade ainda é pouco usada. “Com uso racional da água, sem deixar faltar para o consumo da população, as porteiras ficam abertas para conquistar novas áreas e novos produtores. Capacidade de extrair mais água nós temos”, expõe.
Segundo Ramalho, o país é demasiadamente agrícola, afirmação que se comprova com os números estrondosos do VBP brasileiro, que mais uma vez, apesar de algumas perdas, a produção nacional alcançou números faraônicos, firmando o Brasil como terceiro maior produtor de alimentos do mundo, atrás apenas da China e dos Estados Unidos, e como segundo maior exportador global, depois dos norte-americanos, de acordo com os dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). “O VBP demonstra que a agricultura está crescendo ano após ano. Um exemplo desse crescimento avultoso, no Mato Grosso do Sul, apenas uma cooperativa da região de Naviraí, que abrange uma área na ordem de 450 mil hectares, estima que tenha crescido 6% sua área física no último ano. Já na região do Matopiba, formada pelo Estado do Tocantins e partes dos Estados do Maranhão, Piauí e Bahia, cogita-se um crescimento de área física na ordem de 8%”, destaca.
Mudanças drásticas do clima
Os eventos climáticos são um dos grandes desafios a serem superados pela agricultura. Calor excessivo, frio intenso, estiagem ou chuvas volumosas comprometeram o desenvolvimento das lavouras em 2021. “O clima foi o grande vilão das safras de grãos ao longo do ano passado. Na região Sul houve perda da área da safra de verão em razão da estiagem e na região Centro-Oeste, o último período de chuvas foi entre março e junho, fazendo com que os produtores amargassem prejuízo também. Teve muita gente que não colheu nenhum grão. Estamos vivendo um período de mudança climática, por isso que o seguro é tão importante para garantir maior segurança aos agricultores”, enfatiza.
É na ciência que está a solução para enfrentar as situações adversas e extremas do clima, afirma Ramalho. “Pesquisadores da Embrapa e das universidades têm trabalhado intensamente para melhorar as variedades da planta. Através da pesquisa é possível fazer plantas mais resistentes ao estresse climático, com raízes mais profundas para ter mais facilidade para se buscar água no solo por exemplo, encurtar ciclos, etc. É uma corrida permanente para se buscar soluções viáveis e duradouras para o desenvolvimento do milho”, evidencia.
Dependência de insumos para produção de fertilizantes
O Brasil é um grande player global de produção de alimentos, no entanto é dependente de até 90% do cloreto de potássio, produto essencial na formulação dos fertilizantes nacionais. “É uma falha imperdoável que exige maior atenção do governo federal e dos setores envolvidos na produção de grãos. Quando fui presidente da Sociedade Rural Brasileira já demonstrava minha preocupação sobre o risco da dependência excessiva do país em apenas um produto, mas o problema na época não foi encarado com seriedade e infelizmente agora vamos pagar esse preço”, avalia.
Ramalho lembra que a fábrica de glifosato da Bayer em Louisiana, na Califórnia (EUA), permanece fechada depois que o furacão Ida atingiu a Costa do Golfo no final de agosto – o que inflacionou o produto no mercado subindo seu valor para mais de 300% -, complicando ainda mais os problemas logísticos e da cadeia de abastecimento que já haviam restringido o fornecimento global de fertilizantes e produtos químicos.
Por sua vez, ele diz que em várias regiões brasileiras há muito potássio dentro da terra, o que pode reduzir o uso de fertilizantes no decorrer deste ano, afetando em escala menor a produção nacional de grãos.
Custo de produção
Para melhorar a produção nacional de grãos, Ramalho diz que é fundamental que se faça uso racional dos insumos e fatores de produção disponíveis ao produtor. Por mais que cada produtor tem seu próprio custo de produção em função dos fatores de produção de que dispõe, o planejamento da safra passa a ter importância maior e requer uma análise cuidadosa de todos os itens que compõem os custos de produção.
