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ABCS realiza segunda edição do Encontro Político da Suinocultura
Para debater as perspectivas e projeções políticas para 2024, a ABCS recebeu o Presidente da FPA, Pedro Lupion e o Diretor Executivo da Action Consultoria, João Henrique Hummel.

A Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), promoveu no dia 13, a segunda edição do Encontro Político da Suinocultura, por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (FNDS), com o objetivo de debater as perspectivas e projeções políticas para o ano de 2024 no agronegócio, em especial na produção de suínos. Para falar sobre o tema, a ABCS convidou o Presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Pedro Lupion e o Diretor Executivo da Action Consultoria, João Henrique Hummel, que trouxeram suas visões sobre o que está sendo discutido no Congresso Nacional dentro das pautas de importância para o agro.
A gerente do departamento político da ABCS, Ana Paula Cenci, explicou que o ano de 2023 foi repleto de desafios. “Tivemos mudança de governo, mudança no Ministério da Agricultura, pastas redirecionadas para outros ministérios, uma atuação da FPA dedicada a retornos de algumas pautas importantes para o Ministério da Agricultura e de retomada de temas que estavam adormecidos para suinocultura, como o combate e o abate de espécies exóticas, em especial javali, a liberação do porte de armas, que faz parte desse controle, e também bem-estar animal”, por isso a necessidade de informar os produtores sobre o cenário que se desenha para o ano que vem.
A live foi conduzida no YouTube pelo presidente da ABCS, Marcelo Lopes, que agradeceu a presença de todos e destacou a necessidade desse debate. “Hoje é um dia importantíssimo para toda a cadeia, para mostrar um pouquinho do momento político que estamos vivendo aqui em Brasília e para saber o que nós podemos esperar para 2024 no agronegócio.” Também participaram do debate, membros do Conselho Administrativo da Associação, como o conselheiro de relações com o mercado, Valdecir Folador, o conselheiro administrativo, João Leite, e o conselheiro técnico, Olinto Arruda.
Visão da FPA
O Deputado Pedro Lupion disse que 2023 tem sido um ano de defesa dos interesses dos produtores e reforçou ainda a importância de lutar pela suinocultura, pois sabe que o setor enfrenta diversos desafios, como a volatilidade de preços. “O setor da suinocultura precisa de mais segurança do poder público, de mais previsibilidade e precisa conseguir avançar em temas importantes”. Além disso, ele destacou as preocupações com relação ao meio ambiente e bem-estar animal no setor rural.
Falou sobre o cenário da reforma tributária e seus impactos no setor agropecuário, destacando avanços conquistados, porém, ressaltou o aumento da carga tributária e enfatizou que é necessário proteger os interesses dos produtores rurais e garantir que eles não sejam penalizados pela reforma. “É fundamental que estejamos atentos aos desdobramentos da reforma para o próximo ano e que trabalhemos em conjunto para mitigar qualquer efeito adverso que possa comprometer a prosperidade do setor como um todo”, ressaltou.
Lupion explicou que quando a PEC 45/2019 chegou ao Congresso, foi preciso usar a força da Bancada Ruralista para garantir avanços importantes, como a redução da alíquota em quase 60% para produção agropecuária e a redução de tributo dos insumos. Porém, o deputado expressou preocupação quanto à PEC, especialmente após o texto voltar do Senado Federal. “Não aceitaremos votar a Reforma do jeito que ela voltou para a Câmara. As alterações feitas são extremamente negativas, não somente para o setor agropecuário, mas para toda a população, aumentando bastante a alíquota, gerando uma concentração de fundos e de mais despesas”.
Ainda quando questionado sobre o Marco temporal das terras indígenas — vetado integralmente pelo presidente da República — Pedro Lupion disse que é preciso garantir o direito de propriedade para o produtor e que os vetos presidenciais serão derrubados.
