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“A Influenza aviária chegou ao continente e veio para ficar”, alerta gerente da Adapar

Desde o primeiro caso detectado, nunca houve tantos registros da doença no mundo como estamos vivenciando agora. Se uma propriedade falha nas medidas de biosseguridade coloca em risco toda a avicultura brasileira.

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Fotos: Shutterstock

A Influenza aviária tem se mostrado uma das maiores ameaças à avicultura comercial global nos últimos anos. Altamente contagioso, esse vírus é transmitido pelas aves migratórias para os frangos de corte, poedeiras, matrizeiros, reprodutoras, aves domésticas e animais marinhos, causando graves perdas econômicas e representando um risco potencial à saúde pública. Em 2024, o cenário mundial segue preocupante: surtos recorrentes têm sido reportados em diversos continentes, incluindo a América Latina, deixando os produtores brasileiros em alerta constante.

Quinto maior produtor de ovos, líder de exportação de carne de frango e segundo maior produtor mundial, o Brasil tem dado exemplo ao garantir a proteção e a segurança dos plantéis avícolas contra a gripe aviária. Medidas rigorosas de biossegurança e vigilância contínua são estratégias usadas para mitigar os impactos desta doença, que, até o momento, afetou apenas aves de fundo de quintal, animais marinhos e aves silvestres em território nacional. Desde a primeira notificação já se passaram mais de 380 dias, tendo neste período registrado 166 casos, sendo três em aves de subsistência.

Durante o Congresso de Avicultores e Suinocultores O Presente Rural, o médico-veterinário, mestre em Ciências Animais e gerente de Saúde Animal da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Rafael Gonçalves Dias, trouxe um panorama do atual cenário da Influenza aviária, seus impactos na avicultura comercial e medidas de controle e prevenção para garantir a segurança e a sustentabilidade do setor.

A grande densidade de produção de aves, especialmente no Oeste do Paraná, aliada à proximidade com fronteiras internacionais, aumenta de forma significativa o risco sanitário no Brasil para diversas doenças. Este é um ponto de constante atenção para o setor avícola. “Atualmente, estamos enfrentando o maior surto de Influenza Aviária de todos os tempos. Desde o primeiro caso detectado, nunca houve tantos registros da doença no mundo como estamos vivenciando agora. A América do Sul, até 2022 era reconhecida por não ter nenhum caso da doença, no entanto, a realidade mudou, e agora sabemos que a Influenza Aviária chegou ao continente e veio para ficar”, lamentou Dias.

Agente transmissor móvel, as aves silvestres migratórias vêm da América do Norte e da Europa para se alimentar e se reproduzir na América do Sul durante o inverno. Como não possuem controle, tornam a situação ainda mais complexa.

Diante deste cenário, o desafio é enorme: como controlar a doença com aves migratórias que atravessam continentes? A resposta está em uma vigilância constante e na implementação de todas as medidas preventivas possíveis para evitar a entrada do vírus nas granjas comerciais. “O monitoramento contínuo e a adoção de protocolos rigorosos de biossegurança são essenciais para proteger o setor avícola brasileiro de uma ameaça que parece ter vindo para ficar e cada vez mais nos assombra”, aponta o médico-veterinário, acrescentando: “O vírus da Influenza aviária é conhecido por sua capacidade de sofrer mutações frequentes, se alterando ao longo do tempo à medida que infecta diferentes hospedeiros. Além disso, possui a característica de ser capaz de infectar uma ampla gama de espécies, incluindo outros mamíferos e, eventualmente, seres humanos”.

Sinais clínicos e transmissão da doença

Médico-veterinário, mestre em Ciências Animais e gerente de Saúde Animal da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Rafael Gonçalves Dias: “Não estamos livres da ocorrência da doença na avicultura comercial, mas quanto antes conseguirmos localizá-la, maiores serão as chances de controlar a sua disseminação”

Entre os principais sinais clínicos da Influenza aviária, o médico-veterinário cita tremores na cabeça e corpo, dificuldade respiratória, coriza nasal, espirros, letargia, depressão, decúbito, penas arrepiadas, asas caídas, torção de cabeça e pescoço, perda de equilíbrio, edema facial, olhos fechados, e andar em círculos ou para trás. “Um sintoma recorrente em aves diagnosticadas com Influenza aviária é a perda de coordenação motora, o que afeta seu equilíbrio natural para caminhar e voar”, expõe, enfatizando que qualquer pessoa que aviste uma ave com estes sinais deve notificar o Serviço Oficial Veterinário.

