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ABCS reúne lideranças da suinocultura em Brasília para planejar ações de 2020
Encontro discutiu o cenário deste ano para o setor, além de perspectivas políticas e de mercado

Com o intuito de atualizar as afiliadas sobre as principais tendências de mercado e discutir os desafios sanitários, além de oportunidades e desafios para a suinocultura em 2020, foi realizado na última terça e quarta-feira (10/03 e 11/03) o Encontro Estratégico de Lideranças do Sistema ABCS. O evento aconteceu no hotel Brasília Palace, primeiro hotel de Brasília, símbolo da arquitetura modernista, projetado por Oscar Niemeyer. Estiveram presentes os presidentes e gestores de 10 associações estaduais e três regionais.
A abertura do encontro, na terça-feira (10), contou com um Coquetel de boas-vindas. Na ocasião, além dos representantes das afiliadas, também participaram três autoridades, o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o deputado Alceu Moreira, o presidente da Frente Parlamentar da Suinocultura, deputado federal José Carlos Schiavinato, e o Secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), Eduardo Sampaio. Os três comentaram sobre os cenários da suinocultura e as perspectivas das políticas públicas para o setor neste ano, sobre a atuação da FPA e sobre o Plano Safra 2020-2021.
Na quarta-feira (11), a programação foi repleta de conhecimento. O palestrante Dr. Maurício Dutra, médico veterinário com PHD em epidemiologia experimental pela USP, trouxe o contexto sobre a disseminação da Peste Suína Africana (PSA) no mundo, os principais impactos no rebanho, atualizações sobre o status da doença na Europa e Ásia, os focos encontrados e as medidas de prevenção e controle a serem tomadas no momento atual.
Segundo o médico veterinário, acredita-se que seja necessário em torno de dois anos a dois anos e meio para regularizar situação na Ásia. Para o especialista, a adoção de práticas de biossegurança é a principal forma de prevenção, uma vez que ainda não há tratamento efetivo para a PSA.
“É uma doença que o Brasil ainda continua livre dela, mas existem os riscos por questão de comércio com a China, com os países asiáticos e transporte de pessoas. Nós temos esses riscos, eles são relativamente baixos, mas, como essa doença continua disseminando nos mercados de produção suína relevante e o Brasil é o quarto maior produtor mundial, vale da nossa parte intensificar as práticas de biossegurança, controle de portos e aeroportos e fiscalização de matérias primas usadas na produção animal”.
O consultor da ABCS, Iuri Machado, fez um panorama sobre o mercado, trazendo dados atuais do balanço de 2019 para a suinocultura e a influência dos eventos na China no mercado mundial e no mercado brasileiro. Ele destacou a redução do rebanho suíno na China devido à PSA, a produção em queda, o aumento da importação e também os impactos do Coronavirus nesse contexto.
No Brasil, para o consultor, o crescimento da produção de suínos nos próximos anos deve se ancorar na busca de novos mercados de exportação e, principalmente no aumento do consumo per capita do mercado doméstico.
“A suinocultura vem crescendo nos últimos anos e temos que entender que essa questão da China é transitória. Talvez até o ano que vem nós teremos uma redução na demanda chinesa com relação à importação de carne do Brasil. E por outro lado, nós temos que aumentar também a exportação para outros países. Mas, o principal ponto que temos que trabalhar é o consumo interno, e aumentar esse consumo per capita do brasileiro. É aí que deve estar o foco das entidades”, reforçou.
Com o objetivo de atuar de forma transparente quanto ao trabalho da ABCS, a entidade também apresentou os resultados financeiros de 2019. Segundo a gerente administrativo financeira, Cássia Campagnaro, a gestão do ano foi muito eficiente e permitiu um resultado positivo.
“Esse trabalho teve esse resultado devido à gestão mais próxima do conselho de administração, a participação do presidente foi fundamental e esse cuidado que a gente tem mês a mês de avaliar receitas e despesas. A ABCS está caminhando forte para conseguir se manter e crescer ao mesmo tempo e isso tudo é possível junto com os outros projetos, o FNDS, as parcerias, essa soma de todos os trabalhos que trazem esse resultado positivo”.
