Avicultura
A proteção para a Doença de Gumboro: equilibrando eficácia com produtividade
Essa doença continua sendo motivo de atenção para os programas vacinais tanto de frangos de corte quanto galinhas de postura e matrizes pesadas pelo seu potencial em causar perdas econômicas.

Por Tobias Fernandes Filho, gerente técnico de Avicultura na Boehringer Ingelheim Saúde Animal
As aves de produção são intensamente selecionadas para eficiência alimentar, rendimento e performance. Por isso, o ciclo produtivo deve ser altamente eficiente e os ambientes e manejos empregados a criação das aves devem ser observados para que possamos proporcionar condições das aves atingirem o máximo do seu potencial genético.
Um dos desafios infecciosos mais comuns e amplamente difundidos nos plantéis de produção das aves e que ameaça o atingimento dos melhores índices de produção é a doença de Gumboro, também conhecida como doença infecciosa da bursa. Essa doença continua sendo motivo de atenção para os programas vacinais tanto em frangos de corte quanto galinhas de postura e matrizes pesadas pelo seu potencial em causar perdas econômicas por redução da eficiência e da produtividade.
A disseminação do agente no ambiente e seus impactos requerem atenção de medidas que visem o controle do agente e a redução dos impactos na produtividade causadas pela infecção e o papel das boas práticas de biosseguridade e vacinação nesse processo são cruciais.
Quando ocorre a infecção pelo vírus de Gumboro a bursa é o principal alvo de replicação e manutenção do vírus. Consequentemente, é nesse órgão em que encontramos as principais lesões características. O maior nível de lesões em bursa acontece quando a há maior carga viral na fase aguda, independentemente do genótipo viral envolvido. A lesão é ainda potencializada devido ao grau de resposta de linfócitos T citotóxicos, capazes de agressão ao tecido da bursa, sendo esta reação influenciada pela virulência da cepa viral.
A resposta natural que o organismo da ave faz para recuperar os impactos em sistema imune diferem em tempo, sendo mais rápidos em frangos de corte que poedeiras. O esforço na tentativa de recuperar a normalidade do tecido e o controle das respostas inflamatórias demanda recursos energéticos da ave, o que pode impactar na produtividade como menor eficiência alimentar ou menor produção e qualidade de ovos.
A infecção do agente em bursa está correlacionada a expressão de genes de resposta inflamatórias do tipo Th1 (IFNγ, IL2, IL12A e IL15), citocinas pró-inflamatórias associadas a danos celulares (IL1B, IL6, IL18 e IL17), bem como aqueles relacionados a atividade de linfócitos T (CD86 e CTLA4) e estresse (HSPB1).
Outras proteínas atuantes na resposta inflamatória também são estimuladas, como IFN-λ, ZAP, LGP2, IFI6, Mx e Viperina. Essas evidências apontam que os virus de Gumboro interferem com a resposta inata das aves, não somente com as respostas humorais (anticorpos), e que contribuem para quadros de estresse imunológico por processos inflamatórios.
Efeitos
Embora estratégias vacinais com vacinas vivas, em tecnologia de complexo imune ou em forma livre, possam ser efetivas no controle da doença de Gumboro quando administradas corretamente de acordo com a dosagem e procedimentos de preparo e aplicação, os efeitos patogênico e imunossupressor de diferentes vacinas são notáveis e amplamente reportadas. Os impactos no sistema imune incluem redução da atividade mitótica de linfócitos T e da população de linfócitos B, sendo os efeitos mais brandos em tecnologias de complexo imune quando comparados a utilização de vacinas intermediária plus em mesmo momento de aplicação.
Os impactos que um vírus de Gumboro exerce no sistema imunológico ocorrem mesmo após a segunda semana de vida, ou seja, o efeito deletério relacionado ao estresse imunológico e fisiológico causado pelo desafio vacinal ou de infecção ocorre mesmo após o período mais crítico compreendido pela fase inicial de vida da ave.
O caráter imunossupressor provocado pelas vacinas seja influenciado pela idade a que os animais são vacinados e dos diferentes agentes envolvidos em respostas secundárias, as lesões e impactos da replicação durante o quadro infeccioso em diferentes tecidos, com envolvimento dos compartimentos celular e humoral da resposta imune, mesmo no contato com o vírus vacinal após 14 dias de idade, não podem ser ignorados.
O estresse imunológico causado pelo vírus de Gumboro prejudica a resposta humoral, reduzindo produção de anticorpos a outras vacinas bem como debilita o sistema imunológico a enfrentar agentes de infecção secundária como salmonelas, retardando a capacidade do sistema imunológico inato em eliminar o agente.
Em oposição a esse quadro, estratégias vacinais que não utilizam vírus de Gumboro, como as vacinas vetorizadas com base em HVT, são capazes de promover a preservação dos índices de produtividade e qualidade de ovos em estratégias vacinais que não utilizam cepas virais de Gumboro, como vacinas vetorizadas, possibilitam às aves maior peso vivo, melhor uniformidade, maior produção de ovos, melhor eficiência alimentar, maior peso de ovo e melhor qualidade de casca.
Portanto, a busca do equilíbrio entre performance e proteção deve ser buscada e guiada por parâmetros objetivos que indiquem os níveis de proteção CAV e IBD, características dos desafios em cada local, variação da pressão de infecção ao longo do ano e outros fatores intercorrentes que possam contribuir com a manifestação e persistência do agente no ambiente de criação.
O levantamento de informações e dados estratégicos correspondentes a respostas contra o vírus de Gumboro e as monitorias vacinais fazem parte de uma análise de riscos que deve ser conduzida respeitando-se as particularidades de cada empresa, região e época.
Uma monitoria ativa ao longo do tempo com parâmetros laboratorias associados aos produtivos contribuem para o estabelecimento das estratégias vacinais mais adequadas, bem como fornece subsídios para a tomada de decisão fundamentada.
As referências bibliográficas estão com o autor. Contato via: tobias.filho@boehringer-ingelheim.com.