A espécie trinta-réis-real, considerada ameaçada de extinção, tem sido a principal transmissora da gripe aviária no Brasil. “A transmissão da Influenza aviária ocorre principalmente pelo contato direto entre aves através de secreções nasais, oculares e fezes de aves infectadas. Também pode ocorrer por contato indireto com água, alimentos, fômites, pessoas, equipamentos, materiais, veículos, vestuário e insetos”, detalha Dias.

O período de incubação do vírus varia de algumas horas a 14 dias, dependendo da dose infectante, via de exposição, espécie afetada e capacidade de detecção dos sinais. “Uma das principais características dessa doença é a alta mortalidade, podendo matar rapidamente um lote inteiro”, enfatiza o profissional. “Não temos outra opção senão proteger nosso ativo, investindo cada vez mais na biosseguridade das granjas”, ressalta.

Em caso de um surto, Dias diz que existem fundos de indenização como Fundepec, Funasavi e indenização federal para ajudar os produtores a retomar a produção. Porém, os recursos para indenização dos produtores são limitados, e a doença é muito cara e difícil de controlar”, alerta.

Prejuízos

Nos Estados Unidos, a luta contra a doença tem sido persistente. Entre 1924 e 1925, os custos para erradicar o vírus no país norte-americano foram de US$ 14,2 milhões. Com o novo surto em 2014/2015, foram investidos US$ 850 milhões, e em 2022/2023, o investimento subiu para US$ 1,7 bilhão devido à gravidade da doença. “Nossa avicultura é muito parecida com a dos Estados Unidos em termos de escala; produzimos tanto quanto eles. No entanto, o Brasil dispõe de recursos limitados para responder e indenizar os produtores em caso de perda de controle de uma possível entrada da doença no plantel comercial”, salienta o profissional.

Surtos na América do Sul

O primeiro caso de Influenza aviária na América do Sul foi identificado em outubro de 2022, na Colômbia, próximo à fronteira com o Panamá. Em seguida, o Peru registrou um surto, também envolvendo aves silvestres.

No início de 2023, foram reportados 71 casos na região, distribuídos entre Colômbia, Chile, Peru, Equador, Venezuela e Bolívia. Até março de 2023 havia 251 focos confirmados na América do Sul, com 42 na Colômbia, 55 no Chile (incluindo 2 em mamíferos marinhos), 58 no Peru (com 14 em aves comerciais), 16 no Equador (sendo 8 em aves comerciais), além de casos na Venezuela, Bolívia, Uruguai e Argentina.

Um mês depois, os casos confirmados aumentaram para 311, com 49 na Colômbia, 93 no Chile, 59 no Peru (14 em aves comerciais), 20 no Equador (10 em aves comerciais), além de ocorrências na Venezuela, Bolívia, Uruguai e Argentina.

Já em junho de 2023 foram registrados 452 focos confirmados na América do Sul, com 49 na Colômbia, 125 no Chile, 59 no Peru, 24 no Equador, e casos na Venezuela, Bolívia, Uruguai, Argentina, Brasil e Paraguai.

No Brasil, foram realizadas 3.113 investigações, com 873 amostras coletadas para diagnóstico laboratorial até 08 de julho, sendo confirmados 166 focos da doença, três em galinhas domésticas de subsistência e o restante em aves migratórias. “A maioria dos casos no Brasil ocorreu em aves silvestres da espécie trinta-réis em regiões litorâneas”, menciona Dias.

No Paraná, foram registrados até o momento 13 casos, todos no litoral, nas cidades de Antonina, Guaraqueçaba, Paranaguá, Pontal do Paraná, Matinhos e Guaratuba. Não houve registro de casos no interior do estado. “No Paraná, as estratégias de vigilância contra a Influenza aviária são essenciais para proteger a avicultura comercial e mitigar os impactos econômicos potenciais. A vigilância passiva foca na investigação de casos suspeitos de Síndrome Respiratória em Aves e em eventos de mortalidade excepcional em aves silvestres. Já a vigilância ativa é intensificada em áreas de risco, abrangendo desde aves de subsistência até a avicultura industrial em todo o estado, não apenas no litoral”, detalha o gerente de Saúde Animal da Adapar.