Área tecnico-político
Charli Ludtke, diretora técnica da ABCS, abordou o bem-estar-animal em sua apresentação no encontro. De acordo com a diretora, para assegurar o consumo de uma carne suína brasileira de qualidade é necessário trabalhar fortemente com essa questão, citando também a necessidade da publicação da Instrução Normativa (IN) sobre o tema. “Temos que ficar atentos às exigências do mercado consumidor e ver a melhor forma de nos adequar a elas”.
Ela enfatizou o trabalho da ABCS, junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e também ao Serviço Veterinário Oficial (SVO) de levar informação aos produtores quanto às ações para preservar a saúde dos rebanhos. Outra questão que entrou em debate foi o status da PSC no Brasil, os novos focos e os grupos de trabalho formados para executar o Plano Estratégico Brasil Livre de PSC.
Oportunidades e Desafios na área política também entraram em pauta no encontro de líderes. As consultoras de relações governamentais da ABCS, Luciana Lacerda e Ana Paula Censi, discutiram sobre as principais iniciativas do governo em relação ao agronegócio e as prioridades da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para 2020. Também foram debatidos os impactos das eleições municipais deste ano para os suinocultores e os desafios nesse sentido.
“É um ano de desafios para toda a cadeia já que temos eleições municipais. As afiliadas devem estar atentas a seus candidatos, se eles entendem o agro e estão dispostos a atender o setor nas leis do estado e município, pois isso reflete no trabalho nacional. Os deputados e o ministério trabalham cada vez mais com dados que venham do setor e das regiões para fazer as políticas públicas e , por isso, a cadeia precisa estar cada vez mais unida e participativa junto à ABCS para fecharmos os temas sanitários e legislativos que temos para trabalhar”, explicou Ana Paula.
Comunicação e marketing
2020 veio com novidades nos setores de marketing e de comunicação da ABCS. A entidade lançou a nova Cartilha de Churrasco e apresentou as novas ações de marketing e comunicação no evento. A diretora de marketing e projetos da entidade, Lívia Machado, compartilhou com os presentes as tendências de alimentação dos brasileiros, falou também dos resultados que a ABCS gerou ao longo dos últimos 10 anos e da importância das parcerias com o Sebrae e das contribuições do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (FNDS).
Ela comentou sobre a necessidade de união entre os elos da cadeia no compromisso de aumentar o consumo da carne suína no Brasil. “Colocar a carne suína no cardápio do brasileiro é o nosso propósito. Para isso, precisamos pensar como cadeia, ter o sistema unido para alcançar resultados grandiosos para o setor, principalmente no desafio de fazer crescer o consumo da carne suína”. Lívia Machado ainda apresentou a nova cartilha de churrasco da ABCS, que foi presenteada aos participantes do encontro junto a um kit de churrasco.
Já a consultora de marketing estratégico, Danielle Sousa, mostrou a todos os novos materiais preparados com muito empenho pelo setor de comunicação. Dentre eles, os pacotes de comunicação, com conteúdos para as redes sociais e campanhas temáticas. Além disso, foi anunciada a reformulação do site da ABCS, que será lançado em Maio, o novo formato da Revista da Suinocultura, que agora é digital, o uso da ferramenta Keeva para armazenagem e busca de conteúdos e a nova identidade do registro genealógico. “Queremos multiplicar os resultados da suinocultura, estamos muito dispostos a construir juntos”, afirmou Danielle.
O encontro foi encerrado com a eleição das demandas prioritárias do sistema para 2020, conduzida pelo presidente da ABCS, Marcelo Lopes. Na ocasião, houve espaço para debate e exposição de opiniões dos presidentes e gestores das afiliadas presentes no evento. A gestão da ABCS ganhou um feedback positivo e também a iniciativa dos Workshops sobre doenças virais de importância na produção de suínos, que levaram conhecimento aos produtores.
O presidente da ABCS agradeceu a presença de quase a totalidade do sistema e reforçou que “a suinocultura brasileira continuará construindo um trabalho conjunto e sendo forte juntos”.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