Avicultura
Com 33 anos de atuação, Sindiavipar reforça protagonismo do Paraná na produção de frango
Trabalho conjunto com setor produtivo e instituições públicas sustenta avanços em biosseguridade, rastreabilidade e competitividade.

O Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) celebra, nesta quarta-feira (19), 33 anos de atuação em defesa da avicultura paranaense. Desde sua fundação, em 1992, a entidade reúne e representa as principais indústrias do setor com objetivo de articular políticas, promover o desenvolvimento sustentável e fortalecer uma cadeia produtiva que alimenta milhões de pessoas dentro e fora do Brasil.

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Ao longo dessas mais de três décadas, o Sindiavipar consolidou seu papel como uma das entidades mais relevantes do país quando o assunto é sanidade avícola, biosseguridade e competitividade internacional. Com atuação estratégica junto ao poder público, entidades setoriais, instituições de pesquisa e organismos internacionais, o Sindiavipar contribui para que o Paraná seja reconhecido pela excelência na produção de carne de frango de qualidade, de maneira sustentável, com rastreabilidade, bem-estar-animal e rigor sanitário.
O Estado é referência para que as exportações brasileiras se destaquem no mercado global, e garantir abastecimento seguro a diversos mercados e desta forma contribui significativamente na segurança alimentar global. Esse desempenho se sustenta pelo excelente trabalho que as indústrias avícolas do estado executam quer seja através investimentos constantes ou com ações contínuas de prevenção, fiscalização, capacitação técnica e por uma avicultura integrada, inovadora, tecnológica, eficiente e moderna.