Entre os desafios para 2024, o deputado mencionou o Plano Safra. Comentou que o governo gastou pouco mais de R$15 bi de equalização de juros, mas o restante do dinheiro é todo dos bancos. “O seguro agrícola, que era tão importante, acabou não acontecendo. Vemos problemas na safra do Sul, problemas com seca no Norte. É um setor que precisa de atenção, pois a agricultura precisa ir bem para a suinocultura ter melhores preços, afinal, a suinocultura precisa de farelo, precisa de alimentação. Isso tudo faz parte de uma cadeia”.
Para concluir, ele alertou que a perspectiva para 2024 é de muitos desafios para o agro, pois há previsão de diminuição do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), assim como diminuição de safra, custos de produção mais elevados e valores das commodities reduzidos. Mas também mostrou otimismo com as conquistas desse ano que impactarão no próximo. “Apesar dos desafios econômicos, conseguimos avançar bastante no Congresso. Conseguimos entregar a nova lei dos pesticidas, marco temporal, licenciamento ambiental — que está pronto para ser votado — estamos avançando essas pautas e também estamos extremamente atentos ao que pode vir a afetar o produtor”.
Visão da Action Consultoria
Já o Diretor Executivo da Action Consultoria, João Henrique Hummel, falou sobre o poder consolidado do Congresso Nacional em relação ao Executivo, destacando as emendas parlamentares individuais impositivas como um exemplo disso, e relacionou este fato a dificuldade do governo em avançar com suas propostas no Congresso, enfrentando derrotas significativas. Ele também alertou para as dificuldades previstas para o próximo ano devido à divisão na sociedade brasileira refletida no Congresso, ressaltando a importância de valorizar e se aproximar do Congresso Nacional para levar informações aos parlamentares sobre os interesses setoriais. Por fim, Hummel destacou a necessidade de observar atentamente os movimentos políticos futuros e ser proativo em relação às normas propostas pelo governo.

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Plantio de milho em Santa Catarina entra na fase final com boas perspectivas
Controle fitossanitário segue ativo e produtores monitoram impacto das chuvas na germinação.

A semeadura do milho de verão em Santa Catarina entra na fase final, com 92% da área estimada já plantada, segundo os dados mais recentes do Boletim Agropecuário de Santa Catarina. Até o momento, 93% das lavouras apresentam condição considerada boa, reforçando a expectativa de um início de ciclo favorável no estado.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR
O ritmo da safra é descrito como adequado, com bom estabelecimento das plantas e condições climáticas favoráveis, o que tem permitido avanço dentro do calendário previsto pelo zoneamento agroclimático.
O controle fitossanitário segue ativo, especialmente no monitoramento da cigarrinha-do-milho, praga que preocupa produtores nos últimos anos. Até agora, porém, a incidência registrada é baixa. No litoral catarinense, técnicos observaram falhas de germinação em algumas áreas, atribuídas ao excesso de chuvas no período de emergência das plantas.
O boletim também alerta para as chuvas intensas na região Sul, que podem exigir maior atenção no manejo de doenças e na aplicação de adubação de cobertura, etapas cruciais para o desenvolvimento das lavouras.
Apesar dos pontos de atenção, o cenário até o momento é favorável. A Epagri/Cepa mantém perspectiva positiva de produtividade, condicionada à continuidade de clima e sanidade adequados nas próximas semanas.
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Caminho Verde recebe R$ 30 bilhões e inicia recuperação de 1,3 milhão de hectares no país
Primeiro aporte do Mapa viabiliza crédito com juros reduzidos para converter áreas degradadas em produção sustentável, com meta de restaurar 40 milhões de hectares em dez anos.

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) anunciou, na segunda-feira (17), o primeiro aporte de recursos da ordem de R$ 30 bilhões para o Programa Caminho Verde, com foco nos investimentos voltados para a conversão de áreas degradas para a produção de alimentos. O programa será financiado por bancos, com juros abaixo do mercado, entre eles o Banco do Brasil, o BNDES, o BTG, o Itaú, Caixa Econômica, entre outros. Os recursos começarão a ser acessados a partir de 2026 e conta com a parceria do Ministério do Meio Ambiente e do Ministério da Fazenda para o financiamento. A meta inicial é recuperar, com este montante, cerca de 1,3 milhão de hectares nesta primeira rodada.
