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ABCS lança livro sobre uso prudente e eficaz de antibióticos na suinocultura durante IPVS2022
Com uma abordagem integrada com aplicações práticas, que são fundamentais para a redução do uso dos antimicrobianos, a publicação possui dez capítulos escritos por 34 profissionais renomados, que abordam temas desenvolvidos e estruturados adotando uma visão integrada do setor suinícola,

Durante a Feira de Negócios, realizada dentro do Congresso IPVS2022, a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) lançou, nesta quarta-feira (22), o livro “O uso prudente e eficaz de antibióticos na suinocultura”. A obra foi elaborada para contribuir com o debate e com a construção de conhecimentos referentes à resistência aos antimicrobianos nas cadeias produtivas, já que o uso excessivo e inadequado de antimicrobianos pode levar ao aparecimento de bactérias resistentes à ação de medicamentos, colocando em risco o controle de doenças e sendo uma ameaça crescente à saúde humana, animal, e ao meio ambiente.
Com uma abordagem integrada com aplicações práticas, que são fundamentais para a redução do uso dos antimicrobianos, a publicação possui dez capítulos escritos por 34 profissionais renomados, que abordam temas desenvolvidos e estruturados adotando uma visão integrada na suinocultura, envolvendo bem-estar animal, biossegurança, programas de vacinação, diagnóstico e monitoramento de doenças e implementação de substitutivos a antibióticos para o fortalecimento da resposta imunológica e equilíbrio da microbiota dos animais.
A diretora técnica da ABCS, Charli Ludtke, explica que há nos sistemas produtivos uma grande interação entre
pessoas e animais, e, por isso, a adoção de boas práticas de manejo e biossegurança são medidas capazes de trazer diversos benefícios. “Quando associamos todas essas ações elas colaboram para reduzir o risco de aparecimento de surtos de doenças. É imprescindível adotarmos ações que reduzam a resistência aos antimicrobianos, que só será possível se tivermos uma visão integrada na suinocultura, envolvendo o bem-estar animal, a biossegurança, os programas efetivos de vacinação, um bom diagnóstico, monitoramento das doenças e a implementação de substitutivos aos antibióticos. Nesse sentido, este livro tem como objetivo transmitir informações, harmonizar o conhecimento e promover uma melhor compreensão sobre o tema, para que possamos utilizar como base nas capacitações dos profissionais envolvidos, pois se trata de uma responsabilidade compartilhada”, enfatizou Charli.
Responsável pela organização e estruturação da obra, Charli destacou durante o lançamento que o tema da publicação é uma preocupação global na suinocultura, não só no Brasil como do mundo inteiro. “Nós profissionais temos uma responsabilidade muito grande na preservação da eficácia dos antibióticos. Esse livro traz uma abordagem integrada, com capítulos sobre vacinação, boas práticas, uso de substitutivos, melhoria da biosseguridade nas granjas, diagnóstico laboratorial, entre outros assuntos, porque a nossa missão é preservarmos e resguardarmos a saúde pública, não só pensando no que é bom para os suínos, mas também de toda população mundial. Precisamos sim manter a eficácia dos antibióticos, então o uso eficiente é essencial”, ressaltou.
Por sua vez, o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, defende a importância do tema para o aprimoramento da produção nacional. “Nas últimas décadas se tem observado um significativo crescimento da suinocultura com melhoria dos índices de produtividade, melhoramento genético, saúde do rebanho e a implementação de novas tecnologias. No mercado interno, o consumo per capita de carne suína aumentou para 18,10 kg (2021), já no mercado externo, a suinocultura atingiu o recorde de 4,89 milhões de produção total e exportação de 1,14 milhão de toneladas”, detalhou, ampliando: “Apesar dos bons índices de produtividade alcançados, os nossos desafios crescem na mesma importância. Pensando nisso, observamos a necessidade de melhorar e aprimorar os procedimentos de biosseguridade, bem-estar animal e demais boas práticas agropecuárias nas granjas, assim como levar conhecimento e conscientizar a todos os profissionais envolvidos na cadeia sobre a resistência aos antimicrobianos, visando manter a eficácia dos antibióticos, e otimizarmos o seu uso para resguardarmos a sanidade do rebanho”, evidenciou.
Lopes ainda salientou que o livro lançado vem de encontro aos interesses da cadeia suína mundial. “O Brasil por ser um player de exportações precisa ter obras como essas de antibiograma, com uso controlado de antibióticos, para que nós produtores possamos produzir com consciência. Esse livro é muito importante para a nossa produção suinícola, para que possamos ser mais competitivos e para lutarmos por uma suinocultura melhor a todos os produtores”, enfatiza o presidente da AbCS.
A obra visa o aprimoramento de todos os elos da cadeia produtiva de suínos e é destinada a médicos-veterinários, produtores, fiscais, gerentes de granjas, responsáveis técnicos e demais profissionais que atuam do campo à indústria. A publicação está disponível digitalmente no site da ABCS pelo link https://abcs.org.br/categoria_material/livro.