Além disso, é realizado um monitoramento rigoroso para estabelecer compartimentos livres de Influenza aviária e Doença de Newcastle (DNC). “Esse trabalho preventivo é fundamental, pois visa detectar a doença antes que se espalhe, através da coleta sistemática de amostras de aves saudáveis, incluindo matrizes, aves de corte, de postura e até aves criadas em fundo de quintal. Esse monitoramento representa uma amostra representativa da produção avícola no Paraná, assegurando a ausência de circulação viral no estado”, explica Dias.

Principais hospedeiras do vírus, as aves silvestres desempenham um papel importante no ciclo da doença, migrando para a América do Norte no início do ano e retornando à América do Sul entre junho e agosto, influenciadas por fatores como temperatura, reprodução e disponibilidade de alimentos. “Esse padrão migratório permite antecipar períodos críticos de maior incidência de Influenza aviária no estado. Contudo, existe a migração de aves de outras regiões para o Brasil durante o ano inteiro”, salienta Dias.

Impacto econômico

O gerente de Saúde Animal da Adapar alerta que a ocorrência de Influenza aviária em aves comerciais resultaria no bloqueio imediato das exportações brasileiras, afetando severamente a economia. No entanto, os casos registrados no país em aves silvestres não comprometem as exportações, permitindo que o Brasil mantenha seu status de área livre da doença.

Contudo, Dias salienta que a entrada do vírus no plantel industrial em outros países levou à perda de mercados importantes. Por exemplo, a Tailândia perdeu o mercado japonês após um surto no início dos anos 2000, abrindo espaço para o Brasil, que ainda mantém essa posição. “A recuperação desses mercados pode levar anos”, expõe.

Simulações de cenários de surto em áreas como em Marechal Cândido Rondon, Paraná, região com muitas granjas comerciais, indicam que a primeira medida seria reportar o foco à Organização Mundial de Saúde Animal, seguido provavelmente pela suspensão das exportações brasileiras. “Isso teria um impacto devastador, afetando aproximadamente 15 certificados de países que exigem áreas livres de Influenza aviária para importações”, frisa Dias.

A consequência direta seria a necessidade de direcionar a produção internamente, impactando o mercado local com uma oferta elevada de carne de frango e, consequentemente, uma queda nos preços. Essa deflação temporária poderia levar a uma retração nos setores de carne suína e bovina, à medida que os consumidores migrassem para a carne de frango mais barata.

Além dos impactos econômicos, haveria custos elevados para o controle do surto, incluindo o descarte de produtos estigmatizados, o sacrifício de aves e o desabastecimento de mercado devido à redução na produção das indústrias. “Esse cenário não apenas afetaria a economia, como também minaria a credibilidade do Brasil como um fornecedor confiável no mercado internacional”, avalia Dias.

Desafios e perspectivas

Fotos: Sandro Mesquita/OP Rural

O especialista aponta que, em caso de a gripe aviária adentrar a avicultura comercial brasileira, o setor teria como principais problemas o controle das aves migratórias e silvestres, que são agentes de disseminação do vírus. Além disso, propriedades de subsistência e de postura também representam áreas de alto risco devido à menor biosseguridade.

Outra questão crítica abordada pelo profissional é a insuficiência dos fundos de indenização disponíveis para cobrir as necessidades da avicultura brasileira em caso de surto. O médico-veterinário ressalta a importância de um plano eficaz para retomada das exportações após surtos, fundamental para a recuperação dos mercados internacionais afetados. “Nossa avicultura é muito grande e os recursos atuais não são suficientes para enfrentar esses desafios”, evidencia.

O mestre em Ciências Animais diz que a capacidade de detectar de forma precoce a doença é fundamental para controlar sua disseminação. “Evitar que a doença entre na avicultura comercial é prioritário para proteger nosso setor”, ressalta.

Além disso, a habilidade de retomar as exportações após um surto, através da regionalização, é essencial para minimizar impactos econômicos e manter a confiança dos mercados internacionais. “Não estamos livres da ocorrência da doença na avicultura comercial, mas quanto antes conseguirmos localizá-la, maiores serão as chances de controlar a sua disseminação. Contudo, evitar a entrada da doença na avicultura comercial é o nosso principal objetivo”, assegura Dias.

