Avicultura
ABPA avalia 2023 como positivo e tem perspectivas ainda mais otimistas para este ano
Em receita, o resultado obtido no período chega a US$ 60,7 milhões, saldo 187,4% superior ao total registrado nos 11 primeiros meses de 2022, com US$ 21,122 milhões.
O setor de proteína animal do Brasil apresentou um desempenho positivo em 2023, apesar dos desafios econômicos e sanitários enfrentados pelo país. No setor de carne de frango, a produção e o consumo apresentaram crescimento, enquanto a exportação superou pela primeira vez a barreira de cinco milhões de toneladas exportadas.
Na suinocultura, a produção teve alta, o consumo se manteve estável e o volume embarcado superou 1,2 milhão de toneladas. Já na avicultura de postura, a produção e o consumo encerraram o ano com leve variação em relação a 2022, ao passo que as exportações ficaram abaixo do projetado para 2023, mas muito acima do registrado no ano anterior. E a genética avícola brasileira ganha cada vez mais mercado, tendo encerra o último ano com crescimento significativo.
As perspectivas para 2024 são otimistas. Em entrevista exclusiva ao Jornal O Presente Rural, o diretor de Mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Luis Rua, analisa o desempenho do setor em 2023 e destaca perspectivas promissoras para o ano que se inicia, sinalizando um horizonte favorável para a avicultura e a suinocultura brasileira.
Produção menor e exportação histórica
Conforme Rua, 2023 fechou com uma produção de carne de frango um pouco menor do que a estimada pela ABPA no início do segundo semestre do ano passado, que previa alcançar até 14,95 milhões de toneladas, no entanto, o número final deverá ficar entre 14,8 e 14,9 milhões de toneladas, crescimento de 2,6% em relação ao total produzido em 2022, que foi de 14,52 milhões de toneladas. “As projeções iniciais de produção sofreram leves oscilações para baixo em comparação com as projeções do início do ano”, pontua.
Contudo, a estimativa da ABPA aponta para uma tendência de crescimento em 2024, com até 3,7% de alta na produção de carne de frango em relação ao que volume produzido em 2023, estimada em até 15,35 milhões de toneladas.
Com aumento previsto em 1%, a disponibilidade de produtos no mercado interno encerrou o ano passado superior ao registrado em 2022, devendo fechar em até 9,8 milhões de toneladas. A expectativa para 2024 é atingir pouco mais de 10 milhões de toneladas. “A produção ligeiramente mais elevada atende ao objetivo de um contexto de maior demanda pelo produto brasileiro tanto no mercado interno quanto no internacional”, enfatiza o diretor de Mercados da ABPA.
Rua também adianta que o consumo per capita de carne de frango ficará maior que os 45,2 quilos registrados em 2022, mas menor que os 46 quilos estimados para 2023. A estimativa é que o consumo tenha um aumento mais expressivo em 2024, podendo alcançar até 47 quilos per capita, incremento de até 2,2% em relação ao último ano.
Com a avicultura internacional sob forte pressão dos impactos decorrentes da crise de Influenza aviária de Alta Patogenicidade (IAAP-H5N1), que afetou diversos países ao redor do planeta, o Brasil construiu ao longo das últimas décadas uma sólida relação no mercado externo, que atrelada a imagem internacional do setor avícola brasileiro, ajudou a reforçar a posição do país como auxiliador da segurança alimentar global. Conforme Rua, essa posição contribuiu para que o país conquistasse novas oportunidades, com a abertura de novos mercados para a carne de frango, como da Argélia, Israel e Vanuatu, além de pré-listing para Reino Unido, Chile, Cuba e Singapura.
Pela primeira vez na história, o setor superou a barreira de cinco milhões de toneladas exportadas, podendo alcançar até 5,15 milhões de toneladas, número até 6,8% superior em relação a 2022, quando atingiu 4,82 milhões de toneladas. E para este ano, as previsões se concentram em um crescimento de até 3,9%, podendo chegar até 5,3 milhões de toneladas enviadas ao exterior.