A meta geral do programa é recuperar até 40 milhões de hectares de áreas degradadas em dez anos. Este foi o debate do painel “Programa Caminho Verde Brasil: avanços, desafios e oportunidades”, realizado nesta segunda-feira em um dos auditórios da AgriZone, espaço da Embrapa e parceiros, também conhecido como “Casa da Agricultura Sustentável” na COP30. O evento técnico foi organizado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), em parceria com a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA), a Embrapa e o Banco do Brasil.
Para o assessor especial do ministro da Agricultura e Pecuária e presidente do Conselho de Administração da Embrapa, Carlos Augustin, o Caminho Verde reforça a posição estratégica do País na agenda global e destaca as práticas regenerativas como solução para garantir segurança alimentar e estabilidade climática.
“O programa cria condições para um expressivo aumento da produção de alimentos e de biocombustíveis, sem desmatamento de novas áreas, preservando matas nativas”, explica. “Dessa forma, promove simultaneamente a segurança alimentar, apoia a transição energética e conserva o meio ambiente”.
Dados do Mapa indicam que, atualmente, o Brasil possui cerca de 280 milhões de hectares destinados à agropecuária, dos quais 165 milhões são pastagens, sendo que aproximadamente 82 milhões de hectares estão em algum grau de degradação. A proposta do programa é a recuperação de até 40 milhões de hectares de pastagens de baixa produtividade ao longo dos próximos dez anos, convertendo essas áreas em terras agricultáveis de alto rendimento, sem a necessidade de desmatamento.
O recurso que será aportado no valor de R$ 30 bilhões representa o início do programa, mas o Mapa está em busca de novas parcerias. O programa Caminho Verde faz parte da carteira de financiamento do Ministério da Fazenda – O Eco Invest Brasil, parte do Novo Brasil, criado para impulsionar investimentos privados sustentáveis e atrair capital externo para projetos de longo prazo, oferecendo instrumentos de proteção contra a volatilidade do câmbio. Com mecanismos financeiros inovadores, o programa viabiliza projetos estratégicos para a indústria verde, recuperação de biomas, infraestrutura para lidar com os efeitos das mudanças do clima e de inovação tecnológica para a Transformação Ecológica. Serão R$16,5 bilhões do Tesouro e os outros R$ 16 bilhões das instituições financeiras.
Judson Valentim, pesquisador da Embrapa Acre, destacou que as áreas degradadas oferecem um potencial forte de recuperação para a produção de grãos, fibras e biocombustíveis, aumentando a capacidade brasileira de fornecimento de alimentos em um cenário global, de forma sustentável.
Na perspectiva da sustentabilidade, o Programa Caminho Verde inclui o uso de boas práticas recomendadas pela Embrapa. No caso de produção de alimentos, plantio conforme recomendação do ZARC, plantio direto, uso de bioinsumos e inoculantes, uso de sementes certificadas ou salvas legalmente, plantio de cobertura, gestão de embalagens de agroquímicos. No caso de pecuária o uso de sementes de forrageiras, divisão das pastagens e manejo do pastejo, proteção aos corpos d´água, taxa de lotação de acordo com a capacidade de suporte das pastagens e rastreabilidade. Para florestas plantadas a Embrapa sugere as seguintes recomendações: uso de bioinsumos, manejo de solos, manejo integrado de pragas, plano de combate a incêndios e proteção dos corpos d´água.
A Embrapa também elaborou um conjunto de indicadores métricas para aplicação no programa. Entre elas: metodologia de Bioanálise dos Solos (BioAs), metodologia de determinação de estoques de carbono no solo, metodologia de balanço de emissão de gáses, dentre outras. Além de calculadoras como o RenovaCalc, ABC+Calc, Zarc, Plataforma de Saúde do Solo, Carne Baixo Carbono, entre outras.