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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.
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Brasil lança plataforma sobre saúde dos solos e reforça liderança em agricultura sustentável
Ferramenta da Embrapa reúne mais de 56 mil análises e mostra que dois terços das áreas avaliadas no País apresentam solos saudáveis ou em recuperação.

Foi lançada na última segunda-feira (17), na Agrizone, a Casa da Agricultura Sustentável da Embrapa durante a COP 30, em Belém (PA), a Plataforma Saúde do Solo BR – Solos resilientes para sistemas agrícolas sustentáveis. A cerimônia ocorreu no Auditório 1 e marcou a apresentação oficial da tecnologia criada pela Embrapa, que reúne pela primeira vez informações sobre a saúde dos solos brasileiros em um ambiente digital e de acesso público.
Na abertura, a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, destacou o simbolismo de apresentar a novidade dentro da Agrizone, espaço que abriga soluções de baixo carbono. “A Agrizone é o começo de uma nova jornada. Estamos mostrando para o mundo inteiro, de forma concreta, que temos tecnologia para desenvolver uma agricultura cada vez mais resiliente às mudanças climáticas”, afirmou.
Para ela, o lançamento reforça o protagonismo do Brasil como líder global em inovação sustentável para a agricultura e os sistemas alimentares.
A Plataforma disponibiliza dados de saúde do solo por estado e município e já reúne cerca de 56 mil amostras, provenientes de 1.502 municípios de todas as regiões do País. O sistema foi construído a partir da geoespacialização dos dados gerados pela BioAS – Bioanálise de Solos, explicou a pesquisadora da Embrapa Cerrados, Ieda Mendes. A ferramenta permite filtros por estado, município, ano, culturas e texturas de solo, além de comparações entre diferentes cultivos. Também gera mapas e gráficos baseados nas funções da bioanálise, como ciclagem, armazenamento e suprimento de nutrientes.
Solos mais saudáveis e produtivos
Os primeiros mapas revelam que predominam no Brasil solos saudáveis ou em processo de recuperação. “Somando solos saudáveis e solos em recuperação, vemos que 66% das áreas analisadas apresentam condições muito boas de saúde. Apenas 4% das amostras representam solos doentes”, afirmou Ieda.
Mato Grosso lidera o número de amostras (10.905), seguido por Minas Gerais (9.680), Paraná (7.607) e Goiás (6.519). O município com maior participação é Alto Taquari (MT), com 1.837 amostras.
A pesquisadora também destacou a forte relação entre saúde do solo e produtividade. No Mato Grosso, a integração dos dados da BioAS com índices do IBGE mostrou que o aumento na proporção de solos doentes está diretamente associado à queda na produção de soja. “Cada 1% de aumento em solos doentes representa uma perda média de 3,1 kg de soja por hectare”.
Em contraste, análises exclusivamente químicas não apresentaram correlação com a produtividade atual, o que indica que o limite produtivo da agricultura brasileira está cada vez mais ligado à qualidade biológica dos solos.
Ieda ressaltou ainda a participação dos produtores na construção da ferramenta. “Temos contribuições que vão do Acre ao extremo sul do Rio Grande do Sul. Ter um trabalho publicado em revistas técnicas é muito bom, mas ver uma tecnologia sendo adotada em todo o Brasil é maravilhoso”, afirmou.
A expectativa é transformar a plataforma, no futuro, em um observatório nacional da saúde dos solos, capaz de gerar relatórios detalhados por município e conectar pesquisadores, laboratórios e agricultores.
A Plataforma Saúde do Solo BR foi desenvolvida com base nos dados da BioAS, tecnologia lançada em 2020 e criada pela Embrapa Cerrados em parceria com a Embrapa Agrobiologia. O método integra indicadores biológicos (atividade enzimática), físicos (textura) e químicos (fertilidade e matéria orgânica).
O banco de dados atual resulta de uma colaboração com 33 laboratórios comerciais de análise de solo, integrantes da Rede Embrapa e usuários da tecnologia.