Como blindar a avicultura

As medidas de biosseguridade são adotadas há muito tempo nas granjas avícolas, porém ainda existem áreas que necessitam de melhorias para mitigar potenciais riscos.

Entre as falhas destacadas por Dias estão a presença de passarinhos construindo ninhos nas estruturas das granjas, galpões abertos entre lotes, manejo adequado de entulhos, a não presença de açudes dentro da área de isolamento, a proibição da venda ambulante de aves e a criação de aves aquáticas dentro das propriedades destinadas à produção de frangos. “É preciso manter edificações teladas e cercadas, manter um ambiente limpo, evitar visitas não autorizadas de pessoas e entrada de veículos nas granjas, além de garantir água e ração de qualidade para manter a saúde das aves. A desinfecção rigorosa de todos os veículos que acessam a granja, além da integridade das telas e cercas ao redor das propriedades são práticas fundamentais para o manejo sanitário eficaz”, assegura o médico-veterinário.

Dias reafirma que mundo enfrenta atualmente o maior desafio sanitário da cadeia avícola. “Um foco de Influenza aviária na avicultura do Paraná, por exemplo, seria extremamente trágico, com prejuízos incalculáveis e de difícil recuperação. A única forma de proteger e blindar nossa avicultura é através da biosseguridade. No entanto, não basta ter instalações modernas; é essencial adotar procedimentos que garantam a segurança do plantel”, enfatiza. “A circulação viral da doença é real e permanente. Não sabemos até quando vamos conviver com essa ameaça. Se uma propriedade falha nas medidas de biosseguridade coloca em risco toda a avicultura brasileira”, completa.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de avicultura acesse a versão digital de avicultura de corte e postura, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

Avicultura

Vem aí o Alimenta: Congresso Brasileiro de Proteína Animal e Rendering

Evento acontece de 17 a 19 de junho de 2025 em Foz do Iguaçu – Paraná e vai reunir os players de proteína

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Fotos: O Presente Rural

Surge um novo e disruptivo capítulo na história dos eventos de proteína animal no Brasil: o ALIMENTA – Congresso Brasileiro de Proteína Animal . Marcado para junho de 2025, em Foz do Iguaçu, este evento é a evolução natural do Congresso de Avicultores e Suinocultores O Presente Rural, que cresceu ano após ano com o pilar de gerar informação útil aos produtores rurais. O Alimenta promete ser um marco significativo na integração de toda a cadeia de proteína animal, atraindo a atenção de todos os segmentos do setor. Só o mercado de reciclagem animal movimenta em torno de R$ 100 bilhões por ano e exporta mais de US$ 115 mil por ano.

“O Alimenta 2025 foi concebido para atender às novas demandas e oportunidades do setor de proteína animal. Ele não é um evento novo, mas sim a migração do Congresso de Suinocultores e Avicultores que já era promovido pelo O Presente Rural, Frimesa Cooperativa Central e Cooperativa Lar.  A evolução do nosso evento reflete nosso compromisso em proporcionar um ambiente onde produtores, profissionais e empresas possam compartilhar conhecimentos, inovações e gerar negócios. A escolha de Foz do Iguaçu, com sua infraestrutura e localização estratégica, foi essencial para abrigar esse novo formato, que promete ser mais inclusivo e abrangente”, destaca Selmar Marquesin, diretor do jornal O Presente Rural.

O Alimenta escolheu o estado do Paraná como sede em reconhecimento à grande capacidade produtiva e empreendedora dos produtores de aves e suínos. O modelo cooperativista que tanto orgulha o país e a capacidade de atrais negócios com a expansão de uma agroindústria forte exigia uma programação especialmente desenhada para a as demandas desse setor. Um evento único, criado para ser um encontro bienal de troca de conhecimento, de reciclagem profissional e compartilhamento avanços da tecnologia, afirma Eliana Panty, CEO do Alimenta.

Panty destaca que o setor de reciclagem animal, responsável pelo processamento de resíduos do abate de animais de produção, como aves, suínos, bovinos e pescado, gira milhões no mercado internacional. “São as partes dos animais abatidos que não vão para o consumo humano, seja por questões ligadas aos hábitos alimentares ou culturais da população ou, então, classificados como impróprios para consumo humano pelo sistema de inspeção oficial, como ossos, penas, sangue, escamas, vísceras, aparas de carne e gordura e partes do animal. Uma matéria prima valiosa para a indústria de rações para animais de produção e pets”.