Para o diretor de Agronegócio do Banco do Brasil, Gilson Bittencourt, o tema da sustentabilidade é uma das suas prioridades. Ele explicou que o primeiro estímulo para que o produtor entre no programa é a expectativa efetiva de rentabilidade com a recuperação de suas áreas degradadas. “Este convencimento é o primeiro argumento para a tomada de decisão de recuperar a pastagem”, explicou. Ele acrescentou que o incentivo, via crédito e tecnologias, deve vir junto com o controle do estado brasileiro contra o desmatamento ilegal. Por fim, o acesso ao crédito será fundamental com pagamento a longo prazo. “As três ações serão determinantes para o acesso ao crédito para o Caminho Verde”.
Para ele, o Caminho Verde é uma das soluções que traz vários elementos positivos, mas para o agricultor familiar, o ideal ainda é o Pronaf. O Caminho Verde se aplicará melhor aos médios e grandes produtores rurais. Mas a grande vantagem deste financiamento é sua veiculação à uma área que usará boas práticas para a sua recuperação. “Um programa de governo com um compromisso mensurável do ponto de vista de área recuperada e o compromisso de não desmatar e um monitoramento que soma qualitativo e quantitativo”.
Saiba mais sobre o Programa Caminho Verde acessando aqui
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Brasil lidera integração inédita entre clima, natureza e uso da terra na COP30
No principal painel das três Convenções da ONU, o Mapa apresentou políticas públicas que recuperam áreas degradadas, reduzem emissões e fortalecem a produção sustentável, alinhando agendas globais.

Pela primeira vez, as três Convenções da ONU reuniram suas agendas de clima, natureza e uso da terra em um mesmo debate, e o Brasil foi protagonista. No painel realizado nesta terça-feira (18), na COP30, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) apresentou como políticas públicas já implementadas pela pasta integram essas frentes e transformam áreas degradadas em solos produtivos, resilientes e de baixa emissão.
O encontro destacou a necessidade de alinhar agendas globais de clima, natureza e uso do solo, reforçando soluções que reduzam emissões, restaurem ecossistemas e ampliem a segurança alimentar. O representante do Mapa no painel, Bruno Brasil, diretor do Departamento de Produção Sustentável da Secretaria de Desenvolvimento Rural, afirmou que há caminhos concretos capazes de entregar resultados simultaneamente para as três convenções — e o Brasil já demonstra isso com políticas públicas consolidadas.
“Eles estão falando das sinergias e das complementaridades entre os objetivos das três convenções e que existem investimentos custo-eficientes do ponto de vista do clima, da natureza, da segurança alimentar e do desenvolvimento socioeconômico. Um bom exemplo é a recuperação de áreas agrícolas degradadas com boas práticas, como vemos no Plano ABC, no ABC+ e no Caminho Verde Brasil”, afirmou.
Durante sua intervenção, Bruno reforçou que o país chega ao debate com programas robustos, ampla experiência técnica e capacidade de escalar iniciativas alinhadas ao desenvolvimento sustentável. “O Brasil já possui políticas públicas de destaque nesse sentido, como as que mencionei. E esperamos continuar trabalhando em parceria com os países anfitriões das COPs de biodiversidade, combate à desertificação e do clima no próximo ano, de forma a atrair novos investimentos”, destacou o diretor.
O painel também marcou a preparação para o lançamento da Belém Joint Statement on Action Agendas on Land, Climate and Nature, iniciativa que orientará esforços conjuntos das três convenções para restaurar terras degradadas, proteger ecossistemas, fortalecer meios de vida sustentáveis e integrar agendas globais de adaptação, biodiversidade e produção agrícola.
A sessão reuniu representantes de governos, organismos internacionais, comunidade científica, setor privado e lideranças indígenas, reforçando que o avanço na restauração de paisagens depende de cooperação, ciência, financiamento adequado e do protagonismo de produtores, comunidades rurais e povos tradicionais.



