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ABCS projeta leve crescimento da suinocultura em 2022

Manter o ritmo de crescimento da cadeia suinícola frente ao elevado custo de produção no Brasil foram dois grandes desafios que os produtores tiveram que driblar ao longo de 2021.

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Arquivo/OP Rural

Manter o ritmo de crescimento da cadeia suinícola frente ao elevado custo de produção no Brasil foram dois grandes desafios que os produtores tiveram que driblar ao longo de 2021. Nos primeiros nove meses do ano, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor conseguiu recuperar o fôlego e crescer 8,82% em toneladas de carcaças e 6,86% em cabeças abatidas em relação ao mesmo período do ano passado, reflexo ainda das boas margens atingidas em 2020. No entanto, em função da crise enfrentada pelo encarecimento dos preços dos grãos, estima-se uma redução no ritmo de crescimento para 2022.

Presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes.  – Foto: Divulgação/ABCS

O presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes, conversou com o Jornal O Presente Rural e traçou um panorama das dificuldades e oportunidades que o setor vivenciou no decorrer do ano. Para ele, o grande vilão na alta dos custos de produção foi a oscilação do preço do milho e do farelo de soja, que permanecem com patamar elevado, mas, mesmo diante deste cenário, houve um pequeno recuo dos custos e uma reação nos preços pagos ao produtor no primeiro semestre. “É sabido que o último trimestre do ano sempre apresenta demanda elevada que acaba aumentando o preço do suíno, e isto está ocorrendo, mas abaixo da expectativa que o setor tinha até então”, ressalta Lopes.

O Presente Rural – Quais foram os principais desafios do mercado de suínos em 2021?

Marcelo Lopes – Sem dúvida o principal desafio deste ano foi o elevado custo de produção, especialmente relacionado ao milho, decorrente da quebra de safra histórica do Brasil. Outro desafio para a cadeia foi a continuidade do crescimento da produção ao longo de 2021, sem que a demanda interna acompanhasse no mesmo ritmo, determinando preços pagos ao produtor abaixo do necessário para determinar margens positivas na atividade.

O Presente Rural – Como o embargo da carne bovina para a China mexe no consumo interno de proteína animal?

Marcelo Lopes – O preço da carne bovina “descolou” das demais há algum tempo, o que também oportunizou o aumento de consumo per capita de carne suína e de frango. O embargo chinês determinou, por alguns meses uma queda significativa da arroba do boi gordo, mas entendemos que isto pouco interferiu na dinâmica de preços das demais proteínas.

O Presente Rural – O panorama atual do mercado brasileiro de suínos é animador?

Marcelo Lopes – Se compararmos com o primeiro semestre há uma melhora do cenário para a suinocultura, com um pequeno recuo dos custos e uma reação nos preços pagos ao produtor. Entretanto, é sabido que o último trimestre do ano sempre apresenta demanda elevada que acaba aumentando o preço do suíno; isto está ocorrendo, mas abaixo da expectativa que o setor tinha até então. Mesmo que haja um aumento considerável na procura nas últimas semanas do ano, o balanço financeiro de 2021 é ruim para o setor, com custo médio muito elevado e margens negativas.

O Presente Rural – Em 2021 houve um crescimento da produção de suínos em relação ao ano anterior? E qual a projeção média para 2022?

Marcelo Lopes – No momento temos dados oficiais de produção até setembro de 2021 (IBGE). Estes nove meses apresentaram um crescimento de 8,82% em toneladas de carcaças e 6,86% em cabeças abatidas em relação ao mesmo período do ano passado. Sem dúvida este crescimento de 2021 deve-se às boas margens auferidas pelo setor em 2020. Porém, em função da crise enfrentada pelo setor em 2021, espera-se uma redução significativa do ritmo de crescimento da produção em 2022, mas ainda assim haverá crescimento, em função de ganhos de produtividade e por ser uma cadeia longa de difícil e demorado controle de oferta.

O Presente Rural – Em relação ao preço médio do suíno, ocorreram algumas variações durante o ano? Quais fatores interferiram para isso?

Marcelo Lopes – A melhor forma de demonstrar a variação do preço do suíno ao longo deste ano comparando com 2020 é analisando o gráfico abaixo (Cepea), com o preço da carcaça especial em São Paulo. Depois de preço recorde nominal em novembro de 2020 (quase R$ 14,00kg), houve queda significativa em 2021, mantendo-se abaixo de R$ 11,00, com oscilações que se aproximaram de R$ 9,00. Um comportamento vacilante em patamar relativamente baixo quando se analisa a subida dos custos de produção neste ano.

O Presente Rural – Em 2021, a carne suína ficou mais cara para o consumidor final. Quais efeitos esse aumento teve no consumo desta proteína no mercado interno?

Marcelo Lopes – A boa notícia do ano é o aumento do consumo per capita de carne suína no Brasil, apesar da crise econômica. Com relação ao preço no varejo é preciso destacar que além da lei da oferta e procura que determina o valor, a margem de cada elo da cadeia tem dinâmica própria e independente. O fato é que a carne suína no atacado (carcaças), que tem relação muito próxima com o preço pago ao produtor, esteve muito competitiva ao longo de todo ano, basta ver a redução da diferença de preço em relação às carcaças de frango que ocorreu em 2021.