O Alimenta 2025 se apresenta com uma programação abrangente com foco no produtor e nos gestores de granjas. Grandes empresas do setor apresentam suas últimas inovações, produtos e serviços na Exposição e Feira de Negócios, promovendo um ambiente dinâmico de networking e geração de negócios. Além disso, serão oferecidas palestras direcionadas a produtores de leite, ovos e carnes, além de sessões específicas para profissionais como médicos veterinários e zootecnistas, abordando as mais recentes novidades em pesquisa e desenvolvimento. A Mostra de Trabalhos Científicos oferecerá um espaço dedicado à apresentação de pesquisas e estudos de vanguarda da ciência e tecnologia no setor de proteína animal. As empresas parceiras também terão a oportunidade de organizar eventos adicionais, proporcionando ainda mais conteúdo relevante e oportunidades de aprendizagem.

Selmar Marquesin, diretor do jornal O Presente Rural

Selmar destaca ainda que várias entidades já confirmaram apoio ao evento e outras ainda estão por vir. “Essa semana alinhamos um parceria com o Sindicato da Industrias Avícolas do Paraná(Sindiavipar), que pretende realizar o seu Whorkshop  dentro do Alimenta. E claro, vamos manter a parceria de sucesso que já temos de longa data com a Frimesa Cooperativa Central e Cooperativa Lar que sempre foram os correalizadores do nossos eventos. Estamos também firmando parcerias e apoio de outras cooperativas, agroindústrias e associações, como por exemplo, Coopavel, ABPA, ABCS, ACCS, ACSURS, ASUMAS, ACRISMAT, APS, APCS. ASGAV e ANFEAS, entre outras que ainda estão em tratativas, afirma o diretor do O Presente Rural.

 

 

Foz do Iguaçu

Eliana Panty, CEO do Alimenta – Foto: Divulgação

A escolha de Foz do Iguaçu como sede do Alimenta não foi por acaso. Reconhecida pela sua capacidade de receber grandes congressos do setor, a cidade conta com um aeroporto bem localizado e uma infraestrutura turística robusta, incluindo muitos hotéis para acomodar os participantes. Situada no Oeste do Paraná, um dos maiores polos de produção de proteína animal do Brasil, Foz do Iguaçu oferece o ambiente ideal para um evento dessa magnitude.

“O evento visa promover a qualificação constante do setor através de palestras atualizadas, destacando as mais recentes inovações em pesquisa e desenvolvimento. Além disso, busca fomentar negócios por meio da exposição de fornecedores da cadeia de insumos . Com esta nova abordagem, o Alimenta pretende integrar toda a cadeia produtiva, reforçando a importância da inovação e do desenvolvimento sustentável para o futuro da proteína animal no Brasil”, menciona Eliana Panty.

“Prepare-se para uma experiência única e transformadora no Alimenta – Congresso Brasileiro de Proteína Animal . Este evento promete ser um verdadeiro progresso para o avanço da indústria de proteína animal, reunindo os principais atores do setor para compartilhar conhecimento, explorar novas oportunidades e construir um futuro mais próspero e sustentável. Nos vemos em Foz do Iguaçu, onde juntos vamos moldar o futuro da proteína animal no Brasil”, sintetiza Eliana Panty.

 

Fonte: O Presente Rural
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Avicultura

Os custos de produção de frangos de corte e de suínos nos principais estados produtores e exportadores do país tiveram comportamentos diferentes no mês de agosto

É importante que avicultores e suinocultores monitorem a evolução dos seus próprios custos de produção, utilizando esses índices como referência para a tomada de decisões estratégicas.

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Foto: Divulgação/Embrapa

No Paraná, o custo de produção do quilo do frango de corte atingiu R$ 4,53, representando uma queda de 1,73% em relação ao mês de julho. Apesar disso, o ICPFrango ainda registra um aumento acumulado no ano de 2,62%, enquanto nos últimos 12 meses houve um aumento de 6,20%, com o índice da Embrapa alcançando 350,33 pontos em agosto. A ração se destacou como o principal componente de custo, com uma queda de 2,59% e uma participação de 66,60% no custo total de produção. Outros itens que contribuíram para a queda nos custos foram os do grupo energia elétrica/cama/calefação (-5,17%) e genética (-0,10%).