O resultado acumulado nas exportações dos 11 primeiros meses de 2023 chegou a US$ 8,977 bilhões, número equivalente ao registrado entre janeiro e novembro de 2022, com US$ 8,976 bilhões. Principal destino das exportações de carne de frango, a China importou entre janeiro e novembro do ano passado o equivalente a 632,2 mil toneladas, volume 28% superior ao registrado no mesmo período de 2022. Na sequência, Emirados Árabes é o segundo maior comprador do Brasil, com 396,4 mil toneladas embarcadas até novembro, baixa de 3,3% em ralação ao mesmo período do ano anterior; e Japão importou 377,6 mil toneladas, queda de 1,6% quando comparado a 2022. Outros destaques no período foram a Arábia Saudita, com 337,4 mil toneladas (+7,2%), África do Sul, com 309,2 mil toneladas (+20,9%), Coreia do Sul, com 184,4 mil toneladas (+9,8%), México, com 172,5 mil toneladas (+28,4%), e Iraque, com 137,6 mil toneladas (184,4%).
Estados que lideram as exportações
Entre os principais estados exportadores, o Paraná segue líder, com produção total de 1,923 milhão de toneladas entre janeiro e novembro do ano passado, volume 9,34% superior ao registrado no mesmo período de 2022, detendo 42,1% de participação de mercado. Completam o ranking dos cinco principais exportadores os estados de Santa Catarina, com 994,4 mil toneladas (+6,90%), Rio Grande do Sul, com 672,3 mil toneladas (-3,38%), São Paulo, com 268,9 mil toneladas (+6,43%) e Goiás, com 213,1 mil toneladas (+19,90%)
Perspectivas para avicultura de corte
Quando questionado sobre o cenário atual da avicultura de corte brasileira, Rua é enfático ao afirma que segue desafiador, assim como registrado nos últimos cinco anos. Segundo ele, embora o preço do milho e do farelo de soja estejam em patamares menores em relação ao registrado entre 2020 e 2022, outros custos agregados seguem elevados e há uma maior pressão na competição de mercado entre as proteínas, com a ampliação da oferta de carne bovina.
No entanto, por outro lado, o mercado internacional está ainda mais demandante por produtos brasileiros, o que gera certo equilíbrio e a perspectiva de estabilidade no quadro para os próximos meses. “Espera-se para este ano um cenário de custos produtivos estáveis em relação ao ano passado. É o mesmo que se espera da demanda interna por produtos. Há um potencial incremento nas exportações, mas com perspectiva moderada, de olho na necessidade de uma visão estratégica sustentável, também, do ponto de vista comercial”, evidencia.
União do setor blinda avicultura industrial da Influenza aviária
O Brasil mantém sua posição como único entre os grandes produtores e exportadores mundiais livre da Influenza aviária de Alta Patogenicidade (IAAP-H5N1) na produção industrial, o que permite ao país manter o status sanitário como livre da doença perante a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). “É uma vitória do Brasil, seja pela perspectiva das ações do Ministério da Agricultura no amplo monitoramento da enfermidade, como também na adoção de protocolos altamente restritivos por parte dos produtores e das agroindústrias para a preservação da biosseguridade”, declara Rua.
Pela América do Norte, Europa e Ásia, entretanto, as crises sanitárias seguem em curso, com crescimento dos casos desde outubro do ano passado em grandes produtores como a França, o Reino Unido, o Canadá e os Estados Unidos.
Em solo brasileiro, foram registradas mais de 150 ocorrências confirmadas em animais silvestres e três focos identificados em criações de fundo de quintal em 2023. As notificações da doença em aves de subsistência tiveram como impacto imediato a suspensão temporária das exportações do Japão para produtos com origem dos estados do Espírito Santo, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, que foram restabelecidas a curto prazo. “O não registro em planteis comerciais é resultado direto do engajamento, incluindo a imprensa, na conscientização de todos sobre a necessidade de total monitoramento e na adoção de medidas de biosseguridade para a preservação do status sanitário, um dos maiores patrimônios da avicultura nacional”, ressalta.
As recomendações de biosseguridade foram intensificadas, com a difusão de informações e a ampla restrição de circulação de pessoas pelas unidades de produção. “Todos os demais cuidados adotados já eram amplamente difundidos por avicultores e indústrias”, afirma Rua. A ABPA lançou uma campanha setorial massiva nas redes sociais. O portal oferece informações gerais sobre cuidados, orientações para notificação e outros dados relevantes. Além disso, a associação distribuiu materiais eletrônicos aos seus associados como parte dessa iniciativa.