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Nos últimos anos, o Sindiavipar ampliou sua agenda estratégica para temas como inovação, sustentabilidade, educação sanitária e diálogo com a sociedade. A realização do Alimenta 2025, congresso multiproteína que reuniu autoridades, especialistas e os principais players da cadeia de proteína animal, reforçou a importância do debate sobre biosseguridade, bem-estar-animal, tecnologias, sustentabilidade, competitividade e mercados globais, posicionando o Paraná no centro das discussões sobre o futuro da produção de alimentos no país.
Os 33 anos do Sindiavipar representam a trajetória de um setor que cresceu com responsabilidade, pautado pela confiança e pelo compromisso de entregar alimentos de qualidade. Uma história construída pela união entre empresas, colaboradores, produtores, lideranças e parceiros que acreditam no potencial da avicultura paranaense.
O Sindiavipar segue atuando para garantir um setor forte, inovador e preparado para os desafios de um mundo que exige segurança, eficiência e sustentabilidade na produção de alimentos.
Avicultura
União Europeia reabre pre-listing e libera avanço das exportações de aves e ovos do Brasil
Com o restabelecimento do sistema de habilitação por indicação, frigoríficos que atenderem às exigências sanitárias poderão exportar de forma mais ágil, retomando um mercado fechado desde 2018.

A União Europeia confirmou ao governo brasileiro, por meio de carta oficial, o retorno do sistema de habilitação por indicação da autoridade sanitária nacional, o chamado pre-listing, para estabelecimentos exportadores de carne de aves e ovos do Brasil. “Uma grande notícia é a retomada do pré-listing para a União Europeia. Esse mercado espetacular, remunerador para o frango e para os ovos brasileiros estava fechado desde 2018. Portanto, sete anos com o Brasil fora”, destacou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

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Com a decisão, os estabelecimentos que atenderem aos requisitos sanitários exigidos pela União Europeia poderão ser indicados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e, uma vez comunicados ao bloco europeu, ficam aptos a exportar. No modelo de pre-listing, o Mapa atesta e encaminha a lista de plantas que cumprem as normas da UE, sem necessidade de avaliação caso a caso pelas autoridades europeias, o que torna o processo de habilitação mais ágil e previsível. “Trabalhamos três anos na reabertura e, finalmente, oficialmente, o mercado está reaberto. Todas as agroindústrias brasileiras que produzem ovos e frangos e que cumprirem os pré-requisitos sanitários podem vender para a Comunidade Europeia”, completou.
A confirmação oficial do mecanismo é resultado de uma agenda de trabalho contínua com a Comissão Europeia ao longo do ano. Em 2 de outubro, missão do Mapa a Bruxelas, liderada pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luís Rua, levou à União Europeia um conjunto de pedidos prioritários, entre eles o restabelecimento do pre-listing para proteína animal, o avanço nas tratativas para o retorno dos pescados e o reconhecimento da regionalização de enfermidades.
Na sequência, em 23 de outubro, reunião de alto nível em São Paulo entre o secretário Luís Rua e o comissário europeu para Agricultura, Christophe Hansen, consolidou entendimentos na pauta sanitária bilateral e registrou o retorno do sistema de pre-listing para estabelecimentos brasileiros habilitados a exportar carne de aves, o que agora se concretiza com o recebimento da carta oficial e permite o início dos procedimentos de habilitação por parte do Mapa. O encontro também encaminhou o avanço para pre-listing para ovos e o agendamento da auditoria europeia do sistema de pescados.

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Na ocasião, as partes acordaram ainda a retomada de um mecanismo permanente de alto nível para tratar de temas sanitários e regulatórios, com nova reunião prevista para o primeiro trimestre de 2026. O objetivo é assegurar previsibilidade, transparência e continuidade ao diálogo, reduzindo entraves técnicos e favorecendo o fluxo de comércio de produtos agropecuários entre o Brasil e a União Europeia.
Com o pre-listing restabelecido para carne de aves e ovos, o Brasil reforça o papel de seus serviços oficiais de inspeção como referência na garantia da segurança dos alimentos e no atendimento às exigências do mercado europeu, ao mesmo tempo em que avança em uma agenda de facilitação de comércio baseada em critérios técnicos e cooperação regulatória.
Avicultura
Exportações gaúchas de aves avançam e reforçam confiança do mercado global
Desempenho positivo em outubro, expansão da receita e sinais de estabilidade sanitária fortalecem o posicionamento do estado no mercado externo.