Foto: Divulgação/Embrapa

Em Santa Catarina, o custo de produção do quilo de suíno vivo alcançou R$ 5,90 em agosto, um aumento de 0,94% em comparação a julho, mas ainda com uma queda acumulada no ano (-4,85%), enquanto registra alta nos últimos 12 meses (1,51%), com o ICPSuíno atingindo 337,71 pontos. Os custos com juros sobre o capital investido e de giro e rações foram determinantes, com aumentos de +2,52% e +0,22%, respectivamente.

Os estados de Santa Catarina e Paraná são referências nos cálculos dos Índices de Custo de Produção (ICPs) da CIAS devido à sua posição como maiores produtores nacionais de suínos e frangos de corte, respectivamente. No entanto, a CIAS também oferece estimativas para outros estados brasileiros. Essas informações são fundamentais para indicar a evolução dos custos nesses setores produtivos.

É importante que avicultores e suinocultores monitorem a evolução dos seus próprios custos de produção, utilizando esses índices como referência para a tomada de decisões estratégicas.

Foto: Divulgação/Embrapa

Aplicativo Custo Fácil – O aplicativo da Embrapa agora permite gerar relatórios dinâmicos das granjas, do usuário e das estatísticas da base de dados. Os relatórios permitem separar as despesas dos custos com mão de obra familiar. O Custo Fácil está disponível de graça para aparelhos Android, na Play Store do Google.

Planilha de custos do produtor – Produtores de suínos e de frango de corte integrados podem usar na gestão da granja a planilha eletrônica feita pela Embrapa. A planilha pode ser baixada de graça no site da CIAS.

Fonte: Assessoria Embrapa
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Avicultura

A ascensão da Lar sob a liderança de Irineo da Costa Rodrigues

Presidente da Lar Cooperativa compartilha os detalhes de sua jornada pessoal e profissional, destacando como sua vida se entrelaça com a história e os ideais da cooperativa.

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No movimento cooperativista é possível encontrar histórias de dedicação, visão e colaboração. Uma delas a Voz do Cooperativismo encontrou em Medianeira, PR, na conversa com Irineo da Costa Rodrigues, presidente da Lar Cooperativa, que compartilha os detalhes de sua jornada pessoal e profissional, destacando como sua vida se entrelaça com a história e os ideais da cooperativa. Confira os principais trechos.

O Presente Rural – Fale um pouco sobre sua história dentro do cooperativismo e na Lar. Como essas duas histórias se unem?

Irineo da Costa Rodrigues – A Cooperativa Lar foi criada nos anos 1960, quando houve uma migração de pessoas do Sul do país para onde hoje é o município de Missal. A Igreja Católica inclusive, através de uma encíclica do Papa João XXIII, que dizia que as pequenas economias deviam se juntar ou em cooperativas. Cinco dioceses na época foram até o governador Moisés Lupion pedir uma ajuda à Igreja. O governador doou para essas cinco dioceses cinco mil alqueires, ou seja, mil alqueires a cada. Assim, vieram agricultores do sul da região das Missões, de origem alemã e católicos pequenos agricultores.

Fotos: Divulgação/Lar

Na medida em que eles vinham, compravam uma colônia de terra que é dez alqueires e a igreja separava um valor para formar uma cooperativa. E assim nasceu a Cooperativa Lar, que foi fundada no dia 19 de março de 1964. No dia 19 de março de 2024 a Lar completou 60 anos.

Eu sou da região da campanha do Rio Grande do Sul. Minha cidade natal é Canguçu, meu pai era pequeno produtor. Produzia leite, batata, cebola, pêssego e na época ele se associou à cooperativa de leite. Infelizmente ela descontinuou por má gestão e então eu sempre convivi com meu pai falando em cooperativa.

Depois fui estudar sete anos no Colégio Agrícola Visconde da Graça, em Pelotas, RS, e lá nós tínhamos uma cooperativa escolar. Então, de novo falando em cooperativa e estudando um pouco. Quando vim para a agronomia, me formei em 1973, em Pelotas, também na grade curricular tinha matérias voltadas ao cooperativismo.