A maioria dos insumos é reajustado pelo equivalente a variação da cotação do dólar, por isso avaliar custos é fundamental na hora de decidir o quanto, onde e quando plantar. Nesse sentido, analisar a relação de troca pode auxiliar o produtor na tomada de decisão. Trata-se de um indicador que mensura a capacidade de compra de um insumo com a receita apurada na venda do produto, ou seja, a quantidade de produto agrícola necessário para a aquisição de um determinado insumo.
Exportações
Com os problemas climáticos afetando o resultado das produções, as exportações no ano passado apresentaram queda de 44,24% no acumulado dos 11 primeiros meses e devem ficar abaixo de 20 milhões de toneladas embarcadas, 50% a menos do que era enviado para fora do país há dois anos.
Contudo, Ramalho afirma que a demanda internacional está crescendo e diferente da soja, que tem como principal comprador a China, o milho tem um mercado bem diversificado, tendo como principais destinos Irã, Espanha e Egito “Estamos em negociação com a Rússia e o Canadá com vistas a ampliação do mercado para o produto brasileiro. O milho já tem um mercado diversificado, ao contrário da soja, que exporta 80% da produção nacional para um único comprador, o que considero um grande risco – é preciso aumentar os contatos externos para pulverizar essas vendas, diferente do milho que tem vários compradores, o que dá mais segurança ao produtor”, reconhece Ramalho.
Para conter os preços no mercado interno e diminuir a pressão do especulador, o país comprou commodities do Paraguai, Argentina e dos Estados Unidos ao longo de 2021. “Foi uma decisão assertiva para viabilizar a cadeia do milho e a agroindústria”, pontua o presidente da Abramilho.
Expectativas para 2022
A Abramilho está em busca constante de melhorias para a atividade no campo, com pesquisas através da Embrapa e de universidades para o desenvolvimento de sementes que suportam melhor o calor excessivo acima de 38ºC. “Precisamos de sementes que se adaptam a esse modelo climático com estresse hídrico, então estamos sempre aprimorando a pesquisa. A agricultura não é apenas colocar a semente no chão e esperar que ela cresça, agricultura é ciência pura. São milhares de pessoas pesquisando e estudando essas sementes para fazer adaptações, campo de estudo altamente desenvolvido há 48 anos com a fundação da Embrapa”, destaca.
O dólar comercial elevado, chegando a R$ 5,75, beneficiou os agricultores na venda do produto ano passado, garantido uma boa remuneração. A saca de 60 quilos foi comercializada na bolsa da B3 com valor variando entre R$ 87 e R$ 90.
Para a safra 2021/2022, a Abramilho estima um crescimento de 10% na produção, podendo alcançar 120 milhões de toneladas, se essa projeção se concretizar será um novo recorde para o setor. “Se o clima for favorável temos plenas condições de alcançar essa produção. Ano passado, devido a situação climática, tivemos uma redução de 15% da estimava inicial, fechando o ano abaixo dos 85 milhões de toneladas ante aos 110 milhões de toneladas projetados”, explica Ramalho.
“Nós temos competência, gestão, máquinas adequadas e tecnologia para aumentar a produção de milho brasileiro. O grão é o mais importante do mundo, não é a soja como se pensa pela grande maioria. Para fazer a ração se usa duas partes de milho e uma de soja, então a produção de milho tem que ser mais que o dobro da produção de soja. Nós estamos trabalhando para a melhoria da terra, incentivando a pesquisa de novas variedades e buscando junto a órgãos governamentais a ampliação do seguro para crescer ainda mais nos próximos anos”, frisa o presidente da Abramilho.
Mais informações sobre o cenário nacional de grãos você pode conferir na edição digital do Anuário do Agronegócio Brasileiro.

Bovinos / Grãos / Máquinas
Brasil avança em norma que libera exportação de subprodutos de bovinos e bubalinos
Proposta moderniza regras sanitárias e permite que empresas do Sisbi-Poa destinem materiais sem demanda interna a plantas com inspeção federal para exportação.

O Brasil deu um passo importante para ampliar o aproveitamento de subprodutos de bovinos e bubalinos destinados ao mercado internacional. O Projeto de Lei 4314/2016, de autoria do ex-deputado Jerônimo Goergen (RS), moderniza regras sanitárias e autoriza que empresas integrantes do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-Poa) destinem ao exterior materiais que não têm demanda alimentar no mercado interno, desde que o envio seja feito por estabelecimentos com fiscalização federal.