O diretor de Mercados da ABPA também enfatiza que além da intensificação dos protocolos, o setor tem unificado frentes de atuação junto a outras entidades, tanto no Brasil quanto nas nações vizinhas, com foco na integração de esforços e troca de informações e experiências para fortalecer ações e a expertise do setor produtivo para a manutenção do status sanitário brasileiro.
Produção e consumo estável de carne suína
No início do segundo semestre, a ABPA previu que a produção de carne suína deveria atingir entre 4,95 e 5,05 milhões de toneladas em 2023, no entanto, segundo Rua, essa projeção sofreu uma leve oscilação para cima e deve encerrar o ano com até 5,1 milhões de toneladas, crescimento de 2,3% em relação a 2022, quando alcançou 4,983 milhões de toneladas produzidas. “O aumento da produção é efeito direto do incremento das exportações do setor”, sentencia o diretor de Mercados.
Para 2024, a estimativa da entidade é atingir até 5,15 milhões de toneladas de carne suína produzidas no país, incremento de 1% em relação ao ano passado. A disponibilidade de produtos para o mercado interno se manteve estável, com total de 3,88 milhões de toneladas, variando para até 3,85 milhões de toneladas em 2024. O mesmo deve ocorrer com o consumo per capita, repetindo o índice de 18 quilos registrado em 2022, que também é estimado para o ano que se inicia.
Exportação de carne suína cresce 8,9%
Com registros ao longo de 2023 de médias mensais superiores a 100 mil toneladas, o país superou em 11 meses o equivalente ao realizado durante todo o ano de 2022 em volume e receita. Entre janeiro a novembro, as exportações do setor registraram alta de 10%, com 1,118 milhão de toneladas exportadas, contra 1,017 milhão de toneladas no ano passado.
No mesmo período, a receita acumulada chegou a US$ 2,586 bilhões, saldo 11,5% superior ao total registrado em 2022, com US$ 2,319 bilhões. Com estes números e faltando dezembro para fechar o balanço, o país deve superar 1,22 milhão de toneladas, crescimento de 8,9% quando comparado com 2022, quando foram exportados 1,12 milhão de toneladas. “É algo inédito na história do setor. Salvo as vendas para a China, todos os outros países importadores registraram alta nas importações da carne suína do Brasil no último ano, confirmando uma tendência já prevista pelo setor de ampliação da capilaridade das exportações, fortalecendo a presença do produto em destinos de mercados de alto valor agregado, como o Japão, a Coreia do Sul e os Estados Unidos”, frisou Rua.
Para este ano, a ABPA projeta crescer até 6,6% no mercado externo, atingindo em torno de 1,30 milhão de toneladas exportadas. “Existem boas perspectivas de incremento nas exportações a partir da abertura de novos mercados e a ampliação em destinos já consolidados, também em função da desaceleração dos embarques de importantes concorrentes, como é o caso da União Europeia e do Canadá”, afirma Rua.
Principal destino das exportações de carne suína do Brasil no último ano, a China importou entre janeiro e novembro o total de 362,1 mil toneladas, volume 11% menor que o total importado no mesmo período de 2022. No segundo posto se encontra Hong Kong, com 114,2 mil toneladas, volume 27,3% superior ao registrado em 2022. Também em movimento positivo estão Filipinas, com 113,1 mil toneladas (+46,9%), Chile, com 76,4 mil toneladas (+39,3%), Singapura, com 57,9 mil toneladas (+13,7%), Vietnã, com 45,3 mil toneladas (+3,7%), Uruguai, com 43,8 mil toneladas (+11,2%) e Japão, com 35,3 mil toneladas (+47,7), entre outros.
Principal estado exportador, Santa Catarina embarcou 599,9 mil toneladas de carne suína entre janeiro e novembro do ano passado, número 9,2% superior ao registrado no mesmo período de 2022. Em segundo lugar, o Rio Grande do Sul exportou 258,5 mil toneladas (-3,1%), seguido por Paraná, com 155,3 mil toneladas (+20,3%), Mato Grosso, com 27,9 mil toneladas (+83,7%) e Mato Grosso do Sul, com 23,1 mil toneladas (-24,9%).