No comecinho de 1974 me formei engenheiro agrônomo. Eu queria ser produtor rural. Pensei “vou no rumo do Centro-Oeste, no Mato Grosso”, mas o Mato Grosso ainda não tinha a agricultura. Entrei na Emater do Paraná, trabalhei sete anos. Quando saí da Emater, a Sudcoop, que hoje é a Frimesa, entrou em dificuldade e vim ser presidente dessa cooperativa e fiquei até o ano de 1983. Em 1984 e 1986 vim para a Cotrefal (Lar) como diretor-secretário e fiquei um pouco frustrado porque a cooperativa não andava. Então me afastei e, quando voltei, em 1990 por nove anos acumulei a Presidência da Sicredi e até hoje da atual Lar.

O Presente Rural – Quando a Lar decidiu diversificar e industrializar sua produção?

Irineo da Costa Rodrigues – Eu só assumi a Presidência da atual Lar com essa ideia de que tinha que fazer duas coisas: trazer mais eficiência na agricultura e agregar valor, porque pequenas propriedades não se viabilizam só com grãos e nós já tínhamos através da Frimesa um pouco de suinocultura e leite. Primeiro passo foi aumentar a suinocultura, aumentar a produção de leite, buscar mais produtividade. Na época, criamos os chamados programas de eficácia. Aí nós entramos com a cultura da mandioca e de hortigranjeiros, mas mirando frango. Até que foi possível, quatro anos depois, pois estávamos com um estudo pronto para entrar na avicultura, no dia 09/09/1999, ou seja, em menos de uma década a Lar já estava agregando valor, diversificada e mais industrializada.

O Presente Rural – A Lar é destaque tanto em número de colaboradores como associados. Ao que o senhor atribui esse desempenho todo?

Irineo da Costa Rodrigues – Cresceu o número de associados porque mais agricultores passaram a confiar na gestão. Não tínhamos médios e muito menos grandes produtores associados à cooperativa. Passaram a se associar e depois aumentou o quadro de associados quando a Lar foi para o Mato Grosso do Sul, claro, tínhamos associados lá, mas muitos sul-mato-grossenses se associaram à Lar. Como também quando fomos para o norte do Paraná, para expansão da avicultura. O nosso quadro de associados está caminhando para chegar a 14 mil. Por termos uma avicultura muito intensa, a Lar se tornou em 24 anos a terceira maior empresa de abate de frango do país, a quarta maior da América Latina. A avicultura é muito intensa em ocupação de mão de obra. Nossa avicultura, hoje, precisa de 21 mil funcionários. Então, dos 24 mil funcionários, 21 mil estão na avicultura.

O Presente Rural – Como o senhor avalia o cooperativismo no ramo agropecuário?

Irineu da Costa Rodrigues – Ele é extremamente necessário. Penso que ele vai se expandir. Claro que, vez ou outra, alguma cooperativa não tem sucesso, mas isso se deve a alguns fatores. Uma cooperativa vai bem quando ela preenche uma necessidade do agricultor. Se a cooperativa preenche essa necessidade é meio caminho andado. Segundo, tem que ter uma gestão boa. E, às vezes, as cooperativas se perdem um pouco com a vontade de querer ajudar o associado, exagera na ajuda, ou também por falta de conhecimento, não são felizes nas decisões tomadas na área comercial, industrial. A cooperativa tem que preencher o interesse do associado e tem que ter uma boa gestão.

E outra palavra que não é mágica, mas é importante, é confiança. A cooperativa tem que gerar confiança. Com esses três alicerces uma cooperativa vai bem, ela cada vez mais encanta seu associado, cada vez se expande mais. Claro que isso não é unanimidade, até porque não dá para uma diretoria de cooperativa atender tudo que o associado quer, pois têm alguns que exageram no pedido. O cooperativismo está sendo cada vez mais importante para o país. Cada vez mais está participando mais da produção, como no estado do Paraná, onde mais de 50% da produção do estado passa por cooperativas.

O Presente Rural – Hoje a cooperativa trabalha em diversas áreas do agronegócio. Poderia traçar um panorama dessas áreas?

Irineu da Costa Rodrigues – A Lar tem um foco. Isso foi definido há duas décadas, quando nós passamos a diversificar muito e poucos associados tinham o interesse por aquelas atividades. O foco da Lar é o que a nossa região faz, foco em grãos, em carnes e insumos. Temos logística, temos transporte, serviços. Criamos a cooperativa de crédito, a Lar Credi para focarmos no agricultor.