O setor agroindustrial avícola do Rio Grande do Sul mantém um ritmo consistente de recuperação nas exportações de carne de frango, tanto processada quanto in natura. Em outubro, o estado registrou alta de 8,8% no volume embarcado em relação ao mesmo mês do ano passado. Foram 60,9 mil toneladas exportadas, um acréscimo de 4,9 mil toneladas frente às 56 mil toneladas enviadas em outubro de 2023.
A receita também avançou: o mês fechou com US$ 108,9 milhões, crescimento de 5% na comparação anual.
No acumulado de janeiro a outubro, entretanto, o desempenho ainda reflete os impactos do início do ano. Os volumes totais apresentam retração de 1%, enquanto a receita caiu 1,8% frente ao mesmo período de 2024, conforme quadro abaixo:

O rápido retorno das exportações de carne de aves do Rio Grande do Sul para mercados relevantes, confirma que, tanto o estado quanto o restante do país permanecem livres das doenças que geram restrições internacionais.
Inclusive, o reconhecimento por parte da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e muitos outros mercados demonstram a importância do reconhecimento da avicultura do Rio Grande do Sul por parte da China, ainda pendente. “Estamos avançando de forma consistente e, em breve, estaremos plenamente aptos a retomar nossas exportações na totalidade de mercados. Nossas indústrias, altamente capacitadas e equipadas, estão preparadas para atender às demandas de todos os mercados, considerando suas especificidades quanto a volumes e tipos de produtos avícolas”, afirmou José Eduardo dos Santos, Presidente Executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul (Asgav/Sipargs).
Indústria e produção de ovos
O setor da indústria e produção de ovos ainda registra recuo nos volumes exportados de -5,9% nos dez meses de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, ou seja, -317 toneladas. Porém, na receita acumulada o crescimento foi de 39,2%, atingindo um total de US$ 19 milhões de dólares de janeiro a outubro deste ano.
A receita aumentou 49,5% em outubro comparada a outubro de 2024, atingindo neste mês a cifra de US$ 2.9 milhões de dólares de faturamento. “A indústria e produção de ovos do Rio Grande do Sul está cada vez mais presente no mercado externo, o atendimento contínuo aos mais diversos mercados e o compromisso com qualidade, evidenciam nosso potencial de produção e exportação”, pontua Santos.

Exportações brasileiras
As exportações brasileiras de carne de frango registraram em outubro o segundo melhor resultado mensal da história do setor, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Ao todo, foram exportadas 501,3 mil toneladas de carne no mês, saldo que superou em 8,2% o volume embarcado no mesmo período do ano passado, com 463,5 mil toneladas.

Presidente Eeecutivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos: “A indústria e produção de ovos do Rio Grande do Sul está cada vez mais presente no mercado externo, o atendimento contínuo aos mais diversos mercados e o compromisso com qualidade, evidenciam nosso potencial de produção e exportação”
Com isso, as exportações de carne de frango no ano (volume acumulado entre janeiro e outubro) chegaram a 4,378 milhões de toneladas, saldo apenas 0,1% menor em relação ao total registrado no mesmo período do ano passado, com 4,380 milhões de toneladas.
A receita das exportações de outubro chegaram a US$ 865,4 milhões, volume 4,3% menor em relação ao décimo mês de 2024, com US$ 904,4 milhões. No ano (janeiro a outubro), o total chega a US$ 8,031 bilhões, resultado 1,8% menor em relação ao ano anterior, com US$ 8,177 bilhões.
Já as exportações brasileiras de ovos (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) totalizaram 2.366 toneladas em outubro, informa a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O número supera em 13,6% o total exportado no mesmo período do ano passado, com 2.083 toneladas.
Em receita, houve incremento de 43,4%, com US$ 6,051 milhões em outubro deste ano, contra US$ 4,219 milhões no mesmo período do ano passado. No ano, a alta acumulada chega a 151,2%, com 36.745 toneladas entre janeiro e outubro deste ano contra 14.626 toneladas no mesmo período do ano passado. Em receita, houve incremento de 180,2%, com US$ 86,883 milhões nos dez primeiros meses deste ano, contra US$ 31,012 milhões no mesmo período do ano passado.