A proposta, aprovada na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara, na terça-feira (18), recebeu ajustes de redação e correções técnicas apresentadas pelo relator, deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB).
Ele destacou que versões anteriores do texto acumulavam vícios materiais e erros de referência à Lei 1.283/1950, que regula a inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal no país, o que comprometia a clareza normativa e poderia gerar insegurança jurídica.
Adequação técnica e segurança jurídica

Deputado Cabo Gilberto Silva: “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas” – Foto: Divulgação/FPA
Cabo Gilberto apontou que substitutivos anteriores citavam equivocadamente o artigo 11 da Lei 1.283/1950, quando a referência correta deveria ser o artigo 12, que trata diretamente das condições de inspeção sanitária. Para o relator, manter o erro poderia abrir brechas interpretativas. “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas”, afirmou.
Ele também corrigiu dispositivos que, segundo sua avaliação, extrapolavam a competência do Parlamento ao abordarem temas típicos de regulamentação pelo Poder Executivo. “Alguns trechos invadiam competências próprias do Poder Executivo. Ajustamos essas inconsistências para preservar a constitucionalidade e a técnica legislativa”, explicou.
Exportação via estabelecimentos com inspeção federal
Com essas correções, o texto final deixa claro que estabelecimentos estaduais ou municipais integrados ao Sisbi-Poa poderão destinar subprodutos sem demanda local a plantas industriais com inspeção federal, habilitadas pelo Ministério da Agricultura para exportação.
A medida atende mercados externos que utilizam esses materiais em diversas aplicações industriais e contribui para ampliar o aproveitamento de resíduos do abate, fortalecer a cadeia produtiva e garantir conformidade sanitária nas operações internacionais.
Avanço regulatório
Para o deputado Cabo Gilberto, a atualização moderniza a legislação e posiciona o Brasil para aproveitar melhor oportunidades no comércio global. “A atualização aperfeiçoa a legislação, reforça o papel do Sisbi-Poa e contribui para que o país aproveite oportunidades no mercado internacional sem comprometer a fiscalização sanitária”, destacou o relator.
Bovinos / Grãos / Máquinas
Aliança Láctea debate crise do leite e traça estratégias para fortalecer o setor no Sul e Sudeste
Encontro em Florianópolis reuniu lideranças de vários estados para discutir competitividade, exportações, antidumping e ações conjuntas para reverter a crise da cadeia produtiva.

Os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor foram destaques na reunião da Aliança Láctea Sul Brasileira (ALSB), realizada na terça-feira (18), na sede do Sistema Faesc/Senar, em Florianópolis. O evento, realizado de forma híbrida, reuniu lideranças das federações de agricultura, representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, bem como de governos estaduais e entidades dos três Estados do Sul, do Centro Oeste e de São Paulo, para discutir temas estratégicos para o futuro da cadeia produtiva do leite.
A abertura do evento reforçou a importância da atuação conjunta para a construção de políticas públicas que assegurem competitividade, sustentabilidade e crescimento para o segmento. Durante sua explanação, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc), José Zeferino Pedrozo, expressou a satisfação em sediar o encontro e expôs a preocupação com essa grave crise que afeta diretamente a economia rural e a sobrevivência de mais de milhares de famílias produtoras.

Registro das lideranças que participaram da reunião de forma presencial – Foto: Enzo Santiago
O dirigente lembrou da audiência pública, recém-realizada pela Alesc, para discutir a atual situação da cadeia produtiva. “A Assembleia Legislativa, por iniciativa do deputado estadual Altair Silva, promoveu essa audiência pública que oportunizou discussões relevantes sobre o tema. Representamos a Federação da Agricultura do nosso estado e, para nossa surpresa, a mobilização foi tão significativa que contou com mais de 700 pessoas. O evento resultou na criação de uma comissão que trabalhará estrategicamente junto ao governo federal e ao governo catarinense nas sugestões indicadas”.