O Presente Rural – A avicultura teve uma expansão expressiva nos últimos anos. Até onde a Lar pretende chegar?

Irineu da Costa Rodrigues – De certa forma, a Lar chegou onde queria chegar. Nós precisávamos aumentar a nossa avicultura, porque é uma atividade que tem que crescer para diluir custo. Nós tivemos essa percepção. Nos ressentíamos de ter uma planta para o mercado interno, então, adquirimos a Granjeiro, em Rolândia. Conversávamos muito com a Copagril sobre a necessidade que eles tinham de aumentar, porque com o abate pequeno não era sustentável. A Lar precisou ser ousada, ter coragem para assumir uma atividade que tinha valor alto e deu certo. No primeiro dia útil de três anos atrás, a Lar já estava abatendo frango em Marechal Cândido Rondon. Acreditamos que a Lar é reconhecida, está fazendo um bom trabalho.

O Presente Rural – Quais os principais desafios que a Lar sente hoje?

Irineu da Costa Rodrigues – Nossa preocupação é a queda no preço dos grãos, pois produzimos ainda com custos altos. E, claro, estamos muito preocupados com essas questões de logística que não melhoram nunca. As estradas já deveriam estar todas duplicados, elas são deficientes. Nos preocupa também energia elétrica, que não é adequada ao nível de consumo que temos hoje. A toda hora cai energia, morre frango. Nós não temos conectividade, não temos sinais bons aqui para as máquinas modernas que temos. Em alguns lugares há problemas de água e estradas vicinais. Segurança jurídica e marco temporal, por exemplo. Há indígenas que vêm do Paraguai, que são massa de manobra, criar tensão na região. Como, de certa forma, o MST, que na nossa região está tranquilo, mas a toda hora a gente vê alguém incentivando os movimentos sociais (a invasões).

O Presente Rural – Quais são as oportunidades emergentes que a Lar observa para o agronegócio brasileiro?

Irineu da Costa Rodrigues – As oportunidades são muito grandes, porque nós temos território, nós temos terra, nós temos know how, nós temos clima. E quando falo em know how é porque temos pessoas que sabem fazer agricultura. Os outros países também têm esse potencial, mas não têm a tecnologia, não tem know how como o nosso agricultor sabe fazer. Então, por isso, o Brasil seguramente vai, cada vez mais, ter uma produção maior. Mas claro, outros países começam a criar barreiras, barreiras tarifárias, sanitárias. Precisamos ter um governo que faça o trabalho contraponto, que divulgue mais como trabalhamos. Nós temos uma narrativa muito ruim no Brasil, inclusive brasileiros estão falando que a nossa produção não é saudável, que agride o meio ambiente, que tem trabalho escravo. Brasileiros fazendo jogo de interesses fora do país. Nós temos que sair na frente com uma nova narrativa, falar qual agricultura nós fazemos e chamar os clientes, mostrar para eles. Já ocorreu de clientes da Lar que vieram do exterior ficarem surpresos ao verem árvores na beira das estradas e rios, pois se fala que no Brasil não há mais mata. Essa narrativa precisa ser construída para que sejamos melhores vistos lá fora.

O Presente Rural – Na sua visão, o que é o agronegócio do futuro e como o cooperativismo se encaixa nele?

Irineu da Costa Rodrigues – O agronegócio é uma necessidade. Nós vamos ter nove bilhões de pessoas, então é um incremento de mais de 1 bilhão de pessoas que precisam se alimentar e têm muitas regiões do mundo em que as pessoas passam fome. Estamos numa atividade essencial, diria até mais essencial que a saúde, porque não tendo alimentação, não tem como ter saúde.

Isso tem uma perspectiva muito grande para o nosso país. Cada vez mais a gente observa que quem tem tecnologia para o agro vem para o Brasil. O país vai atrair muitos investidores porque ele tem uma condição espetacular para produzir muito mais. E nós temos que ter a sabedoria de aproveitarmos essas oportunidades. E sim, penso que as cooperativas estão fazendo isso. A Lar não cresceu nos últimos anos à toa, ela buscou crescer, ela se preparou, ela tem na educação e na inovação pilares importantes.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de cooperativismo acesse a versão digital de Especial Cooperativismo, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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