O Presente Rural – Quais aspectos interferem no custo final da produção suinícola?

Marcelo Lopes – Sem dúvida o preço do milho foi o grande vilão na alta dos custos de produção neste ano. O gráfico abaixo com as cotações do grão (Cepea) demonstra claramente a mudança de patamar de preço do milho em relação ao ano passado.

Além do milho e do farelo de soja, que também permaneceu em patamar elevado, o ano de 2021 foi marcado pelo aumento da inflação e desvalorização do real, que refletiu na alta de tarifas públicas (energia, combustíveis) e aumento dos preços de produtos importados (medicamentos, vitaminas, etc).

O Presente Rural – Em 2020 as exportações brasileiras de carne suína bateram recorde histórico, com cerca de 1,02 milhão de toneladas enviadas para o exterior. E neste ano, quanto foi exportado?

Marcelo Lopes – Dados consolidados até outubro/2021, com acumulado de 867 mil toneladas de carne suína in natura exportada, indicam um aumento da ordem de 15% em relação ao mesmo período do ano passado (753 mil ton). A tendência é terminarmos o ano com crescimento dos embarques acima de 12%, batendo novo recorde.

O Presente Rural – Quais os principais destinos dos embarques de carne de suína brasileira? Há mercado externo para ser explorado em 2022?

Marcelo Lopes – Até outubro de 2021, o Brasil exportou carne suína in natura para 102 destinos. Porém, quase 90% do volume está concentrado em menos de 10 países. A China continua sendo o principal destino, com 53,47% do total exportado pelo Brasil de janeiro a outubro de 2021; em segundo vem Hong Kong com 11,53% e, na sequência, Chile (6,04%), Singapura (4,45%), Vietnã (3,90%), Uruguai (3.71%), Argentina (3,10%) e Filipinas (2,39%). No curto e médio prazo nenhum mercado substitui o volume demandado hoje pela China. Entretanto, há grandes importadores como Japão, México e Coreia do Sul, os quais vendemos volumes insignificantes, que podem ser mercados em potencial no futuro. Mas isto exigirá não somente garantias sanitárias (Brasil livre de febre aftosa sem vacinação), como também atendimento a padrões de qualidade e especificações de mercado.

O Presente Rural – Os impactos da Peste Suína Africana na Ásia determinaram o ritmo das vendas no ano passado. E em 2021, a PSA teve alguma influência nas vendas dos exportadores brasileiros no mercado internacional?

Marcelo Lopes – A PSA continua impactando o mercado, pois, embora tenha havido uma importante recuperação do rebanho chinês, a doença não está controlada no país e a demanda por carne suína ainda ultrapassa a produção doméstica de lá. Entretanto, no segundo semestre de 2021 houve uma queda acentuada do preço do suíno na China motivado por um aumento na oferta decorrente da liquidação de alguns planteis. Ainda assim, o Brasil foi um dos poucos grandes exportadores que aumentou seus volumes para a China este ano, porém o valor médio da carne suína in natura exportada que em maio chegou ao valor de USD 2,72 mil por tonelada, em outubro caiu ao menor valor mensal do ano (USD 2,23 mil/tonelada), reduzindo a atratividade deste mercado.

O Presente Rural – A crise logística mundial agravada com a pandemia afetou de alguma maneira a exportação da suinocultura brasileira? Diante deste cenário, como a ABCS vislumbra o mercado de exportação para 2022?

Marcelo Lopes – Desde o começo da pandemia as questões logísticas têm afetado as cadeias de produção, mas este problema tem sido contornado relativamente bem pelo setor de carnes. É difícil prever até que ponto estes gargalos vão prejudicar o fluxo de exportação, porém acreditamos nas projeções de que haverá aumento das exportações para a China e, consequentemente, novo recorde de embarques em 2022, pois a liquidação de alguns planteis chineses no início deste ano impactará na menor oferta interna naquele país no ano que vem, mantendo a demanda externa aquecida.

O Presente Rural – Quais os desafios e perspectivas para os suinocultores em 2022?

Marcelo Lopes – O início do plantio da safra 2021/2022 com bom regime de chuvas na maior parte das regiões produtoras do país projeta recorde de produção de milho nas primeira e segunda safras. Confirmado clima favorável até a metade do ano que vem, certamente teremos um recuo significativo no custo de produção. O que preocupa é a recuperação efetiva da economia brasileira com a retomada do poder aquisitivo do consumidor, pois mesmo com o aumento previsto de exportação de carne suína, o mercado interno é o mais importante para a colocação da produção. As incertezas de um ano ainda impactado pela pandemia, com eleições e transtornos mundiais de logística indica que o produtor deve evitar qualquer tipo de investimento em expansão, focando seus gastos na compra estratégica de insumos e na melhoria da produtividade.

Suínos

Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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Suínos

Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

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Foto: Shutterstock

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos

Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

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Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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