Custos de produção
Em relação aos custos de produção na suinocultura, Rua destaca que o preço do milho e do farelo de soja, embora menores que nos últimos três anos, ainda representaram um desafio enorme ao produtor, especialmente quando somado aos demais custos agregados até o produto final. “A situação foi ainda mais desafiadora diante da elevação da competição entre as proteínas, com a maior oferta de carne bovina”, pontua.
Conforme o diretor de Mercados da ABPA, para este ano é esperado estabilidade nos custos, assim como nos níveis de produção e consumo. A principal expectativa está sobre as exportações, que deverão seguir em ampliação como resultado direto da abertura de novos mercados para o setor ao longo do ano passado. “Com a abertura do mercado do Peru, México e República Dominicana ampliamos a participação em outros países por meio do sistema de pré-listing”, expõe.
Produção estável e exportações recordes no setor de ovos
A produção brasileira de ovos deverá chegar a 52,55 bilhões de unidades em 2023, aumento de até 1% em relação a 2022, assim como o consumo per capita, que apresentou leve variação, atingindo 242 ovos por habitante. Para 2024, a ABPA projeta alcançar uma produção de 56 bilhões de unidades e atingir um consumo de 258 ovos por habitante. Se confirmado, o consumo per capita vai superar o maior nível já registrado, ocorrido em 2021, quando atingiu 257 unidades.
As exportações de ovos totalizaram no acumulado do ano, entre janeiro e novembro, 24,5 mil toneladas, volume que supera em 170,5% o total registrado no mesmo período de 2022, com 9,043 mil toneladas. No entanto, abaixo do projetado pela ABPA, que inicialmente eram de embarques totais de 32,5 mil toneladas de ovos do Brasil. Conforme o diretor de Mercados da ABPA, as exportações devem registrar um crescimento de até 175%, encerrando ano com até 26 mil toneladas embarcadas.
Rua conta que houve uma maior presença de Japão e Taiwan no primeiro semestre de 2023, e com o Chile assumindo a dianteira durante os últimos seis meses. A expectativa da ABPA é que com os embarques para o país sul-americano e para outros destinos da Ásia, as vendas de ovos brasileiros para o exterior sigam em volumes superiores aos registrados ao longo da última década. “Nossa principal conquista do ano passado foi a abertura de mercado para o Chile, que logo iniciou os embarques e assumiu a dianteira das exportações”, afirmou.
No ano passado, o Japão seguiu como principal destino das exportações, com 10,363 mil toneladas exportadas, volume 947,9% superior ao registrado entre janeiro e novembro de 2022. Na sequência aparece Taiwan, com 5,387 mil toneladas (sem registros de embarques no ano anterior) e Chile, com 2,584 mil toneladas, 1.208% maior que o registrado nos 11 primeiros meses de 2022, figurando entre os três principais destinos da proteína brasileira.
Em receita, o resultado obtido no período chega a US$ 60,7 milhões, saldo 187,4% superior ao total registrado nos 11 primeiros meses de 2022, com US$ 21,122 milhões.
Incremento no consumo de ovos
Em relação as perspectivas do setor de ovos para 2024, Rua ressalta que, com o quadro econômico nacional, ocorra um incremento no consumo per capita de ovos no Brasil, reforçando o papel do produto como um dos mais importantes para a segurança alimentar do país. Por outro lado, as exportações também devem seguir em patamares equivalentes ao que vimos ao longo do ano passado, gerando divisas para o país e alternativas para o produtor.
Assim como a suinocultura e a avicultura de corte, o setor de postura deverá se manter atento diante da manutenção do quadro de custos de produção. “O produtor não deve esperar um ano com custos baixos, pelo contrário. Por isso, o planejamento de novos investimentos deve ser acompanhado de análise minuciosa do contexto de mercado”, salienta.