Pedrozo também ressaltou que em janeiro deste ano levou à CNA, a preocupação com a queda constante no preço pago aos produtores. “A CNA imediatamente solicitou a aplicação de um antidumping provisório, pedindo a verificação dos preços do leite em pó importado da Argentina e do Uruguai”, afirmou.
As atividades seguiram com explanação do presidente da ALSB, Rodrigo Ramos Rizzo, que destacou a importância estratégica da reunião e mediou os debates. Entre os destaques da programação esteve a apresentação do Modelo de Negócios para exportação de lácteos, que focou nas oportunidades para ampliar a presença brasileira no mercado internacional e tornar a cadeia mais competitiva. A explanação foi conduzida pelo consultor Airton Spies e o objetivo é entregar a proposta ao CODESUL e ao BRDE.
“O documento foi elaborado pelo Grupo de Trabalho da Aliança está finalizado. Agora, estamos formatando para entregar de uma maneira formal ao CODESUL no mês de dezembro, com as adequações que cada uma das entidades julgar necessário”, afirmou Rodrigo Rizzo.
Outro item da pauta foi a apresentação do “Termo de Prorrogação” da ALSB, conduzida por Orlando Pessuti, representando o CODESUL. A Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, representada por José Carlos de Faria Cardoso Junior, ampliou o diálogo da ALSB com outros Estados interessados em participar e fortalecer a Aliança Láctea Sul Brasileira.
Também ganhou ênfase a apresentação do presidente da Cooperativa Central Gaúcha (CCGL), Caio Viana, e sua equipe que relataram o case sobre o status sanitário do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT) da cooperativa. O encontro abordou, ainda, a definição da direção da ALSB para o período 2026–2027, que ficará sob responsabilidade da Faep, e abriu espaço para contribuições gerais dos participantes, que ampliaram o diálogo para fortalecer a cadeia produtiva.
Encontro produtivo para o futuro do setor
Rodrigo Rizzo fez uma avaliação positiva da reunião, destacando que foi produtiva ao trazer diversos itens de pauta que refletem o cenário atual do setor. Segundo ele, um dos temas de impacto foi a questão da brucelose e da tuberculose, apontada como uma melhoria ainda necessária para aprimorar todo o processo e fortalecer o acesso ao mercado internacional.
Na visão de Rizzo, a união das entidades tem sido fundamental, especialmente para enfrentar a ação antidumping movida pela CNA, relacionada ao leite em pó importado, principalmente do Uruguai e da Argentina, que tem prejudicado o setor. “Esse produto tem entrado no país e afetado tanto as indústrias, que perdem competitividade, quanto os produtores, que enfrentam a queda nos preços”, destacou.

Reunião discutiu os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor – Foto: Silvania Cuochinski/MB Comunicação
O presidente da Aliança Láctea frisou, ainda, que é importante seguir atento ao monitoramento que que vem sendo realizado em relação à ação antidumping movido pela CNA. “Também discutimos sobre as exportações e competitividade. Somos competitivos em praticamente todos os aspectos. Temos alta qualidade e excelência na produção do nosso leite. O único ponto que ainda precisamos melhorar é o preço. O Brasil ainda não é competitivo nesse quesito. Isso depende de tempo e de um trabalho interno que precisa ser realizado.”, ressaltou.
O presidente Pedrozo também avaliou positivamente o encontro. Em sua mensagem final, reforçou o papel da Aliança Láctea Sul-Brasileira como um fórum essencial para a articulação institucional, debate técnico e construção de estratégias conjuntas capazes de contribuir para a superação da crise enfrentada pelo setor e para impulsionar o desenvolvimento da cadeia láctea. “Agradeço a participação de todos e espero que esse encontro represente mais um passo para a busca por soluções que fortaleçam o setor, promovendo o crescimento não apenas nos Estados envolvidos, mas em todo o Brasil. “
Representação
Também participaram e contribuíram com suas que contribuíram com análises e encaminhamentos essenciais para o fortalecimento da cadeia láctea, as seguintes autoridades e representantes de entidades: o presidente do Sindileite/SC e Conseleite/SC, Selvino Giesel; o secretário adjunto da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina, Admir Edi Dalla Cort; o assessor técnico da CNA, Guilherme Dias; o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Ronei Volpi; o presidente do Sindileite/PR, Elias José Zydek; o presidente do Sindilat/RS, Guilherme Portela; o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni; representantes da Farsul e da Faep; o secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná, Marcio Fernando Nunes; o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Elias Verruck; o presidente do SILEMS, Abraão Giuseppe Beluzi; representantes da secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul, da Secretaria de Articulação Nacional, representantes do Sindilat, do Sebrae/RS; Conseleite/RS; do Codesul/PR, da Epagri, da Cidasc; entre outros.
Bovinos / Grãos / Máquinas Pecuária no Pampa
Produtores da Campanha conhecem tecnologias para bovinos e gestão do clima
Tarde de Campo em Hulha Negra apresentou ferramentas de rastreabilidade, controle de pragas, nutrição animal e agrometeorologia aplicada ao campo.

Produtores da região da Campanha gaúcha tiveram a oportunidade de conhecer, na terça-feira (18), tecnologias aplicadas à pecuária de corte durante a Tarde de Campo organizada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), por meio do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA). O evento ocorreu no Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Sistemas Integrados e Meteorologia Aplicada (Cesimet).
O foco da atividade foram pesquisas e ferramentas práticas para manejo de bovinos, nutrição, controle de carrapatos, identificação biométrica e agrometeorologia, voltadas especialmente para produtores da região.
Segundo Gabriel Fiori, médico-veterinário do Cesimet e coordenador do evento, o objetivo é integrar pesquisa aplicada e necessidade do produtor. “Estamos apresentando uma seleção de experimentos e resultados-chave desenvolvidos pela Secretaria, após um longo período de interrupção desse tipo de atividade. Este momento simboliza a revitalização do Centro. As tecnologias e ferramentas demonstradas são direcionadas especialmente aos produtores da Campanha”, afirmou.

Fiori reforçou o papel estratégico do Cesimet para a região. “A força da pesquisa aplicada e da inovação está no coração do Pampa. Mais do que um centro de pesquisa, somos um espaço que integra produtores e poder público. Não é apenas um evento técnico, mas um ambiente de troca e construção de conhecimento conectado às tendências atuais”, completou.
Márcio Amaral, diretor-geral da Seapi, destacou a importância de conciliar produtividade e sustentabilidade. “O desafio é trabalhar em uma atividade que precisa aumentar a produtividade sem descuidar da questão ambiental. A pecuária está retomando força na região, e integrar lavoura e pecuária é o caminho ideal”, disse.
Agrometeorologia e planejamento do produtor
Flávio Varone, coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS), apresentou dados em tempo real de 102 estações meteorológicas no Estado. O sistema permite ao produtor acessar informações sobre irrigação, umidade do solo e temperatura, tanto pelo site quanto pelo aplicativo gratuito. “Hoje contamos com previsão do tempo e dados agroclimáticos integrados. O produtor gaúcho tem, na tela do celular, informações essenciais para planejar suas atividades”, explicou Varone.
Geovanna Klassen Gielow, estudante de Agronomia da Urcamp, avaliou o aprendizado. “A palestra sobre clima agrometeorológico foi essencial para ver na prática a aplicação do que aprendemos na sala de aula”, comentou.
Rastreabilidade e sanidade animal
O controle de carrapatos foi apresentado pelo pesquisador José Reck Junior, do IPVDF/Seapi. O Rio Grande do Sul mantém testes gratuitos há 40 anos para avaliar a eficácia de carrapaticidas, um diferencial do Estado. “As condições climáticas da região favorecem a proliferação do carrapato durante grande parte do ano, e a resistência aos produtos usados no campo é um desafio constante”, disse.
A identificação biométrica de bovinos foi demonstrada pelo CEO da QR Cattle, Flávio Mallmann. A tecnologia permite rastrear cada animal, registrar sua localização georreferenciada e o tempo de permanência em cada propriedade. “Quando o animal se desloca, o sistema registra automaticamente essa mudança. A plataforma deve estar disponível ao público a partir de janeiro de 2026”, afirmou.
Além disso, o evento abordou nutrição e reprodução de bovinos, reforçando a integração entre pesquisa aplicada e necessidade produtiva da região.