Genética avícola cresce em 2023
O setor de genética avícola do Brasil desempenha um papel importante na recuperação de plantéis avícolas em países afetados pela Influenza aviária. A exemplo da África do Sul, que em pouco tempo aumentou suas importações e em novembro passou a ser o principal destino das exportações brasileiras.
Nos primeiros 11 meses do ano passado, os embarques de genética avícola totalizaram 23,893 mil toneladas, volume 72,4% maior que as 13,857 mil toneladas exportadas nos 11 primeiros meses de 2022. No mesmo período comparativo, a receita cresceu 38,2%, com US$ 219,8 milhões gerados entre janeiro e novembro do ano passado frente aos US$ 159 milhões do ano anterior.
O México seguiu na liderança das importações de genética avícola em 2023, com total de 12,723 mil toneladas importadas entre janeiro e novembro, volume 94% superior ao registrado no mesmo período comparativo de 2022. Outros destaques foram Senegal, com 3,538 mil toneladas (+9,8%), Paraguai, com 2,436 mil toneladas (-3,8%), Peru, com 1,455 mil toneladas (+898,4%) e África do Sul, com 1,362 mil toneladas (sem registros de embarques em 2022).
Para conferir o desempenho das principais atividades agropecuárias de 2023 e as expectativas para 2024 acesse a versão on-line do Anuário do Agronegócio Brasileiro clicando aqui. Boa leitura e um excelente 2024!
Avicultura
Relatório traz avanços e retrocessos de empresas latino-americanas sobre políticas de galinhas livres de gaiolas
Iniciativa da ONG Mercy For Animals, a 4ª edição do Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais identifica compromisso – ou a ausência dele – de 58 grandes companhias, com o fim de uma das piores práticas de produção animal: o confinamento de aves na cadeia de ovos.
O bem-estar de galinhas poedeiras é gravemente comprometido pelo confinamento em gaiolas. Geralmente criadas em espaços minúsculos, entre 430 e 450 cm², essas aves são privadas de comportamentos naturais essenciais, como construir ninhos, procurar alimento e tomar banhos de areia, o que resulta em um intenso sofrimento.
Estudos, como o Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (MICA) da ONG internacional Mercy For Animals (MFA), comprovam que esse tipo de confinamento provoca dores físicas e psicológicas às galinhas, causando problemas de saúde como distúrbios metabólicos, ósseos e articulares, e o enfraquecimento do sistema imunológico das aves, entre outros problemas.
Para a MFA, a adoção de sistemas de produção sem gaiolas, além de promover o bem-estar animal, contribui para a segurança alimentar, reduzindo os riscos de contaminação e a propagação de doenças, principalmente em regiões como a América Latina, o que inclui o Brasil.
Focada nesse processo, a Mercy For Animals acaba de lançar a quarta edição do Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (MICA 2024), um instrumento essencial para analisar e avaliar o progresso das empresas latino-americanas em relação ao comprometimento com políticas de bem-estar animal em suas cadeias produtivas.
O relatório considera o compromisso – ou a ausência dele – de 58 grandes empresas, com o fim de uma das piores práticas de produção animal: o confinamento de galinhas em gaiolas em suas cadeias de fornecimento de ovos.
Destaques
A pesquisa se concentrou na análise de relatórios públicos de companhias de diversos setores com operações em territórios latino-americanos, da indústria alimentícia e varejo aos serviços de alimentação e hospitalidade. Elas foram selecionadas conforme o tamanho e influência em suas respectivas regiões de atuação, bem como a capacidade de se adaptarem à crescente demanda dos consumidores por práticas mais sustentáveis, que reduzam o sofrimento animal em grande escala.
O MICA 2024 aponta que as empresas Barilla, BRF, Costco e JBS, com atuação no Brasil, se mantiveram na dianteira por reportarem, publicamente, o alcance de uma cadeia de fornecimento latino-americana 100% livre de gaiolas. Outras – como Accor, Arcos Dourados e GPA – registraram um progresso moderado (36% a 65% dos ovos em suas operações vêm de aves não confinadas) ou algum progresso, a exemplo da Kraft-Heinz, Sodexo e Unilever, em que 11% a 35% dos ovos provêm de aves livres.
De acordo com a MFA, apesar de assumirem um compromisso público, algumas empresas não relataram, oficialmente, nenhum progresso – como a Best Western e BFFC. Entre as empresas que ainda não assumiram um compromisso público estão a Assaí e a Latam Airlines.
“As empresas que ocupam os primeiros lugares do ranking demonstram um forte compromisso e um progresso significativo na eliminação do confinamento em gaiolas. À medida que as regulamentações se tornam mais rigorosas, essas empresas estarão mais bem preparadas para cumprir as leis e evitar penalidades”, analisa Vanessa Garbini, vice-presidente de Relações Institucionais e Governamentais da Mercy For Animals.
Por outro lado, continua a executiva, “as empresas que não demonstraram compromisso com o bem-estar animal e não assumiram um posicionamento público sobre a eliminação dos sistemas de gaiolas, colocam em risco sua reputação e enfraquecem a confiança dos consumidores”.
“É fundamental que essas empresas compreendam a urgência de aderir ao movimento global sem gaiolas para reduzir o sofrimento animal”, alerta Vanessa Garbini.
Metodologia
A metodologia do MICA inclui o contato proativo com as empresas para oferecer apoio e transparência no processo de avaliação, a partir de uma análise baseada em informações públicas disponíveis, incluindo relatórios anuais e de sustentabilidade.
Os critérios de avaliação foram ajustados à medida que o mundo se aproxima do prazo de “2025 sem gaiolas”, estabelecido por muitas empresas na América Latina e em todo o planeta. “A transição para sistemas livres de gaiolas não é apenas uma questão ética, mas um movimento estratégico para os negócios. Com a crescente preocupação com o bem-estar animal, empresas que adotam práticas sem gaiolas ganham vantagem competitiva e a confiança do consumidor. A América Latina tem a oportunidade de liderar essa transformação e construir um futuro mais justo e sustentável”, avalia Vanessa Garbini.
Para conferir o relatório completo do MICA, acesse aqui.
Para saber mais sobre a importância de promover a eliminação dos sistemas de gaiolas, assista ao vídeo no Instagram, que detalha como funciona essa prática.
Assine também a petição e ajude a acabar com as gaiolas, clicando aqui.
Avicultura
Sustentabilidade em foco na Conbrasfran 2024
Evento acontece de 25 a 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.
A importância de uma produção mais sustentável foi a lição mais importante que este ano deixou aponta o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos. “A natureza nos lembrou que é soberana e da necessidade de nos reciclarmos cada vez mais do que fizemos no passado. Eu digo a humanidade como um todo. As práticas sustentáveis que tanto se fala e que vamos discutir na Conbrasfran, essas práticas que estamos implementando agora é para amenizar o que vem pela frente, já que estamos enfrentando agora as consequências do que foi feito no passado”.
Então, para ele, a lição é a necessidade de insistirmos no tema da sustentabilidade ambiental e social, insistir na educação, na orientação e na disciplina ambiental com o objetivo de mitigar os efeitos climáticos no futuro. “Os efeitos podem ser vistos no mundo todo. Aumento dos dias de calor extremo, chuvas recordes no Brasil, na Espanha e outros países, além das queimadas em várias regiões do mundo também”.
A Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha, vai reunir empresários, indústrias, produtores e lideranças de todo o país para discutir todas as áreas estratégicas. “Vamos falar sobre sanidade avícola, um simpósio tradicional da Asgav será absorvido pela programação da Conbrasfran 2024. Vamos debater qualidade industrial, que trata questões de inspeção, controle, autocontrole e processo produtivo, entre outros temas. Teremos também um seminário sobre segurança do trabalho com uma abordagem do ambiente laboral dos colaboradores e da proteção deles em um quadro em que surgem novos desafios na medida em que aumentamos a produção”, pontuou.
Um dos destaques do evento será o 1º Seminário de Sustentabilidade Ambiental e Adequação Global. “Também teremos discussões sobre a área comercial, que impulsiona a nossa economia e é responsável por levar o nosso produto até a mesa do consumidor brasileiro e de mais de 150 países”, salientou Santos. Ele destaca ainda os debates sobre questões jurídicas e tributárias. “São temas que permeiam o nosso dia a dia e estamos diante de uma reforma tributária, que também será abordada”, afirmou mencionando o Agrologs, que vai falar sobre logística, outro desafio para a cadeia produtiva. “O Brasil precisa avançar em ferrovias, hidrovias é uma necessidade para garantir sustentáculos de competitividade”. “É um evento que vai trazer temas estratégicos”, encerrou.
Os interessados podem se inscrever através do site do evento. E a programação completa da Conbrasfran 2024 também está disponível clicando aqui.
Avicultura
Conbrasfran 2024 ressalta superação e resiliência da avicultura gaúcha em meio a desafios históricos
Evento será realizado entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.
Se desafio é uma palavra que faz parte do dia a dia da avicultura, este ano levou o seu significado a um novo patamar, especialmente falando do Rio Grande do Sul. O estado enfrentou enchentes e depois um caso isolado de Doença de Newcastle. “Tudo isso nos abalou sim. Redirecionamos toda a atenção e os nossos esforços para ser o elo de ligação do setor com o poder público, com a imprensa e a atender as demandas dos setores. A organização do evento já estava em curso quando tivemos 45 dias de interdição do prédio onde fica a nossa sede, localizado à beira do rio Guaíba. Tivemos enchente. Para se ter uma ideia, a água chegou até 1,80 metro do 1º andar e não pudemos entrar por conta da falta de luz, de água e outra série de dificuldades”, ressaltou o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos.
Ainda assim, estes entraves não foram suficientes para desistir da realização da Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha. “Não houve um único questionamento sequer por parte de associados e dirigentes, o que demonstra que o setor está convencido da importância deste encontro e das discussões que ele vai trazer. Serão vários temas, técnicos, conjunturais, temas estratégicos, de planejamento e de superação de desafios, entre outros. E tudo isso fez com que o setor mantivesse acesa a chama para realizar este evento”, destacou Santos.
De acordo com ele, diante dos desafios, as atividades da organização da Conbrasfran 2024 foram acumuladas com o trabalho da linha de frente para atender as demandas cruciais que chegaram, além da interação com órgãos oficiais, imprensa e parceiros estratégicos, como a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). “E mesmo assim, continuamos com a manutenção e organização do evento. E isso nos sobrecarregou sim. Temos uma equipe enxuta, mas que trabalhou bravamente, com máximo empenho, naqueles dias”.
Santos destaca que os esforços levaram a realização de um evento muito especial, que teve a colaboração de grande parte empresários e técnicos do setor. “São muitos os empresários que acreditam nesses movimentos e nos dão carta branca para seguir em frente, que sabem que apesar das dificuldades, continuamos um estado atrativo, com indústrias e produtores de pequeno, médio e grande portes que continuam produzindo por acreditar no empreendedorismo, na pujança na mão-de-obra, na gestão”, disse o executivo lembrando que apesar dos desafios, o estado conseguiu valorizar a produção, manter empresas e ainda está recebendo novos empreendimentos.
Superação
A superação das dificuldades trazidas pelo ano exigiu muito trabalho, organização e confiança. “Precisamos valorizar a confiança daqueles que são nossos associados e dirigentes. A confiança que recebi deles e da minha equipe como dirigente executivo foi importante. Também vale mencionar as estratégias e ações que colocamos em prática para atender todas as demandas que nos chegaram. Sempre buscamos a melhor forma de atender e ajudar os associados”.
E foi também de maneira virtual que estes desafios foram enfrentados. “Interagimos muitas vezes através de plataforma virtual com os serviços oficiais , seguimos em conjunto e dentro das diretrizes da ABPA e tivemos o apoio incondicional da nossa Federação. Com uma soma de esforços, com a confiança de dirigentes que depositam confiança em nosso trabalho, conseguimos ir para a linha de frente e atender as diferentes demandas do setor e da imprensa”, contou Santos que agiu com firmeza em seus posicionamentos e conseguiu liderar o setor na retomada até chegarmos neste momento.
Os interessados podem se inscrever e conferir a programação completa da Conbrasfran 2024 clicando aqui. Outras informaçõe podem ser obtidas pelo e-mail conbrasfran@asgav.com.br, através do telefone (51) 3228-8844, do WhatsApp (51) 98600-9684 ou pelo Instagram do encontro.